UMA SIMPLES QUESTÃO DE TREINO E LIDERANÇA, DA BASE À ELITE…
Pois é, basqueteiros de plantão, o que prevíamos aconteceu, a seleção Sub 19 masculina não se classificou no Mundial de Praga ao perder para a Rússia, somente vencendo uma partida das cinco disputadas, restando agora disputar do 9º ao 12º lugar na magna competição.
Se olharmos com alguma atenção os números deste jogo, fica evidenciado de cara um fator indiscutível, nossos jogadores mal sabem arremessar em cesta, e pasmem, dos dois pontos, já que dos três, era sabido de muito que nem desconfiam como executá-los com um mínimo de eficiência, mas dos dois? Nesse jogo contra os russos, arremessamos 24/58 de dois, 5/15 de três e 15/22 de lances livres, e os russos, 21/36 de dois, 10/25 de três e 10/17 de lances livres, ou seja, tivemos 22 arremessos de dois a mais e 10 de três a menos do que eles, que desta forma conseguiram 30 pontos de três, contra 15 dos nossos, e que muito poderiam ter sido compensados se convertêssemos pelo menos a metade dos 34 erros nos dois, e até vencido se soubéssemos defender um mínimo fora do perímetro de onde os russos chutaram 10/25 de três, já que ambos erraram sete lances livres.
Somemos a essa lamentável deficiência os 16 erros de fundamentos (e olhem que os russos erraram 21…), para vermos com clareza tudo aquilo que comento de longa data, o fato de não exercermos o pleno domínio dos fundamentos, numa preparação que prioriza a formatação e padronização de sistemas de jogo, em detrimento da ferramenta básica, que quando lembrada é para ser entregue a estrangeiros, aqui e lá fora, num tipo de planejamento voltado ao gasto interesseiro de verbas, que deveriam ser empregues na melhoria e treinamento de nossos jovens técnicos, através um bem planejado programa de formação, e não cursos expositivos de 4 dias de arquibancada, sem as exigências de estágios práticos por um bom tempo, com acompanhamento qualificado em seus locais de trabalho, única maneira de bem formá-los.
Mas não, se em muitos casos, nossas seleções de base são entregues a jogadores a pouco retirados das quadras e travestidos de técnicos, sem um mínimo de preparo e experiência didático pedagógica no campo das técnicas de ensino e aprendizagem, como se exigir que jogadores por eles orientados se caracterizem pela excelência na pratica dos fundamentos, que é a coluna mestra da pratica do grande jogo?
E por essa estrada poeirenta ainda transitaremos por longo tempo, talvez tempo demais para nos defrontarmos com a realidade olímpica daqui a poucos anos, onde, desgraçadamente veremos coroada a suprema ignomínia de sermos vencidos ante erros que teimamos em não corrigir, em nome do clientelismo, do apadrinhamento, da sedimentação de um corporativismo mafioso e absolutamente irresponsável, mas que gera continuísmos e vultosos lucros.
Mas temos obrigatoriamente de admitir que somente transporemos tantas e históricas deficiências, se pararmos um pouco que seja, perante a exigência maior de um movimento associativo dos técnicos, liderados por aqueles que realmente representam a classe, por sua tradição e reconhecido trabalho, e que sempre se negaram a erguer as bandeiras do oportunismo e do imediatismo midiático e enganador, daqueles que realmente conhecem, estudam, respeitam e amam o grande jogo, de verdade. É o que nos resta.
Amém.
Foto – Divulgação FIBA. Clique nas mesma para ampliá-la.
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Sei lá Professor, não seria o caso de se procurar o melhor treinador na categoria sub19 para dirigir essa seleção? Já que os jogadores são dessa categoria, acho que não precisaria de um treinador do adulto e sem experiência com jovens.
Prezado José, tomei a liberdade de fazer de seu comentário a linha central do artigo hoje publicado. Espero que o aprove. Um abraço.
Paulo Murilo.
Sem problemas Professor, por sinal já o li, ficou muito bom.
Prezado Prof Paulo Murilo
Boa noite!E a quanto tempo! Espero que o senhor esteja bem…
Caro professor, devido a estudos e muito trabalho, nao mais postei comentarios referentes aos posts apresentados pelo senhor. Hoje, apos muito tempo passado, ao ler mais uma vez um grande texto seu, primei por concordar com tudo que disse e ressalto e complemento, como o Brasil vem jogando tao debilmente nas categorias de Base. Em atencao o primeiro jogo do Brasil contra Servia onde Lucas Dias no alto de seus 2 metros arremessando 16 dos 30 chutes do time Brasileiro, chutando mais que os nossos alas e armadores juntos, pouco contribuindo para o jogo interno onde fizemos 16 pts somente e que em contrapartida, a Servia com um jogo cadenciado e de variacao interna e externa, tendo o enfoque no jogo interno onde fizeram 34 pontos e mataram quaisquer chances de vitoria ou de reacao da equipe Brasileira. Eu credito esse fracasso ao nosso treinador que teve tempo de sobra para preparar o selecionado, convocou mal (tinha atletas melhores), nao soube gerenciar a equipe e o que vi foi um Brasil atuando igual a Winner Limeira nos jogos da FPB e LNB.
Nada contra Demetrius que muito fez pelo basquete como atleta, mas que como treinador, ainda nao esta pronto para assumir selecoes nacionais de base, essa funcao, deveria ser para treinadores com experiencia, com bagagem, com fundamentacao e tatica de jogo, para ensinar Mismatchs, as mais variadas formas de defesas (com armadilhas principalmente), ensinar uma defesa individual contestando sempre o homem da bola e tendo cobertura nos passes mais proximos e flutuacao daqueles que se encontram longe da bola, arrumar a rotacao defensiva que é pessima e deixa sempre falhas, nos treinos, focar mais em fundamentos, correcao de arremessos enfim, uma gama de detalhes que um treinador OBSOLETO (sim é assim que sao considerados os grandes Coachs) conseguem enxergar e corrigir.
O que se aprende na ENTB? Com esses tipos de classificacoes em torneios internacionais eu devo confiar cegamente que aprenderei algo de fato? Aprenderei a depreciar os treinadores tradicionais que fizeram o basquete no Brasil e aprender com treinadores que deixam Pivos Modernos arremessarem 16/30 dos 3 pts?
Precisamos de uma terceira via…
Abs
Josue
É uma realidade brutal essa, prezado Josue, mas ela ai está, escancarada, de uma crueza espantosa. E vai permanecer nesse estágio, por um longo tempo, pois mudanças estruturais na CBB são meros exercícios conjunturais, fadados ao esperado fracasso, já que propositais. Pena, pena, pena, já que temos tantos talentos para serem descobertos, ensinados, trabalhados e devidamente treinados para o grande jogo. Vida que segue…
Um abraço Josue, Paulo Murilo.