A GRANDE SACANAGEM (*)…

É muito técnico para pouco time…

Comecemos com o vídeo abaixo, vejam e ouçam com muita atenção a fala “incentivadora” do técnico do dia, já que no jogo anterior, quando perdemos de mais de 20 pontos, um outro técnico atuou, pois o deste jogo estava no Rio dirigindo sua equipe masculina no NBB, não esquecendo que a técnica americana, titular da Comissão, não poderia dirigi-la nesses jogos por imposição contratual com a equipe que coordena na WNBA, sendo a idealizadora desses amistosos como início de preparação da equipe nacional visando os Jogos Olímpicos de Los Angeles daqui a três anos.  Entenderam bem, com clareza? Pois é minha gente, nem eu entendi, mas o discurso para as jogadores foi feito, formatado num simulacro de equipe, na qual não dirigiu um único treino, antes de enfrentar, talvez, a mais poderosa equipe daquela liga americana…

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E que baita começo, sendo massacrada com 64 pontos de diferença para o Indiana, num jogo com o placar de 108 a 44, perdendo o anterior em Chicago por 89 a 62. Mas, o que realmente impacta no discurso é o fato de o sustentar  no espírito de equipe, aquela que não foi treinada, preparada, sequer orientada para um enfrentamento daquela dimensão, formada por maioria de jogadoras novas, altamente deficientes nos fundamentos do jogo, algo básico para a formulação de um simples sistema organizado, ofensivo e defensivamente proposto, que mesmo baseado num sistema único, no qual foram induzidas a praticar desde sua deficiente formação de base, sequer foi ensaiada sua utilização prática, que não poderiam utilizar, pois não foram preparadas a fazê-lo, mesmo com a existência de dois técnicos e uma técnica principal, noves fora o discurso, absolutamente irresponsável, pois a responsabilização sobre uma verdadeira equipe se fundamenta em sua intensa, repetida e competente preparação, e não num “vamos lá testar e nos testar”, não só numa seleção nacional, como em qualquer agremiação, por mais humilde que fosse…

Para bom entendedor, o que leva uma técnica(?) americana contratada recentemente, certamente com um belo salário, em dólares, a relatar em entrevista no Sportv, que viria ao país para treinamentos, conforme as circunstâncias, ou seja, não abrindo mão de seu contrato na WNBA, a não ser em visitas técnico turísticas na companhia de sua esposa, como se fosse parte de uma programação séria do mais alto nível para o soerguimento do combalido, e agora humilhado basquetebol feminino nas plagas de Chicago e Illinois, com ginasios abarrotados, curtindo e rindo às gargalhadas com a sangria de um um pastiche ridículo da outrora brilhante geração vencedora, que as submeteram em Pans Americanos e Mundial.

Campeãs mundiais, vencendo, inclusive, as americanas…
Campeãs Pan Americanas, vencendo, também, as americanas…

Foram à forra em cima de uma seleção nacional, a nossa, pois não sei de nenhuma outra, de país nenhum, que aceitasse tais confrontos, bem ao gosto hegemônico que ostentam desde que perderam em 94, para nós. As feições constrangidas da Damires dizem muita coisa…

O constrangimento da Damires.

São as menos culpadas, ou culpa nenhuma têm as jovens jogadoras brasileiras por tal e altamente comprometedor vexame a que foram forçadas a passar, num proposital confronto de técnicas individuais e coletivas, de preparo e controle físico adequado, onde sequer é esboçado um resquício de sobre peso corporal, mesmo na pátria dos hambúrgueres e frangos fritos, ao contrário de muitas de nossas jovens, pré ou mesmo obesas. Em se tratando de fundamentos então, sem comentários. Claro, que na ausência dos mesmos, um simples “dá e segue” torna-se uma montanha intransponível, assim como gestual e deslocamentos defensivos se tornam inexistentes, Arremessos então, lamentável, não são ensinadas a executá-los em técnica e precisão, mesmo…

O descondicionamento físico era patente.

Simplificando, esse é o projeto redentor e super avançado para o basquetebol feminino para o ciclo olímpico que se inicia? Mesmo se for visando 2032, já começa trôpego e, sinceramente falando, equivocado e aventureiro. Para 2028 já se prenuncia falido, mesmo que tenhamos duas boas pivôs, que nada poderão produzir sem as demais jogando em bom nível assistencial e técnico com elas. Não à toa a americana já insinuou a naturalização de uma sua conterrânea, talvez duas, para substanciar seu projeto redentor, no que considero uma afronta a história do basquetebol vencedor que tivemos somente com brasileiras, inclusive a comissão técnica. O exemplo da quantidade de estrangeiros na LNB, se espraia rapidamente no seio do grande jogo, num exemplo oportunista, arrivista e desleal com os jovens deste imenso, desigual e injusto país, aos quais, além da imposição coercitiva de um sistema único, anacrônico e profundamente burro, nos impinge uma vassalagem cruel aos novos técnicos, esquecendo e lançando ao ostracismo muitos daqueles que realmente entendem, e sempre souberam ensinar, treinar e preparar equipes de verdade, e não esse arremedo mal costurado de um jogo que não nos diz respeito  em tempo algum, jamais o foi…

O massacre anunciado.
Uma celebração a altura, assim como uma humilhação infame…

Muito poderia ser dito, comentado, mas nada que se comparasse a um discurso tão elucidativo proferido por um pai de jogadora de uma seleção tatibitate como essa, travestido de Head Coach genérico, que antes de ordenar que a turminha “se testasse individualmente, e também  testassem suas possibilidades coletivas”, muito, muito antes de serem preparadas para tentar fazê-lo consciente e consistentemente, nos planos pessoais, técnicos e táticos, tinha a obrigação didático pedagógica de após um longo preparo e treinamento, capacitá-las a disputa, a competição justa, e não ao confronto covarde, constrangedor e humilhante a que foram forçadas a se submeter. Real e profundamente lamentável.

Amém.

Fotos- Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.

(*) – Desculpem o termo. Não encontrei um melhor.

NOTA – Depois de um longo tempo volto a publicar no blog, esse é o artigo 1701, infelizmente nada promissor, assim como os muitos que racunhei durante o retiro a que me forcei, por um simples motivo, cansei de testemunhar repetidamente, uma mesmice endêmica com enderêço certo, a debacle final do grande jogo entre nós, que somente não se concretizará, se uma radical mudança técnico tática formativa, em torno de uma estratégia estruturada por quem relmente conhece o grande jogo em sua essência, se tornar realidade, a qual, honesta e francamente, duvido que ocorra a medio longo prazo em nosso conturbado país, lamentavelmente. Publicarei artigos na medida do possível, se os deuses me permitirem ir um pouco mais além. P.M.

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2 comentários

  1. Henrique Lima 07.05.2025 (2 days ago)

    Professor Paulo,
    como está o senhor ?

    Fui buscar conhecimento no blog
    após tantos anos e me deparo
    com o senhor ainda na trincheira
    sem desanimar e dividindo a sua experiência e conhecimento.

    Inspiração para todos nós.

    Um abração !

  2. Paulo Murilo 07.05.2025 (2 days ago)

    Que grata surprêsa essa sua volta aos comentários Henrique. Fico grato e feliz com a sua sempre bemvinda participação. Um grande abraço. PM

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