FUNDAMENTOS? ONDE ESTÃO?…

Assisto ao jogo, me concentro, mas não acredito no que vejo. Saio da sala, vou até a cozinha, pego um café, e volto. Continuo não acreditando, mas persisto teimoso que sempre fui, e se comecei a ver, penso ir até o fim. De repente acordo (foi um cochilo de uns 30-40 segundos), como se o corpo e a mente tivessem reagido ao que testemunhavam, se protegendo de algo inenarrável, e pelo mais absoluto respeito que ainda mantenho pelo grande jogo desligo a TV e volto à minha leitura interrompida, jurando me calar, e até esquecer tão absurdo espetáculo, principalmente por se tratar da partida inaugural de uma Liga adulta.

Abro hoje os sites de basquete, e leio o artigo do Fabio Balassiano no Bala na Cesta, que publica tudo aquilo que me revoltou, e até certo ponto me envergonhou, travando a vontade imensa de extravasar um sentimento de tristeza ante tanta pobreza técnica e de fundamentos, principalmente estes. Mas o Fabio foi lapidar e cirúrgico em sua critica, a qual não aporia uma virgula sequer, pois refletiu em toda sua dimensão “a quantas andam o nosso outrora brilhante basquete feminino”.

É inadmissível que jogadoras adultas confundam desenfreadas corridas com basquete, tropeçando na bola, ultrapassando-a em varias ocasiões, que não dominem o drible, mesmo usando somente a mão natural, que não saibam arremessar, de longe, muito menos de perto, que não saibam se deslocar defensivamente, e o pior de tudo, que não dominem, nem de longe, a arte de passar a bola. E perante tanta falta de habilidades individuais, como ousam os técnicos exigir jogadas e sistemas sem que as jogadoras sequer saibam dominar uma bola?

O que falta para ensinar fundamentos a todas elas, igual, democrática e tecnicamente confrontadas, nivelando-as perante a necessidade grupal de que sem os mesmos nada conseguirão ou atingirão de realmente prático nos sistemas e jogadas que são instadas a praticar? Será que seus técnicos só conhecem sistemas, jogadas e chaves, se auto conotando como “estrategistas”, deixando de lado o verdadeiro objetivo do jogo, o domínio de seus fundamentos? Como exigir continuidade e fluidez tática se as jogadoras sequer sabem executar um drible, uma finta e um passe com um mínimo de precisão? Como?

Assim como o jovem articulista, também me sinto preocupado no mais alto nível, aquele que me trouxe à sétima década de vida, cinco delas dedicadas à educação e ao basquetebol, respeitando por todo esse longo tempo o grande principio que o tornou universal, o histórico conceito que o desenvolveu e sedimentou, o de ser exequibilizado e jogado através o pleno domínio de seus fundamentos.

Espero que todos aqueles envolvidos no preparo e treinamento de jogadores, sejam de que divisões, sexo, faixas etárias, estaturas e pesos forem, se conscientizem disso, como plataforma segura para o soerguimento do grande jogo.

Amém.

Foto – Divulgação LBF. Clique para ampliá-la.

SERÁ SÓ IMPRESSÃO?…

Acho que algo terá de ruir, e fragorosamente, pois não é mais possível que ainda se escute – “Faz o X para baixo, ou a punho, ou… qualquer coisa que fizerem tá bom”. Isso depois de rabiscar, apagar, tornar a rabiscar a prancheta ante olhares atônitos de jogadores que simplesmente não sabiam o que fazer, e ainda escutarem o… qualquer coisa que fizerem tá bom!

Um técnico novo, estudioso e dirigindo uma das equipes mais importantes do basquete brasileiro, não pode e nem deve cometer erros de comunicação como o acima mencionado, e transmitido pela TV, numa prova de pouca experiência em comando, principalmente numa jovem e promissora equipe.

Tudo que tenha de ser dito e comentado num pedido de tempo, tem de ser o reflexo do treinamento realizado, exaustivamente analisado e discutido nos mínimos detalhes, onde as leituras de ações técnico táticas têm de alcançar padrões de alta precisão, através insistentes repetições de situações de jogo, onde as maiores intervenções devem ser dirigidas aos defensores, instigando-os e orientando-os à anulação dos sistemas ofensivos em treinamento, mesmo que sejam os da própria equipe, pois sendo esta a ação que será buscada pelos adversários no jogo real, todos terão de estar prontos para o inevitável confronto, onde as diagnoses e conseqüentes retificações têm de estar, obrigatoriamente previstas e treinadas, e não corrigidas em pranchetas ironicamente pegas de surpresa.

No entanto, como a maioria das equipes adotam o sistema único, com as mesmas jogadas e até mesmo as sinalizações, configurou-se uma mesmice comportamental nos jogadores desde as divisões de base, desaguando na divisão adulta como verdade única e absoluta, daí a padronização das intervenções dos técnicos em seus pedidos de tempo, onde alguns incluem o palavreado pesado, cobranças indevidas, ou simplesmente um – “qualquer coisa que fizerem tá bom…”-  Muito poucos instruem de verdade, baseados em uma estrutura solida de treinamento técnico tático, e absolutamente nenhum na correção de fundamentos de jogo que poderiam ser otimizados em momentos pontuais ou cruciais de uma partida, raros realmente tentam inovar, mas em sua maioria propugnam pela manutenção do que ai está, padronizado e formatado a mais de duas décadas de mesmice endêmica.

Daí a necessidade premente de que sejam buscados outros e diversificados caminhos no ensino e divulgação do grande jogo, através os jovens técnicos do país responsáveis pela formação, assim como os mais experientes na direção das equipes de elite, da qual faz parte o técnico interveniente no jogo em questão, entre Uberlândia e Minas, que também é jovem e talentoso, mas precisa quebrar as amarras que o prendem à mesmice que esmaga e tolhe o futuro do nosso basquetebol, basta querer.

Afinal, será que é só impressão, ou algo de novo ainda está muito longe de acontecer? Torço veementemente para que não.

Amém.

Foto – Divulgação LNB.

SUTÍS MUDANÇAS…

“Tripla armação funciona e Tijuca/Rio de Janeiro derrota a Liga Sorocabana” (Blog Basketeria em 1/12/2011), assim como tem merecido destaque nos blogs as duplas armações que aos poucos vão se impondo em algumas equipes participantes do NBB.

Mas nada comparável ao decréscimo nos arremessos de três pontos, exatamente pela inclusão da dupla armação, responsável por uma distribuição mais equitativa nos passes interiores de alta qualidade e, por conseguinte alimentando os pivôs em suas investidas de frente para a cesta, com velocidade e maior precisão.

Outra tendência em conseqüência da dupla armação é o retorno do DPJ (foto) nas finalizações, pois o sistemático apoio entre os armadores propicia espaços para esses arremessos de media distância, com um grau de precisão bem mais elevado do que os de três pontos, além de situar os pivôs dentro do perímetro, incrementando substancialmente as reais possibilidades nos rebotes ofensivos, mantendo todos os atacantes no foco das ações.

No jogo entre o Tijuca e a Liga Sorocabana, os pivôs Casé (foto) e Coloneze contabilizaram juntos 34 pontos dos 78 conseguidos por sua equipe, que atuando com três armadores (André, Arnaldo e Gegê) os municiaram permanentemente, apesar de falharem 16 arremessos de três dos 21 tentados. Se a metade dos mesmos fosse orientada aos de dois pontos, a diferença no placar final teria sido mais ampla. A equipe do Flamengo em seu jogo com Bauru, invicta até esse jogo, arremessou um inédito 1/7 nos três pontos (14%), contrastando com os 35/52 de dois pontos (67%) alcançados ao final da partida, numa inconteste prova que de dois em dois pontos pode uma equipe de qualidade atingir contagens acima dos oitenta pontos, em vez da desvairada sangria dos arremessos de três.

Orientei-me nas analises acima pelo comentário de outros blogs e pela estatística oficial da LNB, numa unusual ação (da qual me desculpo), incomum e pontual, para expor uma tendência que vem se fazendo presente, na medida em que um maior conhecimento e domínio da dupla armação e decorrente utilização dos pivôs aos poucos se estabelecem em algumas das equipes do NBB, numa evolução técnico tática significativa para o grande jogo no país.

Somente consegui assistir ao segundo tempo do jogo Paulistano e Limeira, do qual me eximo de maiores comentários pela franciscana pobreza do que foi apresentado, num jogo absolutamente falho e inexpressivo.

Porém, outro aspecto sobre o que de inédito vem ocorrendo, é o fato de que a utilização de dois ou mais armadores, e dois ou mais pivôs no âmago do perímetro, em continuidade ao sistema único, determina somente uma adaptação, uma substituição de alas por armadores, com sua conseqüente melhoria técnica nos dribles, passes e fintas, e não uma mudança nos sistemas de jogo, que deveriam estar orientados a essa nova postura, como forma de otimizá-los, em continuidade às suas melhores formações através treinamento especifico, desde as divisões de base, numa retomada segura e progressiva ao encontro de sistemas diferenciados da mesmice endêmica que ai está, sacramentada e cristalizada de duas décadas para cá.

Temos a obrigação de pesquisar, estudar, planejar e aplicar novas metodologias de treino, com as conseqüentes didáticas de como exequibilizá-las e divulgá-las através da informação, pulverizando-a aos mais recônditos lugares desse continental país ao encontro dos jovens técnicos, como os mais experientes também,  no esforço maior de soerguimento do grande jogo entre nós, pois merecemos alcançar tão ansiado objetivo, através o trabalho e esforço de todos que o amam, em confronto direto àqueles que o subjugam pela mediocridade e retrógada  mesmice.

Amém.

Fotos – Colin Foster e Divulgação LNB

INSENSATEZ…

AE – Agência Estado (26/11/20110

A umidade relativa do ar chegou a 10% às 14 horas de hoje em Brasília. Queda igual havia sido registrada em 7 de agosto de 2002 e em 4 de setembro de 2004. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet, o fenômeno se deve a uma massa de ar quente e seco que está sobre o Centro-Oeste. Em Brasília não chove há 66 dias, o que agrava a secura.

A Defesa Civil aconselha evitar atividades ao ar livre e exposição ao sol entre as 10h e 17h, umidificar o ar por meio de vaporizadores, toalhas molhadas e vasilhas com água, ficar em locais protegidos do sol, consumir muita água e líquidos, fazer refeições leves, ligar o aparelho de ar condicionado o mínimo possível, evitar banhos prolongados com água quente e usar roupas leves. A baixa umidade pode causar dor de cabeça e tontura.

 

Condições Atuais
Rio de Janeiro, Brasil
Conforme relatório de Rio de Janeiro, Brasil.  Sábado, 26 de Novembro de 2011 14:00 Local Time (Sábado, 22:00 GMT)

 

 

24°C
Nublado
Sensação de 26°C
Vento: de Leste a Sudeste a 8 km/h
Ponto de orvalho: 22°C
Umidade: 89%
Visibilidade: 10 quilu00F4metro
Barômetro: 1010,8 milibares
Índice UV
0
Mínimo

 

Como bem podemos atestar, se o jogo tivesse sido realizado em Brasília (que era o mandante desse jogo), em vez do Rio, com uma umidade mais baixa que a do Saara, sérios problemas de saúde poderiam ter ocorrido com os jogadores, e umidificadores deveriam ser instalados no recinto de jogo.

Aqui no Rio de Janeiro, com os 89% implacáveis, somado ao vapor emanado por uma multidão que abarrotava o pequeno ginásio, gerando uma névoa que fatalmente se depositaria naqueles trechos laterais mais próximos do publico, ainda mais num horário impróprio, 15hs (por que tal horário? TV?), quando os demais jogos da rodada se iniciariam a partir das 18hs.  Quem bem conhece as grandes variações de temperatura nesse continental país, pode entender essas brutais diferenças.

Todo técnico experiente e vivido sabe de ouvido quando uma quadra oferece estabilidade a seus jogadores, pelo cantar dos tênis ao atritar o solo. Numa quadra molhada ou empoeirada esse cantar não é ouvido, e em muitos lugares e ginásios nesse país, a toalha molhada nos bancos de reservas são utilizadas exatamente para aumentar a estabilidade, como num pneu de chuva onde os sulcos umedecidos evitam as aquaplanagens, ou os escorregões dos jogadores.

No aquecimento das equipes o cantar era ouvido com clareza, e mesmo no primeiro quarto se quedas houve foram pontuais, e naqueles trechos laterais.  Na foto acima vemos todos os titulares da equipe candanga sentados no banco, tendo à frente aquele que é considerado um dos maiores juízes do mundo, e que natural de uma cidade, que além de úmida sofre com uma forte poluição, e que não suspendeu o jogo em nenhum momento, decisão que foi acompanhada e aceita pela equipe do Flamengo em sua totalidade, inclusive seu maior investimento, o Leandro, que sozinho é muito maior que a somatória de todos os titulares de Brasila, retirados do jogo, como proteção dos mesmos, por seu técnico acionista da equipe, e que pelo resultado avassalador daqueles quartos iniciais, onde defesas inexistiam, principalmente fora dos perímetros, calhando que as bolinhas de três da equipe carioca caiam, e as dos candangos não (18/30 para o Flamengo, 10/25 para Brasilia, totalizando 55 bolinhas de três…), viu nas “poças” de água depositadas na quadra a grande oportunidade de se precaver de uma catástrofe anunciada, promovendo a proteção da integridade física de seus jogadores chaves.

`           Mas peralá, e os demais “seus jogadores”, não estariam beneficiados de sua paternal proteção, alguns deles muito jovens e que foram, por sua decisão e escolha, jogados às feras e à possibilidade de um escorregão de graves conseqüências? Que diabo de critério esse que privilegia e protege estrelas regiamente remuneradas, e expõem os barnabés da equipe ao cadafalso? Não teria sido mais sensato, mais professoral, mais doutoral, ter retirado a todos, todos membros de uma mesma, fraternal e unida equipe?

Ah, mas o que aconteceria com tal e heróica decisão? Punições administrativas? Revolta do público? Multas e processos?

Sim, muitas situações poderiam ter sido desencadeadas e nada desejáveis, mas nenhuma que se comparasse ao sentimento de vergonha por uma meia medida, onde um grupo de reservas tradicionais e jovens promessas, foram expostos a um massacre técnico tático, com ou sem escorregões, enquanto os cardeais sorriam no banco, protegidos em suas “integridades físicas” por um equivocado técnico, na presença de um adversário que aceitou o jogo, que já tinha sido aprovado pela internacional arbitragem.

Que desse meia volta, com a sua unida, coesa e protegida equipe, retornando à sua querida capital federal e seus 10% de umidade do ar. Teria sido mais coerente e sensato, mas…

Na outra foto vemos um armador muito jovem, inexperiente, com falhas gritantes no drible, nos passes, na defesa, mas que não merecia o expurgo a que foi exposto. Podia-se atestar sua respiração ofegante, suas jovens feições tensas e crispadas, não de cansaço, mas de emoção e impotência, frente a jogadores de alto nível que não o pouparam, e não poderia ser de outra forma, em momento algum, numa queima de filme que assisti muito poucas vezes em meus 50 anos de quadra. Raphael, seu nome, padeceu de uma síndrome que ainda permanece atual e perversa em nossa sociedade, a do inocente pagador, que deveria encontrar no esporte sua redenção, Infelizmente não foi dessa vez.

Amém.

Fotos – Clicar nas mesmas para ampliá-las.

CORRENDO PARA O SUCESSO(?)…

O NBB4 começou, estive na rodada inicial no Tijuca, não pude ir na segunda, mas assisti na TV o jogo em Joinville, onde o dono da casa não conteve a equipe campeã do NBB3, o Brasília.

Não foi um bom jogo, muitos e muitos erros de fundamentos, onde passes, dribles e fintas eram perdidos num ritmo de jogo correlato a divisões de formação, inviabilizando o sistema único planejado por seus técnicos. O que sobrou então? O de sempre, a monocórdia exibição de suspeitas e insuspeitas qualidades individuais, tendo a correria como mote comum às duas equipes, onde a melhor qualidade dos candangos nessa especialidade pautou o confronto. Senti-me frustrado com o que testemunhei, achando estar sendo rigoroso e critico demais, mas nunca esquecendo se tratar o NBB a divisão maior, a que dita aos mais jovens os caminhos a serem seguidos na busca das grandes conquistas, mas que, face ao que vem sendo mostrado ano após ano, continuará (até quando?…) pouco acrescentando ao desenvolvimento técnico tático desta magnífica e especialíssima modalidade.

No entanto, um lapidar artigo escrito por Giancarlo Giampietro em seu blog Vinte Um, De abalar os nervos, em 21/11/11, define com precisão o que ocorreu naquele jogo, com todas as implicações inerentes ao mesmo, ao qual somente agregaria uma citação do técnico do Joinville, num de seus pedidos de tempo, quando conclamou sua jovem equipe – “Se eles estão dando pancadas lá, dêem pancadas aqui também!”- no que foi, infelizmente, obedecido, numa lamentável demonstração do que jamais deverá ser induzido numa equipe bem treinada de basquetebol, principalmente se preparada eficientemente nos fundamentos de defesa individual e coletiva, e mais, sendo muito jovem.

Precisamos em caráter de urgência, incutir na divisão máxima do basquetebol tupiniquim, algo de inovador, algo de instigante, a começar pela máxima valorização do preparo nos fundamentos, ali mesmo, na divisão superior, como exemplo e incentivo maior aos jovens que se iniciam, a quem cabe o futuro do grande jogo neste imenso e desigual país.

Amém.

A EQUIVOCADA BASE II…

Quando da publicação do artigo A Equivocada Base, em 14/10/2011, delineou-se uma discussão que abrange uma realidade, uma triste realidade, que demonstra com exatidão a quantas anda a nossa formação de base com a inexistência de associações de técnicos regionais, e mesmo uma de caráter nacional, nas quais fossem estabelecidas as pedagogias para o ensino dos fundamentos e do jogo em si, da promoção e divulgação de clinicas, estágios e bibliografias ligadas ao grande jogo, além de um código de ética a ser respeitado por todos aqueles envolvidos com a arte de educar jovens e dirigir equipes, sob o sagrado manto do mérito, e somente ele.

Dessa forma, a continuidade do debate através do Prof.Cleverson mantêm a pauta discursiva, vista a seguir com seu depoimento:

 

  1. Cleverson Yesterday ·

Pois é Professor, mas penso que o pior é quando um profissional, muitas vezes amigo seu, te engana para se sobressair ou apenas fazer “moral” com o chefe. Isso aconteceu comigo duas vezes. Na primeira fui convidado para um jogo entre centros esportivos e me pediram para levar meninas entre 10 e 12 anos, quando chegamos lá jogamos contra meninas de 14, 15 anos. Conseguimos manter o jogo equilibrado até certa altura, as meninas do outro time eram de uma turma recém formada, mas no final a relação altura-força acabou prevalecendo.
Na segunda vez um Professor amigo meu de uma cidade vizinha me ligou desesperado por que precisava de um time para jogar e não estava encontrando nenhum time com idades entre 10 e 12 anos, que o secretário de esportes da cidade iria assistir o jogo e blá blá blá.Acertamos algumas questões sobre as regras (tipo de marcação, tempo, etc.)e quando chegamos lá para jogar o que aconteceu???? Nada foi cumprido. Ele colocou a sua equipe para marcar pressão quadra toda do começo ao final do jogo. Meus alunos mau conseguiram passar do meio da quadra. Resultado, fomos massacrados.
O interessante é que no final do jogo eles vem te cumprimentar como se nada tivesse acontecido, como se não tivéssemos combinado nada…..tudo normal!!
Onde está o respeito, o companheirismo que deve haver enquanto profissionais da mesma classe?
Mas o principal, e o nosso compromisso como PROFESSORES, EDUCADORES, que é o que acredito que devemos ser na fase de formação, onde fica esse compromisso?
Concordo com o Professor Paulo Murilo, acho muito difícil uma mudança nesse cenário, por motivos que todos nós conhecemos.
Trabalho há algum tempo respeitando os princípios que o Professor Paulo expôs e a do Mauricio, quanto à questão da alternância na condução de bola para que todos participem, vivenciem o máximo de experiências variadas possíveis e não haja especialização em posições.Estou gostando muito dos resultados.
Um conceito interessante que estou começando a utilizar e gostaria da opinião do Professor Paulo Murilo é o de marcação “semi-passiva” do Professor Hermínio Barreto, que acredito que o Professor deva saber de quem se trata, já que fez o seu doutorado em Portugal.
Gostei muito da pedagogia utilizada por ele, pena que encontrei pouco material na internet. Vou procurar adquirir algum livro dele.
Um grande abraço!!!
Cleverson.

Pois bem, ai está uma nua e crua realidade do dia a dia de nossa modalidade, perdida num mar de inconseqüências e ausência de diretrizes que a conduzam a um rumo seguro e duradouro, por culpa de nossa inabilidade e até mesmo omissão, frente a tão prementes atitudes. Precisamos tomá-las, já.

Amém.

Foto-Formação de base em Vitoria-ES

SEM IMPORTÂNCIA?…

Sem importância? Como sem importância em se tratando de uma seleção brasileira num torneio internacional?

Lá estava a maioria de nossos veteranos, a base da equipe campeã nacional, o pivô líder na posição no NBB, e que só não foi ao Pré Olímpico face a uma cirurgia no ombro. E mais, o Benite , um dos armadores na conquista da vaga olímpica, e uma gama de jovens talentos para serem analisados dentro de uma competição com seleções de respeito, como Porto Rico e Republica Dominicana, além das sempre bem representadas Argentina e Estados Unidos. E tudo isso não tem importância? Ou queremos, ou teimamos em projetar uma futura performance em Londres contando somente com a base veterana representada em Guadalajara?

Quando a câmera da TV passeou pelo banco da seleção nos minutos finais do jogo contra os dominicanos, pudemos testemunhar o quanto de sofrimento e decepção estampava os rostos de toda a delegação, e a foto acima bem representa o estado de espírito da mesma, incrédula pelo pífio resultado.

E o quanto esse “pífio resultado” representa para Londres, já pensaram nisso? E o que terá de ser analisado, estudado, pesado e modificado pelo Magnano depois do que constatou na pratica quando uma equipe de escaldados veteranos e um armador jovem foram batidos por defesas pressionadas, em meia quadra pelos americanos, e quadra inteira pelos dominicanos, deixando serem descontados 17 e 20 pontos de vantagem naqueles jogos, e o pior, em apenas um quarto de cada jogo?

E que tal recordarmos que mesmo jogadores saudados como sumidades, como o Huertas e o Luz se viram em maus lençóis em Mar Del Plata quando fustigados por pressões pontuais, em nada comparadas com as pressões utilizadas no México?

Então, nos vemos com um problema de difícil solução em dupla armação (utilizada em ambos os jogos como medida para se safar das pressões, geralmente reunindo Nezinho e Benite), imagine então com somente um único armador, como a maioria absoluta de analistas, críticos, técnicos e torcedores reivindicam, afim de “garantir” a estatura da equipe? No entanto esquecem que ambos, Huertas e Benite se situam na faixa dos 1,90m, que para armadores de oficio auferem um bom padrão. O que não pode é querermos escalar Marcos, Marcelo e Alex como armadores sem as qualificações técnicas para a posição.

Mesmo os armadores, e esse Pan centrou bem a questão, viciados por anos e anos de solitária incumbência de liderar suas equipes, e que raramente sofreram em sua progressão pelas varias categorias, de marcações pressionadas de qualidade, deixaram de incluir em seus arsenais de habilidades técnicas aquelas manobras em sintonia fina, que os diferenciam de armadores forjados e formados em países onde a arte de defender é realmente levada a serio. É o que temos visto, comentado e alertado ano após ano em nosso país, e que se revelaram em toda a sua dimensão trágica neste Pan, e mesmo em muitas situações no Mundial e Pré Olímpico. Ou seja, uma referencia baseada única e exclusivamente na precariedade de nossa formação de base, onde os fundamentos do jogo foram, são, e continuarão sendo negligenciados, se não tomarmos e implementarmos profundas mudanças na forma de ensiná-los, principalmente os de defesa, que se constituem no pólo irradiador na melhoria dos fundamentos de ataque, numa troca progressiva de conhecimentos técnicos individuais e coletivos, adquiridos exponencialmente.

Sem importância, minha gente? Creio que agora o bom técnico argentino já tenha coletado da forma mais objetiva possível, os dados necessários para a formação de uma seleção consistente para Londres, constatando na mais dura das práticas o quanto de precária se encontra a nossa armação, e o quanto de trabalho que terá de despender para solucionar, ou amenizar tal vácuo, e onde a busca de outras soluções, e mesmo armadores, se fazem estrategicamente urgentes, pois acredito que temos jogadores nacionais talentosos para a posição no país, necessitando somente de um treinamento mais concentrado e competente, além, e isso ficou bem claro, de um sistema de jogo que privilegie o domínio absoluto e duplicado da bola, para daí em diante municiar o jogo interior, onde, pela primeira vez em muitos anos, temos jogadores altos, rápidos e atléticos em boa quantidade, formando uma equipe dinâmica, aonde todos venham a se movimentar incessantemente, tanto dentro como fora do perímetro, e não estabelecidos em suas capitanias hereditárias, pontuais e estáticas, na busca do triplo, da bolinha salvadora.

Por tudo isso, o Pan foi de uma utilidade transcendental, como base de analises e coleta de dados, que se não foram suficientes para vencer, o foram para projetar uma realidade que não podemos e nem devemos omitir, para que não se repita em Londres, onde os realmente melhores, mais técnicos e capazes deverão estar, e somente eles.

Amém.

DEFÊSA-UMA ARTE…

Enfim um jogo, não completo, mas a partir do final do segundo quarto a emissora do bispo, por alguma deferência, transmite o jogo com os Estados Unidos até o seu final.

O que vemos então? Uma equipe americana alinhavada, desconexa, demonstrando ter sido reunida no aeroporto, e claramente jogando nos moldes da NBA, onde o coletivismo passa a léguas de distância, salvo algumas poucas exceções, como o Dallas campeão.

A equipe brasileira, encontrando uma incomum frouxidão defensiva americana, jogando com seus pivôs, deslancha num marcador confortável, ainda mais quando defrontada com uma ofensiva pífia do outro lado.

Tudo ia muito bem, apesar das nossas tradicionais e visíveis limitações nos fundamentos do jogo, até o momento em que a distância de 17 pontos fez acender a luz vermelha no banco americano. E o que fez o técnico daquele momento em diante? Isso mesmo, acertaram, impeliu a equipe a defender como sempre souberam fazer, fustigando nossa armação no plano horizontal (desculpem, um esclarecimento- defender no plano horizontal quer dizer que todo jogador de posse da bola na armação de jogadas deve ser pressionado ao máximo, não para se apossar da bola, e sim o induzindo à penetração horizontal no limite do equilíbrio instável), levando-a de encontro ao âmago da defesa, onde o plano vertical (característico das altas coberturas por parte dos pivôs ali postados) abortavam as tentativas de cestas, principalmente se intentadas pelos armadores, originando retomadas de bola, e conseqüentes contra ataques velozes. E mais, reconhecendo a sua fragilidade técnico tática, abriu os jogadores ao enfrentamento com a defesa num 1 x 1 classico, de onde se originou a reversão do placar num 13 x 0 previsível e acachapante. Só isso, forte defesa baseada em sólidos conhecimentos dos fundamentos da mesma, e ataque incidindo sobre uma equipe sem aqueles mesmos conhecimentos na arte de defender.

Mas o mais emblemático na transmissão foi ouvir comentários desse quilate: “Se eles estão batendo na defesa, temos de bater também, e se tentarem a cesta fácil que vá para os lances livres com o braço marcado de vermelho”. E a pérola definitiva – “Temos de jogar no limite que separa a falta da regra do jogo”. Se bem compreendi, sugeria a utilização da “porrada”, como método de defesa. Me desculpe o laureado comentarista, que nunca foi um bom defensor, mas ainda prefiro que nossos jovens aprendam a defender desde cedo, o que ainda é um fator que teimamos em desprezar, trocando-o por um processo orgiástico e autofágico de arremessos de três, prodigo em seu crescimento, exatamente pela ausência defensiva. E ai estão os resultados.

O Magnano conseguiu no Pré uma façanha digna de ser mencionada, a implantação de uma defesa solidária, mas não o implemento de princípios de defesa pessoal, que é decorrente de longos anos de prática e treinos exaustivos, atingindo pela ocupação massiva o centro da defesa, mas sendo ainda vencida nos confrontos puros de1x1, e nas anteposições aos longos arremessos.

Essa é a meta que temos de atingir a longo prazo, o ensino correto da arte de defender, onde a proibição das defesas zonais e a extensão do tempo de posse de bola nas divisões de base referendariam e fixariam os princípios clássicos da defesa individual, a mesma que uma capenga seleção americana nos impôs ontem, pelo simples fato de terem aprendido como executá-la, desde sua formação de base.

Quando isto for razoavelmente atingido, nossas habilidades ofensivas serão realçadas, pois todo avanço defensivo gera um ofensivo, e vice-versa, numa evolução técnica, e por que não, tática, levando a frente e a grandes conquistas o grande jogo entre nós.

Amém.

Foto-Divulgação FIBA.

COMENTAR O QUE?…

Na semana que passou quis escrever sobre jogos de basquete, como os playoffs em São Paulo, como os jogos da LDO em Minas Gerais, mas como fazê-lo perante alguns obstáculos simplesmente intransponíveis, como por exemplo, a inestancável hemorragia dos três pontos e o absurdo número de erros nos fundamentos do jogo em ambas as competições, além da mais absoluta inexistência de qualquer imagem sobre a importantíssima competição sub 21?

Como aceitar e comentar uma sucessão progressiva de 56, 58 e 59 tentativas de arremessos de três pontos nas três partidas finais entre Paulistano e Limeira, somadas às 90 perdas de bola, numa assustadora média de 30 por jogo?

Como entender a ocorrência de 14/38 tentativas de dois pontos, contra 12/40 de três num jogo Sub 21, no caso Uberlândia em seu jogo contra Vitoria? Foram 120 possíveis pontos para somente 36 conseguidos, num inaceitável comportamento técnico numa divisão formativa, em contraponto a uma ausência de qualquer anteposição defensiva de seu adversário?

Como entender diferenças de mais de 50 pontos em jogos dessa fundamental divisão, assim como o espantoso numero de erros e perdas de bola de algumas das equipes participantes? Por onde anda a tão decantada formação de base que incentivou a LNB a promover uma competição de tão estratégica importância? Se as estatísticas em toda sua fria objetividade impressionam, fico imaginando o que testemunharíamos se imagens fossem veiculadas?

Mas também temos um Pan Americano sendo realizado no México, que para minha tristeza, mesmo depois de fartamente anunciada sua transmissão pela TV Record do jogo contra o Uruguai, nos brindou a todos com aquele tipo de competição farta em distribuição de medalhas, a empolgante ginástica, assim como o indefectível futebol, transmitindo somente os 5 minutos finais daquela partida, comentada de forma passional por um Oscar nitidamente empolgado por um Marcelo definidor como ele sempre se auto caracterizou, e mais empolgado ainda quando um certeiro arremesso de três do nosso mais experiente jogador colocou a equipe cinco pontos à frente. Mas, numa terrível sequência de três erros, iniciada por um tiro de meta do Nezinho à cesta, e dois passes errados do Marcelo em sua função de armador, calou o comentarista até o final de um jogo, que se analisado por aqueles 5 minutos finais deve ter sido constrangedor, mas que deveria ter sido transmitido em conformidade com as chamadas veiculadas pela estação.

Logo mais está anunciada a transmissão do jogo contra os Estados Unidos, se não for substituída por uma outra competição prodiga em medalhas, como está parecendo ser a política da emissora para este Pan, afinal de contas, gosto e interesses não se discutem, e o basquete, ora, o basquete…

Amém.

Foto-Globo.com

NORMAL?…

“Foi um jogo normal, elas souberam explorar nossos erros e venceram”. (Declaração do técnico da seleção feminina depois do jogo com a equipe de Porto Rico pela TV Record).

Desculpe discordar, mas não foi um jogo normal, mas sim um jogo muito mal jogado por uma equipe teimando no sistema único, contra outra jogando em dupla, e às vezes em tripla armação, com somente um arremedo de pivô, driblando, fintando e penetrando em velocidade sem qualquer anteposição por parte de uma defesa ironicamente inferiorizada pela estatura desproporcional, ou seja, jogadoras baixas e rápidas superando em seu ataque jogadoras mais altas defendendo com lentidão, sem ajuda, e pressionado fortemente na defesa induzindo-as ao erro pelas enormes falhas nos fundamentos básicos do jogo, principalmente os defensivos, marca registrada entre nós. Defender o que defendemos contra equipes inferiores gerou uma falsa idéia de superioridade, contestada quando a realidade de boas praticantes dos fundamentos se fez presente nesse jogo.

As porto-riquenhas se impuseram por um ataque extremamente veloz, e uma defesa mais veloz ainda, jogando na anteposição e na pressão sobre a armação brasileira, sobre uma pivô desgastada e enfraquecida por uma gripe, e contando com o péssimo aproveitamento dos arremessos de fora do perímetro, num quadro que não foi e nem pode ser revertido por um único detalhe, não estavam preparadas para aquele tipo de atitude técnico tática, configurando-se daí para diante um jogo que nada teve de normal, pelas características antagônicas de nossas jogadoras, impossibilitadas de uma dupla armação sequer tentada e muito menos treinada, que equilibraria as ações, e de um jogo interior mais rápido e menos concentrado numa Erika visivelmente combalida, e uma Damiris que ainda tem muito o que aprender, a começar pelo seu arremesso de media distância, inconsistente e imaturo.

A equipe brasileira terá de se reformular bastante para enfrentar uma Olimpíada com nível bem acima da nossa realidade, principalmente na armação, num jogo mais dinâmico tanto fora, como dentro do perímetro, e um sentido defensivo consistente, começando numa reformulação voltada à pratica massiva dos fundamentos, sem os quais sistemas de jogo simplesmente não funcionam. Teremos tempo para isso? Creio que sim, basta coragem e ousadia para, ao menos, ser tentado.

Amém.

Foto- Divulgação CBB.