HUMILHANTE OMISSÃO…
Esse cara realmente é demais, um mestre na arte sutil de não dizer nada com nada, dentro da maior seriedade, e até acredito, ser fiador de suas próprias abstrações. Numa entrevista ao Bruno Doro do portal UOL, afirma – “Não tem por que ficar falando em nomes agora. Ele será apresentado no dia 22 e vai começar a trabalhar logo em seguida”, ao ser perguntado sobre o nome do novo técnico da seleção brasileira. Mas ao final da matéria declara que o time só ficará junto por um mês, antes do Pré-Olímpico Mundial, na Grécia, entre 14 e 20 de julho.
Ora, se o novo técnico estrangeiro somente trabalhará com a equipe no mês de junho,o que fará de janeiro até lá? Observará jogadores que poderão integrar uma equipe que todos, inclusive ele, já sabem de cor, e que dificilmente serão substituídos, já que essa turma européia em nada difere da maioria esmagadora dos técnicos, daqui e lá de fora, na manutenção e obtenção de nomes consagrados, mesmo fora de forma? Ou, o que duvido muito, estabelecerá uma nova política convocatória, premiando e apoiando aqueles jogadores que realmente se encontrarem no ápice da forma, independendo se tenham ou não um nome estelar? Acredito, se bem conheço a turma lá de fora, e o grego melhor que um presente também conhece, que a máxima “seguro morreu de velho” será o bordão dessa seleção, quando muito para dividir e justificar um bem possível fracasso no Pré. Logo, cardeais, delfin, e seus súditos prestimosos formarão a esquadra de combate brasileira, com talvez duas insignificantes ausências, a daquele jogador que se negou a entrar num jogo da seleção, e daquele outro que não soube guardar o segredo mafioso de seus pares que se insurgiram contra a comissão técnica numa reunião de secreta traição.
E de tão seguro em sua decisão, afirma – “Não tem motivo nenhum para ele não aceitar nossa proposta. Todos sabem que o plantel do Brasil é um dos mais fortes do mundo e pode ir para as Olimpíadas. Apenas 12 seleções vão para os Jogos e ele não vai treinar sua seleção, então será uma honra treinar o Brasil no Pré-Olímpico.” Pelo visto, e segundo sua própria afirmação, não deve ter sido muito fácil convencer o mago estrangeiro, mas nada que um bom talão de cheques não resolva, afinal, a dotação da CBB advinda do COB, é de mais de 1 milhão de reais, a quinta maior dentre todas as modalidades, mesmo sem ainda ter se classificado para os Jogos. Prestígio junto ao poder discricionário é isso aí. E ainda duvidam de sua permanência por ainda um longo tempo na CBB. A Federação do Rio de Janeiro que o diga, dizimada que foi sua opositora direção, agora dentro “dos conformes” cebebianos.
Mas nosso candente grego ainda confessa – “Foi uma decisão difícil. Eu defendo tudo o que é do Brasil (Meus deuses, seu helenismo ainda influi…). Os técnicos brasileiros são bons, mas a seleção precisava de alguém com experiência internacional e que não tenha mais nada na cabeça neste período.” Um técnico estrangeiro que não tenha mais nada na cabeça neste período? Brilhante, simplesmente formidável, e ainda por cima muitíssimo bem pago em nome desse instigante vazio.
Engraçado esse nosso presidente, que respondendo a uma pergunta do técnico Walter Carvalho, que é membro da FIBA , trabalhando a muitos anos no exterior, do por que não aproveitamento seu em alguma seleção nacional, ouviu ser exatamente esse o motivo de seu não aproveitamento, estar radicado no exterior! Incoerência é isto aí, com todas as letras. E o Roese que é assistente técnico em universidade americana, o Evaldo Poli, radicado na Europa, tendo sido inclusive presidente da Associação de Técnicos de Portugal? E quantos mais outros existirão, todos brasileiros, todos muito bons? Mas não, o bode expiatório tem de ser estrangeiro, pois ficará mais fácil justificar um possível fracasso, e a peso de muitos euros. Proteção ao produto nacional ? Não, sairia barato demais, e ainda mais em reais. Vitoria ou fiasco em euros é mais rentável, é o investimento na experiência internacional, aquela que não garante a classificação, mas conota competência e superioridade à gentalha tupiniquim, que ainda bate palmas condescendente. Sentimento colonizado age dessa forma, pois duvido, e afirmo com a mais absoluta certeza, de que se existisse entre nós técnicos um poder associativo e unitário, grego nenhum no mundo nos esfregaria na cara tanta pusilanimidade, tanta falta de patriotismo e caráter. Nossa sem-vergonhice merece um grego de tais dimensões, assim como merece a dor pungente de ver e constatar o quanto de humilhação teremos de digerir pela desunião e pela omissão. Que os deuses nos protejam para, quem sabe, Londres 2012.
Amém.

