LARRY, O TRANSGRESSOR…

-“Noite de gala do Larry, o mito. Fantástica exibição para deixar o Magnano ligado para Londres. A CBB deveria estar mexendo os páusinhos no Ministério da Justiça para naturalizá-lo…”

A mídia se assanha ante a divina performance do americano “mais brasileiro do pedaço”, mesmo já tendo conhecimento da negativa do MJ sobre o assunto, e não se conforma, ainda mais quando sutil e politicamente o presidente da CBB “deposita” nas mágicas e isentas mãos do argentino (afinal ele é…argentino) a suprema decisão sobre as convocações dos magos da NBA que se negaram ir ao Pré Olímpico de Mar Del Plata. Caramba, já imaginaram os quatro da grande liga, mais o Huertas e a turma européia?  Medalha na certa!!

Como desprezos antigos não cunham medalhas, que se danem princípios, ética, superados nacionalismos, decrépitos patriotismos, pois o que conta (inclusive nos bolsos…) é medalha, e estamos conversados.

Mas, voltemos a Bauru na noite de ontem, quando vimos duas equipes trocarem figurinhas por três longos quartos (inclusive o Larry), com uma hemorragia de arremessos de três, 20 erros de fundamentos (o paraguaio “anda” demais e adora chutar para além do perímetro, onde é encontrado para bloqueios o jogo inteiro…), inexistência defensiva externa, e consentida internamente, como num jogo de compadres, até que, no quarto final o Larry resolveu jogar “à vera”como deveriam ambas as equipes o fazer desde o começo, principalmente no cumprimento do ritual defensivo, quando, ai sim, pudemos constatar qual equipe pode ser considerada superior a outra, pois, como num passe de mágica, com a subida da defesa para fora do perímetro externo, contestando os arremessos de três, e dobrando por cima do fraco armador, Bauru impôs uma diferença de 20 pontos (32×12), dando números finais ao jogo, evidenciando sua supremacia.

Então, o Larry não foi tão mítico assim, pois se poupou para um quarto final, o que duvido aconteceria em sua equipe universitária americana, onde defender é caso de honra, e quase sempre por 35seg de posse de bola dos adversários, provando mais do que nunca que está perfeitamente sintonizado com o basquete tupiniquim no que ele tem de mais simplório, sua pungente limitação técnico tática, onde pivôs são esquecidos, provocando nos mesmos reivindicações aos longos arremessos (se todos chutam, por que eu não?…), armadores focam mais a pontuação do que a assistência, e alas, indefinidos tática e estrategicamente desde a formação, centram seu poder de fogo nos arremessos de três e não na capacitação às fintas e ao drible incisivo ao perímetro interno, como os bons alas devem atuar.

Sem dúvida o Larry é um bom jogador para a realidade do sistema único com sua mesmice endêmica, mas, um excelente artista quando emerge do usual rame-rame que vivencia, ao saltar por cima das amarras, deixando fluir sua criatividade , poderosa presença ofensiva, e defensiva também, para num único quarto definir e decidir um jogo previsível e caduco.

Mas daí colocarmos em sua improvável convocação o nosso destino olímpico, vai uma enorme diferença, pois nos situa no perigoso bordo de sermos incapazes de formar bons armadores, no que até pode parecer real, se teimarmos nesse limitadíssimo sistema único, monitorado, formatado e padronizado, em vez de algo inusitado, flexível, criativo, corajoso e acima de tudo responsável, para que nossos jovens se vejam perante o novo, o absolutamente novo, como na explosão criativa do Larry no quarto final do jogo de ontem, quando ao romper com a mediocridade fez luzir algo que nos é permanentemente negado, a arte de jogar e amar o grande jogo.

Foi uma grande demonstração de fundamentos do jogo, simples assim, fundamentos.

Amém.

Foto-O pivô Agba do Baurú. Sergio Domingues DHP Foto

FIM DE UM ATO…

Fim de um primeiro ato, fim de uma etapa que tem de ser continuada, começo de um longo caminho, espinhoso, escarpado e acima de tudo, sonhado.

A LDO tem de dar seguimento a um trabalho longamente acalentado, e profundamente necessário ao soerguimento do grande jogo desde sempre. Continuidade e muito planejamento se tornam prioritários a um projeto dessa magnitude, pois dele depende diretamente o sucesso da fundamental renovação das equipes do NBB.

Mas ao apagar das luzes desse primeiro campeonato, algumas considerações se fazem necessárias, a começar sobre o jogo final.

Numa partida que sacramentou a tendência do jogo em alta velocidade, comum a todas as equipes participantes do quadrangular final, tanto o Flamengo, como Bauru não aliviaram o acelerador em nenhum momento, fator que prejudicou a equipe paulista de maneira decisiva, quando ao colocar 12 pontos de vantagem no terceiro quarto, optou em se manter rápida na quadra, aspecto este que só beneficiou os cariocas na busca de pontos no menor tempo possível, que foi o que aconteceu no quarto final. Abrandasse o ritmo de jogo naquela altura em que liderava o placar com razoável diferença, Bauru venceria pela quebra da intensidade ofensiva do Flamengo, para o qual a manutenção da alta velocidade o mantinha no foco do jogo. E foi o momento em que as equipes mais correram, e por isso mais erraram, nos dribles, nas fintas, nos passes, nos longos e desnecessários arremessos, e acima de tudo nas defesas, desgastadas fisicamente pela desenfreada correria. Faltou alguém que colocasse “a bola debaixo do braço” no Baurú, assim como a armação do Flamengo manteve e acelerou mais ainda o ritmo, incluindo uma pressão quadra inteira, responsável pelo desmantelamento ofensivo paulista, culminando com algo absolutamente inusitado, quando um pivô reserva, o Ricardo Bampa, arremessou com sucesso duas bolas de três pontos, sem ser minimamente contestado, e concluiu um passe interior do armador Gegê com uma bandeja simples (terceira foto) e eficiente, ganhando o jogo com justiça, muita luta e enorme dedicação, mesmo jogando de forma atabalhoada e descoordenada.

Mas, o preocupante foram os altos índices de erros nos fundamentos por todas as equipes intervenientes, numa clara e indiscutível evidência da falha formação de base neste básico ponto, comprovando a preferência dos técnicos pela imposição técnico tática por sobre os fundamentos do jogo, desde muito cedo, desde o inicio da formação, seguindo a diretriz da formatação e padronização imposta ao grande jogo no país.

Entretanto, algo constrangedor ocorreu no ginásio do Tijuca, quando todo um lance de arquibancada e cadeiras foi vetado ao público, sendo liberado o lance enfrente às câmeras de televisão, para transmitir a impressão de ginásio lotado para uma decisão veiculada nacionalmente pela mesma, tirando o conforto de muitas crianças e mulheres presentes, num claro desrespeito aos mesmos, e indesculpável numa praça de esportes com o ingresso liberado, num estratagema condenável e perigoso ( duas primeiras fotos).

Finalmente, me vi convidado pela direção da LNB, para ao final da competição fazer entrega de um dos prêmios concedidos aos mais eficientes, aquiescendo com satisfação ao mesmo. E qual foi minha surpresa quando entreguei o troféu de técnico mais eficiente ao Paulo Sampaio do Flamengo, conhecido por mim desde sua época de jogador, com o qual sempre mantive um salutar relacionamento, mesmo quando exerci algumas criticas sobre opções técnicas do mesmo, mas sempre pautadas pela isenção e pela ética profissional. Sei do respeito que ambos mantemos, e o parabenizo, assim como toda a sua jovem equipe pela conquista, importante para o basquete do Rio de Janeiro, tão abandonado desde a fusão da Guanabara com o Estado do Rio, quando deixamos de ser o segundo estado mais rico da federação, para nos tornarmos num município à beira da miserabilidade econômica e moral em que nos encontramos.

Mas acredito, como bom carioca, que dias melhores virão.

Desejo a todos um 2012 pleno de saúde, esperanças e muita paz.

Amém.

 

Fotos- Reprodução da TV, divulgação LNB e produção própria,

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VÍCIOS ADQUIRIDOS…

Sem dúvida alguma a LDO é um campeonato que vem preencher um enorme vácuo na trajetória da maioria dos jovens que saem das divisões de base em direção a elite do basquetebol nacional.

No entanto, não basta participar do mesmo sem que possuam o preparo básico adquirido nas divisões de formação, principalmente quanto aos fundamentos individuais e coletivos do grande jogo. E sob esse aspecto eclode uma questão – estarão esses jovens realmente preparados para a divisão principal?

Analisemos dois dos melhores armadores dessa competição, o Gegê da equipe do Flamengo, e o Raphael de Brasília, ambos com alguma experiência em equipes do NBB, ambos considerados reais promessas para 2016, mas que, no entanto, a exemplo de grande parte dos armadores das demais equipes participantes da LDO, em absoluto estão preparados tecnicamente para exercer um papel de líderes de equipes dentro do atual estágio em que se encontram no domínio da ferramenta básica para tão importante papel, os fundamentos do jogo.

Vejamos o jogo de ontem, quando ambos se enfrentaram ofensiva e defensivamente, arbitrados por um trio de juízes, sendo um deles arbitro internacional, mas que, omitindo a aplicação das regras, permitiram que ambos as violassem sucessiva e permanentemente durante toda a partida, ao driblarem incorretamente nas mudanças de direção e nos cortes laterais e em reversões, paralisando momentaneamente a bola em suas mãos (e por isso mesmo interrompendo sua trajetória livre de encontro ao solo), caracterizando a infração de condução, se estivessem em parada momentânea, ou andar com a bola, se em deslocamento. Por se tratar de um movimento muito rápido, a captação fotográfica do mesmo é bastante difícil, mas o exemplo acima (segunda foto) demonstra com clareza a violação, pois a bola se encontra espalmada por baixo, caracterizando a interrupção da sua trajetória descendente de encontro ao solo. A visão acurada do vídeo do jogo demonstra inequivocamente, que tal ação foi desenvolvida em todo seu transcorrer, por ambos os jogadores, em grande velocidade, “facilitando”, pela imobilidade transitória da bola, transposições defensivas e penetrações improváveis se executadas dentro do espírito das leis do jogo, e tudo sob o beneplácito da arbitragem. Essa violação, que é reprimida na Europa, bastante tolerada na NBA (afinal o espetáculo deve priorizar a estética…) e eventualmente punida por alguns de nossos juízes, que erroneamente a classificam como condução, quando o jogador está em movimento, no que seria andar com a bola, pois o binômio ritmo-passada é descontinuado, gerando a violação.

Outra falha lamentável nos fundamentos é a da imprecisão e aplicação dos passes, onde um dos preceitos mais dogmáticos existentes no grande jogo é o de hipótese alguma ser permitido que os mesmos sejam realizados paralelamente à linha final, pois se interceptados tornam impossível sua defesa, principalmente se originados pelo (s) armador (es) da equipe. A primeira foto demonstra com clareza uma das muitas tentativas executadas desse tipo de passe nos jogos da LDO.

Muitas outras falhas nos fundamentos poderiam ser apontadas, para serem discutidas à luz da grande carência formativa de nossas gerações de jovens, muito mais treinados e orientados às táticas e sistemas de jogo, do que ao efetivo domínio dos fundamentos, sem os quais aquelas se tornam inócuas e falimentares.

No entanto, aquelas duas apontadas acima, que são características dos armadores em suas funções de levadores de bola, fintadores estratégicos e alimentadores de seus companheiros, fora e dentro dos perímetros de jogo, são por demais importantes e decisivas para serem minimizadas em sua execução e finalidade, quando está em jogo o futuro do nosso basquetebol, que ainda padece da ignorância de alguns segmentos que o compõe, sobre o verdadeiro conhecimento exigido no preparo de nossos jovens, em direção à plenitude dos fundamentos do grande jogo.

Vícios adquiridos na formação são de difícil, (sem ser impossível) correção, exigindo de todos, professores, técnicos, e por que não, juízes, atenção e cuidados constantes para que não se fixem e se perpetuem para muito além da prática deste grande, grandíssimo jogo.

Amém.

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A 120 KM/H…

“Quero ver o time a 120 km/h”- Foi essa a instrução do técnico do Flamengo ao início do jogo, e que justiça seja feita, foi obedecida integralmente, pois daí para diante pudemos testemunhar uma das maiores correrias vistas em uma quadra de jogo, e o mais emblemático, seguida pela equipe do Paulistano, como se tivessem combinado a ação previamente. E mais emblemático ainda foi a constatação de que o jogo preliminar, entre Bauru e Brasília tenha se pautado da mesma forma. Em síntese, as quatro finalistas da LDO propuseram na prática mais uma competição de corrida em velocidade, do que um jogo pensado e desenvolvido com técnica apurada nos fundamentos, e na qualidade dos sistemas propostos. Aliás, o sistema proposto, o único que conhecem e praticam, onde pivôs continuam jogando no perímetro externo, bloqueando, armando (foto) ou arremessando à cesta, de três pontos; armadores se situando fora do foco das ações em sua corridas por trás das defesas; uma infinidade de passes contornando as defesas, originando penetrações forçadas pelo esgotamento dos 24seg , com arremessos desequilibrados, e muitas vezes fora do aro da cesta.

Ao lembrar o grande Wlamir Marques, que sempre afirma ser a extrema velocidade inibidora do raciocínio, do pensar o jogo, e que os jovens deveriam correr menos e pensar mais, podemos aquilatar o quanto de desperdício de talentos está ocorrendo com essa frenética forma de jogar.

Perdas e perdas de bola acarretadas por dribles desconexos, fintas equivocadas, passes fora do tempo, arremessos despropositados, posicionamentos defensivos errados dentro do perímetro e inexistentes fora dele, num incentivo explícito aos arremessos de três; movimentação nula sem a bola é agravada pelo desenfreado ritmo imposto por um modelo anacrônico, formatado e padronizado do sistema único de jogo.

Equipes com dois, e até três jogadores com mais de 2,05m não sabendo jogar com os mesmos, mantendo-os, a exemplo da divisão adulta, como buscadores das bolas perdidas dos longos arremessos de seus companheiros, desconhecendo os giros de 180 graus ao conquistarem os rebotes, forçados e orientados a bloqueios muito distantes do perímetro interno, sua destinação de direito, enfim, atuando como coadjuvantes eternos em suas equipes. Mas quando recebem um passe ao lado do garrafão, e iniciam os dribles de costas para a cesta, todo o restante da equipe, como que paralisada pela tentativa de seu pivô, não se move da inércia catatônica  de que fica possuída, caracterizando seu desconhecimento do que venha a ser jogar sem a bola, principalmente quando a mesma se situa bem dentro da zona restritiva.

No entanto, bons valores justificam a regra geral com suas habilidades de exceção, principalmente aqueles que já atuam na categoria adulta, como o Gui, o Gegê, o Fred, o André, o Ronald, e outros com poucas oportunidades na mesma, mas que pouco se desenvolverão se não forem profundamente exigidos no preparo e pratica constante dos fundamentos, e que tenham a oportunidade de se situarem técnica e taticamente em sistemas outros de jogo, além do coercitivo e inibidor sistema único, onde os grandes beneficiários desde sempre, os técnicos, hesitarão muito em abandonar suas privilegiadas posições de estrategistas, que os situam pratica e pretensamente, como os donos do jogo, como bem comprovam suas pranchetas, pródigas e prolixas na elaboração de jogadas infalíveis, mas sempre e completamente omissas quanto ao posicionamento defensivo, mesmo primário, de seus oponentes face ao que projetam e planejam.

Nosso basquete de base se encontra absolutamente órfão de criatividade, de espontaneidade, de domínio dos fundamentos, de conhecimentos técnico táticos outros que não o onipresente sistema único, e que agora, como grande conquista, se encontra sob o jugo da velocidade inconseqüente, impensada e estéril, aquela situada a 120 km/h.

Frear para pensar com mais lógica e raciocínio, seria uma boa solução, um bom começo para acelerar o processo de amadurecimento técnico e tático desses jovens. Eles já fazem por merecer um melhor preparo, visando um futuro mais promissor.

Amém.

Fotos- Reprodução da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

OS AMERICANOS…

E os capixabas se superam, pois acabam de bater um novo recorde, o de derrota pela maior diferença de pontos, recorde este que pertencia a eles mesmos, desde os 54 pontos de diferença impostos ao Vitoria pelo Flamengo no NBB3, para uma esmagadora e constrangedora diferença de 62 pontos do mesmo Flamengo sobre o Vila Velha, contagem inadmissível dentro de uma competição deste nível.

Três foram os americanos contratados pela equipe do Espírito Santo, como uma solução pela péssima campanha no NBB3, igualmente encontrada pela equipe de Franca, mas que ao final dessa nona rodada as fazem ocupar as colocações inferiores da tabela, provando que americanos por si só não elevam equipes à ponta classificatória, e sim treinamento altamente qualificado que, pelo menos, os situem harmonicamente dentro de suas equipes, e não como o centro irradiador das mesmas, pois na maioria das vezes não têm qualificações para tanto, já que excedentes de pelo menos quinze ligas profissionais espalhadas pelo mundo.

O incrível sobre tais contratações, é que a maioria delas preenche o imaginário de muitos técnicos, ávidos em “comandar” americanos, como se tratasse de um salto qualitativo em suas carreiras, um invejável acréscimo em seus currículos profissionais (?).

Agora imaginemos um jogo entre duas equipes nacionais com três americanos em cada (caso de Franca e Vila Velha), que pelo investimento em dólares os fazem titulares, ocupando seis posições contra quatro de brasileiros, e com técnicos que balbuciam um ininteligível inglês, para avaliarmos o caos comunicativo que se instalará na quadra, ainda mais quando a pretensa superioridade de jogo dos estrangeiros inexiste na pratica. Imaginaram?

Pois caros leitores é exatamente o que vem ocorrendo no NBB4, com duas equipes perdendo cada vez mais jogos (inclusive com recordes negativos de contagem) de um lado, e seus técnicos incapacitados de fazer jogar americanos de DVD, que de português só devem conhecer a palavra salário, de outro.

Sem dúvida alguma alguém deve estar lucrando com tudo isso, quando menos, pela errônea publicidade de que um americano no time resolve problemas, quiçá três, num monumental equivoco lastreado por um sentimento, praticamente irremovível, de colonialismo endêmico que se apossou das lideranças de nosso basquetebol nas duas últimas décadas.

Quando observamos com satisfação a produtividade técnica de alguns jogadores latinos, onde até um paraguaio demonstra insuspeitadas qualidades, numa liga que ainda se situa no limiar de maiores investimentos, e os vemos serem liquefeitos em contratos com jogadores de quarta linha (com três ou quatro exceções), pagos em dólares, e completamente fora da nossa realidade econômica, e por que não, técnico tática, em detrimento de bons jogadores nacionais, basicamente os mais novos, trocados pela quimera da supremacia americana equivocadamente pronta para o consumo, por uma plêiade de técnicos que se nega, ou não tem conhecimento, para treiná-los nos fundamentos, corrigindo-os para que exequibilizem seus sistemas e táticas, temos de nos preocupar seriamente, pois dos mesmos depende o futuro do grande jogo entre nós, e somente deles, os verdadeiros técnicos e professores de basquetebol.

Creio que daí para frente, somente o resgate da meritocracia nos guiará pelo soerguimento sustentável do grande, grandíssimo jogo.

Amém.

QUEM DIRIA…

Num inicio de jogo contundente, Brasília coloca 13 x 0 abalando um Pinheiros pressionado e acuado, ainda mais quando seu armador argentino comete três faltas no primeiro quarto do jogo.

Nesse momento de intensa supremacia dos candangos, o narrador pergunta ao comentarista se “não estaria faltando um segundo armador para ajudar o Figueroa”, no que é respondido com um inusitado comentário- “Sem dúvida, hoje as equipes tendem a jogar com dois armadores, reforçando suas opções de ataque e maior firmeza defensiva”.

Ora, quem diria, pois há muito pouco tempo a dupla televisiva denominava um segundo armador como, finalizador, pontuador, ou arremessador, um 2 complementar ao 1 de oficio, mas que de repente se transforma num efetivo armador pela entre ajuda de ambos, numa guinada surpreendente para quem sempre incutiu na audiência os dogmáticos posicionamentos de 1 a 5.  Ótimo que isso tenha ocorrido, somente lembrando que dupla armação nunca foi por eles defendida, muito pelo contrário, e ponto para o Basquete Brasil em sua solitária e teimosa luta por um basquete contestador à mesmice endêmica que se instalou entre nós, inclusive com o incentivo daquela e de outras mídias, com poucas, porém honrosas exceções.

Daí para diante, uma coincidência se fez presente e decisiva no resultado do jogo, pois nenhuma das duas equipes possuem armadores à altura dos titulares, Figueroa e Nezinho, nem para a armação simples, nem para a dupla, daí a vantagem que a equipe de Brasília auferiu com a maior presença em quadra do Nezinho, enquanto o Figueroa era guardado para o quarto final.

Então, para variar, passamos a assistir o espetáculo autofágico dos três pontos, principalmente pela equipe candanga, com um Alex “queimando” o que podia e não podia, culminando num arremesso final de três, frontal e de larguíssima distância, quando ainda faltavam 5seg, em um jogo em que sua equipe perdia de dois míseros pontos, o que recomendava uma tentativa de penetração ( e logo ele que é um especialista) para um empate, e quem sabe um arremesso extra por falta recebida. Mas não, a bolinha foi disparada, e deu no que deu…

Mas um pouco antes, com a volta do Figueroa e a saída pelo limite de faltas do Nezinho, pode a equipe paulista se aproximar no placar, e ultrapassar seu adversário, quando numa tosca perda de bola do armador brasiliense Bruno, se viu líder do jogo.

 

No entanto, ficou constatado que ambas as equipes carecem de armadores eficientes para formarem com seus titulares, duplas armações de qualidade, o que é algo constrangedor quando vemos não aproveitados nessa altamente especializada posição, jogadores do naipe de um Muñoz e um Rafinha, que em hipótese alguma poderiam ficar de fora numa liga que necessita de experiência e qualidade de jogo nas duplas armações.

Numa próxima etapa, que espero não seja muito longa, quem sabe poderemos ver implantado o jogo interior através de pivôs ágeis, atléticos e velozes, jogando de frente para a cesta, em estreita coordenação com duplas armações firmemente focadas em abastecê-los para arremessos curtos e de media distâncias, pois de 2 em 2 se vencem jogos com muito menos desperdícios do que as hemorragias despropositadas dos três. Assim espero, assim ainda o será.

Amém.

Foto-Divulgação LNB. Clique na mesma para ampliá-la.

FUNDAMENTOS? ONDE ESTÃO?…

Assisto ao jogo, me concentro, mas não acredito no que vejo. Saio da sala, vou até a cozinha, pego um café, e volto. Continuo não acreditando, mas persisto teimoso que sempre fui, e se comecei a ver, penso ir até o fim. De repente acordo (foi um cochilo de uns 30-40 segundos), como se o corpo e a mente tivessem reagido ao que testemunhavam, se protegendo de algo inenarrável, e pelo mais absoluto respeito que ainda mantenho pelo grande jogo desligo a TV e volto à minha leitura interrompida, jurando me calar, e até esquecer tão absurdo espetáculo, principalmente por se tratar da partida inaugural de uma Liga adulta.

Abro hoje os sites de basquete, e leio o artigo do Fabio Balassiano no Bala na Cesta, que publica tudo aquilo que me revoltou, e até certo ponto me envergonhou, travando a vontade imensa de extravasar um sentimento de tristeza ante tanta pobreza técnica e de fundamentos, principalmente estes. Mas o Fabio foi lapidar e cirúrgico em sua critica, a qual não aporia uma virgula sequer, pois refletiu em toda sua dimensão “a quantas andam o nosso outrora brilhante basquete feminino”.

É inadmissível que jogadoras adultas confundam desenfreadas corridas com basquete, tropeçando na bola, ultrapassando-a em varias ocasiões, que não dominem o drible, mesmo usando somente a mão natural, que não saibam arremessar, de longe, muito menos de perto, que não saibam se deslocar defensivamente, e o pior de tudo, que não dominem, nem de longe, a arte de passar a bola. E perante tanta falta de habilidades individuais, como ousam os técnicos exigir jogadas e sistemas sem que as jogadoras sequer saibam dominar uma bola?

O que falta para ensinar fundamentos a todas elas, igual, democrática e tecnicamente confrontadas, nivelando-as perante a necessidade grupal de que sem os mesmos nada conseguirão ou atingirão de realmente prático nos sistemas e jogadas que são instadas a praticar? Será que seus técnicos só conhecem sistemas, jogadas e chaves, se auto conotando como “estrategistas”, deixando de lado o verdadeiro objetivo do jogo, o domínio de seus fundamentos? Como exigir continuidade e fluidez tática se as jogadoras sequer sabem executar um drible, uma finta e um passe com um mínimo de precisão? Como?

Assim como o jovem articulista, também me sinto preocupado no mais alto nível, aquele que me trouxe à sétima década de vida, cinco delas dedicadas à educação e ao basquetebol, respeitando por todo esse longo tempo o grande principio que o tornou universal, o histórico conceito que o desenvolveu e sedimentou, o de ser exequibilizado e jogado através o pleno domínio de seus fundamentos.

Espero que todos aqueles envolvidos no preparo e treinamento de jogadores, sejam de que divisões, sexo, faixas etárias, estaturas e pesos forem, se conscientizem disso, como plataforma segura para o soerguimento do grande jogo.

Amém.

Foto – Divulgação LBF. Clique para ampliá-la.

SERÁ SÓ IMPRESSÃO?…

Acho que algo terá de ruir, e fragorosamente, pois não é mais possível que ainda se escute – “Faz o X para baixo, ou a punho, ou… qualquer coisa que fizerem tá bom”. Isso depois de rabiscar, apagar, tornar a rabiscar a prancheta ante olhares atônitos de jogadores que simplesmente não sabiam o que fazer, e ainda escutarem o… qualquer coisa que fizerem tá bom!

Um técnico novo, estudioso e dirigindo uma das equipes mais importantes do basquete brasileiro, não pode e nem deve cometer erros de comunicação como o acima mencionado, e transmitido pela TV, numa prova de pouca experiência em comando, principalmente numa jovem e promissora equipe.

Tudo que tenha de ser dito e comentado num pedido de tempo, tem de ser o reflexo do treinamento realizado, exaustivamente analisado e discutido nos mínimos detalhes, onde as leituras de ações técnico táticas têm de alcançar padrões de alta precisão, através insistentes repetições de situações de jogo, onde as maiores intervenções devem ser dirigidas aos defensores, instigando-os e orientando-os à anulação dos sistemas ofensivos em treinamento, mesmo que sejam os da própria equipe, pois sendo esta a ação que será buscada pelos adversários no jogo real, todos terão de estar prontos para o inevitável confronto, onde as diagnoses e conseqüentes retificações têm de estar, obrigatoriamente previstas e treinadas, e não corrigidas em pranchetas ironicamente pegas de surpresa.

No entanto, como a maioria das equipes adotam o sistema único, com as mesmas jogadas e até mesmo as sinalizações, configurou-se uma mesmice comportamental nos jogadores desde as divisões de base, desaguando na divisão adulta como verdade única e absoluta, daí a padronização das intervenções dos técnicos em seus pedidos de tempo, onde alguns incluem o palavreado pesado, cobranças indevidas, ou simplesmente um – “qualquer coisa que fizerem tá bom…”-  Muito poucos instruem de verdade, baseados em uma estrutura solida de treinamento técnico tático, e absolutamente nenhum na correção de fundamentos de jogo que poderiam ser otimizados em momentos pontuais ou cruciais de uma partida, raros realmente tentam inovar, mas em sua maioria propugnam pela manutenção do que ai está, padronizado e formatado a mais de duas décadas de mesmice endêmica.

Daí a necessidade premente de que sejam buscados outros e diversificados caminhos no ensino e divulgação do grande jogo, através os jovens técnicos do país responsáveis pela formação, assim como os mais experientes na direção das equipes de elite, da qual faz parte o técnico interveniente no jogo em questão, entre Uberlândia e Minas, que também é jovem e talentoso, mas precisa quebrar as amarras que o prendem à mesmice que esmaga e tolhe o futuro do nosso basquetebol, basta querer.

Afinal, será que é só impressão, ou algo de novo ainda está muito longe de acontecer? Torço veementemente para que não.

Amém.

Foto – Divulgação LNB.

SUTÍS MUDANÇAS…

“Tripla armação funciona e Tijuca/Rio de Janeiro derrota a Liga Sorocabana” (Blog Basketeria em 1/12/2011), assim como tem merecido destaque nos blogs as duplas armações que aos poucos vão se impondo em algumas equipes participantes do NBB.

Mas nada comparável ao decréscimo nos arremessos de três pontos, exatamente pela inclusão da dupla armação, responsável por uma distribuição mais equitativa nos passes interiores de alta qualidade e, por conseguinte alimentando os pivôs em suas investidas de frente para a cesta, com velocidade e maior precisão.

Outra tendência em conseqüência da dupla armação é o retorno do DPJ (foto) nas finalizações, pois o sistemático apoio entre os armadores propicia espaços para esses arremessos de media distância, com um grau de precisão bem mais elevado do que os de três pontos, além de situar os pivôs dentro do perímetro, incrementando substancialmente as reais possibilidades nos rebotes ofensivos, mantendo todos os atacantes no foco das ações.

No jogo entre o Tijuca e a Liga Sorocabana, os pivôs Casé (foto) e Coloneze contabilizaram juntos 34 pontos dos 78 conseguidos por sua equipe, que atuando com três armadores (André, Arnaldo e Gegê) os municiaram permanentemente, apesar de falharem 16 arremessos de três dos 21 tentados. Se a metade dos mesmos fosse orientada aos de dois pontos, a diferença no placar final teria sido mais ampla. A equipe do Flamengo em seu jogo com Bauru, invicta até esse jogo, arremessou um inédito 1/7 nos três pontos (14%), contrastando com os 35/52 de dois pontos (67%) alcançados ao final da partida, numa inconteste prova que de dois em dois pontos pode uma equipe de qualidade atingir contagens acima dos oitenta pontos, em vez da desvairada sangria dos arremessos de três.

Orientei-me nas analises acima pelo comentário de outros blogs e pela estatística oficial da LNB, numa unusual ação (da qual me desculpo), incomum e pontual, para expor uma tendência que vem se fazendo presente, na medida em que um maior conhecimento e domínio da dupla armação e decorrente utilização dos pivôs aos poucos se estabelecem em algumas das equipes do NBB, numa evolução técnico tática significativa para o grande jogo no país.

Somente consegui assistir ao segundo tempo do jogo Paulistano e Limeira, do qual me eximo de maiores comentários pela franciscana pobreza do que foi apresentado, num jogo absolutamente falho e inexpressivo.

Porém, outro aspecto sobre o que de inédito vem ocorrendo, é o fato de que a utilização de dois ou mais armadores, e dois ou mais pivôs no âmago do perímetro, em continuidade ao sistema único, determina somente uma adaptação, uma substituição de alas por armadores, com sua conseqüente melhoria técnica nos dribles, passes e fintas, e não uma mudança nos sistemas de jogo, que deveriam estar orientados a essa nova postura, como forma de otimizá-los, em continuidade às suas melhores formações através treinamento especifico, desde as divisões de base, numa retomada segura e progressiva ao encontro de sistemas diferenciados da mesmice endêmica que ai está, sacramentada e cristalizada de duas décadas para cá.

Temos a obrigação de pesquisar, estudar, planejar e aplicar novas metodologias de treino, com as conseqüentes didáticas de como exequibilizá-las e divulgá-las através da informação, pulverizando-a aos mais recônditos lugares desse continental país ao encontro dos jovens técnicos, como os mais experientes também,  no esforço maior de soerguimento do grande jogo entre nós, pois merecemos alcançar tão ansiado objetivo, através o trabalho e esforço de todos que o amam, em confronto direto àqueles que o subjugam pela mediocridade e retrógada  mesmice.

Amém.

Fotos – Colin Foster e Divulgação LNB

NARRANDO & COMENTANDO…

Iniciado o jogo e uma mensagem tocante vai ao ar – “O tênis de fulano é rosa, e o de beltrano azul, uma homenagem às criancinhas”- Formidável, não?

“O Joinville não marca, não joga na transição por não ter a posse da bola (juro que está lá gravado…), e no 5×5 não atua com confiança. O técnico tem de parar o jogo para acertar as coisas”, detona o comentarista, cujo discurso inicial é idêntico em todos os jogos que comenta, pela similitude entre todos.

O técnico para, expõe todos os acertos na prancheta e devolve o time ao jogo que… continua não marcando, nem jogando na transição, muito menos se encontrando no 5×5, e com a auto confiança no chinelo.

Lá pelo terceiro quarto outro tempo, e uma pérola  –“ Eles estão fazendo o que querem, arremessam de onde querem! O que é que vocês querem que eu fale pra vocês?” Honestamente, sugiro que treine a equipe…

Mas nem tudo estava perdido, ainda, quando é anunciada uma mudança tática que alteraria o jogo, no momento que a equipe catarinense trocou a defesa individual pela defesa por zona, algo realmente inédito em uma divisão máster, e o resultado? Bauru disparou na contagem…

Mas no tempo pedido a um minuto do  final (foto) algo inesperado quando determina – “Vamos de chifre…” Fim.

Creio que escrever mais se torna desnecessário, logo, fico por aqui.

Amém.

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