A CASA DA MÃE JOANA…

As seleções de base da CBB começaram a ser reunidas visando às próximas competições internacionais, que vão das categorias sub 15 até sub 19 em ambos os sexos. E as comissões técnicas se encontram a todo vapor, todas elas supervisionadas por um único responsável em cada segmento, numa prova inconteste de legitimação do sistema de jogo a ser empregado, o mesmo, para todos!

Os técnicos, “supervisionados” de cima para baixo, comungam servilmente o principio globalizado para todas as categorias, numa repetição de conceitos de organização, preparação e competição que beiram ao inacreditável, pela aceitação passiva de tal centralização de comando, para em troca agregar a seus currículos a titulação de técnicos responsáveis pelo futuro do nosso basquetebol, seja lá qual for o preço que tenhamos de pagar pelas aventuras, o que no frigir dos ovos é de somenos importância para os mesmos, à partir do momento que chegaram ao ápice.

E quando discuto liderança, comando, decisão e responsabilidade integral sobre a real destinação de nossos jovens ao confrontarem a realidade das competições internacionais, o faço plenamente convencido pela experiência e décadas de trabalho com os mesmos, o quanto de catastrófico nos depararemos ante previsíveis e nada alentadores resultados negativos, cujas bases advindas de 20 anos para cá, caducaram e esclerosaram de tal forma que ao constatarmos a perda consentida e quase absoluta do comando por parte dos técnicos envolvidos no processo seletivo, como numa concordância tácita de divisão e consequente minimização de responsabilidades ante derrotas e fracassos , os vemos como parte complementar, e até suplementar de um irresponsável processo de esvaziamento de comando, que por principio tem obrigatoriamente de ser indivisível. Hoje, profissionais de diversas áreas discursam e emitem conceitos e princípios técnicos e até médicos no seio destas seleções, numa apropriação indébita, mas propositalmente consentida, num desfile de falsas e até irresponsáveis premissas, que muito cedo cobrarão com os juros das derrotas suas irrefletidas e volúveis declarações.

Agora mesmo, numa matéria do Frederico Batalha do Databasket, fisioterapeutas ( Fisioterapia sf. Med. Terapia em que se usam agentes e exercícios físicos. § fi.si:o.te.rá.pi.co adj. Dicionário Aurélio), que por definição são aqueles profissionais que utilizando exercícios físicos ajudam na recuperação de diversos traumas, após o encaminhamento médico profissional dos acidentados, e somente isto, fazem uma extensa exposição de suas intervenções nas seleções brasileiras, as de base em particular, das quais pincei algumas pérolas, reivindicadas também por psicólogos e administradores das mesmas, como expus no artigo –ADMINISTRANDO E SUPERVISIONANDO… de 19/02/2009.

“Sempre quis trabalhar com esporte ou Educação Física ou Fisioterapia. Acabei ficando com a segunda opção. Sou apaixonado pela Fisioterapia. O profissional dessa área deve conhecer a modalidade, as lesões e saber como intervir rapidamente em cada uma delas. Quando um atleta se machuca, eu o avalio junto com o médico, e tento recuperá-lo o mais rápido possível para que volte à prática esportiva. Sempre tomando todos os cuidados e respeitando o período de cicatrização e cura, para que retorne sem dor (…)”

“(…) As jogadoras da equipe principal possuem lesões crônicas e a maioria já sabe o que tem de fazer. Na base, as lesões são agudas, todo dia pode aparecer uma dor nova, e nem sempre as novatas sabem o que deve ser feito”.

Como vemos, o fisioterapeuta “avalia com o médico” a contusão, para tentar recuperá-lo, quando na realidade profissional cabe somente a um médico tal avaliação, e que encaminhará, se for o caso, o acidentado ao fisioterapeuta para ajudar no tratamento de recuperação, e no prazo por ele estabelecido. Todo e qualquer técnico bem formado e experiente não titubeia em encaminhar ao médico um atleta seu acidentado, após executar, conforme o caso, ações de imobilização e aplicação térmica emergencial, pois nem sempre, ou quase sempre pode contar com a prestação profissional de um paramédico em sua equipe.

Ora, se as jogadoras adultas apresentam muitas vezes lesões crônicas e sabem como agir, pergunta-se onde estavam os profissionais que poderiam ter evitado que isso ocorresse, para que as jovens iniciantes não tivessem de percorrer o mesmo caminho ?

“(…) Quando elas estão conosco conseguimos acompanhar diariamente, procurando orientar não só a parte de contusões, como também na alimentação e descanso, que fazem parte do treinamento. Excesso de peso sobrecarrega as articulações e isso pode deixar a atleta mais sujeita a lesões. Observamos a parte psicológica, se não está muito ansiosa e isto está atrapalhando o sono. Tudo influencia na quadra e a gente procura ajudar”.

“E o trabalho não fica só durante o treino ou tratamento. Pelo contato diário e constante, o fisioterapeuta é o integrante da comissão técnica que mantêm o relacionamento mais íntimo com os atletas. É o elo entre jogadores e técnicos, e por isso, ficam atentos a tudo que acontece”.

Atestamos então que fisioterapeutas de seleções de base também são psicólogos e elos entre os jogadores e os técnicos, pelo relacionamento íntimo que mantêm com os mesmos, transformando-se no pilar e alicerce das mesmas, cabendo aos técnicos somente… somente bem o que? Aplicar docilmente um sistema centralizado de jogo, já que libertos das responsabilidades inerentes de liderança e comando, e que jamais poderiam ser transferidas ou delegadas a administradores, supervisores, fisioterapeutas, psicólogos, e outros mais.

Pois é caro leitor amante do grande jogo, e que sempre se pergunta por onde se perdeu o brilhante basquete que tanto admirava e torcia com amor.

Exatamente pela perda de comando, pela ausência do compromisso em planejar, organizar, preparar e dirigir equipes sob uma liderança fundamentada na experiência, no conhecimento e no mérito, que são atributos daqueles que não abrem mão das responsabilidades inerentes ao mesmo, e que ao definir com clareza, discernimento e bom senso os papéis a serem representados e personificados pelos membros da equipe, evitando choques e intromissões indevidas e indesejáveis, já que confrontadas com o comando e a liderança da equipe, mas sendo sensível a embasados e coerentes colaborações setoriais, exercerão direito a posição de verdadeiro Técnico de uma equipe de alta competição, e não um penduricalho a mais numa organização em que muitos se situam onde não poderiam estar, tutelados por aqueles que em hipótese alguma admitem perda de poder, numa autêntica taba onde existem mais pagés do que índios, numa verdadeira casa da mãe Joana a que reduziram o infeliz, desorientado e desorganizado basquete de base brasileiro, transformado em palanque e trampolim para vaidades, egos, falsos e pretensiosos líderes.

Amém.



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