FALEMOS UM POUCO DE TÁTICAS E SISTEMAS

Acabo de assistir pela TV as quartas de final do campeonato universitário norte
americano, numa louvável iniciativa da ESPN INTERNACIONAL que nos tem brindado,entre
outras transmissões, com campeonatos de sinuca,habilidade com bolinhas e um inacreditável mundial de pôquer.Deve haver mercado para tais modalidades,mas não precisavam exagerar.Mas valeu pelo basquetebol,que nos deu uma excelente oportunidade de comprovar o verdadeiro potencial da modalidade nas terras do Tio Sam.Também inacreditável a constatação de que os dezesseis classificados nas quatro chaves nacionais jogavam rigorosamente iguais,no mesmo sistema,e com as mesmas jogadas,diferenciando-se entre si pelo maior ou menor talento de seus jogadores.E ai está o grande segredo do basquete americano,a homogeinização do sistema de jogo,que tem seguimento na NBA,só que em 24 segundos de posse de bola,em vez dos 35 segundos dos universitários, pois esse tempo extendido mantêm os técnicos no total comando e controle das ações dentro da quadra,o que é impossivel entre os profissionais,daí o fracasso de um Rick Pitino quando na NBA, num evidente contraste com sua impressionante atuação na NCAA. O potencial defensivo tinha como pilar performático,não só a total entrega dos jogadores,mas principalmente o mais profundo conhecimento das ações ofensivas dos adversários pela similitude de seus sistemas.Por essa razão as interceptações de bola eram frequentes,assim como os bloqueios próximos à cesta.Vimos equipes com fortissimo potencial nos três pontos serem superadas pelo jogo centrado nos dois pontos,principalmente através os pivôs.Testemunhamos o ápice das jogadas de um contra um desenvolvidas por especialistas no drible,mas que enfrentavam flutuações e fortes coberturas.Como na NBA essas ações são praticamente excluidas, dão aos atacantes espaços para jogadas de maior efeito plástico,que é o fator mais valorizado pelos expectadores, pelos comentaristas e pelos jovens mundo afora.Mas a maior lição que as equipes nos deram foi a consistência defensiva.Entre nós,frequentemente,cometemos faltas pessoais até nos últimos segundos de um ataque de 24 segundos do adversário,pois não conseguimos manter a atitude defensiva por um longo tempo.Dá gosto assistir uma equipe universitária americana manter a atitude defensiva pelos 35 segundos que duram os ataques,sem esmorecer,sem dar folgas.Se entre nós estabelecessemos a regra dos 35 segundos nas divisões de base teriamos,pelo treinamento e pela continuidade um significativo aumento na tão desejada atitude defensiva, assim como ampliariamos os comportamentos táticos ofensivos e melhores ações de técnica individual,principalmente o drible.Chega a ser lastimável vermos equipes infantis e infanto-juvenis jogando dentro das limitações dos 24 segundos que não respeitam seu desenvolvimento mental e nervoso.Poderiamos inclusive extender para 40 segundos as ações ofensivas dos mirins e mini-basquetebol,para dessa forma criarmos uma escala didática que respeitasse a evolução psicomotora dos jovens.É dessa forma que os americanos e europeus desenvolvem seu basquetebol,tendo como consultores e executores os professores e técnicos,reservando aos burocratas as funções que lhe dizem respeito. Mas,assim como a homogeinização do sistema de jogo,o
Passing-Game,é a tônica do basquete universitário americano,fator alimentador de talentos para a NBA, levou ao fracasso dos mesmos nas competições internacionais,pelo
simples fato de algumas nações não o empregarem, e que foi copiado “in extremis”por
nossos técnicos,poderiamos nos unir às mesmas na fuga da influência do norte,para voltarmos às nossas raízes,não muito diferentes das que transformaram paises que nunca nos venceram,nos donos atuais do basquetebol internacional.Mas para que isto possa vir a ocorrer, seria necessario,entre outras coisas, que os jovens cronistas e
jornalistas tão atuantes hoje em dia se debruçassem um pouco em nosso passado,que o pesquisassem, para após conhecê-lo pudessem realmente divulgar a nossa realidade,que em absoluto é a que hoje divulgam e em alguns casos endeusam, pois se campeões fomos
sendo conotados pela FIBA como a quarta maior nação basquetebolística do século XX,
não estamos merecendo a correta divulgação e consequente valorização por intermédio de seus testemunhos, que na maioria das vezes pecam pelo deslumbramento de realidades estranhas às nossas, e pelo canhestro desconhecimento de nossas técnicas,de nossos
verdadeiros técnicos e de nossa autêntica e esquecida forma de jogar.A essência do verdadeiro jornalista é o profundo conhecimento da história e do passado,fatores que explicam o presente e que sedimentam o futuro, e que são as variáveis intervenientes na mais simples das pesquisas.Desconhecer tais valores não só comprometem a verdade,mais acima de tudo conota a ignorância, proposital ou não.Estudem então.



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