TRISTE CIRANDA.

No final de Luzes da Cidade, o genial Charles Chaplin, de mãos dadas com PaulleteGodard, caminha pela fronteira do Mexico com os Estados Unidos, representada por uma linha branca que se perdia no horizonte. Mas o fazia tendo um pé de um lado da “fronteira”e o outro do lado oposto, optando por um ou outro de conformidade com os tiros que partiam de um, ou do outro lado.E assim foi até se perder no horizonte. Foi profético, pois ao viajar para a Europa, recebeu no navio a mensagem de que não mais poderia retornar aos Estados Unidos. Para Chaplin, escolhas de nacionalidade sempre foram conflitantes, mas nunca, em tempo algum, abandonou seus princípios e conceitos de cidadão do mundo. Era sua opção, defendida com ardor e independência. Agora mesmo, presenciamos a derradeira tentativa de dissolução da NLB por parte do grego melhor que um presente, que reuniu os clubes brasileiros, para definir o que considera ser o melhor caminho para a futura competição nacional, e desde já traçando a linha branca divisória que não prevê opções. E com um golpe magistral, o das duas divisões de clubes, com acessos e descensos. De pronto contou com a turma que traiu a NLB, e mais algumas que já ensaiam a rasteira. Faltou o toque de ás de manga, o de propor à NLB o campeonato de acesso, ficando com o naco da divisão A. Seria a dissolução por etapas, sem que fosse acusada de radicalismos. Uma divisão B, pouco ou quase nenhum patrocinio de peso conseguiria, mas daria a impressão de isenção politica e de interesses comerciais. Ademais, a fórmula de serem implantadas chaves regionais, baratearia a competição, e alargaria maiores participações clubísticas. Se lermos nas entrelinhas das propostas apresentadas, seria esta a única que faria com que a CBB “desse as mãos” à oponente, para o futuro do basquete brasileiro, e os clubes antes aliados à liga não se sentiriam”constrangidos” a optarem por um dos lados da linha. Uma das artes da estratégia, é a de orientarmos os adversários, para que adotem os comportamentos que desejamos, e da forma que menos nos comprometa possível. É a arte das raposas felpudas,
ardilosas e silenciosas, e que sabem muito bem o poder da alcatéia, e de que a divisão do butim,
é a chave do sucesso. Se a proposta “conciliatória” vai ser feita não sabemos, mas é a única que sobressai do emaranhado de egos e vaidades em jogo. Pode ser até que a NLB resolva encarar uma nova temporada, mas perante a debandada que já se avizinha por parte dos clubes fundadores restantes, vai ser uma tarefa brutal e de sucesso discutível. Por isso, a”solução” que apontei acima não seria de todo inverossímel, guardadas as devidas proporções. A NLB terá uma parada indigesta pela frente, tendo um único cacife, a de ter iniciado, desenvolvido e terminado o único campeonato nacional da temporada, contrastando com o da CBB que ficou pelo caminho. O “pensar para o futuro”, como apregoa o grego presidente, terá que passar irremediavelmente pela crua constatação de que a NLB, apesar das dificuldades, pressões, e traições teve sucesso onde ele fracassou, pois queiram ou não, o país teve na temporada passada um campeão nacional. Jogo no pano cavalheiros, apostem suas fichas nessa terrivel e triste ciranda. Que vença…, que vença o basquete brasileiro, se isso ainda for possível.Amém.



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