TOCOS DE ARO…LAMENTÁVEL.

É difícil explicar, e muito mais difícil tentar entender como uma equipe consegue levar a um ginásio 24000 pessoas já estando classificada com folgas, e numa semifinal se apresenta para uma platéia de menos de mil, e na mesma cidade, a capital do país. Falta de publicidade? Fenômeno passageiro, ou simplesmente um fato inexplicável? Não arrisco palpites, mas que é estranho, isto é.

Mas vamos ao jogo, o primeiro de uma melhor de cinco contra a equipe de Minas Gerais. Foi o encontro de uma nova concepção iniciada pela equipe de Franca, com seus dois armadores, e muitas vezes três na quadra, se antepondo a uma equipe, que dentro da lógica de seu técnico, um dos integrantes da comissão técnica da seleção nacional, se utilizava de um único armador, dois alas naturais, e dois pivôs com pouca mobilidade junto à cesta, se comportando coerentemente com os critérios adotados na seleção. E foi um passeio dado pela equipe brasiliense, timidamente contestado no quarto final, quando, rendendo-se à cristalina evidência da impossibilidade de anular jogadores mais hábeis e velozes que seus alas, o técnico mineiro escalou mais um armador na tentativa, tardia aliás, de contrabalançar tanta desvantagem. Mantendo a lealdade, e até acredito, a convicção de que o sistema utilizado é o que existe de melhor para o nosso basquetebol, viu ruir ante seu pétreo olhar, o grupo que dirige. A equipe de Brasília, acompanhando a tendência inaugurada por Franca, em nenhum momento alterou seu sistema de ataque, mas agilizou-o na utilização de dois, e até três armadores, dois deles com boa estatura, substituindo alas de menor capacitação técnica no domínio dos fundamentos do jogo. Essa tendência, muito bem vinda, qualificou seu jogo, dando ao mesmo condições que não puderam ser anuladas por seu adversário.

Mas nem tudo foram flores, a partir do momento que um dos armadores, um dos dois que foram convocados para o Pan, resolveu incrementar o espetáculo com duas cravadas deslumbrantes, só que ambas foram bloqueadas, por quem? Isso mesmo, pelo aro da cesta, numa situação comprometedora para quem foi escalado para liderar nossa seleção nacional, e sem contar com as inúmeras tentativas de arremessos de três pontos como finalizações de contra-ataques, atitudes imperdoáveis a um armador responsável pela equipe que lidera. Mas isso é outra conversa.

Devemos, no entanto, ponderar que o simples fato da utilização de dois armadores não nos dará, por muito tempo, condições técnicas que nos aproximem das equipes internacionais, se não qualificarmos com certa urgência nossos alas, incentivando-os no árduo treinamento dos fundamentos, principalmente os de drible, fintas e passes, desde as categorias de formação, e mesmo aqueles já formados, e por que não, os de seleção nacional, por mais veteranos que sejam. Nossos técnicos devem baixar de seus púlpitos pranchetados, e se situarem ante a maior de todas as evidências, a que nossos jogadores necessitam muito e muito mais de fundamentos, do que esquemas coreográficos, por não terem estrutura e conhecimentos para desenvolvê-los. O grande problema é sabermos se os técnicos dominam a arte de ensinar fundamentos e as didáticas para exeqüibilizá-los. A maioria ainda tenta se convencer que sistemas ganham jogos, quando na verdade, são as técnicas individuais as responsáveis pelas vitórias. Sistemas são apenas complementos, e até suplementos dentro da realidade do grande jogo, pois sem o conhecimento profundo dos fundamentos todos eles pouco representam para uma equipe bem treinada.

Esperemos os outros jogos da série, na esperança sempre renovada de que boas novas ainda poderão retirar o nosso basquete do limbo em que se encontra. Espero que sim. Amém.



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