ASSUNTANDO MAIS UMA VEZ…

Franca venceu a Super Copa com total merecimento, fechando um torneio com imenso sucesso de público, na contramão do Nacional com seus ginásios semi-desertos, inclusive o majestoso Maracanãzinho, ex-palco de decisões inesquecíveis num passado recente, onde clubes defendiam, e não alugavam , suas gloriosas camisas. Reafirmam os clubes-cidades paulistas seu poderio e grande comprometimento com o soerguimento do basquete brasileiro, somente faltando a integração, que se faz tardia, com os clubes dos demais estados na formação de uma Liga poderosa e politicamente forte, obrigando ao comando da CBB uma tomada de consciência e bom senso para sua implantação. Acredito seja esta uma solução factível e promissora para o futuro do grande jogo entre nós.

E na seleção da SC e premiado como o MVP da competição, um jogador que absurdamente jamais foi convocado para a seleção nacional, confirma seu talento como reboteador e pontuador, jogando numa posição recorde em convocações, com jogadores muito inferiores a ele tecnicamente, mas prestigiados por atuarem fora do país, como se esta condição fosse pré-requisito em seleções, e não a qualidade numa rara especialidade, a de dominar rebotes com precisão e inteligência. O Ricardo Probst tem lugar na seleção para o Pré-Olímpico, como digno sucessor dos grandes reboteiros das seleções vitoriosas de outrora, como Ubiratan, Adilson, Gerson, Israel, responsáveis pelas inumeráveis oportunidades que propiciavam chances e mais chances aos nossos pontuadores de sempre. Uma incomensurável injustiça, muito mais à seleção do que a ele próprio.

Outros três jogadores, o Helio, Marcio e Rogério, de Franca, mereciam ao menos treinarem na seleção, por estarem em grande forma, serem experientes e praticarem um basquete diferenciado das demais equipes brasileiras, e em muitos pontos similar ao praticado pelos europeus, cadenciado e disciplinado. Com a ausência do trio NBA, um claro em experiência teria de ser preenchido por jogadores de boa qualidade e com larga rodagem, ainda mais num torneio rápido e de importância capital para o nosso basquetebol. Infelizmente, o técnico espanhol de plantão não acompanhou aquele campeonato, como teria de fazê-lo como responsável por uma seleção nacional, se pautando por depoimentos de seu assistente técnico ligado ao Nacional e aos interesses da CBB. Lamentável.

Se alguns jogadores que competiram na SC foram convocados, deva-se à tentativa ladina da direção da CBB, para dar uma pálida idéia de isenção técnico-politica, cuja intenção final é a de se apoderar da idéia vencedora de São Paulo para as futuras competições, aceitando uma Liga Nacional que mantenha em seu âmago o domínio administrativo e financeiro, dividido em partes não muito iguais entre ela e a ACBB. E mesmo assim, foram convocados para a seleção secundaria, aquela que irá disputar o Sul-Americano, que deveria ser o campo de preparação da seleção principal.

Finalmente, o que já havia previsto a bastante tempo, começa a tomar corpo, infelizmente, na reta final da preparação da equipe, com uma declaração preocupante do técnico espanhol de que caberá daqui para diante ao Marcelo “assumir o papel de protagonista desta equipe”, o que soa dissonante ante ao fato inquestionável de que o mesmo não possui as qualificações de armador com técnica suficiente para superar as fortes pressões defensivas que enfrentará, assim como a disciplina tática preconizada pelo técnico, com sua formação acadêmica e cadenciada, sobrando seu efetivo arremesso, dependente de uma preparação coletiva, que é resultante de uma união e aceitação grupal, fatores que originaram as célebres desavenças em Las Vegas, quando a reinvidicação básica era a de “armem que eu chuto”, que foi rebatida e negada por alguns, originando dissensões e quebras de disciplina.

Tudo aquilo que de pior poderia vir a ocorrer com a debandada da turma da NBA virá ao proscênio daqui para diante, onde tapar o sol com a peneira de um projeto mal sucedido e irresponsável, pesará nas costas do espanhol, aumentando em muito a sua dor crônica de coluna pós operada, responsável pela sua ausência da terra tupiniquim, onde deveria estar de a muito, a fim de convocar quem de direito e merecimento, e vontade para defender nossa seleção, em um motivo mais do que convincente da impropriedade de sua contratação, ao invés de um nacional, dos muitos competentes entre nós, plenamente capacitados na tentativa classificatória, dirigindo uma seleção única e indivisível, contrariando essa exibição de falso e ignóbil poderio, retratado em duas seleções equivocadas e estéreis.

De forma alguma torço contra, mas não posso trair os muitos anos de vivência e convivência com a realidade sofrida e injusta do grande jogo entre nós, refém de uma turba de irresponsáveis protegidos e acoitados por um poder maior, que os tornam imunes a auditorias e prestações de contas, bem ao estilo das raposas felpudas que são e continuarão a ser ad perpetuam.

Amém.



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