A AUSÊNCIA DO BOM SENSO, LAMENTAVELMENTE…

O previsto sufoco:

Afogando a armação brasileira desde o início, os africanos comandaram com folgas a primeira metade do jogo…
Assim como anulando o jogo interior brazuca, foram duas ações defensivas brilhantes dos africanos.

Números comparativos de uma contradição gestada em 24hs:

Anteontem –

                Brasil    81          x            72    Montenegro

               (52%) 26/50        2              21/49 (43%)

               (40%)   6/15        3                7/23 (30%)

               (65%)  11/17       LL              9/9   (100%)

                             37         R            40

                             10         E            10

Ontem –

               Brasil    74          x            77   Camarões

            (50%)   12/24          2          15/27 (55.6%)

            (34.6%) 12/38       3            12/34  (35.3%)

            (77.8%) 14/18      LL           11/17  (64.7%)

                             40        R             37

                             14        E              10

Afinal, o que aconteceu?

E por aqui começamos, e da forma mais enfática possível – 

Em 24hs esqueceram tudo, saíram para o bang bang deslavado, e perderam, e com muita sorte, pois quando a diferença chegou aos 27 pontos para os africanos, resultado que eliminaria o Brasil das semifinais (bastavam 14 pontos para que isso acontecesse), a turma do continente negro amoleceu o duro embate defensivo, satisfeitos com a classificação, quem sabe mais chegados aos brazucas nas semis do que os também duros montenegrinos, sabe-se lá o que mais… O certo é o resultado nada alentador para a seleção brasileira, pois ficou mais do que exposto o erro grosseiro na formação final da equipe, onde capitanias hereditárias, protecionismos e interesseiras indicações moldaram uma falsa e fragilizada equipe nacional, relegando outros valores que vem faltando ante a realidade da competição, onde a contusão do armador Raul fez desmoronar o efetivo comando da equipe dentro da quadra, onde o Huertas se viu exigido ao maximo com a dura marcação africana, sem ter encontrado um auxilio mais efetivo por parte de um Yago ainda ressentido fisicamente, um Benite oscilando entre a armação e os arremessos de três, e um George necessitando de uma bússula no seu restrito emprego quando solicitado. Ficaram a meio caminho armadores em forma, como o Elinho, o Alexey, o eclético Deodato, assim como alas pivôs técnicos e de embate, como o Jaú, o Paranhos, e até o Lenz ainda preso ao seu afã de chutador de três de fácil correção, sem falar em novos valores como o Du Sommers, o Paulo Schoer, todos esquecidos em nome de “nomões” de QI super estimados…

Perdas de bolas por falência nos fundamentos foram fatais nos primeiros dois quatos do jogo…
Propiciando faceis contra ataques africanos.
Uma equipe com um sentido coletivista brilhante, mas sem a continuidade necessária para fechar positivamente os jogos.

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Falhamos bisonhamente nas levadas de bola com fortíssimo assédio defensivo, pois no sistema único um dos armadores (sim, jogamos sempre com dois, fator altamente positivo, porém…) atua de frente para a cesta, e o outro se coloca num corner player, quando deveriam atuar permanentemente em linha, em paralelo a linha final, a fim de se ajudarem sob marcação severa, podendo originar, inclusive, dá e segues frontais, desequilibrado defesas agressivas, e originando supremacia posicional se um dos defensores fosse ultrapassado. Mas isso é outra conversa, nada compatível à realidade técnico tática que vem ocorrendo entre nós a mais de três décadas da mesmice endêmica que vem nos afundando irremediavelmente…

Somemos a tudo isso o fator mais desagregador que amargamos, o desleixo defensivo desde a formação de base, fator desencadeante da cultura dos longos arremessos, que de tal maneira se arraigou no âmago do grande jogo por nós praticado, que dificilmente será corrigido, e cujos reflexos hoje nos assombra, e continuará a assombrar por um longo tempo ainda. Sairemos deste círculo vicioso? Tenho sérias dúvidas, pois haveria a premente necessidade de mudanças na formação de nossos técnicos e professores, principalmente aqueles que lidam na formação de base, assim como uma coerente adequação de determinadas regras as necessidades da prática pelos mais jovens, que são aspectos longamente discutidos neste humilde blog, desde sua fundação vinte anos atrás…

Pouco tentamos o jogo interior nessa fase, esquecendo os efetivos ataques do jogo anrterior.
E voltamos a repetir uma disposição ofensiva em que um ataca e os restantes se posicionam para um arremesso de fora, negando o auxilio ao solitario companheiro.
Um corajoso Leo Meindl comandou a reação com muita disposição e técnica invejável.
Camarões matou o jogo ironicamente nos arremessos de fora, num confronto suicida em que levou a melhor na desenfreada e absurda artilharia…
Não se muda uma forma de jogar vencedora em 24hs, sem causar uma pane coletiva mortal, ainda mais em um plantel incompleto e desequilibrado como essa seleção.

Então, o que vimos e atestamos neste emblemático jogo, senão a dura constatação de que, se na véspera soube a seleção optar vantajosamente pelo aguerrido jogo interno, com evidentes vantagens para o sentido coletivista da equipe, um considerável avanço sem convergência nos arremessos, para 24hs depois regressar às origens, quando perpetraram 12/24 arremessos de 2 e 12/38 de 3, contra 15/27 e 12/34 respectivamente dos africanos, numa orgia descabida de 51 arremessos de 2 pontos, e absurdos 72 de 3 para ambas, duelando irresponsável e lamentavelmente num importante pré olímpico, realmente lamentável…

Se setorizarmos, como adoram fazer a maioria dos comentaristas televisivos e jornalistas ditos especializados, podemos, de saída, constatar a extrema pobreza na escolha ofensiva contra uma defesa interior agressiva, coercitiva, tentando anular os alas pivôs pela força, que perderam a oportunidade de pendurar em faltas os gigantes africanos, caindo na armadilha que propuseram a não intensificar a também dura e eficiente defesa externa, abrindo algum campo aos longos arremessos, que ao não caírem propiciavam intermináveis contra ataques, levando-os a liderar o placar em até  27 pontos, originados pela ausência do acionamento do jogo interno por parte da seleção…

Na segunda etapa do jogo, o incompreensível recolhimento da equipe de Camarões, propiciou uma revigorada reação capitaneada por um lutador Leo Meindl, que de fora para dentro conseguia abrir a forte defesa africana, incentivando com seu exemplo os companheiros a fazê-lo, mesmo desordenados, porém bem mais combativos do que os dois catastróficos períodos iniciais. A elástica contagem foi sendo diminuída, mais de 2 em 2 pontos do que os de 3, até o momento em que empataram na contagem, para ai sucumbirem em uma bola de 3 conseguida pelo jogador Hill, numa segunda tentativa na mesma jogada, sem sofrer a menor contestação, retratando com fidelidade a fraqueza defensiva que nos pune pela má formação de base, formatando e padronizando um comportamento praticamente padrão no seio dos mais jovens aos mais veteranos dos praticantes deste imenso, desigual e injusto país. Desta triste realidade emergiu triunfante, pela inexistente defensiva a entidade dos longos arremessos, as famigeradas bolinhas, aquelas que pretensamente nos transformaria em referência mundial, mas que, ironicamente, nos venceu no jogo de hoje…

Sábado será o dia da verdade do que aí está representando o país num pré olímpico, espelho fiel da forma como vemos e jogamos o grande jogo, flutuando numa falsa certeza de acertos e progressos, cultuados como a verdade absoluta, advinda de mais falsos ainda líderes administrativos, gerenciais, técnicos e estrategistas, todos, absolutamente todos, embarcados numa nau sem fundo, e que num futuro não tão distante assim, depositarão a derradeira pá de cal no insepulto basquetebol tupiniquim. Mas acredito com convicção que emergiremos para um novo tempo, onde o mérito vencerá a concretada instituição do Q.I., como fruto de um projeto verossímil de educação formal, desportiva e artística, no qual o grande jogo poderá ter a chance de um futuro melhor do que esse nauseabundo presente.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.    



1 comentário

  1. Danilo 06.07.2024

    A perda do Raulzinho foi muito sentida, sobrecarregou o Huertas (marcado por dois ou até 03 camaroneses) e a bola não chegava com qualidade pro Bruno Cabloco. Yago, apesar do físico não estar nas melhores condições, particularmente vejo dificuldade na leitura de jogo e jogadas de bloqueio direto (é um jogador de infiltrações). Eu colaria um ala pivô ou um pivô mesmo no lugar do Benites par(aproveitamento risível nos arremessos fora do perímetro…) para atacar o jogo interior e os rebotes.

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