QUE ESTRÉIA…

E bem ao final do terceiro quarto, um terrível e equivocado quarto, o técnico brasileiro pediu um tempo na tentativa de frear a reação da equipe colombiana, quando vejo no enquadramento da câmera de TV, um senhor uniformizado, fixamente focado nas instruções passadas pelo técnico, para ao final das mesmas se dirigir aos jogadores dizendo- “Faltam 29 segundos, tratem de segurar a bola o máximo em nosso poder…”. Legal, um senhor uniformizado, sem ser o assistente técnico, se dirige a equipe passando instruções como se assistente fosse, numa seleção brasileira em um Sul-Americano capital. Ora, ora, senão o supervisor (Supervisar v.t.d. Dirigir ou orientar em plano superior; superintender, supervisionar. Dic.Aurélio) Antonio Barbosa, recém aposentado das seleções femininas, que emite instruções que não lhe dizem respeito, pelo menos durante um jogo de responsabilidade de outrem. Aliás, o banco de uma equipe não deve ser ocupado por um supervisor, cujas funções se encontram muito mais fora, do que dentro de uma quadra de jogo.

No entanto, mais adiante no quarto final, o jogador Helio recebe uma forte pancada, fica estirado no solo gemendo de dor, tem um tempo debitado para seu socorro, é cercado por companheiros e adversários, e o estarrecedor, ninguém do banco brasileiro, médico, ou fisioterapeuta para socorrê-lo. Mas a vaga do supervisor lá estava garantida, e nem mesmo ele correu até o jogador acidentado. Formidável, e ao mesmo tempo doloroso. Foi exatamente no último quarto que a equipe passou a atuar com os dois armadores em quadra, o que fez diminuir bastante os erros de fundamentos, fazendo com que os homens altos finalizassem melhor através assistências bem executadas, pois até aquele momento a equipe só havia se utilizado de um só armador, dentro do engessamento técnico-tático tradicional em nossas seleções ( Todas, rigorosamente todas, de base até as adultas…) e que tem como um dos seus mais empedernidos, teimosos e graníticos entusiastas, o nosso presente e uniformizado supervisor.E que é o responsável técnico, didático e pedagógico de todos os cursos de atualização dos jovens técnicos espalhados pelas federações de nosso país, numa jornada coercitiva que nos tem levado de roldão ladeira abaixo nos últimos e perdidos anos.

Como explicar que um técnico tenha alcançado tanto sucesso nos último Campeonato Nacional e no Sul-Americano de clubes, exatamente por se utilizar de dois armadores de excelente técnica, e por conta disso ser escolhido para dirigir a seleção, e que na sua estréia num importante campeonato classificatório para a Copa America, contra a equipe mais frágil da competição, se veja agrilhoado a utilização de um só armador? Será que o poder decisório de um burocrático supervisor chega a tanto? Quando extrapola sua real posição numa instrução emitida na presença do técnico da equipe, creio que algo de errado esteja ocorrendo, e muito grave. Mesmo considerando ser inexperiente em competições internacionais, em hipótese alguma seu trabalho deva ser monitorado in loco, dentro da quadra, por supervisor de qualquer monta. É desrespeitoso e constrangedor, ainda mais quando tais ações são transmitidas à cores e em som estéreo, elementos desde sempre requestados pelo uniformizado supervisor, antenado ao máximo em suas possibilidades de cunho político, tanto no esporte, como na vida pública.

E quando agora muito se tem falado de uma futura migração do técnico da seleção feminina, para dirigir a masculina, numa paródia ao sucesso análogo do técnico Bernardo do Vôlei, mini-comparação esta que muito sensibiliza o aspirante candidato, nada mais justo, que na cola dessa possibilidade (pretensão plausível somente por cima de um natimorto basquete masculino…), surja a figura técnico-administrativa de nosso uniformizado supervisor, impoluto em sua firme determinação de impor seus conceitos, na contra-mão da urgente necessidade de novas concepções, de novos e comprometidos tempos.

A Seleção foi muito mal, com raras e honestas exceções, onde o pivô Drudi manteve seu jogo regular e produtivo, jogo este que muita falta se fará sentir na seleção que irá ao Pré-Olímpico, contando com jogadores que dificilmente participarão eficientemente do mesmo, abandonando por aqui um valioso e desejado reforço, que deveria ser somado a um terceiro armador, dentro do esquema adotado pelo técnico Moncho Monsalve.

Essa seria uma oportunidade de ouro para que um supervisor de verdade encaminhasse tal sugestão ao técnico espanhol, tão necessitado de mais vida inteligente no perímetro interno de sua equipe. Mas isso é outra conversa, plausível e somente acessível aos que realmente entendem os meandros do grande jogo.

Amém.



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