E A BOLA SUBIU…

E a seleção do Moncho estreou em terras européias. Para um primeiro embate saiu-se relativamente bem, pois lutou de igual para igual em grande parte da partida, mas, como já era esperado, apresentou as mesmas três deficiências que a tornam extremamente vulnerável contra equipes organizadas e cadenciadas, e com fortíssimo jogo fora do perímetro, basicamente nos arremessos de três pontos. Quais as três deficiências, que já se tornaram crônicas em nosso basquetebol?

– Como não temos entre nós uma formação de alas que desenvolvam habilidades nos fundamentos próximas a dos armadores, que é lugar comum nas equipes européias, e principalmente americanas, ficamos presos a um só armador, sobrecarregado pela responsabilidade de manter o controle da bola em poder da equipe, com um mínimo de apoio quando pressionado, ao contrario dos europeus , americanos e argentinos, que atuam permanentemente em duplas de apoio continuo, sempre estaremos em desvantagem, que seria bastante atenuada se mantivéssemos em quadra dois armadores, para duplicar as opções ofensivas, e agilizar a marcação dos especialistas de três pontos adversários. Como somente levamos dois armadores, um dos quais sem a devida experiência e vivência internacional, veremos nossos adversários de peso incidirem forte carga defensiva exatamente sobre esse armador, no que já foi ensaiado no jogo de hoje, nas pequenas e sutis armadilhas em dobras e exporádicas pressões toda a quadra. Que não nos enganemos, pois esta será uma arma a ser utilizada contra nós logo que a bola subir nos jogos para valer. E quando isso ocorrer, lamentaremos a não convocação de mais um armador experiente, que poderia muito bem ter embarcado no lugar de algum daqueles jogadores que pouco ,ou nada serão utilizados na hora da verdade, já que frutos de um bem executado lobbie promocional.

– Como já era previsto, mesmo que as estrelas iniciais não tivessem saído da equipe, o sistema de ataque do técnico espanhol é rigorosamente o mesmo que utilizamos desde sempre ( da base ao adulto…), com um pequeno adendo, a exigência “do passe a mais”, cuja maior e inteligente função é a tentativa ( bem sucedida hoje…) de cadenciar, frear a nossa costumeira volúpia ao atacar. Mas de tanto usar o breque, morremos várias vezes com a bola nas mãos, e outras tantas utilizamos não um, mas vários e inócuos passes a mais, numa ciranda bem apreciada pela sonolenta defesa grega. Porém, convenhamos, progredimos bastante na defesa interior do garrafão, e na captação dos rebotes, onde o Spliter no primeiro quarto, e o Probst no último, deram mais do que conta do recado, prevendo-se a possibilidade de que se atuassem juntos o domínio seria ampliado e determinante. JP Batista e Murilo não possuem tal vigor, sendo o primeiro extremamente lento nas ações e no raciocínio tático. Mas, sempre um mas, na defesa fora do perímetro foi um desastre só, pois 33 pontos da equipe grega foram alcançados em arremessos de três, fora as penetrações altamente facilitadas pela notória fragilidade defensiva de nossos alas, com exceção do Alex. Num capitulo à parte, o que representa para a equipe em termos técnico-táticos a presença do Baby, que parece estar em qualquer lugar, menos em uma quadra de basquete?

– Finalmente, nosso venerável e insistente tendão de Aquiles, a fraqueza e até desconhecimento de algumas decisivas particularidades dos fundamentos do jogo, principalmente o drible, a finta, a marcação pessoal, e ai sim, o total e inenarrável desconhecimento do que venha a ser um corta-luz, cuja construção ( que pode ser até lenta e pausada…), elaboração e conclusão, foi magistralmente executada pela equipe grega, em todas as vezes que foram tentados durante o jogo. Espero que nossos jogadores (pelo menos aqueles mais estudiosos e atentos…) possam ter captado as ações, das quais foram protagonistas passivos, a fim de entenderem de uma vez por todas as nuances e sutilezas de um bem elaborado corta-luz. Também temos de reconhecer a fraqueza de alguns de nossos jogadores, ainda não preparados para assumir uma seleção nacional, ainda mais em um torneio de tão alto nível e responsabilidade que vai muito além de suas capacitações. Tavernari, Duda, Marcus, Fulvio estariam muito bem na seleção do Sul-Americano, onde teriam tido a oportunidade de desenvolver seus ainda insipientes talentos, jamais em uma seleção que necessita dramaticamente de jogadores experientes e calejados na dureza de uma competição decisiva. Drudi, os Hélios, Marcio, e quem sabe, o próprio e renovado Rogerio, sem duvida nenhuma teriam lugar nessa seleção, não fosse o acumulo descomunal de erros e equívocos perpetrados por uma administração confederativa totalmente alheia às necessidades e carências do basquetebol brasileiro., num atestado de incompetência total.

Mas se é o que temos, revejo e reavalio o pedido que sempre faço, oremos aos deuses, contritos e esperançosos em uma frágil e tênue esperança de classificação, como um alento, um sopro de possibilidade.

Amém.



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