24 HORAS DEPOIS…

No O Globo de hoje (19/07), na matéria sobre a derrota da seleção no Pré-Olímpico, uma declaração do presidente da CBB deve ser seriamente analisada por todos aqueles que propugnam pela melhoria da modalidade no país, mais propriamente, os técnicos.

Para o dirigente, o trabalho para o futuro será longo: “Os países de ponta trabalham há cinco anos. A CBB vai criar a escola nacional de técnicos. É hora de união”.

Como vemos caríssimos basqueteiros, escolas de formação de técnicos, que em todos os países, como ele mesmo define, de ponta, as tem indissociavelmente ligadas às suas associações de técnicos , num vínculo apartidário, que garante suas autonomias eminentemente técnicas, com fortes suportes éticos, que são fatores quase nunca respeitados quando sob controle de entidades de cunho político, é a mais nova ameaça que ronda o nosso infeliz basquetebol, cuja direção não abre mão, em hipótese alguma, do controle absoluto e despótico, daqueles elementos passíveis de manipulação política e econômica, colocando-os à serviço de seus interesses, como moeda de troca para a manutenção continuísta junto às federações.

Imaginemos uma escola de técnicos sob o controle do atual departamento técnico da CBB, envolvido profundamente na continuidade dos princípios técnico-táticos implantado por um grupo de técnicos comprometidos na manutenção do status quo , cujos mandamentos nos atirou no limbo da improdutividade, estando à frente na organização de uma escola de técnicos. Qual seria o resultado?

Não precisamos perder muito tempo para prevermos uma catástrofe irremediável.

Quando tive a oportunidade de analisar os estatutos de uma futura associação de técnicos de um dos estados brasileiros, enviados para estudo e sugestões por um técnico envolvido em sua criação, Já no terceiro artigo emiti forte anteposição, pois o mesmo delegava ao presidente da federação a indicação do presidente da mesma, o que a tornaria, fatalmente, em artigo de barganha política, logo que criada.

A autonomia de uma escola de técnicos, é fator preponderante no sucesso da modalidade, pois complementa os conhecimentos adquiridos nas escolas de educação física, quase sempre pouco aprofundados; classifica os técnicos em faixas de atuação com acessos progressivos; desenvolve o intercambio de informações, de bibliografias; promove a publicação de trabalhos técnicos, estudos e pesquisas; e elege numa atuação inter pares, aqueles que, por sua qualificação técnica, moral e ética, se alinham na liderança qualitativa, tornando-os capazes de atuarem em seleções de formação e de alta competição internacional.

Uma outra matéria, publicado no mesmo jornal, intitulada : Dinheiro de menos para o basquete- afirma: “O fracasso do basquete, que não se classificou pela terceira vez consecutiva para o torneio olímpico masculino, deverá provocar mudanças no repasse de verbas da Lei Piva para o ciclo pós-Pequim(…).O peso dos resultados de Pequim, em agosto, será decisivo para a nova classificação na divisão do bolo.O Comitê Olímpico Brasileiro(COB) vai privilegiar os esportes que tiverem trabalhado melhor e evoluído em comparação às participações anteriores”.

Acredito ser uma atitude de diversionismo tático, já que o basquete feminino se classificou, e a turma do segundo esporte do país que comanda o COB, manterá o prestígio da atual direção cebebiana, exatamente para que a modalidade se mantenha na conveniente posição, na rabeira das preferências nacionais. O basquete em novas mãos pode se assanhar na reconquista histórica de segundo esporte na preferência da juventude brasileira, fator a ser evitado na medida do possível. E o grego melhor que um presente é a garantia pule de dez, para que tudo fique exatamente como está.

Que os deuses se apiedem do nosso basquetebol.

Amém.



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