SORTE,MUITA SORTE…

Foi no sábado passado. Desde aquela data venho lendo entristecido os diversos relatos sobre um jogo que tudo teria para ser festivo, já que encerrava um dos mais tradicionais torneios do país, os Jogos Abertos do Interior de SP.

E revendo o taipe das tristes atitudes tomadas por todos naquele medonho espetáculo, saltam à minha experiente e longeva capacidade de observação duas bem aventuradas obras do destino, onde a sorte de um agressor e a de um agredido se entrelaçaram de forma milagrosa, sem em momento algum inocentar o ato violento perpetrado por um jogador tido como exemplar. A grande sorte do Nezinho foi a de ser tocado lateralmente de forma brutal quando se encontrava em absoluto equilíbrio instável, somente apoiado na perna esquerda( a penetração estava sendo realizada pelo lado direito da quadra) e em grande velocidade,fatores que amorteceram em muito o impacto, já que o mesmo o fez rodopiar e ser lançado ao solo num giro reverso. Caso estivesse apoiado na perna direita, lado do impacto, a resistência ao choque teria sido imensamente maior, pois todo o peso corporal estaria no mesmo sentido do golpe , que pelo posicionamento do antebraço do Marcio na direção de seu pescoço poderia ocasionar uma seria contusão cervical. E esta foi a sorte do Marcio, o posicionamento instável do Nezinho e seu apoio na perna contraria, o que tornou seu impensado(?) ato responsável pela pancada ao solo da nuca do Nezinho, sem maiores danos à sua coluna cervical. Sorte, muita sorte de ambos, e o que melhor poderia fazer o Marcio era ir pessoalmente pedir desculpas ao Nezinho, agradecendo aos deuses a sorte que ambos tiveram, um por não se machucar gravemente, outro por não ser responsável por uma possível tragédia.

Mas não foram só estes erros cometidos naquela final. Desde o começo o comentarista da ESPN alertava sobre a fragilidade técnica da arbitragem, ocasionada pelos altos gastos despendidos nos Jogos, que fizeram a administração dos mesmos economizar com árbitros de menor expressão.

Muito bem, os dois técnicos já sabedores dessa deficiência técnica poderiam ter economizado em suas interferências junto aos juízes, afinal são muito experientes e inteligentes, mas não foi o que se viu ante o caudal de reclamações e impropérios dirigidos a arbitragem, levando seus jogadores, dado os exemplos de seus lideres, a reclamarem e se comportarem muito além do permitido pelas regras do jogo. E nesse momento entra um outro fator, a enorme rivalidade das cidades empenhadas nos Jogos, onde interesses políticos e comerciais contam muito.

Com o clima carregado de provocações, impropérios, ameaças, faltas nem sempre coibidas, e placar indefinido até os minutos finais do jogo, a tensão comportamental se rompeu naquele infeliz lance, ocasionando o estado de caos dali para diante, com invasões, agressões e indevida interferência da direção da emissora televisiva, numa decisão incompatível a seus direitos e deveres, através o pedido de suspensão da partida, atitude que deveria ter sido tomada única e exclusivamente pelo árbitro e pelo delegado da FPB ali presentes.

E o mais emblemático é que o jogo vinha apresentando um bom índice técnico, com ambas as equipes atuando em velocidade, com razoáveis defesas e se utilizando permanentemente de dois armadores e pivôs ágeis e atléticos Mas sorte mesmo tiveram aqueles dois jogadores, que deveriam orar e agradecer contritamente aos deuses que ainda teimam em proteger o nosso combalido basquetebol.

Amém.



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