O MOTIM…

Glauco Nascimento Today ·

Padronizar os conceitos de jogo coletivo?! As seleções de base tem que levar para os jogadores informações das mais diversas em relação ao esporte praticado, nesse caso sobre o basquete. Na minha visão o basquete tem que fluir dos jogadores e para isso os técnicos tem que mostrar aos jogadores opções, e não denominar um padrão de jogo.

Pois é prezado Glauco, enfim chegamos ao primado absoluto das pranchetas, ao conceito centralizador de jogo, único, inamovível, pétreo, e acima de tudo de uma burrice exemplar. Não é à toa que a maioria dos jogadores estão se vingando aderindo em massa ao reinado dos três, onde pranchetas, conceitos e uniformização são lançados ao ar em cada tentativa que executam, a maioria errada e em hora e momentos errados, mas alheios e distantes de coreografias e “conceitos” ininteligíveis de um jogo onde os movimentos básicos não são treinados nem exigidos por aqueles que deveriam fazê-lo, num movimento de autêntico e preocupante motim contra imposições de baixo nível a que são instados a obedecer.Nesse moto continuo de insensatez e desforra, afunda o nosso basquete irremediavelmente. Infelizmente essa é a verdade. Um abraço,

Paulo Murilo.

Esse foi um comentário e minha resposta postados no artigo de ontem SUPERVISIONANDO O ABSURDO… , os quais vieram exemplificar o que vem ocorrendo nos jogos do NBB, onde 50 ou mais tentativas de arremessos de três pontos se tornaram comuns (no jogo de hoje entre Pinheiros e Joinville foram 63 tentativas!!) em nossas quadras, num autêntico e irresponsável torneio de erros e acertos entre a maioria de nossos jogadores, todos absolutamente crentes de que são especialistas nos três no plano consciente, quando o são na desobediência e negativa inconsciente a padrões, conceitos e sistemas que os agrilhoam, sem que sejam preparados para os mesmos, principalmente quanto aos fundamentos absolutamente necessários a execução de qualquer situação técnico tática do grande jogo.

Nossos técnicos, ou pseudo técnicos, em sua maioria perderam o rumo do bom senso, do preparo, do estudo, da observação, diagnose e correção individual no contexto aleatório característico das modalidades coletivas, que é o aspecto fundamental no ato de comandar, onde cada individuo deve ser ensinado e treinado a somar suas habilidades às de seus companheiros, fator que dirime possíveis e decorrentes falhas características dos seres humanos, principalmente quando atuam em conjunto, em equipe.

Nossos técnicos, em sua maioria, escravos que estão de uma realidade onde as coreografias desenhadas em uma prancheta retiram espaço ao diálogo olho no olho, espaço este descoberto e praticado nos treinamentos, onde 2/3 de suas durações deveriam privilegiar o preparo fundamental, no qual jogadores, e mesmo eles, os técnicos, descobririam e auto descobririam suas qualidades técnicas, evoluindo a cada sessão exaustiva, porém rica em aprendizagem e descobertas, e aí sim, tornando a todos, jogadores e técnicos, aptos a desenvolverem sistemas de jogo plenamente coerentes às suas qualidades e habilidades, de encontro aos verdadeiros, já que aceitos e compreendidos, conceitos de jogo.

No entanto, na ausência desses primados da técnica, assistimos incrédulos ao silencioso motim extravasado pela cornucópia torrencial dos arremessos de três, perante a passividade incrédula dos técnicos, que nem de longe desconfiam que o motivo dessa desordem conceitual está contido e teimosamente exposto em cada rabisco desconexo em suas pranchetas, cúmplices e coniventes com seus devaneios e fantasiosas jogadas, longe, bem longe da realidade pouco técnica de seus jogadores, que agora se vingam com uma arma imprevisivel, seus sonhos e anseios de se tornarem um Oscar, o primeiro transgressor, quando as pranchetas ainda ensaiavam suas estelares, pífias e nada inteligentes presenças, manipuladas por uma geração de técnicos interesseiramente comprometidos com a pretensa facilidade dos três pontos, amparados por nossa notória e histórica realidade , a de privilegiar o ataque em detrimento da ação defensiva, a começar por eles mesmos.

Necessitamos evoluir técnica e fundamentalmente, principalmente em nossas divisões de base, pois se assim não o for, veremos muito em breve os erros de fundamentos ultrapassarem em muito o número das tentativas de três pontos, e ai chegaremos realmente ao fundo do poço, e sem volta.

Amém.



6 comentários

  1. Glauco nascimento 12.04.2009

    Tomei até um susto quando entrei e vi meu nome como título! Se eu não me engano o time de Joinville arremessou mais de 3 pontos do que de 2 pontos! Chega a ser assustador ver isso nas estatísticas. no jogo do Flamengo contra o Bauru, em um contra ataque de 2 contra 1 a favor do Flamengo, Duda tendo um tapete vermelho na sua frente em direção a cesta preferiu parar na linha de 3 e arremessar. Tudo bem, ele acertou a cesta, mas eu vejo na questão de opção. O que é mais seguro, uma bandeja ou um tiro de 3?! As coisas tem que mudar e rápido!
    Gande abraço Paulo Murilo e obrigado!

  2. Adriano 12.04.2009

    Professor,
    Fica muito claro que uma parte da responsabilidade também é da fragilidade das nossas defesas. Pergunto se adotar uma regra como a já aposentada pela NBA, da proibição da defesa por zona, não seria uma forma drástica porém benéfica para “forçar” nosso basquete a jogar para dentro? E a correr na defesa? Entendo que a origem desses problemas vem de muito antes e que é uma tática meio “esparadrapo”, mas talvez fosse um experimento interessante?
    Espanta que jogadores capazes de bater para dentro, como Marquinhos, Olivinha, Duda, Jefferson Sobral, e capazes de pontuar nos blocos, como Cipriano, Jefferson William, Teichmann, Murilo, passem tanto tempo na linha de 3, ou prefiram um 3 a uma bandeja facil em um contra-ataque. Ao mesmo tempo, defesas estão reagindo lentamente às movimentações ofensivas,há muitas faltas por jogo por conta de atrasos da marcação.
    Um abraço.

  3. Basquete Brasil 12.04.2009

    Maior susto tomei eu com os 63 arremessos de três no jogo do Joinville. Inadmissível e constrangedor.São 189 pontos possiveis se todos os arremessos fossem convertidos, sem uma anteposição defensiva por menor que fosse.Esse numero é que assusta de verdade, muito mais que os arremessos em si.E a culpa é de quem? Serão os formadores destes jogadores os unicos culpados, ou os técnicos posteriores que não os ensinam a defender? É muito grave o momento do nosso basquete. Um abraço, Paulo Murilo.

  4. Basquete Brasil 12.04.2009

    Prezado Adriano, desde sempre propugno pela adaptação das regras em nossas divisões de base, inclusive publicando n artigos a respeito.E a obrigatoriedade da defesa individual até a categoria infanto juvenil é uma delas, que em conjunto com um tempo mais eléstico de posse de bola, formariam a base necessária ao aprendizado defensivo.Mas esta simples alternativa se choca frontalmente aos interesses de muitos pseudo técnicos, muito mais interessados em campeonatos facilitados pela utilização descabida das defesas zonais, principalmente nas categorias iniciais.Nada que uma associação íntegra e evolutiva de técnicos não pudesse resolver, claro, se fosse criada à partir de sus congeneres estaduais.Como você pode atestar, muito ainda teremos de caminhar para ir de encontro a tempos melhores. Um abraço, Paulo Murilo.

  5. Glauco Nascimento 13.04.2009

    Olá Paulo, li essa matéria no site da CBB e achei interessante você dar uma olhada nela. http://www.cbb.com.br/noticias/showrelease.asp?artigo=5812
    Grande abraço!

  6. Basquete Brasil 14.04.2009

    Li a materia prezado Glauco, e não me impressionei por um simples e elucidativo fato. Desde sempre as equipes do norte e nordeste jogam dessa forma, exatamente por não possuirem jogadores muito altos. É uma das influências regionais que sempre menciono nos artigos, sempre defendendo sua aplicabilidade pratica.O supervisor da CBB, em sua ignorância sobre a história e as regionalidades do grande jogo entre nós, ainda poderá vir a público para afirmar que a performance do Maranhão foi de sua lavra,e pela influência de suas clinicas.Isso é Brasil Glauco. Um abraço, Paulo Murilo.

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