O PRIMEIRO DIA…

P1010157

“Papai, estou muito feliz com a sua volta ao basquete( Minha filha Andrea pelo telefone de Budapest, bem cedo de manhã). Sei que agora você está realmente feliz”.

Obrigado filha, e olha que situação interessante que observei ao percorrer os sites de basquete- 95% dos comentários foram à favor de minha decisão, e 5% radicalmente contra. Teve gente Andrea, que perguntava simplesmente-  Paulo o que?

“Que ótimo pai, foi você mesmo que ensinou aos filhos ser toda unanimidade burra, lembra-se? “

Sim, ainda defendo essa tese estabelecida pelo inesquecível Nelson Rodrigues.

“E mais pai, esses 5% o manterão com os pés no chão, alerta e diligente, gerando o equilíbrio necessário para administrar seu trabalho. Pena que não tenham sido 10% ou mais! Ah,ah,ah…”

Está certa Andrea, estarei ligadíssimo.

E assim iniciei o primeiro dia, ainda no Rio, agitado e com escasso tempo para ultimar as providências básicas da casa, do longo afastamento do fiel Boris, (o Doberman atípico pela extrema bondade e mansidão), pagamentos agendados, mala, laptop, câmeras, e como não, alguns livros especiais.

E lá fui para o aeroporto longínquo e o imprevisível congestionamento que me fez perder o vôo. Remarco a passagem e enfim me separo do Rio amado pelo tempo que for necessário, para um novo capítulo de minha já longa vida.

Sento-me ao lado de uma simpática freira que não consome a magra barra de cereal do avião guardando-a na bolsa. Ofereço a minha , e fico sabendo que no orfanato duas crianças irão sorrir. Passa a cestinha de balas , encho as mãos com o beneplácito da comissária de bordo, que sorri ao vê-las serem passadas às mãos da freira. Por certo mais crianças sorrirão.

Sinto-me bem, o avião inicia o pouso e dele saio para cumprir um trato de mim para comigo mesmo, voltar a treinar uma equipe de basquete, só que da elite brasileira, que está mal colocada no campeonato, mas que terá de mim o que  talvez lhe falte, a esperança em dias melhores, fundamentada no trabalho árduo e sacrificado.

Conseguiremos?  Logo, logo saberemos.

Estou em Vitória.

Amém.

VOLTANDO…

IMG_8017

Adriano
adrianoc@globo.com
adriano@basketbrasil.com.br
201.53.125.249

Submitted on Today at Today

Professor, o senhor vai voltar aos bancos do Brasil como técnico do Saldanha da Gama, é isso mesmo? Como aconteceu esse retorno? De quem partiu o convite, e por que você aceitou? Estou ansioso para vê-lo em ação! Abraço.

Pronto, mistério desfeito Adriano. Sim é verdade, aos 70 anos volto feliz aos bancos das quadras de meu país como técnico do C.R.Saldanha da Gama- Guaraná Antarctica da bela e receptiva Vitória.

O convite partiu do Prof. Pedro Rodrigues de Brasília que sugeriu meu nome ao Diretor de Basquete do Saldanha da Gama,  Dr. Alarico Duarte Lima, com quem já me comuniquei aceitando o meritório convite, embarcando na quinta feira para conhecer a equipe e a estrutura do clube, assim como elaborar junto à diretoria os projetos e respectivos objetivos que nos propomos desenvolver. Assisto os jogos de sexta e domingo, contra o São José e o Flamengo respectivamente, iniciando o trabalho na segunda, e que se estenderá por 18 dias até o recomeço do returno, numa oferta preciosa de tempo para treinarmos com afinco, visando os 11 jogos restantes.

Mesmo atestando o mau momento por que passa a equipe, última colocada no turno do NBB, não podemos negar ser a mesma composta de bons jogadores, experientes e de boa técnica, fatores que muito importarão numa retomada baseada num trabalho intenso e dedicado. E este foi o desafio que me atraiu e me auto convenceu a voltar às quadras, pois assim como eles, sou experiente e possuo uma boa técnica lastreada por longos e longos anos de trabalho e estudos.

No semestre passado tive sérios problemas com a minha casa, assunto este que expus honestamente aqui no blog, e que me custou um endividamento brutal até 2016, quando termino de honrar as dividas bancarias. Na ocasião me ofereci para trabalhar na técnica ou no magistério superior, e não obtive qualquer resposta, apesar do rico e extenso currículo publicado.  Continuei minha vida agora mais contida financeiramente do que nunca, mas suficiente para saldar o contencioso, e ai aconteceu o convite, num momento em que havia  reencontrado a paz de viver, e testemunhar a ida do terceiro filho para o exterior a estudos, onde já se encontram os outros dois.

São argumentos fortes e decisivos numa tomada de posição, ainda mais quando vislumbro através os muitos comentários neste blog o posicionamento de jovens técnicos ansiosos em aprender e se desenvolver nas técnicas do grande jogo. E como pretendo aqui divulgar toda a experiência de que farei parte na direção da equipe do Saldanha da Gama, espero estar colaborando com meu exemplo, para que cada vez mais jovens técnicos enveredem pelo caminho difícil, complexo e por isso apaixonante do basquetebol.

Peço aos deuses que torçam um pouquinho pela equipe e por mim, nessa retomada que poderá significar tanto para todos nós.

Amém.

Foto- 3ºCongresso Mundial de Trerinadores da Lingua Portuguêsa- Lisboa Julho 2009.

O ARRANJO…

P1010153

Infelizmente está progredindo no basquete aqui jogado em alto nível (assim muitos o definem…) o arranjo já bem conhecido na NBA, de que jogo mesmo, aquele para valer, somente é disputado do terceiro quarto em diante, onde tanto diferenças elásticas de placar são dirimidas, ou equilíbrios são quebrados de forma inversa, como num acerto de compadres que professam a mesma disposição em poupar “desnecessários” esforços, pois afinal de contas não são feitos de ferro.

E por conta de tais arranjos, assumidos por muitos jogadores, e não sei se por algum técnico de comportamento mediador, podemos tentar compreender e analisar tantas e muitas vezes “inexplicáveis” oscilações entre os iniciais e finais quartos de uma partida.

No jogo deste domingo, entre Brasília e Flamengo, duas das melhores equipes do país, nada de plausível pode ser mencionado que explique os comportamentos passivos nas defesas das duas equipes nos quartos iniciais, o que originou uma tempestade de arremessos longos sem quaisquer anteposições defensivas, onde notórios arremessadores como Alex e Marcelo exerceram suas especialidades da forma mais livre que se possa imaginar, num espetáculo de pirotecnia pura e descompromissada, num verdadeiro e lastimável tiro aos pombos.

E veio o terceiro quarto, com as equipes descansadas pela economia de esforços nos quartos iniciais, e fez-se a diferença, quando de repente, não mais que de repente, descobriram, ou se lembraram  que a não cedência de espaços à esquerda depois de um corte iniciado à direita, retiraria dos arremessos do Marcelo a enorme eficiência quando os armava daquela forma, anulando sua maior arma, a mesma que o premiou com quatro arremessos de três seguidos nos quartos de permissividade defensiva.

Leia mais »