O VIGÉSIMO QUARTO DIA…

Véspera de um jogo, de um grande jogo, Franca aqui está, com toda a sua tradição, com toda a sua mística. Para toda uma imprensa, a maioria dos torcedores, creio que até para eles mesmos, o favoritismo é inegável, o terceiro colocado na Liga duelando contra o último, chances desiguais, que a frieza dos números, as estatísticas, não desmentem.

Entretanto, não comungo com essas objetivas e pragmáticas evidências, afinal dirijo e tenho treinado uma excelente equipe, sem a tradição cinquentenária de nosso valoroso adversário, mas repleta de um certo tipo de vibração que me custou muito compreender, e aceitar. Uma vibração recôndita, inerme, como que sedada, acalmada em sua prisão comportamental, que aos pouquinhos fui fustigando com simplórios exercícios de fundamentos, que praticaram no inicio de suas carreiras, uns mais, outros menos, despertando aquela alegria desconfiada e juvenil de quem redescobria o prazer no manuseio de uma bola, descobrindo seus segredos , suas manhas, suas imprevisibilidades.

Poucos dias, somente 18 dias, passaram céleres, imbuídos de esforço e muito suor, de trabalho intenso e compensador, pois com os fundamentos em dia, com a técnica individual aprimorada, um conceito de jogo, inovador quem sabe, teria campo semeável à frente, molhado por mais suor, mais trabalho, e trabalho, e trabalho.

E um sistema foi absorvido, discutido e agregado à equipe, num comum acordo inédito e democrático, numa aceitação espontânea e leal. Dois jogos em São Paulo concretizaram e provaram a duramente conquistada identidade, uma nova e particular identidade para uma equipe desacreditada e esquecida, mas que se redescobre forte e proprietária de um sistema técnico tático próprio, pertencente somente a ela, conquistado com dedicação e trabalho.

Então, não posso concordar com favoritismos e resultados apriorísticos. Posso e devo acreditar que será um grande jogo, não um jogo travado entre equipes que ocupam posições díspares na tabela, mas equipes que ao disputarem uma liga nacional duríssima, se fazem presentes com o seu melhor, que no nosso caso é aquele fruto do comprometimento corajoso de uma equipe em busca de um lugar entre os melhores. Tentaremos ultrapassar este desafio com o ardor dos justos, mas antes vamos aos treinos de hoje, duros e exigentes, como sempre.

Amém.



2 comentários

  1. Adriano 05.03.2010

    Professor, boa sorte e bom jogo mais uma vez. Infelizmente, a emissora oficial da liga não exibirá o jogo do Saldanha, mas daqui acompanharei sem torcer para nenhum dos lados, mas apenas desejando que se realize um verdadeiro espetáculo, digno da história vitoriosa do nosso basquete, que você e o Sr. Hélio Rubens ajudaram a construir!

    O comentário do leitor no post anterior foi interessante, pois também tenho dúvida semelhante. Não quanto à movimentação da sua defesa, e tenho certeza que você exige não somente ajuda, como também usa predominantemente o homem-a-homem, pois sempre criticou a zona. Mas queria saber se o professor instrui os reservas a atacarem de acordo com o que o adversário apresenta durante os treinamentos. Por exemplo, Franca é um time com muitos chutadores, e de qualidade, como Helinho, Rogério, o americano Tony, Márcio e Benite. Neste caso, para preparar sua equipe para o confronto com um time que prioriza os chutes de 3, você pede aos reservas que joguem desta forma, chutando bastante de longe?

    abraço

  2. Basquete Brasil 06.03.2010

    Sim prezado Adriano, em muitos treinos de duelo(ataque x defesa meia quadra)assim instrui não só os reservas(?), como todos os jogadores na atenção dos arremessos de três pontos. Infelizmente nessa semana que antecedeu o jogo com Franca não pude dispor de 5 jogadores dos mais experientes da equipe em nenhum dos 9 treinos programados, já que um estava enfrentando problemas com seu primogênito récem nascido e os demais com assuntos extra quadra de carater administrativo. Dessa forma, o pouco de entrosamento adquirido nos 18 dias de treinamento intenso que desaguou nas excelentes partidas jogadas em São Paulo, foi perdido para o jogo contra Franca, e temo que nos prejudique contra Araraquara amanhã, mas que tentaremos dirimir e tentar uma retomada no treino de logo mais.São situações que fogem do conhecimento público, mas que não podem simplesmente serem varridas para baixo do tapete como algo irrelevante. Mas vamos reagir, e serei o primeiro a dar o exemplo de luta e determinação. Um abraço, Paulo Murilo.

Deixe seu comentário