ME DESPEDINDO…
Hoje veiculo o último vídeo sobre a pequena trajetória da equipe do Saldanha da Gama sob meu coman…, melhor dizer, sob minha direção, já que foi algo muito especial, comungado por todos aqueles gentis e competentes jogadores, por aqueles dedicados auxiliares, assistente, preparador físico, fisioterapeuta, mordomos, e especialmente uma funcionaria que todos os dias cuidava do ginásio, alegre e sorridente, e que no último jogo na maravilhosa terra capixaba, o que hoje aqui mostro, me surpreendeu em sua melhor indumentária após assistir a vitoria da equipe, vindo me agradecer a alegria proporcionada após testemunhar o dia a dia sacrificado e exaustivo daqueles corajosos jogadores, pelos quais torceu como nunca o fizera antes.
E com ela toda uma torcida apaixonada, vibrante, comunicativa e participativa no blog, em sua comunidade no Orkut, no incentivo permanente e sem cobranças descabidas, simplesmente torcendo, nas derrotas e nas vitorias, torcendo pelo seu amado Saldanha.
E o Alarico, ícone do basquete espírito-santense, com seu inesgotável sentido de luta por um ideal de longa tradição, galgando as grandes dificuldades para vê-lo realizado.
E o jogo, mais que um jogo, uma afirmação de que emergindo do mar de obstáculos e dificuldades enfrentados ante o descrédito geral, algo de diferente acontecia, algo iniciado em São Paulo contra o Paulistano, após uma reestréia duríssima contra o Pinheiros, quando já em Vitoria três jogadores básicos foram afastados, dando inicio a duas semanas de derrotas previsíveis, e mesmo assim em jogos equilibrados, até que na terceira semana recobramos o equilíbrio abalado, vencemos o líder da Liga, o Brasília, vencemos o CETAF, o grande rival do estado, que é o jogo agora mostrado, para terminar sua participação vencendo o Joinville em sua casa e perdendo para o Londrina com metade da equipe desgastada por uma virose bacteriana.
E o que mostra o jogo que agora apresentamos? Senão a afirmação de que podemos jogar o grande jogo de uma outra forma, diametralmente oposta ao padrão apresentado e sedimentado em todo o nosso basquetebol, em todas as categorias e faixas etárias, inclusive em nossas seleções, municipais, estaduais e nacionais. Provamos essa possibilidade, com caráter e dedicação, atingindo estes objetivos em apenas 49 dias de trabalho.
Valido se torna observar como atuam dois armadores puros no comando tático de uma equipe, dinâmica e tecnicamente, numa tácita demonstração do muito que tem de ser mudado no preparo destes especialistas em nosso país.
E mais valido ainda, aquilatar o poderio advindo de três alas pivôs, ou pivôs móveis, interagindo veloz e dinamicamente dentro do perímetro interno, atuando com as técnicas de um ala, e a pujante flexibilidade de um pivô, que ao trocar a força física pela habilidade baseada na velocidade, supera a falsa concepção de que a força se situa acima da mesma.
Finalmente o principio defensivo da flutuação lateralizada que propicia o jogo antecipativo por todo o tempo de uma partida, mesmo quando se utiliza da defesa zonal, obrigando o adversário às ações de caráter individual, que neste jogo atingiu a inacreditável marca de nenhuma assistência ter sido dada pela equipe do CETAF, e mais, da possibilidade mais do que provada de que trocando os arremessos de três pontos por possíveis de dois pontos por parte do adversário, podemos atingir o equilíbrio no placar, exatamente dando prioridade às finalizações de dois pontos, deixando para o quarto final os arremessos completamente desmarcados de três pontos, motivados pela enorme concentração defensiva no perímetro interno, ante a facilidade das conclusões próximas à cesta por parte de nossa equipe.
Infelizmente, foi como um canto de cisne esta apresentação em Vitoria, já que o projeto parece que não terá continuidade para o NBB3, frustrando uma concepção de jogo absolutamente inédita em nosso basquete, tão necessitado de novos ares, de novos objetivos, de uma nova personalidade.
Fico por aqui, a meio caminho, triste por não poder prosseguir, e que na minha idade dificilmente poderei obter uma nova chance de continuar provando que o grande jogo, o grandíssimo jogo, ainda pulsa vibrante em meu coração.
Mesmo assim agradeço a Vitoria, ao Saldanha a oportunidade única de reviver a grande crença que sempre conviveu com minha longa carreira de professor e técnico, a crença em dias melhores para o nosso amado basquetebol.
Obrigado a todos.
Amém.
Saldanha da Gama x Cetaf – 26.03.2010 – Primeiro quarto.
Saldanha da Gama x Cetaf – 26.03.2010 – Segundo quarto
É professor, a sua postagem junto com o vídeo nos emociona. É triste saber que, ainda que momentâneamente (assim esperamos nós), acabou.
Infelizmente fica aquele sentimento de que tinha muito mais a oferecer, muito trabalho a ser feito para que pudessem ser colhidos grandes frutos no futuro próximo, mas, para nossa infelicidade, nem todos que estão no poder tem o pensamento ligada à estratégia, à visão prospectiva. Fazer o hoje se projetando no futuro, e o senhor tem essa visão de líder, que é muito diferente de “chefe”, de “comandante” ou qualquer outra expressão, ser líder é cativar quem está ao seu redor e conquistar o respeito deles, sempre pensando no caminho correto a seguir para que o dia de amanhã sea melhor que o de hoje. Infelizmente nosso presidente (se é que temos…alguém já o viu?) não tem essa perspicácia.
Mas venho aqui no seu blog, humildimente e de forma bem simplória, agradecer por esses meses em que dedicou sua vida ao Saldanha da Gama, ao glorioso do forte que jamais morrerá. Nós que víamos as rotinas de treinos mais de perto, sabemos como foi exaustivo e como colhemos benefícios já a curto prazo, fico triste em não ver o seguimento desse trabalho e desse projeto, isso iria longe, abriria os olhos de muitos que teimam em copiar, infantilmente, o estilo de jogo dos estudunidenses.
Não tenho autorização formal pra falar em nome de toda a torcida do Saldanha, mas o falo pois sei dos sentimentos dos meus companheiros: muito obrigado professor Paulo Murilo, nós nos sentimos muito gratos pela sua estadia aqui em Vitória e pelos frutos aqui plantados, certamente sempre que falarmos em técnicos-mestres acima da média lembraremos do senhor com muito carinho.
Fiquei emocinado com sua palavras e com o vídeo…é triste, nos corta o coração.
Mas lhe desejo sucesso professor, hoje e sempre…onde o senhor estiver, pois o senhor merece.
Obrigado por tudo!
Agradeço as suas palavras e colocações caro Juvenal, aproveitando sua liderança junto a torcida do Saldanha, para que transmita a mesma a minha admiração e respeito pelo enorme bem que representou junto a equipe. Parabéns a todos. Quem sabe um dia nos reencontraremos?
Um abração a todos. Paulo Murilo.
Querido mestre,
mais de 2 anos se passaram e ainda és lembrado com muito carinho e respeito por parte da nossa eterna torcida Furia Vermelha Saldanha da Gama.
Saúde e paz meu querido amigo !
marcelão.
Fico emocionado de ainda ser lembrado depois de tanto tempo longe das quadras. Muito obrigado, prezado Marcelo, sua lembrança me fez um enorme bem, desejando a você e toda aquela vibrante torcida todo um futuro de glorias para o seu amado Saldanha da Gama. Um abração, Paulo Murilo.
[…] e muitos anos de quadra, e dezessete através esse humilde blog, divulgo incansavelmente essa forma de atuar, teórica e praticamente, complementando o princípio maior, o do ensino, e treino dos fundamentos […]