AS REFERÊNCIAS…

Enfim, um alento, a seleção venceu a boa equipe dominicana usando por algum tempo, o bom senso tático, apesar dos quinze erros de fundamentos, principalmente as três perdas de bola no drible, duas delas do Huertas, apesar de sua boa participação na armação dupla da equipe, tanto com o George, como, e principalmente, com o Yago no quarto e decisivo período da partida. Até aquele momento, os dominicanos atuando séria e contundentemente no perímetro interno (25/53 em bolas de 2 pontos e 13 rebotes ofensivos), mantinham o placar equilibrado, apesar da perda por indisciplina do Delgado, único a fazer frente direta com o Felício e o Lucas Mariano, que com a saída do Feliz por faltas, deixou a equipe nacional bem mais a vontade para, num relance do bom senso acima mencionado, se lançar para perto da cesta, onde os pivôs fizeram a festa, só que dessa vez de 2 em 2 e de 1 em 1, com mais precisão (16/31) do que as 10/23 tentativas de três pontos, contra as 4/14 dos caribenhos…

O forte ataque interno dominicano.

E porque a festa dos pivôs? Foram municiados por uma dupla armação preocupada em colocá-los realmente em jogo, e não utilizá-los como apanhadores de rebotes oriundos da avalanche de bolinhas, a que se acostumaram a fazer desde sempre. Vinte e um foram os lances livres cobrados contra treze do adversário, pendurando jogadores importantes e garantindo majoritariamente os rebotes (37/31)…

Enfim uma opção válida, a clara disposição ao jogo interno.

Os armadores brasileiros, puderam realmente armar a equipe voltada prioritariamente ao jogo interior, deixando o exterior como complemento das ações ofensivas, como deve se comportar toda equipe no plano coletivo, e não seletivo, quando um pretenso domínio pontuador se desvanece quando competentemente contestado, fator cada vez mais presente em confrontos contra equipes realmente qualificadas no concerto mundial. Falham, no entanto, os armadores, ao se situarem muito distantes entre si, tanto na transposição do campo defensivo ao ofensivo, como em seu posicionamento em torno do perímetro, quando um deles se transforma em ala, deixando seu companheiro a mercê de forte marcação, inclusive com duras dobras, armadilhas em que caímos por três vezes nesse jogo…

Mesmo se beneficiando do jogo interno, o vicio longamente adquirido patrocina uma bolinha com 14seg a jogar.

Huertas, George e Yago, podem se tornar a base criadora da equipe, complementada por Benite e Luz, claro, se a seleção vier a optar por esse sistema diferenciado de jogar, determinando um potente jogo interior, de constante e ininterrupta movimentação dentro do perímetro (o princípio dos cinco abertos, onde um joga e quatro se colocam para os chutes de três, é a antítese desse sistema), onde passes rápidos e precisos, mesmo de curtas distâncias, abrem os espaços necessários a complementações precisas e seguras, além, é claro, do posicionamento estratégico nos rebotes, e retardamento tático nas tentativas de contra ataque do adversário…

Os dominicanos, mesmo sem os melhores fora do jogo, insistem dentro do perímetro.

Essa nova e ainda tímida descoberta do poder decisivo de uma dupla armação de qualidade técnica e criativa, com jogadores que realmente possuem o dom da improvisação, agregando a essas qualidades, funções de eficiente apoio aos homens altos dentro da pequena e conflagrada área ofensiva, é a pedra angular das grandes equipes de alta competição, pois exige jogadores técnicos e inteligentes na leitura objetiva de jogo, assim como técnicos que desenvolvem, ensinam, treinam e insuflam tais conhecimentos em uma equipe que real e comprometidamente deseja galgar parâmetros elevados, e não atuar dentro da mesmice endêmica em que se situam a bastante tempo. Seleções que assim agem (sejam municipais, estaduais ou nacionais), servem de modelo aos que se iniciam, muito ao contrário do que vemos e assistimos desoladamente nesses últimos vinte e cinco anos, de muita enganação e equivoco pomposamente designado como basquete moderno, que nada mais representa do que a confissão explícita de todos aqueles que, em absoluto, entedem o que venha ser o grande, grandíssimo jogo…

Sem dúvida alguma, a dupla armação e o jogo interno melhorou em muitro a atuação da equipe brasileira.

Tenho, no entanto, de reconhecer a enorme melhoria na qualidade das análises técnicas do pessoal da Sportv nesta Copa América, onde o narrador, excelente por sinal, sem abdicar da emoção, leva ao telespectador um relato preciso do que realmente ocorre na quadra, sem o histerismo verborrágico que se instalou na maioria de seus tronitruantes colegas, e o comentarista, um ex jogador, melhorando a cada dia sua visão do jogo, com calma, espírito de observação, e o mais importante, reconhecendo, ainda que timidamente que, realmente, existem outros meios diferenciados de jogar o grande jogo, onde a dupla armação e a utilização inteligente e estratégica dos homens altos próximos à cesta, podem e devem se constituir em um enorme avanço para o nosso combalido basquetebol. Só não vale afirmar ser da tríade que comanda a seleção a Invenção sistêmica que aos poucos vão sutilmente se utilizando, pois neste campo, por cinquenta e muitos anos de quadra, e dezessete através esse humilde blog, divulgo incansavelmente essa forma de atuar, teórica e praticamente, complementando o princípio maior, o do ensino, e treino dos fundamentos básicos, sem os quais sistema nenhum se torna praticável, Faço justiça ao Renatinho, grande e olímpico juiz, professor e comentarista, único a reconhecer minha primazia neste campo. Citação referencial faz parte do mundo acadêmico em que me doutorei…com tese em basquetebol, extensão do longuíssimo trabalho em quadra, e nessa mais humilde ainda, trincheira.

Que os deuses os encorajem a seguir essa boa trilha.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las..  



4 comentários

  1. João 10.09.2022

    Treinador…neste jogo ficou claro que esta opção forçosamente enraizada no nosso basquete em priorizar o ataque para arremessos do perímetro afeta diretamente a tomada de decisão dos jogadores,que tentam primeiramente cumprir táticamente o que lhes impõe o comando da equipe.. em muitos momentos da partida após a exclusão do pivô dominicano , os nossos jogadores de garrafão , principalmente o Mariano, ficaram em nítida vantagem dentro da pintura pedindo a assistência e demoravam para receber o passe…inclusive a arbitragem marcou várias infrações de 3 segundos dos nossos pivôs…Abraço Treinador.

  2. Basquete Brasil 10.09.2022

    Na mosca prezado João, inclusive deixei de mencionar os tres segundos, na esperanca de que algum comentario o fizesse, ja que muita gente conclama a nao marcacao dos mesmos. Felizmente voce mencionou, fato inconteste de sua enorme atencao aos detalhes do grande jogo. Sem duvida alguma, ou a turma diretiva muda a forma de jogar da selecao, ou em algum proximo momento, verao que o chega e chuta tem prazo de validade exiguo. Um abraco.
    Paulo Murilo.
    Obs= Desculpe a acentuacao, pois ainda nao consegui adequar o novo teclado ao PC. PM

  3. João 10.09.2022

    Treinador…outro detalhe, no último quarto quando estavamos na frente do placar e após mais uma cesta do Lucas Mariano posicionado perto da tabela, a câmera flagrou o Huertas que estava no banco naquele momento da partida dizendo ” .isso ai, esse é o jogo!..” um profissional experimentado que já viu o direcionamento equivocado que esta comissão técnica tenta definir como único para a equipe…tomara que esse jogo tenha servido de exemplo clássico para que os comandantes da seleção brasileira mudem seus conceitos…Valeu Treinador!!

  4. Basquete Brasil 10.09.2022

    Quem sabe um trabalho de formiguinha, como o realizado por esse humilde blog, junto a outros abnegados pelo grande jogo, possa demover aquela turma de implantar o tal basquete moderno, que tanto mal tem nos causado. Obrigado Joao por sua sempre bem vinda participacao. Paulo Murilo.

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