MUNDIAL- O SÉTIMO DIA: REALIDADES E UFANISMO…

Hoje vimos uma Croácia de verdade, jogando o jogo que desejara desde muito tempo, em uma competição mundial, quando se poupou escancaradamente no encontro contra o Brasil, a fim de tentar provar, na íntegra de suas forças, uma supremacia que transcende o campo desportivo, mergulhada numa rivalidade que entre outras pendências, resultou numa conflagração de trágica memória. Os povos balcânicos hoje independentes, se constituem no cadinho da religiosidade européia, onde se cruzam o cristianismo e o islamismo, e o esporte jamais poderia se dissociar desta realidade.

E foi o que vimos, uma batalha inflamada, e surpreendentemente leal, onde duas excelentes equipes, semelhantes em tudo na maneira de jogar, se colocaram à prova em busca de uma supremacia não tão somente desportiva, mas cultural e política também. E não me venham dizer que estou fantasiando, que a equipe brasileira esmagou os croatas, que provamos sermos melhores, etc, etc, pois a simples constatação estatística dos rebotes já colocam por terra aqueles argumentos ufanistas. Sem dúvida nossa equipe atuou bem melhor que das vezes anteriores, mas, infelizmente, e já comentei anteriormente, não foi exigida e testada como deveria ter sido se a Croácia atuasse como o fez no jogo de hoje.

A Sérvia venceu por um ponto, como poderia ter perdido por um também, num jogo de grandes emoções, tendo como cenário o sistema único de jogo, o mesmo que, com exceção da equipe americana, todos, rigorosamente todos os participantes se utilizam, e no qual, o poderio dos arremessos de três pontos atinge sua máxima cotação, com ambas as equipes se movimentando e se posicionando na busca do momento ideal para concretizá-los.

No entanto, quando um dos jogadores croatas, o armador Popovic, se dispôs a decidir o jogo em ações puramente individuais, num embate onde o coletivismo de ambas as equipes atingiu padrão irretocável( ai incluindo os arremessos de três…), todo o esforço de seus companheiros se tornou inútil na busca da vitória, pelo seu rompante egoísta e comprometedor, errando inclusive os dois lances livres que definiriam a partida. Em hipótese alguma podemos enaltecer suas inegáveis qualidades individuais, num momento em que sua entrega ao todo coletivo teria de ser prioritário, o que não ocorreu.

Foi um grande jogo dentro das circunstâncias e expectativas que se fizeram presentes em torno do mesmo, pena que somente uma das equipes pudesse seguir em busca de uma medalha, a bem treinada e competente Sérvia.

O segundo jogo, entre gregos e espanhóis, seguiu praticamente a mesma cartilha técnico tática do primeiro, até um momento do quarto final quando a defesa espanhola se adiantou, pressionou e ao se retrair em seu campo se utilizou de uma defesa zonal que desarticulou a equipe grega, pois as anteposições bem treinadas e sucedidas aos arremessos de três se fez presente, anulando a grande arma grega, incapaz de se impor embaixo da cesta sob a pressão dos grandes pivôs espanhóis.

Teremos nas quartas de final o encontro entre as equipe vencedoras de hoje, e que promete se constituir num dos grandes embates deste mundial. Até lá, seguem as oitavas, que na terça feira colocará frente a frente nossa equipe contra os argentinos, num jogo decisivo às pretensões de ambos neste mundial, e que tantos debates e opiniões vêm suscitando através dos blogs e sites da modalidade, principalmente em torno de uma indagação – Como parar o Scola?

Ao que coloco uma outra indagação- Como marcar a equipe argentina? E mais outra- Como atacá-los?

Acredito que com uma boa dose de imaginação, criatividade e acima de tudo, ousadia, possamos enfrentá-los de verdade, com boas chances de vitória. Agora, se o fizermos agindo com os altos graus de previsibilidade que vêm marcando nossas ações, principalmente as ofensivas, ai não teremos chances ante à forte e confiável base técnico tática argentina, cujo mentor que os liderou na conquista olímpica hoje nos dirige, mas sem contar com a mesma estrutura de base que ajudou a implantar por vinte anos em seu próprio país.

Repito para que não paire dúvidas sobre o meu raciocínio- Somente com “uma boa dose de imaginação, criatividade e acima de tudo, ousadia, possamos enfrentá-los de verdade”, e um bom começo seria pensar defender permanentemente por antecipação, defesa à frente sobre o Scola, obrigá-los às cestas de 2 pontos, e atacá-los, preferencialmente no perímetro interno, sistematicamente.

Mas no fundo, no fundo, esse é um problema a ser equacionado pelo Magnano, e somente por ele, como excelente e competente técnico que é. Especulações se constituem  num livre exercício dialético, nada mais, nos restando tão somente… torcer, e muito.

Amém.



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