GRITOS NA ARIDEZ…

Na imensa aridez do deserto de idéias realmente válidas para o basquetebol nacional, eis que uma, duas, três vozes se levantam para um protesto atrasado em vinte anos, durante os quais tudo de retrógado, ineficaz  política e tecnicamente nos lançou num fosso do tamanho da omissão cometida.

Juntou-se à minha solitária peregrinação junto as consciências adormecidas de meus pares, exceto uns e efêmeros apoios, tímidos e fugidios, os gritos indignados do Ferreto e do Ângelo, técnicos experientes e competentes, que se revoltam contra a vinda de um técnico estrangeiro para o feminino, após serem todos os profissionais que militam nesta categoria taxados de incompetentes, atrasados e desatualizados pela direção técnica da CBB, incluso o Bassul, para o qual está reservado, quando muito, o cargo em uma seleção de novos, e tudo isso sob a garantia da convocação de uma jogadora que se negou publicamente e de livre vontade a defender a seleção durante um jogo de uma competição olímpica.

Seus depoimentos vem levantando muitas discussões no seio da mídia virtual, e também na tradicional, pois reacende situações a muito marginalizadas e dolorosamente esquecidas, como os movimentos associativos dos técnicos e da organização de uma escola de treinadores como continuidade ao trabalho e união dos mesmos.

Leia mais »

NAS ENTRELINHAS…

(…) “Os tempos mudam e as pessoas mudam. Estamos em um momento em que temos de torcer para que os resultados voltem. No Brasil, infelizmente, ao contrário das potências, a nossa seleção nacional é o que mais conta. A Itália, que não se classificou para o Mundial, foi convidada, mas negou para não atrapalhar o campeonato local. O mesmo acontece na Espanha e nos EUA. E o nosso forte  é o resultado, é o que puxa organização, patrocínio para competições locais. E o nosso basquete está fraco nestes últimos 12 anos. Então, temos que torcer para que ele faça um grande trabalho. (…) O principal desafio é ter resultado. O Brasil tem uma tradição de resultados que estava perdendo nestes últimos anos. Desde 1996 que não temos resultados expressivos. Queimamos algumas gerações de jogadores que poderiam render mais do que renderam. Estou falando de grandes competições, Mundial, Pré-Olímpico. Neste aspecto, perdemos tradição. Há três ciclos que não acontece nada. E maior o desafio.” ( Marcel de Souza para o Globo.com).

O grande Marcel tocou na ferida, elegante e educadamente, mas não pode fugir nas entrelinhas da mais refinada ironia, aquela que que se captada inteligentemente, muda conceitos, aponta caminhos, faz cabeças pensarem.

Leia mais »

BIENVENIDO…

Por obra e graça de um marqueteiro o Moncho se foi, pois não possui um cacife que possa, ao menos emular, com uma medalha olímpica do hermano do sul, fator que por si só explica e define a presença do ex-voleibolista, agora mestre do marketing, no processo de queima do espanhol, e da ascensão do argentino.

Mas como nem tudo que reluz é ouro, e nem tudo que balança cai, a “genialidade” mercadológica, também resguarda óbices nem sempre levados em consideração, quando a frenética busca por patrocínios ( leia-se dinheiro, muito dinheiro, que se público, tanto melhor…), poderá, não, deverá se confrontar com os mesmos, a começar pela validade, confiabilidade e exequibilidade do projeto que o Magnano tão pronta, e oportunisticamente aceitou, a partir do momento que altas cifras (e põe altas nisso…) se esparramaram na mesa, fazendo inclusive aparecer um competente empresário no cerne da questão. Num momento em que a economia do país irmão se debate em sérios problemas, um contratão a 2hs de vôo de casa cai de um céu de brigadeiro, impossível de não aceitar.

Leia mais »

O GRANDE MONTENEGRO…

Já eram 18:30hs  quando encerrei o treino dos juvenis, e fugindo da rotina de estabelecer contato com os jogadores para dirimir dúvidas e algumas cobranças, mudei rapidamente de roupa, pois a viagem da Gávea até o Grajaú era longa, e às 20 hs um compromisso inadiável me aguardava.

O Anísio,  diretor de basquete vem correndo em minha direção com o seguinte recado- Paulo, embarque no ônibus do clube para o jogo nas Laranjeiras. O Kanela acabou de ligar da Federação, onde foi julgado e pegou dois jogos de suspensão. Certo? Como certo Anísio, é um Fla x Flu decisivo, e nunca dirigi essa equipe num jogo deste calibre, somente assisto e às vezes participo dos treinos, mais para acompanhar o Peixoto, o Pedrinho, o Ernani e o Gabriel, juvenis da minha equipe que o Togo os quer treinando com a primeira, mas só isso.

Só sei que numa fração de segundo lá estava eu no velho mercedão rubro negro em direção às Laranjeiras, ao lado do Waldir Bocardo, do Valter, do Pirai, do Pará, do Chocolate, do Dudu, do Raimundo, do Fernando, do Montenegro, do Henry, que são os que me vêm à memória no momento, pois lá se vão mais de 40 anos!

Leia mais »

35 seg…

E se não bastasse a maratona de ontem assistindo basquete a não mais poder, hoje, na Band Sports ainda resisti a mais dois jogos, um na ACB espanhola e outro na NCAA. Ficou faltando somente um do campeonato checheno, mais ai seria pedir demais.

Mas a experiência de hoje foi traumática, pois em ambas as transmissões tive o enorme desprazer, e até certo ponto incomodo, de ser bombardeado por comentários toscos e, pelo cartel do comentarista, comprometedor, pois em se tratando do importante e genial  assistente técnico da seleção principal brasileira e coordenador das divisões de base da CBB, comentou de tudo, absolutamente tudo, menos basquetebol, basicamente técnica de basquetebol.

Minto, pois lá pelos meados da segunda etapa do jogo da ACB definiu duas jogadas seqüenciais como muito bem executadas, e só.

Mas como bem executadas, sob que aspectos, de que formas e maneiras desenvolvidas, e em que situações e momentos de jogo, se ofensivamente individuais ou produtos coletivistas?  Enfim, definiu-as  como muito bem executadas, além dos repetidos rompantes de “que passe”, “que enterrada”, “que jogada”, “que finta”!

Leia mais »

O CARMA…

1405-1

Nestes últimos três dias me dispus a assistir o maior numero de jogos de basquete que me fosse possível assistir, já que a grade das emissoras a cabo ( privilégio negado à maioria da população jovem…) estava prodiga em eventos, desde o Eurobasket, passando pela NBA, e transmitindo as semi finais do masculino paulista e as semi finais do nacional feminino, e ainda de quebra, um confronto entre Brasil e Estados Unidos no street basket.

Testemunhei bons momentos e uma enxurrada de mediocridades, onde nem os jogos internacionais escaparam, a começar pelo street, com transmissão de luxo em flagrante detrimento ao basquetebol de verdade, sempre descartado pela pouca penetração e conseqüente desinteresse comercial, assim dizem as emissoras.

Concentrei então minha atenção aos jogos nacionais, das semi finais masculinas e femininas, não importando qual a denominação dos campeonatos, já que todas as equipes envolvidas eram paulistas.

Leia mais »

O CAOS ANUNCIADO…

(…) “Minha volta para a seleção e a saída dele representam o melhor para o basquete brasileiro” (…) ( Blog do jornalista Marcelo Laguna do Diário de São Paulo)

São palavras de uma jogadora que traiu o basquete brasileiro, não antes, ou depois, mas durante um jogo fundamental, quando se recusou a voltar a quadra, designada  a fazê-lo pelo comandante da equipe, o técnico que pretende defenestrar como condição de sua volta.

Ousadia, prepotência e arrogância acima de quaisquer padrões admissíveis a uma pessoa equilibrada de corpo e mente sadia.

De livre arbítrio e decisão própria negou o dever, a função maior de defender o seu país, assumida desde o momento que vestiu a camisa da seleção nacional, honrada e bravamente defendida por todas aquelas que a precederam, escolhidas a fazê-lo sem mácula, sem jamais traí-la, como o fez.

E se conseguir atingir sua meta, o melhor para o basquete brasileiro será o fechamento da CBB, de onde seu atual presidente e diretora técnica advogam tal absurdo, incomensurável absurdo, pois uma jogadora não tem o direito de exigir a saída de um técnico para voltar a defender uma seleção em um mundial, desde o momento em que a traiu e abjurou, e mesmo que não o tivesse feito, pois o principio hierárquico não pode ser omitido de forma alguma, já que é base estrutural de qualquer equipe de competição.

Que definitivamente se cale, e continue a praticar seu pseudo jogo estelar pelas quadras do mundo, em cujas equipes não ousa sequer esboçar atitudes que pretende impor em solo pátrio. Pátrio? E ela por acaso sabe o significado disto? Lamentável e comprometedor.

Com a palavra a CBB, se é que a entende como dever e obrigação, e não jogo e escambo político.

Amém.

O IMENSO VAZIO…

1447 NOVA

Um grande salão em um hotel paulista, e uma disposição de mesas e cadeiras em U marginando as paredes laterais e a de fundo, tendo próximo à parede frontal e de entrada uma mesa, duas cadeiras e um equipamento de projeção de vídeo.

Na formação em U, técnicos minuciosamente convidados a assistirem uma exposição oficial sobre a futura escola de treinadores, e na mesa de cabeceira estrategicamente isolada, dois especialistas na montagem e formatação(?) da mesma, um ex técnico de voleibol, e um preparador físico.

E nos 4/5 restantes da imensa sala, o vazio cinza e amorfo, como o reluzente chão, vasto e dominador.

Vazio este que deveria estar preenchido em sua totalidade pela presença maciça de técnicos, muitos técnicos, jovens e veteranos, e mesmo os muito veteranos, que ali acorreriam espontaneamente, já que democraticamente acessível, não para ouvir disciplinada e cordeiramente uma preleção absurda pela inversão total de valores, mas sim para participarem ativamente, como num “brain storming” ( a turma amante do inglês vai adorar…) de uma discussão acadêmica iniciadora de um movimento redentor, pujante e participativo com o que temos de melhor, nossa história vencedora e inolvidável, e não esse pastiche fantasiado de modernidade, na verdade, modernoso.

O que é uma escola senão a representatividade real de um conceito democrático e de livre pensar, sempre na vanguarda criativa, lastreada no classicismo fundamental, utente das conquistas presentes e lançadora das conquistas futuras, produto do entrelaçamento de todas as épocas? E quem melhor a representa senão o também entrelaçamento das gerações, com suas conquistas, experiências e trabalho meritório?

Quanto de qualificação curricular alcançaríamos pelo simples fato de enchermos aquele e outros salões pelo país afora se fossemos convidados a participar e discutir uma verdadeira escola, generalista e adaptada às nossas regiões continentais e gentio das mais variadas etnias, Quanto?

Mas a dura realidade, aquela patrocinada pelos espertos e oportunistas, tem como reflexo o cinza brilhante daquele salão amorfo na capital paulista, tão vazio como as idéias que o habitaram, em U.

Amém

A CONDIÇÃO…

0,,14881903-EX,00

(…) “Iziane garantiu ao senador José Sarney que, em se confirmando a não renovação do contrato do técnico Paulo Bassul, com a Confederação Brasileira de Basquete, ela aceitará convocação e voltará a vestir a camisa do Brasil. Segundo Iziane, no dia 14 de janeiro de 2010, ela e a diretora da Confederação Brasileira de Basquete, Hortência Marcari, têm encontro marcado na Itália, onde vão definir tudo sobre a seleção brasileira. “ O caminho da volta está aberto. Qual atleta que não sonha defender a bandeira de seu país? Quero voltar. Tenho muito a dar ao basquete brasileiro. Pelo que tenho conversado com a Hortência, em um brevíssimo tempo estarei de volta a seleção nacional”. ( site ImiranteEsporte.com )

Iniciar um novo ano com uma notícia desta é realmente devastador. Uma jogadora que numa competição olímpica se nega a retornar à quadra por não admitir a reserva, desrespeitando suas companheiras, seu técnico e sua função de jogadora de uma seleção nacional, e que agora define uma volta condicionada à não renovação do contrato do técnico Paulo Bassul, chega às raias do inacreditável. Logo ela, que meritoriamente atingiu o objetivo maior de todo desportista, de representar e defender o país numa competição internacional, balizando com seu exemplo as gerações que a sucederão, e que a tudo esqueceu ao se negar a cumprir seu papel de cidadã e líder? Como ousa agora impor condições de volta? Ou esqueceu que o caminho escolhido de livre arbítrio não concede qualquer possibilidade de volta, exatamente por ter sido trilhado em mão única?

Ou pelo contrário, quando sua presença redentora (assim se considera ao afirmar que tem muito a dar ao basquete brasileiro…) a torna imune ao preceito primeiro de todo jogador, a de honrar a camisa de seu país, ao preço que for, ao sacrifício que tiver de despender, respeitando-a, tanto quanto às suas companheiras e ao técnico na luta comum a todos?

E em se concretizando a dispensa do técnico ( que declarou recentemente que não se opunha à convocação desde que um pedido formal de desculpas fosse feito pela jogadora, numa declaração erronea e comprometedora, já que de acomodação…), que outro profissional aceitará tal situação antiética numa decisão absurda e unilateral, quem?

E se esse profissional assumisse o cargo, o que impediria que a mística da intocabilidade da camisa pátria fosse de novo negada, pela mesma ou outra jogadora “insatisfeita”, quebrando a magia que ela representa para os jovens do país?

Não, absolutamente não devemos admitir que uma situação deste porte se torne presente no exato momento que tanto precisamos de alento e esperanças. Não podemos e não devemos nos permitir pagar tão alto preço de testemunhar uma inversão de valores que nos aniquilará futuramente, pois a premissa defensora do formar “a melhor equipe possível” ( na cabecinha de alguns deslumbrados por “nomes”…) , não resiste ao inalienável fato de que devemos, isto sim, trabalhar o que temos de melhor, planejar e preparar com afinco e alta técnica as futuras gerações, professando o objetivo, a meta primordial, a defesa do bom nome e prestigio do país, representado pela suprema honra de vestir sua gloriosa camisa, sem jamais a desonrar e abandonar.

Este é o sonho que deve ser acalentado, e tornado realidade por aqueles poucos, muito poucos que o merecem conquistar.

Assim deve ser, assim será, em nome do bom senso e da justiça.

Amém.