O DEDO TORTO…

(…)- “O momento mais difícil foi entregar o jogo contra a Bulgária. No começo, eu não consegui. Não sabia como fazer, nunca tinha feito isso na minha vida antes. A gente tinha esse objetivo mesmo, e foi superado. Antes de dormir, à noite, esquecemos e superamos. Jogamos de acordo com as regras do campeonato. No fim, deu Brasil por merecimento, o esforço do brasileiro no dia a dia. Ganhou o melhor – afirmou Mário Jr, em entrevista ao SporTV.

Sem saber que Mário Jr tinha revelado a decisão de entregar o jogo, o capitão Giba contou que os jogadores fizeram uma reunião até 5h da manhã na véspera da partida contra a Bulgária.

– Soubemos tomar a decisão certa na hora em que foi preciso. Tivemos uma reunião até 5h da manhã. O que decidimos é do grupo, ficou entre a gente – afirmou Giba”(…).

Foi uma conquista tecnicamente perfeita, de uma equipe, que segundo o grande jogador italiano Zorzi, hoje comentarista desportivo, não precisaria se utilizar desse estratagema, dada a sua inquestionável superioridade ante os demais concorrentes, numa atitude reprovável e constrangedora, que ficou patente com as declarações do jogador Mario Jr. após a grande conquista, e a tentativa de ocultá-la por parte do capitão da equipe, Giba.

Mas o momento mais emblemático ficou por conta do presidente da CBV, Ary Graça, ao exibir para a câmera do Sportv seu dedo deformado pelas constantes fraturas de ex-levantador, que em conjunto com outros dois perfeitos, sinalizava o tri-campeonato, numa perfeita alegoria das conquistas, onde esta última pecou pela fraude consentida e deformada, tal qual seu anular, provando definitivamente que ainda teremos muito a evoluir no mundo do esporte e do olimpísmo, mesmo sendo tecnicamente campeões, mas, ética e educacionalmente lanternas.

E a Lei de Gerson, que tanto estrago nos tem legado, retorna triunfante e altaneira, sempre relevada, mais agora, justificada e redimida por um título que não precisaria, mas o foi, ser tão torto quanto o dedo do presidente.

Salve os campeões, orgulho e exemplo para a  juventude brasileira, e às favas a ética e o desportivismo…

Amém.

OUTRAS NOTAS…

(…) “Foi com um profundo mal estar que acompanhei a conquista de mais um título dos Estados Unidos no Campeonato Mundial. Ao contrário do professor Paulo Murilo, que respeito mas ouso discordar nessa questão, não vi absolutamente nada de encantador nos conceitos táticos oferecidos pela trupe de Coach K.”(…)

Esse é um trecho do artigo “Algumas Notas” publicado pelo jornalista Guilherme Tadeu no DraftBrasil de 6/10, sobre a conquista do mundial pela equipe americana em Instambul.

Concordo com ele não ter sido uma performance encantadora, bastante fragmentada em muitas situações, mas algo não podemos negar, foi revolucionário. E como em toda revolução, falhas, desajustes e omissões são registradas, como preço a ser cobrado pela ousadia reformista.

Não foi um Dream Team, assim como, não foi algo tecnicamente perfeito, mas sim uma ruptura radical e até certo ponto temerária, sob o aspecto tradição, de um conceito estratificado e convencionado como absolutista, globalizado, imposto e aceito servilmente, através a influência milionária e midiática da NBA pelo mundo.

O grande modelo técnico tático tornou-se o sistema único, padronizado e formatado, da formação de base até o patamar de elite, como um mar de praia única, como uma fórmula padrão de ver e jogar o grande jogo.

E por conta deste padrão, o mundo fora das fronteiras americanas cresceu além, muito além do que os próprios americanos pudessem imaginar, e deste ponto em diante começaram a perder sua supremacia. Ontem mesmo, num confronto do campeão da NBA, os Lakers, contra a equipe do Barcelona, este fator ficou bem patente, quando duas equipes jogando rigorosamente iguais taticamente, chegaram ao final da disputa tendo como vencedora a equipe européia.

E por conta daquelas perdas, foi que o basquete americano foi buscar nos quadros universitários um nome que primasse pelo novo, pelo instigante desafio de fazer frente a uma realidade bem próxima do dogmatismo asfixiante em que foi transformado o basquete mundial, agrilhoado a um sistema único de jogo.

Claro que algo novo soa e se apresenta imperfeito, já que preconiza de saída, rupturas conceituais. E foi o que assistimos, aceitando ou não a proposta do coach K, mas testemunhando um autêntico confronto a uma realidade estabelecida desde sempre, e o mais extraordinário, partindo de quem a implantou, sendo seguido e adotado pelo mundo do basquetebol.

E ao final da temerária e corajosa aventura, foram premiados com o título, num preâmbulo do que virá daqui para diante em termos de novos conceitos, novos sistemas, novas formas de jogar o grande jogo.

Foi exatamente essa a minha proposta ao dirigir o Saldanha da Gama no returno do NBB2, ousar mudar um estratificado cenário mal copiado, mal dirigido e mal difundido em todos os níveis do nosso basquete, da base às divisões adultas, colimando com as seleções municipais, estaduais e nacionais. E mais ainda, trazendo técnicos estrangeiros seguidores do sistema que o americano de Duke teve peito de modificar em uma olimpíada, e agora em um mundial.

Também ontem, assisti um jogo do campeonato paulista com duas equipes dirigidas por jovens técnicos, e, surpresa, jogando rigorosamente iguais, onde a enxurrada de arremessos de três marcou sua insistente e endêmica presença, e onde as defesas a estes petardos inexistiram, como sempre. Ou seja, continuamos atrelados, e agora sob novíssimas direções, aos preceitos do sistema único, que como afirmei antes, se tornou um dogma inarredável em nosso basquetebol.

Concordo com o Guilherme sobre a ausência de encantamento nas ações da seleção americana, campeã mundial, mas me nego a duvidar de sua transcendental importância para o futuro do basquetebol mundial, a partir do momento que se transfigure em novas, empolgantes e ousadas contribuições técnico táticas fundamentadas na técnica individual e na criatividade grupal, liberta das algemas de fora para dentro das quadras, liberta das coreografias mal desenhadas nas pranchetas onde se refugiam todos aqueles que se negam a olhar dentro dos olhos de seus jogadores, naqueles momentos que mais necessitam de ajuda, incentivo e calor humano, reflexos de um duro treinamento, que deveria ser  comungado por todos.

Amém.

RESPONDENDO AO ALCIR…

Recebo um email do amigo Alcir Magalhães convocando-me para opinar sobre os resultados pífios das seleções masculina e feminina nos recém findos campeonatos mundiais.

Coincidentemente, estava elaborando um artigo enfocando esse assunto, nada fácil por sinal, mas que de certa forma atende a convocatória do Alcir.

Foram os campeonatos da afirmação e solidificação do sistema único de jogo no atual cenário do basquete mundial, porém, com uma única exceção, como que confirmando a regra geral, a equipe masculina dos Estados Unidos.

Os dois torneios me fizeram lembrar de uma competição entre jovens pianistas clássicos na Rússia, sobre a obra de Chopin, onde uma mesma peça daquele gênio musical, foi o tema escolhido pelos 5 finalistas.

Imaginemos a cena de um teatro lotado, silencioso, respeitoso, com o imponente piano de cauda no centro do vasto palco, no qual, 5 jovens interpretes solaram uma mesma peça clássica, com a mesma partitura, sob o crivo analítico de uma mesma banca, para entendermos quais os critérios que os classificaram e premiaram.

Terá sido a beleza das interpretações, a sonoridade, o respeito à partitura original, a postura e presença cênica, ou além destes predicados, o profundo conhecimento da difícil e complexa peça, somente exeqüível se produto de uma técnica de execução somente possível de ser adquirida pelo treino intenso dos fundamentos musicais, desde o toque nas teclas, até o domínio da teoria musical?

Claro que algo de muito especial, mesmo ante a realidade linear que estava ali representada, definiria o vencedor, que não poderia ser outro, senão aquele que, mesmo contido dentro da rigidez da notação clássica, incluísse em sua apresentação um novo elemento, ou uma nova perspectiva não alcançada pelos demais concorrentes. E assim o foi.

Assim também o foi nesses dois mundiais, onde no masculino, uma equipe oriunda do país que popularizou e sedimentou o sistema único de jogo, que foi unanimemente praticado por todas as seleções intervenientes, os Estados Unidos, ao romper unilateralmente todo esse processo globalizado, levou de vencida a todos, num dos resultados mais previsíveis de todos os tempos, antepondo a essa previsibilidade todo o poderio de seu superior domínio nos fundamentos do jogo, no manuseio preciso da bola, do corpo e seus equilíbrios gravitacionais, até o domínio da leitura do jogo, movimentos análogos aos dos jovens pianistas, no domínio das teclas e da teoria musical.

No feminino, onde todas as equipes tiveram comportamentos lineares, rigorosa, técnica e taticamente iguais, somente o superior domínio dos fundamentos e da precisa leitura de jogo definiria o resultado, que repetindo o masculino, teve nos Estados Unidos o grande vencedor.

E a equipe brasileira? Bem, se pudéssemos traçar uma equivalência com o exemplo dado dos jovens pianistas, somente um diagnóstico poderia ser definido, para quem não teve o domínio das teclas e da teoria musical, a sucumbência ante a realidade, mesmo linear das demais equipes, na qual a inferioridade técnica nos fundamentos, e a má leitura de jogo, definiu com justiça e precisão a nossa classificação.

Mas, e a direção técnica, no que poderia ter influenciado, ajudado, contemporizado, minimizado ou potencializado?  Resposta crua e objetiva? Nada, a partir do momento em que após 3 meses de preparação e treinamento, agregou na véspera do primeiro jogo na competição, duas jogadoras que sequer participaram dos mesmos, e vindas de uma competição com regras e conformações técnico táticas antagônicas ao que encontrariam na competição mundial, como fatalmente encontraram, dando no que deu…

Finalmente, no concernente à direção da equipe masculina, somente um fator foi determinante em nossa má classificação, a inadequação de nosso pífio domínio nos fundamentos do jogo, que praticamente  anulou a concepção técnico tática proposta pelo técnico argentino, inviabilizando-a, levando a equipe para o improviso puro e simples, que mesmo demonstrando o talento de nossos jogadores, manteve-os vulneráveis às estruturas mais sólidas de nossos adversários, no ataque, e principalmente na defesa.

Concluindo, se não tomarmos um novo caminho no ensino e na divulgação de informações técnicas aos nossos técnicos e professores, responsáveis que são pela preparação fundamental de nossos jovens, aferindo e avaliando-os permanentemente, num movimento de massificação, nas escolas e clubes do país, em hipótese alguma chegaremos em 2016 com uma massa crítica que nos possibilitaria formar, treinar e preparar seleções condignas e competitivas, no que seria uma catástrofe anunciada.

Mas para tanto, urge que a CBB e a LNB, promovam o encontro daqueles técnicos e professores mais representativos na formação de base, assim como aqueles que lidam nas divisões superiores, todos irmanados no grande esforço visando o soerguimento do grande jogo nesse imenso país.

Fora isso, nada nos restará, a não ser as previsíveis lamurias protocolares, bem ao gosto daqueles que não desejam, que de forma alguma,  retornemos à grandeza do passado, ao nosso lugar de fato e de direito.

Trabalhemos então, é o desfio que proponho, a todos…

Amém.

 

QUE VERGONHA…

EXPLICAR O QUE?

SIMPLES, A SELEÇÃO CAMPEÃ MUNDIAL ENTREGOU UM JOGO PARA ENFRENTAR ADVERSÁRIOS MAIS FÁCEIS.

SEM JUSTIFICATIVAS, POR FAVOR!

“UMA MANCHA EM MINHA VIDA” – GIBA.

UMA VERGONHA PARA TODOS NÓS.

E AGORA, SR.NUZMAN?

A DECISÃO…

Dentro de algumas horas o Mundial feminino chega a seu fim na República Tcheca, e com um enfrentamento não previsto por muitos, reunindo americanas e as donas da casa, que chegaram na decisão após uma brilhante atuação em todo o campeonato.

As americanas são as favoritas? Creio que sim, por terem nas posições cifradas do basquete internacional as melhores jogadoras nas posições de 1 a 5, aspecto definidor no quem é quem desse globalizado basquetebol.

E foi o que se viu neste e no campeonato masculino vencido pelos americanos, a padronização total do sistema único de jogo, com uma honrosa exceção, os próprios americanos, com seu jogo livre e destituído dos posicionamentos codificados pelos restantes concorrentes, numa incoerência tática inusitada, pela surpresa, e pela coragem.

No caso do feminino, onde a proverbial disciplina tática atinge índices quase totais, a mesmice na forma de jogar foi de um absolutismo exemplar, por parte de todas as equipes intervenientes, da Europa às Américas, da África à Ásia, como num imenso clube, onde as regras e comportamentos se caracterizam pela mesmice sistêmica, e com um único e sólido fator de diferenciação, a qualidade de jogadoras em cada uma daquelas posições, quando possuidoras de melhores fundamentos, e melhor apuramento na capacidade de leitura do jogo.

Sistemas técnico táticos iguais e padronizados, jogadas iguais fluindo dentro dos mesmos, sinalizações idênticas, como idênticas as orientações desenhadas nas pranchetas, que reinaram absolutas nas transmissões televisivas.

Mas, acima de tudo, o fator diferenciador, representado pela eficiência, domínio e aplicação dos fundamentos, qualificando as equipes finalistas tão somente por este básico compêndio de habilidades e técnica apurada, e não, como o ocorrido no mundial masculino, uma diferente forma de atuar, de jogar o grande jogo, como fizeram os americanos.

Por que não inovar, procurar outros sistemas de atacar e defender, novas estratégias, novos comportamentos?  Por que motivo se manter sob o asfixiante domínio do sistema único, responsável pelo padrão monocórdio imposto pelos mais poderosos? Porque?

Não entendo e não aceito tais limitações, pois sempre que me for possível tentarei subverter tal ordenação, seja na condução de uma equipe, seja na formulação de comentários e artigos para serem lidos por aqueles que se iniciam na difícil, porém apaixonante arte de ensinar o grande jogo.

Ensinar o grande jogo, eis a questão a ser discutida profundamente, visando a formação de base, com os olhos voltados para 2016, quando nos envergonharíamos de falhar em nossa própria casa.

Amém.

SOBRE DETALHES…

A palavra de ordem no momento é “detalhes”, minimizadora de falhas de planejamento, equivocadas e políticas  escolhas administrativas, justificativas fajutas para fracassos, como se sua simples menção e lembrança  aplainasse o esburacado caminho por onde tenta caminhar o basquete tupiniquim.

Em 8 de abril de 2007 publiquei um artigo sobre uma correta definição desse tão mal compreendido e largamente empregado termo, por parte de quem sempre procura omitir verdades que teimam em não serem honesta e eticamente proferidas.

E quem sabe, talvez, possamos estabelecer de uma vez por todas, um significado justo e preciso sobre os detalhes que realmente precisamos resgatar e preservar para o bem do grande jogo entre nós.

Clique aqui e julguem por si mesmos.

Amém.

DELEGANDO MISSÕES…

COMPANHEIRO DE REVEZAMENTO, MISSÃO CUMPRIDA!

ESTAMOS DE PARABÉNS…

A TRINDADE…

(…) ”Aguardemos no que vai dar, pois amanhã, se não jogar com toda a equipe, num só patamar, num só ideal, e num só objetivo, corre sério risco de perder a oportunidade de provar que sua convocação, treinamento e preparação está acima de qualquer argumentação contrária, mesmo tendo agregado duas jogadoras que convocou, mas não treinou nem preparou, no ato falho mais inquisidor de seu comando.”(…)

Este foi o último parágrafo de meu artigo de ontem – O ato falho…– e que teve sua amarga comprovação no jogo de hoje, perdendo uma classificação para as quartas de finais, exatamente pela confirmação do mencionado ato, que originou uma das mais berrantes atitudes de individualismo explícito e proposital de que tenho conhecimento nos mais de 50 anos que milito no basquete.

De forma alguma o técnico espanhol poderá contabilizar como de sua autoria a ordem(?) de transformar um jogo decisivo como o de hoje, em um mundial da categoria, numa exibição solista, e em alguns momentos em duo, por parte das duas jogadoras que se agregaram a equipe na véspera da competição, numa clara e inquestionável decisão de levarem o jogo para ambas, como se a equipe se restringisse exclusivamente a elas. E por conta dessa atitude clara e propositadamente amotinada, pudemos assistir uma audição de como uma equipe não deve jogar e se comportar sob um comando, qualquer que seja ele, aceito ou não, correto ou equivocado, mas que se existente e empossado na forma de uma comissão técnica oficial por uma confederação, em hipótese alguma poderá ser contestado, até o momento de sua dissolução, também e necessariamente por uma iniciativa oficial.

Mas, se ao contrário, o nosso selecionador e técnico assim agiu, de livre arbítrio ( o que duvido, mas…), propiciou a uma equipe adversária, em uma decisão classificatória, a maior das oportunidades possíveis numa partida desse quilate, se concentrar nas investidas tresloucadas de uma jogadora absolutamente egoísta, e em alguns decisivos momentos gerar dobras duplas e triplas na outra jogadora do duo.

E deu no que deu, com as investidas sendo bloqueadas na maioria das vezes  ( a primeira, inclusive, no primeiro ataque do jogo, culminou num toco profético do que viria pela frente…), e as seguidas e persistentes dobras sobre a pivô, que irritada e tensa descontrolou-se em faltas pessoais, sendo mantida longos períodos no banco, mas sempre quando em quadra dividia com sua companheira na equipe americana, as honras de solistas.

Se o esquema técnico tático da equipe, após 3 meses de treinamento e preparo, se apresentava como falho e de difícil execução por parte de jogadoras sem os devidos fundamentos necessários ( será que foram treinados?) para pô-lo em prática, além da inadequação física de algumas delas, principalmente no aspecto defensivo, se apresentavam como uma constrangedora e comprometedora realidade, o fato novo promovido por duas jogadoras qualificadas no pretenso “melhor campeonato de basquetebol do mundo” ao se incorporarem à equipe na véspera do campeonato, fez despencar o “planejamento profissional” de uma comissão, que ao aceitar e vincular ao mesmo, e torno a repetir, após 3 meses de preparo intenso, duas jogadoras sem o mais ínfimo entrosamento ao sistema proposto pelo técnico espanhol, só poderia culminar com o resultado de hoje.

O lamentável de tudo isso, é a constatação imperdoável de que todo um grupo, uma equipe, se viu refém de uma trindade nos momentos mais decisivos dessa competição, um técnico imaturo e até certo ponto ingênuo, e duas jogadoras, nomeadas e empossadas como a salvação de uma lavoura mal regada, mal adubada , e pior ainda, mal colhida.

Planejar uma seleção é trabalho para poucos, para os mais experientes, para os realmente comprometidos com o basquete nacional, da formação à elite, restando aos mais jovens a sacrificada e persistente tarefa de aprenderem e apreenderem daqueles que realmente conhecem o grande jogo, seus caminhos e atalhos, pelo mérito e jamais pelo fator que nos tem consumido, o maléfico e comprometedor Q,I.

Que nos sirva de meta mais essa lição, que infelizmente, e como sempre é dolorosa.

Amém.

PS- Q.I.- Quem indica, ou, uma ação entre amigos…

O ATO FALHO…

Jogamos uma partida decisiva com 7 jogadoras, fato inédito em se tratando de uma seleção nacional, independendo de que nação for. É prova irrefutável da falta de plena confiança de seu comandante na totalidade de um plantel convocado, treinado e preparado por ele, por 3 meses, que além do mais só pode contar com duas de suas principais peças na véspera do jogo inicial. Logo, de real mesmo, só se utilizou de 5 jogadoras de uma equipe que convocou, treinou e preparou para um mundial.

E das que não atuaram, algumas titulares em jogos anteriores, ficou bem patente as dispensas diretas das mais pesadas, mais lentas, que não seriam capazes de acompanhar o ritmo frenético das oponentes nipônicas(foram situações previstas no planejamento?…).

Mesmo assim, a equipe sofreu 91 pontos, não foi capaz de acompanhar as constantes penetrações das pequenas japonesas, assim como foi incapaz de conter os arremessos de três, comum atitude em todos os jogos até aqui disputados.

Mas conseguiu fazer 93 pontos, vencendo uma partida que por pouco, muito pouco, quase perdeu.

A equipe dependeu da Érika, totalmente, pois foi a responsável pela não dilatação do placar em favor das japonesas por todo tempo em que se manteve em quadra, fazendo valer sua estatura e força física na luta pelos rebotes, mesmo errando muitas bolas embaixo da cesta. Arremessos de três que nos colocaram na prorrogação e definiram o jogo nos segundos finais, complementaram a artilharia de curtíssima distância deflagrada por um jogadora que se impôs à única brecha da equipe oriental, sua incapacidade de frear uma pivô daquela envergadura.

Preocupa-me dois pontos para o jogo de amanhã contra as donas da casa, as tchecas. Primeiro, o fator banco, agora composto por jogadoras que não contam com a integral confiança de seu técnico, que as convocou, treinou e preparou…

Segundo, a reciprocidade das que atuaram na vitoria de hoje, onde muitas das ações que se utilizavam antes de serem convocadas, treinadas e preparadas pelo técnico espanhol, voltaram a ser praticadas à sua revelia (ou conivência…), principalmente no concernente às duas jogadoras que chegaram na véspera da competição, as únicas que somente foram convocadas, já que não treinaram e nem foram preparadas pelo mesmo.

Será um jogo referência no aspecto da real existência de um comando técnico tático de fato na seleção, que a exemplo do que foi hoje constatado na prática, deixou de ser propriedade da equipe em seu todo ( 12 jogadoras de uma seleção nacional), para se constituir numa pequena capitânia de propriedade de algumas jogadoras em especial.

Aguardemos no que vai dar, pois amanhã, se não jogar com toda a equipe, num só patamar, num só ideal, e num só objetivo, corre sério risco de perder a oportunidade de provar que sua convocação, treinamento e preparação está acima de qualquer argumentação contrária, mesmo tendo agregado duas jogadoras que convocou, mas não treinou nem preparou, no ato falho mais inquisidor de seu comando.

Torçamos para que as tchecas nos permitam jogar, apesar de tudo…

Amém.

TRISTES CONSTATAÇÕES…

O jogo teve um primeiro quarto parelho, com as duas equipes jogando rigorosamente iguais taticamente, mas já dava para notar a grande diferença no aspecto da técnica individual, assim como no condicionamento físico das jogadoras. Individualmente era grande a discrepância no domínio dos fundamentos, principalmente nos passes, nos deslocamentos sem a bola, e no posicionamento defensivo, aspectos estes de largo domínio das russas, que somados à sua superioridade  física, onde jogadoras muito altas se destacavam pelo físico enxuto, atlético e muito veloz, se antepondo às nossas jogadoras, muito carentes de fundamentos básicos do jogo, e em condições físicas nitidamente inferiores, tornando-as lentas e incapazes para duelarem nos rebotes, e nos embates, tanto ofensivos, como defensivos.

Do segundo quarto em diante, quando tais diferenças se acentuaram pelo aumento de ritmo imposto pela equipe russa, rapidamente a diferença no placar se fez notar, atingindo a diferença de 20 pontos.

Os dois quartos finais repetiram o terceiro, nos quais em nenhum momento a equipe russa se sentiu ameaçada, num jogo fácil e despreocupado.

Duas foram as constatações marcantes neste jogo. A primeira demonstra que o nosso modelo biotipológico raia ao grotesco, com jogadoras altas, razoável técnica individual, mas clara e visualmente obesas, tornando-as lentas, previsíveis, e com elevação do solo insignificante, e não só as veteranas, como algumas novatas. Enfrentar equipes como a russa, caracterizadas pela velocidade e pela capacidade de salto, com jogadoras como as nossas, beira ao ridículo, nos remetendo e lembrando na prática o quanto de equívocos permeiam a formação e a preparação de nossas(os) jogadoras(es), desde a base.

E com tantas limitações técnicas, como se exigir disciplina tática de uma equipe tão carente de fundamentos?

Porque nestes três meses de preparo não se priorizou exatamente os fundamentos básicos do jogo? Pela tradição de considerarmos que jogadoras(es) adultas(os) em seus clubes e nas seleções não os necessitam treinar, como se fosse uma regressão o ato de praticá-los?

E também neste elástico prazo, por que não foram implementados treinos de condicionamento físico, visando a perda de gorduras supérfluas  responsáveis pela lentidão física e mental de algumas de nossas jogadoras?

E também, desenvolver um sistema de jogo inovador, a fim de surpreender equipes que maciçamente empregam o sistema único internacional?

Bem, são questões que só poderão ser respondidas pela comissão técnica que comanda a seleção, e que em hipótese alguma poderá negar que teve um longo tempo à disposição para prepará-la, e se não o fizeram…creio ser uma outra história para ser contada.

Mas como a competição terá continuidade, somente temo que a notória e histórica velocidade nipônica não nos pregue mais uma triste peça logo mais.

Torço (meio desconfiado) para que não ocorra, sabedor que sou da grande possibilidade que, infelizmente, torne a acontecer.

Amém.