ENFIM, DISCUTE-SE A ENTB/CBB…
Enfim discute-se a ENTB/CBB, e o debate entre o seu coordenador pedagógico, Prof. Dante De Rose e o Prof. pernambucano Raul Lopes tem rendido excelentes enfoques publicados pelo Clipping do Basquete, editado pelo incansável Alcir Magalhães de Brasília.
Um pouco antes deste debate, publiquei vários artigos sobre o tema Escolas de Técnicos, tendo, inclusive, recebido dois email’s do Prof. De Rose, mas em caráter pessoal, os quais ainda não respondi, pois manter em sigilo um assunto desta importância para a comunidade do grande jogo não corresponde à realidade deste blog, onde assuntos desta magnitude sempre são levados ao conhecimento público, a fim de suscitar debates e reflexões, fundamentais para o encaminhamento da modalidade ao encontro das análises, sugestões e realizações voltadas ao desenvolvimento democrático da mesma. No entanto, o sigilo jornalístico tem de se manter íntegro, até o momento em que ambas as partes permitam sua divulgação, como ocorreu entre os dois professores acima citados.
A concessão ao conhecimento público da correspondência dos dois eminentes professores divulgadas e publicadas pelo Clipping, deixa-me na expectativa de que algo correlato possa ser alcançado pelo conhecimento público do debate privado, e ainda unilateral, desenvolvido por mim e o Prof, De Rose, pois atinge o cerne da discussão, ou seja, a constituição e regulamentação da ENTB, assim como seus poderes e quadros dirigentes e de assessoria, constituídos por convites, e não pela gradação meritória dos técnicos que a compõe.
O Prof.De Rose contesta minhas posições, cobrando-me educadamente respostas e colocações, mas, a exemplo (bom exemplo…) de seu debate com o Prof. Raul, dou-me o direito ao silêncio coloquial, guardando as devidas respostas se puderem ser veiculadas publicamente, como devem ser os debates de interesse social.
Quanto à minha colocação pública de que a ENTB é uma farsa como instituição de ensino do basquetebol, mantenho-a, já que voltada ao estabelecimento permanente e definitivo de uma forma de atuar, divulgar, ensinar e perpetuar um sistema único de jogo, de influência exógena, e contrária à nossa vocação histórica pela prática diversificada e generalista, respeitando as regionalidades e a constituição multifacetada de nosso gentio.
Finalmente, conclamo a todos os técnicos, para que se manifestem sobre tão importante tema, debatendo-o e estimulando novos posicionamentos, a fim de que uma Escola de Técnicos represente o que temos de melhor a ser ensinado e divulgado nos mais recônditos limites deste grande país, e não um simples instrumento de formatação e padronização do que ai está, teimosamente implantado por um grupo que se perpetua no comando.transformando-o num nicho corporativista e único.
Podem enterrar a verdade, matá-la, nunca. Que ela floreça, forte e definitiva.
Amém.
Grande Mestre e Prof. Paulo Murilo;
Continuo de longe lendo e aprendendo com esse seu jeito diferente de ver, pensar e jogar o basquete.Pude ter a honra de poder todos os dias ver e acompanhar a forma diferente e excepcional de se jogar o basquete, lembrando que os princípios básicos foram esquecidos e resgatando a arte de jogar simples,porém eficiente. Que saudade faz ver uma equipe comandada por suas mãos.Tenho sempre a esperança de que um dia você retorne. Um enorme abraço!!
Thomaz – Vitória/ES.
Obrigado Thomaz por sua generosidade. Também sinto enormes saudades daquele pouquinho de tempo que me destinaram no comando do Saldanha, e que tanto representou para os capixabas e o basquete em geral.Mas a realidade do basquete profissional tem lá suas leis e indiciocrazias, entre as quais a de não se permitir grandes mudanças técnico táticas por sobre um status quo sedimentado e corporativista.
Um tempo a mais do que me foi permitido seria perigoso demais ao que ai está estabelecido, a mesmice endêmica, garantidora de empregos e de privilégios.
Mesmo assim agradeço sua bondade em relatar aquela excelente experiência, e espero que um dia, quem sabe, possa ter uma continuada chance de restabelecê-la.
Um abraço, Paulo Murilo.
Professor Paulo, tudo bom ?
Me intriga apenas as tão poucas horas de aula no curso. São pouquissimas, ainda que tenhamos uma parte à distância.
Li a grade curricular de um curso técnico nível I (na Espanha) e me assustei com a diferença do curso deles para o nosso.
Mesmo se fosse um curso similar à pós-graducação, por exemplo, ainda temos uma diferença monstruosa em horas/aula.
Este é o meu grande questionamento.
Por que tão poucas horas para formar um técnico nível I ? (E II, III,etc)
Um grande abraço
Professor, desta vez venho fazer algumas perguntas de cunho mais técnico e pessoal: o que o senhor acha do ‘euro-step’? (nome dado às passadas e bandejas feitas, principalmente, pelo Manu Ginobili, na NBA) Tento aprender, tendo em vista que domino as bandejas mais do que a média (tanto de ‘armadores’, quanto de ‘alas’ e, absurdo, mas é verdade, de ‘pivôs’) Faço com relativa facilidade as passadas, o que abre até mesmo novas opções de passe em caso de outro jogador vir a me marcar, deixando seu ‘matchup'(voltando sempre ao 1 contra 1, monótono, difícil e, até mesmo, triste). Mas ainda tenho alguns problemas em relação aos arremessos, como a dificuldade em produzir o backspin, além do domínio do equilíbrio corporal para o arremesso em si. Então essas são as duas perguntas: por que o ‘euro-step’ é tão desvalorizado em relação aos ‘aéreos’ que levam às enterradas, e qual seria a maneira correta (veja bem, não a mais fácil) para que eu consiga um domínio completo do meu corpo e, consequentemente, do ato de arremesso?
Obrigado
Você esquece um sutil fator, Henrique. Aliás, todos que defendem a ENTB também o esquecem, e sabe qual é? Para que muitas horas de “insano”( mas muito bem pago…) trabalho curricular para ensinar o que todos praticam a anos, revêem sistematicamente nos jogos, de que categoria e faixa etária que for, são lembrados maciçamente pelos comentaristas da TV, assim como pela maioria dos responsaveis pela mídia e pela web, e por conseguinte, por todos os torcedores e simpatizantes do basquetebol, que é o fato inconteste e indiscutível da realidade técnico tática de um único sistema de jogar conhecido e aceito por todos? Então, por que perder tempo em ensinar o óbvio? Alguns fundamentos aqui, uns exerciciozinhos acolá, e pronto, cursos, clinicas e palestras fecham um ciclo movido por uma única e coercitiva forma de jogar. Simples, não?
Trata-se de uma verdadeira lavagem cerebral, repetida à exaustão, divulgada como verdade absoluta, onde as especializações de 1 a 5 escravizam e descerebram nossos jovens, e os adultos jogadores também.
Por isso as poucas horas de aulas, mais do que suficientes para padronizarem e formatarem ações contumazes.
Um abraço, Paulo Murilo.
Profesor Paulo,
concordo sobre o sistema. Porém, como vão mudar isso sendo que praticam este jogo faz 20 anos ?? Como vão mudar se muitos se quer viram a epoca que existia outra forma de jogar por aqui ?!
Não existe interesse por parte de ninguem em mudar. Digo, dos que estão no comando, o desejo é manter o status-quo, isso é o que vale a pena pra muitos por aí. Para que “inventar” e depois, ver a criatura tomando o lugar do criador ????
E uma dúvida Professor. Se eu, com meus diplomas de licenciado e bacharel em Educação Física não prestar este curso mas continuar a treinar uma equipe de basquetebol, serei impedido com o passar dos anos ??????
Isso pode acontecer ?
Um grande abraço !
Prezado Diego, respondendo suas duas questões, posso adiantar a você com a mais absoluta precisão, que o euro-step de europeu não tem nada,pois de muito era empregado nos colleges americanos, onde o Pete Maravich o levou à perfeiçãol, assim como, nos anos 70, tivemos aqui no país um jogador de Pernambuco, o Ulisses, que era simplesmente perfeito nessa habilidade de executar o segundo tempo rítmico da bandeja( uma passada= dois tempos ritmicos, sendo o primeiro ao cessar o drible concomitantemente à definição do pé de apoio, e o segundo para concluir o arremesso antes, ou ao mesmo tempo em que desprega o pé de apoio do solo)executando-o para o lado, e não para frente.Logo, denominá-lo de euro é puro marketing de midia, falseando(o que está se tornando praxe), o conhecimento histórico.
Quanto ao backspin não ser de seu dominio, é por que algo está errado em sua pega, empunhadura, fazendo com que você “empurre” mais do que acelere a bola nos arremessos. Se as pontas dos dedos forem as últimas a tocarem na bola, é que fatalmente foram as mesmas que incutiram o movimento aceleratório à bola, demonstrado pela flexâo da mão impulsionadora em direção ao pulso, tendo o backspin como resultante deste movimento. Agora, se a movimentação corpórea no gestual do arremesso ainda se encontra fora de seu controle, é porque você ainda não conseguiu dissociar o movimento de lançar, com o deslocamento corporal. São ações assimetricas, e até conflitantes, exigindo muito treino e coordenação especifica para cada um dos segmentos, o envolvido com o lançamento, e o mantenedor do equilibrio em torno de seu centro de gravidade. A série Anatomia de um Arremesso aqui publicada( acesso através o espaço Busca de Conteúdo…)exemplifica essas ações.
Espero que possa ter dirimido suas dúvidas, e treine bastante.
Um abraço, Paulo Murilo.
Henrique,se não existe o interesse em mudanças, por que não forçar as mesmas? Dei um primeiro passo, e logo, logo cortaram minhas asas na Liga, mas não me impediram de voar por conta própria, e nem têm peito e condições de evitarem meus vôos, sejam eles quem forem, a maioria socada em seus mediocres e covardes anonimatos. Mas sei bem quem são, um por um, pois são muito ignorantes nas tentativas de enganar um profissional de 71 anos e 50 de dura labuta.
Invisto nos jovens, cheios de sonhos e esperanças, abertos ao novo, ao debate, ao dialogo franco e responsável. À gang, meu desprezo e aversão desde sempre.
Quanto à sua dúvida profissional Henrique, elaboro a seguinte questão: Que poder pode ter um Cref da vida para contestar um curso superior de graduação, de licenciatura, sob a égide de um Ministerio da Educação, tendo como contra partida uma massa critica de provisionados, muitos semi alfabetizados, que vêm autorizando nos últimos anos pelo país afora?
Ações judiciais bem orientadas derrubarão apropriações indèbitas sobre valores e conquistas auferidas nos bancos universitários, e não nas esquinas sombrias da aventura irresponsável.Educação e Desporto são assuntos muito sérios para serem tratados como mercadoria por mascates oportunistas. Tenho fé que a razão e o direito triunfarão, mas para tanto precisamos lutar energicamente pelos mesmos.
Um abraço Henrique, Paulo.
Prezado Professor Paulo Murilo,
Aproveito o espaço para lhe parabenizar pelas excelentes matérias, e também perguntar sobre o andamento da escola de basquete, pois tenho muito interesse em participar.
Abraços,
Clayton.
Prezado Clayton, conversando com o Walter e o Gil, resolvemos dar inicio ao Centro Brasileiro de Estudos do Basquetebol(CBEB)e não uma Escola, a fim de que não se estabeleça nenhum conflito com a ENTB, e mesmo porque, primaremos pelo estudo de temas de formação e de competição, muita bibliografia, videos, e uma permanente discussão e troca de idéias entre os professores e os leitores, na forma de debates, Chats e consultas diretas e personalizadas entre todos os participantes. Somente técnica, bases da aprendizagem e conceituação tática de todas as epocas do grande jogo. Outros professores qualificados lá aportarão, e já aceitaram participar do projeto.
Enfim, logo que a página estiver pronta e testada iniciaremos o CBEB. Até lá (muito em breve), com a ajuda e participação de todos.
Um abraço, Paulo Murilo.
Tudo bem, Professor Paulo Murilo?
Cada vez que acesso o site, infelizmente não tanto quanto gostaria, me torno cada vez mais seu fã. Pela sua postura corajosa em lutar contra lastimável situação em que o nosso amado jogo se encontra e pelas explicações do seu posicionamento sempre bem fundamentadas. Não é “puxassaquísmo” é só a opinião de alguém decepcionado e ao mesmo tempo esperançoso de que mundanças possam logo vir.
Ansioso pela criação do CBEB!!!
Um abraço, Cleverson.
Prezado Cleverson, a luta não pode dar tréguas, mesmo que aparentemente inglória. Seguimos então. Quanto ao CBEB, sairá muito em breve, faltando somente aspectos técnicos sobre o site.
Um abraço, Paulo Murilo.
Prezado Dr.Murilo,
Sou um fã do Basquete, e quero vê-lo crescer e melhorar no Brasil. Com esse objetivo, me pergunto se o ENTB contribui ou não para que isso se torne realidade ? Pelo que vi até agora, ajuda, pois visa elevar o nível de jogo dos jogadores pela capacitação dos técnicos.
Não vejo sentido em ter uma variedade de sistemas que comprovadamente não tem a capacidade de produzir jogadores excelentes. No momento que o sistema em questão se mostrar ultrapassado, ou falhar em produzir jogadores de qualidade, pode se repensar o sistema, mas ser contrário a uma padronização que visa educar os treinadores a formar excelência em basquete(mesmo que nos moldes atuais não alcance isso) me parece não ter sentido. Qual o sentido de defender a “nossa vocação histórica pela prática diversificada e generalista, respeitando as regionalidades e a constituição multifacetada de nosso gentio” se isso não tem demonstrado bons resultados ?(Visto o tempo que faz que o Brasil não participa de uma olimpíada)! Por outro lado, os hermanos, com suas padronizações e sistemas, tem se tornado a potencia latino americana no Basquete. Não seria a questão de reconhecermos isso e, humildemente, aprendermos a lição ?
Prezado Rafael, tomei seu comentário como tema de meu próximo artigo, e espero que não se aborreça por fazê-lo. Obrigado pela sua excelente colocação a respeito da ENTB.
Um abraço, Paulo Murilo.
Obrigado pela resposta na forma de artigo, aborrecimento jamais!
Abração!
Rafael