NO MAN IS A ISLAND (O JOGO)…
Em inúmeros artigos aqui postados, discorri sobre a solidão do comando, de sua imutável e irrecorrível realidade, a da tomada responsável de decisões fundamentadas no conhecimento, na experiência e na irrestrita certeza de ter tomado o caminho mais correto possível, tanto no aspecto técnico, como no aspecto fundamentalmente humano.
Mas nunca a tinha experimentado na acepção do termo, quando na direção de uma equipe adulta, sozinho num banco de reservas acompanhado de três jogadores qualificados, e um impossibilitado de participar do jogo por problemas de inscrição, além de um outro fora da quadra com problemas de visto de trabalho a ser resolvido.
Um assistente técnico, nem pensar, assim como um fisioterapeuta, um estatístico, ou mesmo um mordomo. Do outro lado, uma equipe bem estruturada que ainda reclama melhores condições de trabalho, num flagrante descompasso perante a dura realidade de nosso basquete de elite(?).
Mesmo assim houve um jogo, que poderíamos ter ganho se pudéssemos ter contado com um dos dois armadores impossibilitados administrativamente de participar, fator que já previra quando do treino que antecedeu a partida.
Desculpas? Falsas explicações? Não, somente uma constatação técnica e tática, pois os cinco pivôs móveis que se revezaram em trincas durante todo o transcorrer do jogo, o fizeram eficiente e consistentemente, ao contrário dos dois armadores de ofício, e do ala adaptado na função, que não puderam manter o equilíbrio linear, já que suas intensas funções ofensivas e defensivas, sem as devidas e fundamentais rotações, os levaram a um grau de exaustão limite, responsável por alguns erros pontuais, importantes no resultado final, além de um fator arbitral de monta, principalmente no quarto final da partida.
Naquele quarto, a imprecisão defensiva por parte da equipe de Macaé sobre os três pivôs que concluiam dentro do perímetro interno, forçaram seus defensores a um jogo extremamente físico, e em muitos casos faltoso, sem que os juízes interviessem pela marcação das faltas que se fartaram de existir. Compreende-se que perante um sistema compressivo dentro da zona restritiva, onde seis homens se defrontavam, o grau de dificuldade, motivado pela velocidade das ações, confundissem um juiz, ou outro quanto ao descumprimento das regras em vigor, mas nunca os três juntos, que assistiram defensores puxarem, se dependurarem e bloquearem faltosamente os atacantes impunemente, conseguindo com estas ações reverterem o placar em seu favor, somando-se ainda o cansaço dos armadores sem as rotações necessárias.
E mais, naquele quarto final, face aos fatores acima apontados, uma situação conflituosa ia sendo deflagrada, como resultante da ausência das marcações de faltas, ostensivamente expostas, e negligenciadas pela equipe arbitral. O não costume de arbitrar jogos com seis homens lutando na zona restritiva, pode ser até reconhecido, face a total similitude ofensiva da grande maioria das equipes brasileiras, sugerindo com isso uma padronização de critérios de arbitragem. Mas daí, deixarem de aplicar o rigor das regras, quanto a faltas pessoais realmente ocorridas, mesmo fora dos padrões e critérios existentes pela mesmice técnico tática, é outra bem diferente história, e que precisa ser discutida e referenciada, pois, caso contrário, será quase impossível a adoção de novos sistemas onde a participação massiva de jogadores nas zonas restritivas se façam presentes. Se me for possível, veicularei o vídeo deste jogo, para que todos nós possamos analisá-lo e discuti-lo, inclusive os árbitros.
Enfim, jogamos um bom jogo, parabenizamos os vencedores, e não gesticulei nem me indispus, mesmo revoltado, com qualquer dos juízes, como sempre ajo nos jogos. Finalmente, não me conformo, em hipótese alguma, com a situação de indefinição material e técnica por que passa toda uma equipe composta de bons e dedicados jogadores, e torço, sincera e honestamente, para que encontrem um porto seguro, a fim de darem prosseguimento a sua pungente saga, assim como seguirei meu destino, na initerrupta busca de condições dignas e justas, onde compromissos de trabalho sejam devidamente honrados.
Amém.
OBS- Clique nas imagens para ampliá-las.
Professor,
imagino as dificuldades para realizar o trabalho. Nem em times de torneio amadores, vamos com ninguem para ajudar fora da quadra, função tão importante quanto qualquer outra.
Torço para que os problemas existentes, estes que parecem ser emergenciais sejam solucionados no tempo disponível, pois Cabo Frio só tem a ganhar com a presença do senhor.
Um forte abraço !
Não imagine, não pense e não se preocupe Henrique, pois se tais e sérios problemas subsistirem ciclópicamente no âmago do basquete brasileiro, do que depender de mim, não irão adiante, definitivamente, pois prefiro viver à margem do mesmo, do que coparticipar de ações que o aviltam e humilham.Não mais preciso estar dentro de uma quadra, para continuar dignificando-o e trabalhando para seu merecido sucesso, apesar dos que o odeiam, mesmo no comando. Podem tentar enterrar a verdade, matá-la, nunca.
Um abraço, Paulo.
Prof. Paulo, parabéns pelo jogo! Mesmo com a derrota, acredito que o senhor desempenhou um papel de um verdadeiro professor, que conhece muitas áreas. O senhor foi técnico, assistente técnico, um fisioterapeuta, um mordomo, enfim, tudo.
Um abraço, Felipe Diego.
Professor,
Que falta faz uma comissão técnica, fiquei feliz em vê-lo mais uma vez dirigindo uma equipe, tudo isso me traz muitas recordações, e que, me fizeram crescer muito profissionalmente. Hoje tenho uma outra concepção quanto a postura que temos que ter dirigindo uma equipe. Um abraço
Washington Jovem
Houve uma época, prezado Felipe, em que incorporei todos estes personagens, do técnico ao mordomo, pois era a forma, a única forma de iniciarmos uma carreira junto ao grande jogo. Ainda hoje, por esse imenso país, muitos professores se transformam nesses personagens, pois a necessidade de administrarmos a nossa pobreza subsiste, e ainda subsistirá por um longo tempo, fruto de uma total ausência de políticas nacionais voltadas à educação e ao desporto de base. Mas, aos 72 anos voltar ao começo pesa sobremaneira, além de representar um retrocesso em todo um projeto evolutivo de vida, mesmo assim enfrentado, mas lamentado e sentido. Vida que segue, sem falsas expectativas, mas plena de esperança em dias melhores.
Um abraço, Paulo Murilo.
Foram tempos magníficos Washington, que marcaram nossas vidas de forma indelével e inesquecível.
Formular, testar, treinar e ver jogar algo de novo, instigante e sem temores, valerá sempre a pena, mesmo que tarde o sucesso. No entanto Washington, plantar para o futuro deverá ser sempre a grande meta a ser perseguida por todo aquele que crê no progresso, no trabalho árduo, e acima de tudo, que crê em si mesmo.
Um abraço saudoso, Paulo.