SIGNIFICATIVAS, PORÉM AINDA PEQUENAS EVIDÊNCIAS…

Duas matérias que foram veiculadas nesta semana pelos blogs Território LNB e Giro no Aro, me chamaram muito a atenção, pois discutiam ações estabelecidas por mim quando da direção do Saldanha da Gama no NBB2.

O que nos dizem estes 50cm, foi a matéria inicial editada pelo jornalista Bernardo Guimarães do Território LNB, englobando um excelente estudo sobre os arremessos de 2 e 3 pontos efetuados por todas as equipes no recém findo NBB3, comparando-os com os dois NBB’s anteriores, num exercício impactante sobre a enorme influência dos arremessos de 3 pontos na nossa cultura basquetebolistica.

Porém, num único ponto o excelente estudo cometia uma quase imperceptível falha, o fato de que no NBB2, a equipe do Saldanha da Gama viveu dois momentos técnico táticos radicalmente diferentes durante o campeonato, quando na terceira rodada do returno daquela competição, teve mudados seus sistemas de jogo, alterando consubstancialmente sua forma de utilização dos arremessos de 2 e 3 pontos, consoantes na forma de atuar da equipe no emprego do sistema único de jogo adotado por todas as equipes participantes. Com a profunda mudança, passou a atuar com 2 armadores e 3 pivôs móveis, priorizando intensamente o jogo interno, reservando os longos arremessos aos dois especialistas da equipe, e em situações únicas e exclusivas de passes advindos de dentro para fora do perímetro interno.

Sugeri ao ótimo jornalista e pesquisador, que avaliasse a possibilidade de um sub estudo de sua matéria prioritária, no que fui entendido e atendido de forma precisa e elucidativa. A matéria Um recorte nos 3 pontos – O Saldanha do Paulo Murilo, fez justiça àquela rápida (foram 11 jogos) participação de uma equipe que inovou sistemas, com coragem e ousadia ante uma mesmice técnico tática endêmica.

Mas foi uma liliputiana vitória de Pirro, pois não foi permitida à mesma ( e a mim em particular…)toda e qualquer continuidade no NBB3, já que ousava transgredir padrões estabelecidos, para a desgraça do grande jogo aqui (sub)desenvolvido.

O Giro no Aro, dos jornalistas Alfredo Lauria e Guilherme Tadeu, teve por este publicada a matéria Rafinha, o próximo grande armador brasileiro, jogador que dirigi naquela mesma equipe do Saldanha, quando das mudanças acima mencionadas, dividindo a armação da equipe com seus companheiros Muñoz e João Gabriel. Naquele sistema de dupla e real armação, onde as funções eram idênticas na forma e na técnica de atuação, a única variável incidente era a do teor de criatividade emanada de cada um dos três especialistas na função de armar e unir coerentemente seus companheiros, em torno de um sistema exclusivo e montado para uma equipe que o treinou, estudou, discutiu e aplicou de forma uníssona e comprometida.

E foi dentro desse sistema que o Rafael se destacou de forma brilhante e consistente, com pouquíssimos erros e uma enorme contribuição na arte de armar uma equipe de basquetebol, além, e o mais importante, exercer uma instigante presença defensiva, que foi a marca daquela inesquecível experiência basquetebolistica que tive a honra de participar.

Enfim, vejo e sinto que aos poucos eclode, ainda que fragilmente, um conceito de reconhecimento a um fato, ou fator, de que podemos jogar o grande jogo de uma (ou várias) formas diferentes de um sistema único, que ainda nos escraviza a posicionamentos exclusivos de 1 a 5, em torno do qual se montam e desmontam equipes ( na esmagadora maioria por dirigentes, e não os técnicos, como deveria obrigatoriamente ser……), escravas de empresários e agentes que marqueteiam falsos astros, e muita gente que se deslocada de suas posições “ especializadas”, sequer domina os fundamentos básicos do jogo.

Que essa triste e comprometedora realidade nos faça pensar e repensar novos caminhos, na perene busca do soerguimento do grande, grandíssimo jogo entre nós.

Amém.

PS- Clique na imagem para ampliá-la.



6 comentários

  1. Thiago Tosatti 10.06.2011

    Bom dia Professor!!

    Como o senhor mesmo costuma dizer: “podemos matar a verdade, mas enterrá-la jamais”, por mais que tentem não conseguirão esconder o grande trabalho que o senhor fez no Saldanha da Gama. Pelos comentários da matéria vê-se que a torcida aprovou completamente seu trabalho e gostaria que o senhor lá estivesse.
    O sistema pode estar tentando excluir o senhor, mas trabalho jornalístico sério, pessoas que acompanham seus ensinamentos pelo blog, e todos que gostam de basquete e viram aquele time do Saldanha da Gama jogar querem que o senhor volte.

    Abraços Thiago

  2. Basquete Brasil 10.06.2011

    Bem, Thiago, a frase correta é – Podem enterrar a verdade, matá-la, jamais.
    Isso posto, afianço a você que o sistema não está tentando o que já conseguiu, me afastar das quadras, mas aindo acredito que possa existir um clube, ou dirigente que se insurja contra tanta covardia, não propriamente contra mim, e sim contra uma real possibilidade de abrirmos novas frentes para o grande jogo, tão minimizado e humilhado em nome de interesses corporativos e até, mafiosos.
    Mas vamos em frente, que dias melhores hão de vir.
    Um abraço, Paulo Murilo.

  3. Gil Guadron 10.06.2011

    Con el mayor de los respetos:

    Hemos leido las opiniones tan favorables hacia usted ,vertidas por tan distinguido periodista, y con el mayor de los respetos nos preguntamos en la distancia, porque usted no es contratado como entrenador en la liga superior ?, o como metodologo de la Confederacion Brasileña de Basquetbol ?.

    Pues ademas de su vasto conocimiento basquetbolistico ya mostrado en la practica, usted posee las acreditaciones academicas del mas alto nivel para desempeñar dichas tareas.

    Que extraordinario seria que alguien le diera de nuevo la oportunidad de que usted volviera a las canchas.

    Con cariño

    Gil y Luisa

  4. Basquete Brasil 11.06.2011

    Amigos Gil e Luiza, não me iludo mais com essa possibilidade, pois a unidade do sistema é pétrea e solidamente corporativista, afinal blinda para si uma média salarial elevada para os padrões do país, e não pode se dar ao luxo de ser contestado com radicais mudanças técnicas, para as quais não estão preparados. Afinal, como está, deve ficar,mudanças para que?
    Sigo no meu humilde blog e no proximo(falta pouco…)CBEB.
    Um abração aos dois, Paulo.

  5. Cássio 12.06.2011

    Caro professor sem dúvida o trabalho do senhor no Saldanha da Gama foi muito relevante. Uma equipe simples que mostrou um grandes jogos. Espero um dia ver o senhor de volta porém agora a frente do Vitória basquete. Há algum tempo o atrás o senhor informou a repeito da escola de treinadores carioca. Em que situação esta a criação da mesma?
    Abraço

  6. Basquete Brasil 13.06.2011

    Prezado Cassio, obrigado pelo reconhecimento por aquele bom trabalho na equipe do Saldanha, foi realmente inesquecível.
    O projeto da Escola Carioca de Basquete evoluiu para o Centro Brasileiro de Estudos do Basquetebol, que será lançado em breve. A CBB gere a ENTB, que se encontra atuante.
    Um abraço, Paulo Murilo.

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