O CAMINHO POR VIR…

Vencer uma final de pré olímpico por mais de 40 pontos (74×33), demonstra em toda a sua extensão o enorme fosso que separou a seleção brasileira das demais, apesar de em algumas partidas mostrarmos sérias deficiências nos fundamentos, principalmente nas alas.

Mas num fundamento mostramos uma clara evolução, a defesa, que foi o fator determinante no resultado final. O exemplo de coletivismo defensivo da seleção masculina, numa competição onde os adversários foram mais qualificados do que na competição feminina, parece que inspirou positivamente a equipe e sua comissão técnica, mesmo com algumas falhas pontuais no posicionamento defensivo de algumas jogadoras, e pelo fato de não adotarmos a defesa frontal das pivôs adversárias, que nas Olimpíadas serão muito superiores às desse pré olímpico.

No entanto, algo de muito positivo aconteceu nesse jogo final, quando nos dois últimos quartos ensaiamos jogar com duas armadoras e duas pivôs, numa ação de jogo interior que praticamente liquidou toda e qualquer possibilidade reativa da equipe argentina, incapaz de frear o poder ofensivo interior e a esmagadora superioridade nos rebotes.

A seleção está bem servida de boas e talentosas pivôs, podendo desenvolver sistemas de jogo que as priorizem, como poucas equipes poderão fazê-lo em Londres, numa perspectiva que deveríamos investir com vigor e inteligência, fugindo de vez do estereótipo técnico tático que nos empobreceu nas últimas duas décadas, apresentando algo de inovador frente ao sistema único adotado pelas demais seleções classificadas, inclusive a nossa. Erika, Clarissa, Damiris, Francilene, Nadia, formam uma boa base para um jogo interior forte e ousado.

Mas tal evolução necessitaria de uma dupla e permanente armação para alimentá-la com precisão (como a ensaiada nesse jogo final), além do apoio mútuo ante defesas pressionadas, assim como um apreciável reforço defensivo pela velocidade de deslocamento e combate efetivo à armação adversária. Agindo dessa forma, nossa deficiência nas alas seria bastante atenuada, pois de dois em dois também se vencem jogos, por mais duros que se apresentem, além do fator inovador, em nenhum momento previsto por um basquete formatado e padronizado internacionalmente. Se jogarmos dentro dos padrões vigentes, teremos poucas chances de enfrentamento, ante seleções fundamentalmente mais bem preparadas do que a nossa.

Enfim, é certo que as classificações olímpicas nos beneficiará na retomada do prestigio do basquete tupiniquim, o que não é pouco, mas não suficiente se não mudarmos nossa forma de jogar, e preparar as novas gerações estruturadas numa formação sólida da base, onde os fundamentos terão de ser desenvolvidos e ensinados através técnicas didática e pedagogicamente bem planejadas, sendo essa a mais importante missão de uma ENTB convenientemente reestruturada e redimensionada para a execução de um projeto de tal envergadura.

Parabéns às jogadoras e comissão técnica que conseguiram tão importante feito, mas agora é que começa, de verdade, o caminho olímpico.

Amém.

Foto Divulgação FIBA. Clique na mesma para ampliá-la.



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