O QUARTETO VERMELHO…

Só pude ver a metade do terceiro e um completo quarto período do jogo em Córdoba, onde o Pinheiros decidia a liderança da chave com o anfitrião Atenas.

Jogo ruim, com incontáveis desperdícios, onde a defesa da equipe brasileira simplesmente não compareceu, ante um Atenas apenas burocrático, que apesar de manter dois armadores experientes em quadra, o Labaque e o Sucatzky, não imprimiam o ritmo desejado de jogo, cabendo ao americano Melvin as melhores iniciativas.

A partida foi se arrastando, até que no inicio do quarto final os argentinos impuseram um 12×0 nos paulistas, que a muito custo, e liderados pela individualidade do Shamell, encostaram e empataram a um minuto do final.

Deste momento em diante é que testemunhamos algo de inacreditável numa competição deste nível, quando nos dois tempos finais pedidos pela equipe paulista, o quarteto trajado de vermelho que a comanda, viu-se engolfado pela interferência de alguns jogadores, que em português e espanhol definiam estratégias para a reposição dos laterais a que tinham direito, sob os olhares e alguns balbuciamentos do quarteto vermelho, nitidamente constrangido e praticamente posto de lado na discussão de cúpula. Mais do que lógico, nada do que foi confusamente discutido poderia dar certo, como não deu, e jamais dará, enquanto o direito primaz do comando não for restabelecido, ou mesmo estabelecido, como ponto fulcral e básico de uma equipe pertencente à elite do basquetebol brasileiro.

Que me perdoem os técnicos brasileiros, mas imagens impactantes como aquelas, onde jogadores discutem desordenadamente o destino de uma partida em seus segundos finais, agindo como se técnico algum estivesse ali presente e posicionado para as instruções (eram quatro…), é algo que em hipótese alguma pode ocorrer, pois se a moda se espalhar (o que não duvido muito…) veremos acontecer situações onde um pontual conflito será a menor conseqüência originada das mesmas, o que será catastrófico para o pleno soerguimento do grande jogo em nosso caótico país.

O primado do comando é extremamente difícil e solitário, cabendo ao mesmo delegar poderes ou não, e certamente, no caso do desporto, ser estruturalmente estabelecido no treino, onde sistemas são minuciosamente estudados, treinados e aplicados na pratica diária e estafante, colocando seus jogadores de frente para as reais situações que enfrentarão com suas minúcias e detalhes, para que na hora da verdade  saibam como agir e atuar, evitando exatamente o que vem se tornando lugar comum, a discussão anárquica e aleatória sobre o que e o como fazer nos momentos de decisão, pois nesses fundamentais e decisivos momentos o comando se torna, por direito e conquista, indivisível.

Amém.



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