O BÁSICO PLANTEL…

A transmissão da TV argentina estava horrível, falhando bastante em momentos importantes do jogo, mas justiça seja feita, distante da censura que certamente seria exercida por um diretor de imagem, naqueles momentos finais em que sérias discussões eclodiram no banco do Pinheiros, se a transmissão fosse brasileira, pois afinal, para o progresso e incremento do basquete no país, cenas como aquelas devem ser varridas para baixo do tapete, como usualmente o fazem, vide o silêncio atroz do comentarista do Sportv sobre a cena em si, mas que culpou a arbitragem pela derrota ao marcar a quinta falta do Alexandre num momento de reação da equipe, o que realmente ocorreu ao tocar o pulso do atacante argentino.

E o que originou o conflito entre o Marcos e o Fiorotto senão uma desobediência do primeiro a uma instrução veementemente grafada na prancheta (fotos) do técnico sobre uma jogada com a partcipação  dos dois, quando na primeira tentativa o Marcos arremessou em desequilíbrio da cabeça do garrafão, e logo a seguir,  no ataque sucedâneo a uma cesta do Obras, ele preferiu a penetração perdendo a bola no ato de driblar, esquecendo em ambas o pivô bem posicionado perto da cesta, o que o irritou profundamente, resultando numa discussão ríspida, a sua não volta ao jogo, e a reação de desistência do técnico frente ao desequilíbrio emocional de seus jogadores.

Não podemos negar que a intoxicação alimentar de alguns jogadores (o Shamell sequer voltou para o segundo tempo) tenha influenciado na produção da equipe, um pouco contrabalanceada com a péssima participação do armador Osimani, errando passes em demasia, inseguro no drible, parecendo estar tão intoxicado como os brasileiros. Por conta disso os hermanos custaram a engrenar, somente o fazendo quando da entrada dos jovens reservas, que costumam pontuar mais e defender com mais disposição do que os titulares, pelo menos nesse sul americano, numa mostra de efetiva renovação.

Enfim, temos de aceitar o fato de que o Pinheiros tem um excelente time, mas o Obras um excelente plantel, que num torneio de tiro curto como esse é fundamental. As ausências do Morro e do Shamell no segundo tempo, influiu no resultado, assim como a insistente falha na marcação fora do perímetro tem colocado a equipe paulista em sérias dificuldades, inclusive no NBB4.

Foi uma final previsível, pois ainda temos de galgar alguns degraus que nos separam dos argentinos, principalmente na formação de base, tão bem representada pelo jovem banco do Obras, pleno de juventude e talento a ser conveniente e inteligentemente testado no campo de jogo, e não no banco.

Amém.

 

Uma observação– Num jogo cuja velocidade de ações é presença constante, detalhes que chamem muita atenção na indumentária de um jogador, é algo que muito auxilia em sua rápida localização pelos defensores, principalmente em investidas sem a posse da bola. No caso do Marcos, com seu tênis fosforescente (vide foto), isso se torna decorrente no meio de uma coletividade calçando tênis normais. O “estou aqui” não é um bom argumento em situações em que o imprevisto é desejável.

Fotos-Reprodução da TV e Divulgação LNB. Clique nas fotos para ampliá-las.



6 comentários

  1. Reny Simão 07.02.2012

    Boa noite, Professor

    Ao assistir os jogos tive uma dúvida em relação ao time do Obras Sanitarias. Porque utiliza 4 jogadores estrangeiros?

    São os jogadores Osimani, Fells, Washan e Field.

    Um abraço

  2. Basquete Brasil 07.02.2012

    A liga admite três estrangeiros. O Field já é naturalizado. Um abraço Reny. Paulo.

  3. Carlos Alex Soares 08.02.2012

    Paulo,

    gostei mais do “uma observação”, demonstrando a importância da estratégia do jogo. Mais um quesito a ser observado pelos atletas no basquete de hoje e repetindo uma frase clichê nos dias de hoje: menos (munhequeiras, testeiras, tenis diferenciados, etc) é mais (oportunidades de pontos protegido pela igualdade do uniforme). Perfeito!

  4. Basquete Brasil 09.02.2012

    E tão importante que passa ao largo do interesse de jogadores e da maioria dos técnicos ditos “estrategistas”, como algo desnecessário e irrelevante ante as prioridades do mercado e da publicidade. Você já atestou coisa mais ridicula do que técnico de boné?
    Um abraço Carlos. Paulo.

  5. Caio 10.02.2012

    Olá Paulo,

    Sou um grande fã de basquete apesar de não ter nenhuma ligação com o jogo, e embora tenha alguma dificuldade em entender a tática que envolve o jogo, gosto muito de ler sobre o assunto. Seu blog é o mais interessante para mim nesse sentido aqui no Brasil.

    Tenho acompanhado bastante o basquete universitário dos EUA, na minha opinião a melhor liga de se acompanhar no mundo. Hoje foi divulgado um vídeo no site da ESPN, com o grande técnico Bob Knight dissecando a boa fase da Universidade do Missouri. http://espn.go.com/blog/collegebasketballnation/post/_/id/47999/video-knight-watch-missouri

    Pelo que eu pude entender, as jogadas mostradas nesse vídeo foram executadas em dupla armação e com grande domínio dos fundamentos do jogo, certo? Gostaria de ver mais jogos aqui no Brasil com variações táticas na defesa e no ataque da mesma forma que ocorre no NCAA.

    Um abraço,

    Caio

  6. Basquete Brasil 10.02.2012

    Certíssimo Caio, todas as jogadas analisadas pelo grande Knight se fundamentavam na dupla armação, os “twins” para ele.Essa é uma tendência óbvia ao monopólio do sistema único com armação simples, mas que, infelizmente, é solenemente esnobado por aqui. Mas aos poucos, torço ardentemente, o bom senso se fará presente. Obrigado pelo envio do video, um ótimo material para um artigo, e pela audiência que muito me honra. Um abraço, Paulo Murilo.

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