UM RECADO DE SAÍDA…

Ao final da primeira rodada do NBB5, deixando de lado os rapapés e endeusamentos de uma competição redentora, pelo menos na opinião de analistas e comentaristas (de narrador não vale, ou não deveria valer…), e mesmo de um ex árbitro, agora promovido a comentarista de técnica, tática e estratégia de jogo (?), assaltou-me uma vontade incontida de rebuscar nos números, aquilo que já me cansei de apontar e comentar, o cinismo de como são levados tais arroubos sobre o grande jogo, minúsculo para a generalidade deles todos, sem exceções.

Vejamos a frieza objetiva e catastrófica dos mesmos, em poucas linhas (ou fileiras e colunas…), muito aquém do que gosto de analisar frente ao realismo dos jogos em si, mas muito, muito mesmo aproximados da realidade, aquela que é produto de uma criminosa formatação e padronização na pasteurização técnica e tática do nosso indigitado basquetebol, teimosamente atado a um corporativismo estúpido e anacrônico.

Na rodada inaugural, em seus nove jogos, foram arremessadas 1043 bolas de 2 pontos (349/694 – 50.2%), 534 de 3 pontos (139/395 – 35.1%), 636 lances livres (266/370 – 71,8%). Foram cometidos 282 erros de fundamentos (média de 31.3 por jogo), e se formos um pouquinho mais adiante nas médias, teríamos 115.8 tentativas de 2 pontos por jogo, 59.3 de 3 pontos, 70.6 nos lances livres, e os já apontados e inacreditáveis erros de fundamentos na ordem de 31.3 por jogo, somente superados em tragicidade às 59.3 tentativas de 3 pontos ( beirando as 60 para o Guiness…), mostrando a crueza do que nos aguarda mais adiante, e o quanto de dificuldades o Magnano encontrará na formulação das seleções, pois mesmo os mais jovens “talentos”nacionais rapidamente já se entrosam na mesmice endêmica que nos sufoca, e que corre celeremente para uma pandemia irrecuperável, num inicio de ciclo olímpico, onde as colocações técnico táticas de sua lavra estão sendo solenemente sabotadas nas quadras, principalmente na frouxidão defensiva, na mediocridade como são encarados e praticados os fundamentos do jogo, e na permanente hemorragia nas bolinhas de três, num comum acordo entre jogadores e técnicos que beira o inacreditável, e já se constituindo como fato “aceitável e comprometido”. Será esse mesmo fato aceito pelo hermano, ou tentará, por mais uma vez, adaptá-lo aos seus conceitos antagônicos ao que vem ocorrendo? Sei não, mas desconfio seriamente que o grande jogo ainda penará por longo tempo nas mãos dos que no fundo o odeiam, mas não abrem mão de suas benesses e mordomias.

Amém.

Foto – Divulgação LNB. Clique na mesma para ampliá-la.



14 comentários

  1. Caio 27.11.2012

    Pois é, Paulo, parece que não muda nunca. Fui ao jogo 2 da final do Paulista e pela primeira vez na minha vida saí na metade de um jogo, pois não estava acreditando no que via. Erros bizarros dos dois times, só chutes de 3 pontos e arbitragem marcando falta técnica a todo momento. Preferi ir pra casa ver Duke x VCU na internet.

    Animadores são pelo menos os números de algumas equipes como Franca e Mogi, que parecem estar priorizando o jogo interno em detrimento das bolinhas. Gostaria de ver alguns jogos das duas equipes.

  2. Basquete Brasil 27.11.2012

    Prezado Caio, você não avalia como lastimo não poder, por dever de ofício, sair de um jogo como você fez, em protesto à mediocridade apresentada como competição de alto nivel, pois para comentá-la preciso ir até o fim. Dou razão à sua decepção e indignação, que acredito ser a de muita gente, outrora admiradora do basquetebol em nossa terra, daí a crescente migração para os campeonatos internacionais, oferecidos pela rede mundial. Pena, pois nossos jogadores são talentosos, porém esquecidos em sua sólida formação de base, preteridos que são pelos sistemas e padronizações de jogo, que só beneficiam os estrategistas e os agentes de plantão permanente. Mas acredito que melhores tempos hão de vir, com muito trabalho e dedicação daqueles que realmente amam o grande jogo.
    Um abraço, Paulo Murilo.

  3. Douglas Gaiga 27.11.2012

    Olá a todos!

    Teremos hoje jogos válidos pela Liga Sulamericana, no clube Pinheiros, próximo de onde trabalho aqui em São Paulo e com entrada franca. Inicialmente, empolguei-me em ter a oportunidade de ver, pelo menos, as partidas de fundo, iniciadas às 22h. Porém logo me desmotivei ao lembrar de como é praticado, e mal-tratado, o nosso querido esporte. Sinceramente, eu que sou um apaixonado pela modalidade, pela primeira vez, penso duas vezes antes de aceitar a ideia de assistir um jogo de basquete. Logo eu, que paro para ver até criança jogando bola de futebol na cesta, pensando duas vezes para ver um jogo adulto das ditas melhores equipes nacionais. Pois é, professor… Que fase!

    Abraços!

  4. Rodolpho 27.11.2012

    Tive o desprazer de ver mais um vexame do Vila Velha, tanto no sábado quanto na segunda-feira.

    Um time que perde jogo ainda no primeiro quarto (21 x 8) pro Flamengo, que simplesmente ficou brincando, deixando o relogio correr, poupando energias pra competição sulamericana que começa hoje.

    Uma equipe que fez 40 pontos em 3 quartos, contra um Flamengo sonolento.

    Uma equipe que chuta 9/41 (21,95%) dos 3 pontos em dois jogos. E tem seu “melhor” arremessador chutando 5/20 (20%) em 2 jogos. SIM. VINTE arremessos de três pontos do mesmo jogador em 2 jogos.

    Uma equipe que cobra SEIS lances livres num jogo (contra o Tijuca). Isso contra uma defesa zona, mas que poderia ser chamada zona de descanso, tamanha mobilidade de seus jogdaores, e mesmo assim não consegue forçar faltas e cobra SEIS lances livres num jogo. Quantidade essa que até faz sentido pois cobraram 20 contra o Flamengo, acertando 12 (60%), porcentagem digna de jogos da categoria mirim.

    Uma equipe montada (DENOVO) duas semanas antes do primeiro jogo.

    E mesmo assim, uma equipe que conseguiu não perder do Tijuca, num último lance bizarro do armador Fred, que gerou vergonha alheia até na torcida da casa (Ginásio completamente lotado!!!).

    No último ataque canela verde – que vencia por 2 pontos – há uma tentativa de 3 pontos desequilibrada, que obviamente empena o aro, dando rebote e contra ataque fácil, 2 contra 1, Fred e um pivô contra um defensor. O armador carioca vem com a bola, faltam 10 segundos, ele fica com medo e recua. Não passa a bola, nem tenta a cesta que empataria o jogo. Sim, ele prende a bola, espera 5 contra 5 e chuta um air ball a 3 metros da linha de 3 pontos, envergonhando até o time vencedor.

    Nessa, professor Paulo, ninguém acertou a última bolinha, mas venceu o time que as mais acertou (6 x 2) num placar da categoria mirim (58 a 56), não por fortes defesas, e sim por uma quantidade impressionante de erros, inclusive de bandejas. E mesmo assim com ginásio cheio.

    Viva Rio-2016!

    600 mil dinheiros PÚBLICO derramados na equipe canela verde…

  5. Josue Filho 27.11.2012

    Prezados

    Boa noite!

    Acabo de voltar da rodada dupla da Liga Sulamericana de Basquete, onde o jogo d abertura ainda que dificil de assistir, onde o Brasilia perdeu para Flamengo e mais um árbitro extremamente mal intencionado e que ainda sim foi 10 vezes melhor que o jogo do Pinheiros que até o presente momento, joga com uma equipe Venezuelana sofrivel e vence (sai do ginasio com o Pinheiros á frente do placar), mas que não consegue prender a atenção da torcida que saia aos poucos do ginásio, também pudera quem consegue ficar em uma partida ruim de assistir em plena terça feira as 22hrs?

    A indisplicencia se fez presente em um jogo libertino e sem graça. Pinheiros patrocinado por uma SKY, pouco fez para divulgar um campeonato de cunho internacional, resultado? Ginasio lotado de torcedores de Brasilia e Flamengo, acabou o referido jogo o ginásio ficou vazio.

    Em um clube com uma estrutura como a do Pinheiros, poderiam trabalhar mais o produto do basquete que não tem apelo algum. O jogo do Brasilia x Flamengo foi muito melhor, embora também estivesse suportável de assistir, o Flamengo explorando bem no inicio do jogo o pivo Caio Torres. Isso só no começo.

    Brasilia jogando para o gasto e bem abaixo da média, a equipe não se encontrou em quadra e foi prejudicada pela arbitragem. Uma coisa me irritou muito e eu assim como Alex do Brasilia procuramos uma explicação: Faltando 8 segs para terminar o jogo, flamengo 10 pontos á frente, qual o motivo para o Treinador Neto pedir tempo técnico? Entendi esse fato como deboche e uma falta de respeito.

    Até quando…

    abs

    Josue

  6. Basquete Brasil 28.11.2012

    O seu desânimo, prezado Douglas, é o reflexo da mediocridade reinante no nosso basquete, infelizmente. Honestamente, não prevejo grandes avanços a continuar essa padronização tática que a maioria dos técnicos implantou como norma a ser seguida desde a formação de base, até às divisões adultas, resultando num produto de baixa qualidade, afastando o público das quadras.Vamos ver no que resultará mais adiante se algo de novo não for desenvolvido. Temo que os ginásios fiquem mais desertos do que agora.
    Um abraço, Paulo Murilo.

  7. Basquete Brasil 28.11.2012

    Mas Rodolpho, dentro da ótica dos responsáveis pela formação da equipe, três estrangeiros resolveriam a situação, ou não? Agora, se são bons de bola, é outra conversa, assim como uma orientação competente, com poucos discursos e mais trabalho evolutivo, deveria ser o objetivo primordial a ser alcançado. Aguardemos…
    Um abraço, Paulo Murilo.

  8. Basquete Brasil 28.11.2012

    Olha Josue, você ainda assistiu mais do que eu, que desliguei e fui trabalhar no meu livro. Imagino o que ocorreu no segundo…
    Um abraço, Paulo Murilo.

  9. Luiz 28.11.2012

    “Sei não, mas desconfio seriamente que o grande jogo ainda penará por longo tempo nas mãos dos que no fundo o odeiam, mas não abrem mão de suas benesses e mordomias.”
    Melhor frase sobre o nosso basquete. Infelizmente, perfeita.
    Abraços professor.

  10. Rodolpho 28.11.2012

    Ah, Professor Paulo, pra completar…

    O Tijuca joga com 2, as vezes 3 armadores.

    Desconfio que não te animará, pois o nível técnico e tático é tão baixo que nem o mais entusiasta desse sistema ficaria empolgado.

  11. Douglas Gaiga 28.11.2012

    Olá a todos!

    Pois bem, fui corajoso, direcionei-me ao ginásio e vi o quarto final da primeira partida e toda a segunda. Quanto a atitude comentada pelo nosso caríssimo Josué Filho, onde o técnico do Flamengo (o qual foi meu técnico nas categorias de base do Clube Athletico Paulistano e desde lá possuía a mesma postura) realmente foi desnecessária, porém é algo que a regra prevê e claramente o intuito foi gerar nervosismo na equipe adversária. Por fim, conseguiu o que queria: confusão no final do jogo em uma lamentável discussão em quadra com o esquentadinho Alex.

    Já o segundo jogo, meus Deuses (parafraseando o nosso querido professor Paulo Murilo), que coisa horrorosa! Não sei em quais condições o basquetebol é praticado na Venezuela, mas a sua equipe representante é visivelmente mal treinada. Não há padrão tático algum, a impressão que dá é que cada um entra em quadra e faz aquilo que sabe (ou não sabe) e isso é o suficiente. Não encontrei as estatísticas do jogo, mas a defesa perimetral era inexistente. Nem uma “sombra” com o braço erguido existiu. O Pinheiros arremessava como se estivesse em um treino descompromissado: livres, leves e soltos.

    Agora, algo interessante: apesar da equipe venezuelana ser bastante fraca em requisitos técnicos e táticos, enquanto explorou ofensivamente o garrafão, mesmo que limitados pelas suas incapacidades, o jogo ficou parelho. Mesmo com uma defesa fraquíssima interna e externamente, um ataque parado e previsível, permaneceu próxima no placar, de “dois em dois” e “um em um”, jogando nas proximidades da tabela. Depois que resolveram chutar desequilibrados de qualquer lugar do perímetro, obviamente amassando o aro cruelmente, e com a defesa mais furada que um queijo suíço, descobriu a fórmula mágica da derrota.

    Abraços, amigos!

  12. Basquete Brasil 28.11.2012

    O trágico é se essa desconfiança se transformar em certeza, pois qualquer projeto que vise 2016 estará irremediavelmente comprometido, prezado Luiz. Torçamos para que outros caminhos sejam trilhados. Um abraço, Paulo Murilo.

  13. Basquete Brasil 28.11.2012

    Mas não me anima mesmo, prezado Rodolpho, pois para jogar com tais formações, exige-se um mínimo de preparo e conhecimento sobre situações técnico táticas antagônicas ao sistema único, que é o único que conhecem, logo…
    Um abraço, Paulo Murilo.

  14. Basquete Brasil 28.11.2012

    Acredito, e concordo com o comentarista do Sportv, prezado Douglas, que o intúito do técnico do Flamengo foi o de alargar o placar, já que situações de empates nesses torneios são normais, e o primeiro fator de desempate é o da diferença de pontos, logo, coube ao jogador Alex o clamoroso erro de interpelar o técnico, o que aliás é de um absurdo atróz, além da ruptura hierárquica inadmissível.
    Quanto ao segundo jogo, concordo plenamente com a sua análise, provando que aos poucos vamos estabelecendo critérios técnicos e táticos muito além do estratificado sistema único, tão combatido aqui no blog.
    Um abraço, Paulo Murilo.

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