O QUE NINGUEM QUER (OU PODE) ENXERGAR…

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São apenas números, a única informação acerca de um torneio quase secreto no interior de Minas Gerais, sem imagens e de difícil acesso, incensado pela turma que lá está e responsável por sua realização, todos envolvidos e compromissados com o modelo que aí está solidamente implantado na CBB e sua executora e expansora, a ENTB, e o mais inquisidor, com a chancela da LNB, responsável pelo aporte financeiro advindo do Ministério do Esporte, numa parceria que incomoda e põe em risco o seu bom trabalho realizado nos NBB’s até o momento, pois invade uma seara de responsabilidade da CBB, o desenvolvimento da formação de base, quando deveria investir na divisão de acesso ao NBB, onde um percentual de jovens talentos reforçados por um pequeno numero de jogadores mais experientes, sanaria o grande hiato que separa aqueles que saem das divisões formativas, do caminho profissional da divisão maior.

Os números? São assustadores, pois expõem a maior de todas as nossas deficiências, a desastrosa preparação e qualificação de nossos técnicos direcionados a formação de base, e mesmo para dirigir nossas jovens seleções nacionais, numa inversão de valores muito bem representada pelos números a seguir, e pelos lamentáveis resultados nas competições internacionais, que no final das contas, são pontos concomitantes em sua tragédia comum.

Vamos a eles, os números:

Após 5 rodadas da LDB  com 10 equipes participantes:

– Arremessos de 2 pontos – 965/2096 (46%)

– Arremessos de 3 pontos – 257/943   (27,2%)

– Lances livres                  – 683/1001  (68,2%)

– Erros de fundamentos    -748 (media de 29,9 por jogo)

Conclusão não muito longe da verdade?

Nossos jovens, na beira de acessarem as equipes da LNB e de nossas seleções de 18 anos em diante, simplesmente não sabem arremessar razoavelmente, e pecam lamentavelmente nos fundamentos, e que não me venham argumentar que tantas falhas ocorrem pelo emprego de fortes defesas, o que é um engodo para encobrir tanta ineficiência e tapeação, vide a seleção no mundial Sub19 permitindo, após dois meses de treinamentos e torneios internacionais, 16/38 de 2 pontos e 11/24 de 3  por parte da seleção australiana, que de longa data sempre se distinguiu pela precisão nos arremessos, contra 15/58 de 2 e 3/17 de 3 dos nossos, ou seja, 20 tentativas a mais dentro do perímetro de nossos algozes sem a eficiência dos mesmos, e uma repetida falha, ou ausência de postura defensiva no perímetro externo desde o primeiro jogo contra a Servia, que nos impuseram 19/32 de 2 e 5/17 de 3, enquanto amassávamos o aro deles com absurdos 6/30 nas bolinhas. Falar em defesa, um dos fundamentos básicos do grande jogo a essa altura, e em seleções, chega a ser ridículo e comprometedor, pois é resultado direto do que vem ocorrendo na LDB.

Fico imaginando a quanto chegarão os números nas demais rodadas desse primeiro grupo, e do segundo da LDB, onde residem equipes de menor tradição, assim como o que ocorrerá com a Sub19 ao enfrentar os Estados Unidos e a Rússia para a semana, na tentativa classificatória as quartas de final, simplesmente me assusta, de verdade.

Aliás, outro dia, na Copa America Sub15 feminina, a equipe americana somente permitiu que a nossa seleção conquistasse o absurdo numero de 20 pontos no jogo inteiro, o que realmente dá no que pensar…

Promover jovens técnicos, muitos ex jogadores, em cursos de aquibancada, para a direção de equipes acima dos 18 anos, sem que os mesmos dediquem, pelo menos, umas duas décadas na formação de base, é erro estratégico e irresponsável, e mais ainda quando os qualificam para as seleções maiores, numa ação entre amigos ou de QI político, no que vem se tornando no maior óbice ao desenvolvimento do grande jogo entre nós, muito além do que certa mídia e dirigentes próximos as verbas oficiais, proclamam como renovação e evolução técnico tática, necessárias ao nosso desenvolvimento, numa perda de precioso tempo e verbas que escoam pelos ralos da incompetência.

E o pior de tudo é sabermos o que nos espera em 2016, a continuarmos agindo dessa forma corporativista e decididamente anacrônica.

Que todos os deuses disponíveis nos ajudem, pelo menos a enxergarmos melhor.

Amém.

Fotos – Divulgação LNB e FIBA. Clique nas mesmas para ampliá-las.



2 comentários

  1. Jose 01.07.2013

    Concordo plenamente com o sr Professor. Assim está difícil para evoluirmos.

  2. Basquete Brasil 01.07.2013

    Difícil não,prezado José, impossível, pois toda e qualquer evolução técnica tem de ser lastreada por sólidos conhecimentos, pratica extensa e constante, muito estudo, pesquisa e reconhecimento profissional, que são fatores dispensáveis sob a política do apadrinhamento e injunção corporativista. Não vejo como ir adiante com esse cenário devastador.
    Um abraço, Paulo Murilo.

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