DIRIMINDO DÚVIDAS…

 

P1020790P1020794P1020797P1020803P1020804P1020805P1020808P1020779

Em breve a seleção brasileira masculina estará competindo na Copa America em busca de uma classificação ao Mundial, e não será uma tarefa nada fácil, frente ao elevado numero de dispensas de alguns de seus mais representativos nomes, culminando com a saída hoje do Marcos com problemas em sua perna, deixando o técnico Magnano sem muitas opções táticas em sua equipe quanto ao jogo exterior, onde juntamente com o Guilherme e o Artur liderava a artilharia dos três, somados ainda ao ímpeto do Benite nas bolinhas tidas como salvadoras pelos entusiasmados adeptos das mesmas, tendo ainda o Alex como convicto adepto dessa forma de jogar fora do perímetro.

Entretanto, dentro do perímetro, um outro grande problema ficou exposto nos jogos preparatórios contra os uruguaios, mexicanos e argentinos, a sorrateira tendência de alguns dos pivôs convocados de aderirem ao grupo dos estilingues acima descritos, como o Mineiro e o Lucas, que ao serem preteridos pelos armadores pendem para esse tipo de ação, e que no caso do Lucas, acredito ter sido cortado exatamente pela exagerada insistência nesse especialíssimo arremesso, que se foi bem aproveitado contra os mexicanos, foi contestado firmemente pelo Scola no jogo decisivo do quadrangular. O técnico argentino deu mais um tempo para o jovem pivô pensar no assunto…

E tem mais, pois o Huertas, o Raul e o Larry também não pensam duas vezes para estilingar o aro sempre que possível, deixando a seleção frente a um tremendo impasse, já que nove de seus prováveis escolhidas para a lista final adoram as bolinhas, o que torna o jogo interno optativo, e não prioritário para eles, sejam armadores ou alas, destinando a turma interna para a função de reboteiros e finalizadores de ocasião, justamente como pregam alguns e notórios “entendidos” no grande jogo, mas que, sem dúvida alguma, coloca o Magnano entre duas escolhas diametralmente opostas ao seu senso tático e até estratégico, o de como atacar com uma turma desse calibre, toda ela “confiando em seu taco”, numa condição única no mundo do basquetebol, na qual as equipes mais fortes e determinadas no concerto internacional possuem em suas fileiras no máximo três ou quatro eficientes arremessadores de longa distância, e não pretensamente nove como pensamos ter, ou confiar integralmente em seu sistema defensivo, para equilibrar sua ainda inconsistente forma de atacar as  equipes adversárias, torcendo lá do fundo de seu espírito platino para que as ditas cujas caiam, porque senão…

Mas como seu conterrâneo Papa Francisco reconheceu ser Deus brasileiro, quem sabe não baixe em nossos “gunners” o espírito da inteligência tática, promovendo a redenção do Rafael, do Caio, do Mineiro e do João Batista, em suas odisséias de puladores profissionais (apesar do Caio não saltar uma gilete deitada), atitude essa que definirá os grandes jogos da grande competição, sendo a arma básica de argentinos, canadenses, uruguaios e talvez dominicanos, já que porto-riquenhos terão em nosotros um belo oponente na artilharia externa.

E resta a grande pergunta final, se era para institucionalizar pela força de uma realidade, que o bom técnico argentino tenta ainda restringir, de que a enxurrada de três permanecerá intocada por essa geração de “grandes (e pretensos) especialistas”, dotando as bolinhas como prioridade ofensiva, quando por força dos princípios de precisão, estudos dos lançamentos provam exatamente o oposto, contrariando o conceito universal de que tão perseguida precisão se materializa nos arremessos de media e curta distâncias, principalmente através o jogo interior, destinando os de três àquelas situações de volta interiores, e mesmo assim para serem lançados por quem realmente entende do riscado, por que não convocar logo aqueles grandes pivôs que se destacaram no NBB e adeptos das bolinhas, como o Gruber, o Murilo e o Cipolini, bem superiores também no jogo interno em velocidade aos atuais convocados, para ai sim, mostrar ao mundo uma equipe onde o reinado das bolinhas imperaria absoluto e quem sabe, imbatível (?)…

Ilustro esse artigo com algumas fotos da seleção, onde claramente podemos observar a escolha pelo jogo externo por parte de nossos armadores, e até pivôs que para aquela zona se deslocam, a fim de dispararem seus torpedos nada inteligentes, até o ponto em que um veterano e qualificado Scola vai até lá fora contestar um iniciante Lucas, para a seguir ir lá para frente converter singelos e fatais arremessos de dois, construindo uma vitoria cristalina e acima de tudo lúcida.

Magnano tem um problema em mãos, dos mais sérios, já que apesar de seus esforços e dedicação ainda não conseguiu dirimir erros de muitos e muitos anos de deficiente preparação e formação de base, inclusive defensivos, e o mais restrito de todos eles, nossa auto-suficiência midiática e irresponsável na artilharia de fora, onde a afirmação do Papa Francisco é levada a serio por muito mais gente do que se imagina.

Então minha gente, vamo que vamo…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.

1 – Um técnico com grandes problemas.

2 – Zona 2-3 atacada em 2-3, um erro…

3 – Armação isolada, típica do sistema único.

4 – Ataque de 3 sem apoio interno, mais um erro…

5 – Pivô ataca de 3 com forte contestação do Scola.

6 – Idem sobre o mesmo pivô.

7 – Scola define nos 2 em correto jogo interior.

8 – Um correto jogo interior contra o Uruguai.

 

Em tempo – Só marcaremos eficientemente o Scola no dia que o fizermos pela frente, até lá…

ENCRUZILHADA E OPÇÕES…

P1020766

Tenho me divertido muito nos últimos dias com a leitura de alguns blogs sobre o futuro técnico e tático do nosso basquetebol, muito mesmo.

Como que num estertor terminal de um conceito que todos professam, profundamente lastreado no sistema único de jogo com suas posições estratificadas de 1 a 5, cujas nomenclaturas bailam de armador puro a finalizador, escoltas de varias matizes, alas de força ou de finalização, pivôs light ou heavy, toda uma setorização que beira ao ridículo, mas que se sustenta através o pragmatismo funcional de uma forma de jogar com domicílio no hemisfério norte e canhestramente copiado por estas colonizadas plagas, vide a quase absoluta migração da mídia especializada para os lados dolarizados da NBA, cujos tentáculos se voltam para o nosso país em busca de um mercado deslumbrado e ávido em consumir tecnologias de ocasião, seja lá as que forem…

Nunca li tanto conhecimento, vasto e aprofundado (?), sobre o grande jogo, mas o de lá, não o daqui, divulgado em todas as mídias, muito bem patrocinadas e financiadas, numa ascendente influência e dominação que deveria preocupar seriamente nossas lideranças desportivas, e mesmo as educacionais.

Então, a tendência analítica do que aqui se pratica técnica e taticamente, presa que está aos cânones mais do que solidificados do tal e absurdo sistema único (e tem gente que jura com os dedos em chifre, que está mudando, evoluindo…), é de simplesmente avaliar e comentar o que vêem sob a ótica do que sabem, ou pensam saber sobre o mesmo, unicamente o mesmo.

Temos então, no caso da seleção masculina adulta, opiniões que se concentram, não na condição do conhecimento e domínio técnico dos jogadores selecionados sobre os fundamentos, os diversos sistemas, a leitura de jogo, e sim do que são capazes de produzir em suas posições de 1 a 5 (acho que bem mais do que 5…), como peças estanques de uma engrenagem a serviço de um esquema formatado e padronizado (ai está a ENTB para confirmar…), e não um corolário de conhecimentos que os tornariam aptos a novos experimentos táticos, e por que não, estratégicos.

Neste ponto sugiro a releitura do artigo aqui publicado e muito bem comentado Papeando com o Walter 2…(Artigo 600), no qual muito do que deveríamos saber e dominar sobre a dupla armação se torna básico pela tendência, mais do que evidente, de que seja essa uma das opções do técnico Magnano em seu profícuo trabalho na seleção, assim como, forçado pela desistência dos grandes pivôs de choque convocados, e que optaram pela NBA, volta seus olhos para aquele outro tipo de pivô, da nossa sempre lembrada e vitoriosa tradição, os de velocidade, flexibilidade, e acima de tudo, multifacetados.

Sem dúvida alguma teremos de ir de encontro a esse novo (?) tipo de pivô, melhor, ala pivô, e para meu gosto, pivô móvel, rápido dentro do perímetro, ágil na recepção dos passes, flexível no drible, nas fintas e nos arremessos de curta e media distancia, assim como na defesa antecipativa, veloz e inteligente, e que ao se deslocar permanentemente ganha em impulso extra para os rebotes, que muito além do impacto físico, prioriza a colocação rápida e espacial nos mesmos, vencendo em muito a lentidão e peso dos tão amados “cincões”, e o mais importante de tudo, jogando de frente para a cesta.

No amalgamento dos armadores com esses novos arrietes, se destina a nossa retomada, o soerguimento de uma tradição vencedora que muitos teimam em omitir, pois pagariam o preço de tornarem a conhecer a nossa história, e não a dos outros, com a finalidade de nos impingi-la goela abaixo, como a verdade a ser seguida, digerida, sacramentada.

Sugiro também a releitura do artigo O que todo pivô deveria saber, que muito elucidaria a correta forma de atuar e jogar de um jogador de tal importância inserido num correto sistema de jogo, aberto e democrático.

Mas Paulo, e as bolinhas de três, nossa “grande arma”, como é que ficam?

Numa equipe jogando da forma acima citada, bolas de três suplementarão o sistema, e não o tornarão escravo das mesmas, numa inversão de prioridades, e sim na busca da precisão, que é o objetivo maior a ser alcançado, além de eliminar de vez aquele tipo de jogador pseudamente “especializado” que é facilmente encontrado em determinadas e repetidas zonas da quadra, parado e acenando em busca de um passe que o torne imprescindível… Importante é saber para quem…

Enfim, acredito estarmos no limiar de uma grande escolha, ou a manutenção da mesmice endêmica que nos tornou escravos de um sistema absurdo e anacrônico, até mesmo para seus inventores lá de cima, ou a busca e encontro de algo não tão novo assim, mas que nos tornariam proprietários de um modo de jogar o grande jogo absolutamente único, e quem sabe, vencedor…

E não perdendo o bonde da história, me pergunto curioso e instigante onde andarão o Cipolini, o Gruber e o Murilo nessa convocação, já que os mais ágeis, rápidos e flexíveis pivôs móveis que possuímos e à disposição? Onde?

Amém.

Foto – Reprodução da TV. Clique na mesma para ampliá-la.

TRÊS MOMENTOS…

LDB_IMG_0825-660x44020130803_33302_damiris_gdeP1020756P1020762P1020765

Num primeiro momento anexo os números das três primeiras rodadas da etapa da LDB em São José dos Campos com os das duas etapas iniciais do torneio, e o que temos?

 

– Arremessos de 2 pontos – 1152/2506 (45.9%)

 

– Arremessos de 3 pontos –    362/1269 (28.5%)

 

– Lances Livres                 –    762/1204 (63.2%)

 

– Rebotes                           –  2376 (79.2 pj)

 

– Erros de Fundamentos    –    785 (26.1 pj)

 

 

 

Ou seja, mantêm a turma dos 17 aos 22 anos índices de arremessos muito abaixo do desejável nessa altura de suas carreiras, assim como insistem na enxurrada de bolinhas, ocasionando uma media brutal de rebotes pelo acumulo de desperdício nas mesmas, e com equipes apresentando convergências inacreditáveis, como no jogo São José (13/28 nos 2 pontos e 12/28 nos 3), contra o Grêmio União (12/32 e 10/31 respectivamente), numa partida que me despertou a curiosidade de tê-la assistido, exatamente para acreditar no que veria, assim como constatar in loco ser verídica a inacreditável marca de 26 erros de fundamentos em media, numa prova cabal de que a persistir tão gritante falha, não iremos a lugar algum no universo do grande jogo. Mas na etapa aqui do Rio pretendo assistir pelo menos uma rodada, para me cientificar se tais distorções realmente existem, ao vivo e à cores, ou se não passam de falhas estatísticas…

 

Claro que boas equipes disputam o torneio, mas infelizmente serem aquelas que contam com jogadores que disputam o NBB, numa clara menção de que o título e a vitrine midiática superam em muito o discurso de que essa competição visa dar cancha aos mais novos em sua ascendente transição, esquecendo de que tal experiência deveria ser ofertada para todos aqueles jogadores que pretendem e sonham ingressar na liga maior, e não para aqueles que lá já se encontram, treinando e jogando com os melhores e mais experientes, garantindo títulos midiáticos e indevidos numa liga de desenvolvimento.

 

Por outro lado, lamentamos a presença de equipes completamente despreparadas, mal formadas e treinadas, num flagrante desperdício de verbas públicas que alimentam suas participações, e que deveriam ser direcionadas ao desenvolvimento regional, de onde sairiam aquelas vencedoras, para ai sim, num encontro nacional medirem forças por um acréscimo qualitativo, objetivando seu desenvolvimento real, e não feérico como está ocorrendo.

 

Num segundo momento, consigo sintonizar a transmissão de um jogo via internet da seleção brasileira no sul americano adulto feminino, jogando contra a equipe venezuelana, onde consegue a façanha de perder o primeiro tempo de um jogo assustador pela fragilidade nos fundamentos, todos eles, frente a uma equipe de uma fraqueza absurda, o que me fez desistir do restante da partida, pois em se tratando de uma seleção principal, renovada e com vistas para 2016, deixou-me assustado e absolutamente convicto de que muito poucas chances teremos naquela magna competição, em nossa casa, pela precária e inadmissível situação técnico tática em que se encontra, noves fora os ausentes fundamentos do jogo. Realmente lamentável.

 

O terceiro momento me foi dado pela estréia da seleção masculina no torneio quadrangular em Salta na Argentina, onde uma equipe bem renovada expôs o quanto de penoso caminho ainda terá de trilhar para alcançar um patamar qualificativo a maiores vôos, principalmente na urgente substituição de alguns super veteranos, que simplesmente não mais alcançam as exigentes valências necessárias ao embate internacional, tanto física como tecnicamente.

 

No entanto, novos e promissores valores ascendem a equipe, que claramente vai incorporando a dupla armação, às vezes tripla, pelos bons e jovens valores que se apresentam nesses novos tempos, e que se bem orientados, principalmente na interação com os também jovens e promissores alas pivôs, de uma geração que fatalmente sepultará uma tendência aos “cincões”, gerada por uma plêiade de técnicos, analistas, agentes e dirigentes, estreitamente comprometida com o sistema único, ou por desconhecimento real com o conceito NBA, que nos levaram ladeira abaixo no contexto internacional, poderemos evoluir de encontro a novas formas de jogar o grande jogo, com ritmo e cadencia pensante na armação de situações táticas, e muita velocidade na conclusão das mesmas, atitude somente possível através jogadores ágeis, flexíveis, rápidos e argutos leitores de jogo, que é uma qualidade adquirida pelo intenso e duro trabalho, capacitando a todos, de que posição forem, inclusive, na real possibilidade de enfrentamento a equipes pesadas, atlética e artificialmente super dimensionadas.

 

E nesse ponto cabe um esclarecimento, sério e preocupado, dirigido àqueles responsáveis pelo aprimoramento físico, técnico e tático desses futurosos jovens, basicamente aqueles que se destacam na firmeza e precisão nos arremessos médios e longos, focando no aspecto da sintonia fina na execução dos fundamentos, dos arremessos em particular, que será prejudicada, e muitas vezes anulada, quando frente a um preparo físico inadequado e dirigido a aquisição de massa muscular, na maioria das vezes de fundo puramente estético e antinatural. É um crime confundir força com inchaço puro e simples, ocasionando travamentos e perda de sensibilidade dos finos e apurados gestuais técnicos, assim como comprometendo articulações e tendões despropositada e irresponsavelmente.

 

Fato é que o técnico Magnano se encontra à frente de uma concepção de jogo que nunca foi de sua predileção, mas frente à realidade que se apresenta tende a uma mudança conceitual, que poderá desencadear uma verdadeira revolução em nossa maneira de ver, sentir e jogar o grande jogo, ao ultrapassar a fronteira da dupla armação e os alas pivôs, interagindo entre si dentro do perímetro interno, zona conflagrada das grandes defesas de grandes equipes, que vêem naquele setor o solo sagrado a ser defendido ao preço que for, e que poderão ser derrotadas se falharem e caírem ali mesmo, na ante sala de suas cestas.

 

Mas para tanto, precisamos aprender e dominar a arte de jogar “lá dentro”, arte esta somente possível priorizando a velocidade, a flexibilidade, a ousadia de fazê-lo, assim como canalizando essa novel energia exercendo uma outra arte, a de defender, com as mesmas valências, velocidade, flexibilidade, ousadia, acrescentando mais uma e fundamental, a percepção antecipativa.

 

Enfim, acredito firmemente que ousaremos mais, evoluindo a partir daí para um novo tempo, uma nova concepção de jogar.

 

Assim espero, e humildemente sugiro ao competente Magnano que ouse sempre, pois esses jovens merecem serem proprietários de uma nova forma de jogar o grande jogo, e que poderá inspirar outros jovens como eles, e por que não, os técnicos também…

Amém

Fotos – Divulgações FIBA, LNB e reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.