QUATRO MOMENTOS…

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Primeiro – Ora , ora, daqui para diante jogador de futebol que se aposenta pode exercer a função de técnico sem cref’s às suas costas. Mas, e por conta do preceito legal da equanimidade, ex jogadores de outras modalidades também terão o mesmo direito, sob a jurisprudência do STF, sem a menor das dúvidas. Tudo bem, a turma crefiana ou confefiana, como quiserem, perdeu um direito que jamais poderia ter tido à luz do bom senso em um país que luta para estabelecer uma política para os desportos, ultrapassando incorretamente a verdadeira política criminosamente omitida, a da educação física, plena e obrigatória em todos os níveis de ensino, nos quais políticas desportivas bem implementadas buscariam os talentos para as modalidades de alto desempenho, e não o pastiche oportunista e aventureiro retratado em pseudos projetos voltados ao desporto de elite, respaldados por um conselho federal e seus pressupostos estaduais, que nada mais fazem do que recolherem pontualmente os dízimos daqueles que registram ou inadvertidamente credenciam como “provisionados” , numa apropriação indébita e indevida aos direitos inalienáveis e constitucionais daqueles órgãos de ensino superior, que detêm os plenos direitos na formação desses profissionais.

É mais uma etapa de uma longa luta que vem sendo travada no âmbito da educação, da educação física, lídima integrante do processo globalizado de uma educação plena e de qualidade, direito inalienável e constitucional de todos os jovens desse enorme, injusto e desigual país, que não podem ser orientados na direção do “culto ao corpo”, a monstruosa indústria implantada por aqueles que não podem ver com bons olhos toda uma clientela adolescente e jovem sendo devida e seriamente orientada a uma educação física integrada ao seu desenvolvimento escolar e cultural, fugindo de sua alçada voltada ao lucro, e que lucros, tendo os mencionados conselhos como seus avalistas nesse monumental comercio.

Espero que daqui para frente, possamos vislumbrar um vasto horizonte de conquistas no âmago do nosso sistema escolar, onde as disciplinas acadêmicas se associem às artes, musica, dança, a educação física e os desportos, dotando nossos jovens de experiências válidas e fundamentais em suas vidas, assim como, oportunizando ao país o acesso aos talentos desportivos necessários às ações competitivas, buscando-os no verdadeiro e único lugar onde obrigatoriamente, e à luz do direito, deverão se encontrar, na escola.

Confef e cref’s são entidades que jamais poderiam existir numa sociedade que preserva o direito e a qualidade das instituições universitárias formadoras dos futuros professores, inclusive não auferido direitos às mesmas em interferir nas suas formulações didático pedagógicas, direito este destituído de fundamentação técnica e científica, porém sobrando o fator político, que é a base em que se instalaram  desde sempre.

Então, com essa decisão da justiça federal, que tal a ENTB/CBB repensar seus certificados níveis de I a III, frente a uma realidade mais voltada ao espírito de uma verdadeira escola, e não frente a “provisionamentos” absurdos?

Segundo – Temos ai uma página inteira do O Globo de 4/12/13 com uma matéria do que se faz de maneira cientifica na preparação de nossos atletas de elite, mas que deixa a impressão de que se trata de algo definitivo e indiscutível para que os mesmos galguem os pódios das maiores competições de suas modalidades, e não um fator, sem dúvida importante, na somatória de outras intervenções que se fazem necessárias para que atinjam os pódios mencionados.

Recentemente, dirigi uma equipe de alto nível, e que contava com dois bons preparadores, um físico e outro fisioterapeuta, ambos estudiosos e plenamente voltados aos aspectos científicos de suas especialidades, mas que se chocaram um pouco com a extrema dinâmica no treinamento dos fundamentos que implantei no curto prazo que tinha até o recomeço do campeonato, treinamento este totalmente volP1040173tado ao gesto desportivo, ao aprimoramento do mesmo, exagerando nas repetições, nas explicações e no decorrente domínio de algo que realizavam sabendo os por quês do que faziam, conscientizando-os nos detalhes e discutindo sua validade prática. Claro que pedi aos profissionais citados assistência nas recuperações frente aos intensos esforços despendidos, no que foram brilhantes, provando seu preparo e conhecimento.

Mencionei a experiência acima, pelo fato de constatar a cada dia que passa a supremacia da ciência voltada ao físico, do que aquela voltada ao preparo técnico dos fundamentos de qualquer das modalidades que conhecemos e praticamos, que é algo desprezado pela esmagadora maioria dos profissionais envolvidos com o desporto em nosso país, vide as teses universitárias que privilegiam prioritariamente aquelas voltadas a área medica, e omitem as da área técnica, como que formando um consenso de que sem aquelas inexistiriam atletas e jogadores de qualidade no país.

Ledo engano, pois antecedendo a ciência fisiológica, deveria, como na maioria dos países desenvolvidos, serem estabelecidas as ciências do treinamento, do gesto esportivo, da cultura coletivista, para depois pensar na ciência fisiológica e mental para concluir seu preparo.

Temos os exemplos brutais dos países do antigo bloco socialista, e que mantêm seus modelos atuantes em alguns que o sucederam politicamente, invertendo tais fatores, com resultados aparentemente formidáveis, mas que cobrarão, como cobraram, grandes prejuízos físicos e psicológicos aos seus brilhantes atletas, numa espiral fisiológica descendente muitas vezes irreversível.

Num país como o nosso, onde o oportunismo financeiro e midiático ditam as regras de mercado a serem seguidas, muitos cuidados devem ser tomados para prever e contornar erros de avaliação muitas vezes equivocados, como os de priorizar fisiologismos acima dos conhecimentos técnicos de qualquer modalidade desportiva, sem os quais de nada valerão, por mais pesquisados e embasados que estejam, pois complementares, nunca prioritários.

 

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Terceiro – Se no primeiro jogo da série o Paulistano perdeu convergindo suas tentativas de cesta ( 17/31 de dois e 10/29 de três), no segundo o Bauru também convergindo (17/26 de dois e 11/25 de três) venceu a partida, deixando no ar a seguinte questão – Convergir conota resultados às partidas equilibradas de basquetebol?

Bem, no primeiro, por força de seu jogo interior, Bauru arremessou 22/27 lances livres, e Paulistano com sua excessiva artilharia de fora somente 12/16 da linha de tiro livre, conotando 10 pontos a mais no placar, suficientes para vencer a partida, e alcançou 10 rebotes a mais que seu oponente (32×22), face a mencionada artilharia.

No segundo, mesmo convergindo, Bauru provocou faltas suficientes para um 16/20 em seus lances livres, e o Paulistano 12/13, mostrando quão falhas foram suas finalizações interiores, e como defendeu bem o seu oponente, que continuou a se impor nos rebotes (29×24), confirmando sua prevalência técnica, mesmo abusando nas bolinhas e no ímpeto muitas vezes desvairado de seu armador Larry.

Podemos então afirmar que, convergências prejudicam em muito seus executores, pois oferecem muito mais opções de contra ataque seguro e eficiente de seu oponente frente ao baixo índice de acerto dos longos arremessos se comparados aos de media e curta distancias, além de diminuírem a incidência de faltas pessoais no mesmo, e o mais importante, quebrarem todo o sentido de coletivismo de uma equipe, pois o “chegar e chutar” de forma alguma incentiva essa forma de atuar e sentir o grande jogo.

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Quarto – E fomos para o jogo do NBB6 entre o Pinheiros e o Uberlândia, quando muito do que foi dito no terceiro momento anterior, foi regiamente posto em pratica, onde um convergente Pinheiros (15/29 nos dois pontos e 11/30 nos três) se deparou com a equipe mineira atuando preferencialmente no interior do perímetro, mesmo tendo um dos mais efetivos arremessadores da liga, o Robert Day (27/48 de dois e 8/22 de três), e que somente arremessou 6/7 nos lances livres, frente a uma defesa caótica dos paulistas, e dominando os rebotes (34×28), mesmo errando 14 fundamentos contra 13 de seu opositor.P1040247

Jogar e convergir da forma em que vem se especializando a equipe paulista, que conta com jogadores dos melhores da Liga, mas que transitam na fronteira da irresponsabilidade na artilharia de longe, onde até seus pivôs se aventuram a não mais poder, e que sua armação prioriza as finalizações e muito pouco as assistências (e o Boracin não atuou…), que não encontro muitas explicações com as explosivas, ofensivas e deselegantes (principalmente aos telespectadores, contando, com certeza, muitos jovens na audiência…) participações em seus tempos pedidos, e que cada vez mais, e isso é perfeitamente visível nos semblantes de seus jogadores, que sequer o olham de frente, se avolumam e constrangem, não só a eles, como todos aqueles que ainda se aventuram a prestigiar as transmissões da TV, quando palavrões e gestual agressivo são transmitidos em tempo real, a cores e em som estéreo. Simplesmente lamentável…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV e do O Globo. Clique nas mesmas para ampliá-las.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



2 comentários

  1. Rodolpho 09.12.2013

    Professor, permita-me acrescentar um quinto momento.

    CETAF x Flamengo.

    Marcelinho arremessou 11 vezes da linha dos 3 pontos e somente 4 vezes dos 2 pontos. Vale a constatação, apesar de não ser novidade.

    Gegê arremessou 7 vezes da linha dos 3 pontos e somente 2 vezes dos 2 pontos. Infelizmente acho que esse jogador está no caminho errado, muito errado mesmo, e pior: incentivado a piorar. Considero o Gegê um jogador com muito potencial e, por ser ainda novo, poderia inclusive ser adicionado à rotação da seleção depois do Mundial, a fim de prepará-lo pro futuro. Ele tem uma disposição defensiva bem acima da média, sabe sufocar o armador adversário melhor do que qualquer armador do NBB, inclusive melhor do que o Taylor. Mas simplesmente “relaxa” essa sua maior virtude no meio do jogo, sem grandes explicações e agora desanda a arremessar de longe, como se tivesse talento pra isso. Nota-se que não, pela mecânica horrorosa de seu arremesso, além do baixíssimo aproveitamento. Uma pena. Mais um talento jogado no lixo, sob a supervisão treinador atual campeão do NBB e auxiliar da seleção e, naturalmente, um candidato forte a substituir o Magnano um dia…

    Adiciono também algo que deve ter acontecido nesses 6 anos de baixíssimo nível do NBB: nessa partida, TODOS os jogadores da equipe da casa arremessaram de 3! TODOS! Incluindo os pivôs. Não preciso concluir que perderam o jogo…Mais um recorde (negativo) pro basketball do ES!

    Um forte abraço!

  2. Basquete Brasil 10.12.2013

    E poderíamos acrescentar muitos mais momentos com comentários como o seu, oportuno e temeroso do que se pode esperar de nossos novos talentos, que sem que sejam orientados como deveriam, se lançam nessa autofagia desenfreada dos longos arremessos, deixando de lado os dribles incisivos, as fintas oportunas, os bloqueios eficazes, as finalizações precisas, enfim, todo um repertório de fundamentos trocados pelas inefáveis e midiáticas bolinhas.Prezado Rodolpho, a barca continua a singrar os descaminhos do basquete de seu belo estado, infelizmente.
    Um abraço, Paulo Murilo.

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