A PARCEIRA MESMICE…

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Antes, tínhamos somente um ou dois jogos transmitidos por semana, o que caraterizava uma restrita opção para análise de equipes e seus sistemas de jogo, e quase sempre sem abranger todas elas, ao passo que agora, com transmissões via web e a cabo, temos uma quantidade de jogos bastante diversificada, oferecendo um panorama bem mais amplo do NBB7, além daqueles que podem ser vistos ao vivo aqui no Rio…

 

No entanto, algo se torna a cada transmissão mais claro, diria mesmo, transparente, em sua comprovação da mesmice técnico tática que se estabeleceu no âmago de todas as equipes envolvidas na competição, mesmice sistemática e comportamental, envolvendo a todas, técnicos,  jogadores, e analistas da mídia, como num trato corporativado e de espessa blindagem…

 

De uma partida para outra se sucedem monocordicamente sistemas, jogadas, sinais, roteiros, caminhos e desvios que ocorrem formatada e padronizadamente, onde variações, atitudes e improvisos não encontram espaço dentro e fora das quadras, numa rotina exasperante e retrógrada, mesmo na formaçào de base, espelhada numa elite estratificada no tempo e espaço de duas décadas…

 

E dentro deste cenário, impera a mediocridade institualizada, enraizada profunda,  inamovível, pelo menos até os dias de hoje, num desafio inicial que a “parceria”(?) LNB/NBA terá de enfrentar, pois aprimorar os espetáculos em seu entorno, na divulgação e no marketing institucional, pouco adiantará frente a pobreza técnica e tática dos jogos, que no final das contas é o produto a ser comercializado mercadologicamente a uma público que alimentará os valores e lucros da mesma…

 

Nesse estratégico ponto é que a “salvadora” parceria terá de encontrar meios para implementar qualidade as equipes, fator este que obrigatoriamente envolverá uma profunda reformulação na formação de base (que é função da CBB e do desporto escolar), na massificação e na preparação de técnicos e professores (que é responsabilidade dos cursos de educação física e desportos), meios estes que não firam e nem descaracterizem as legislações existentes, principalmente por parte de uma liga estrangeira, mesmo que aliada a uma nacional…

 

Então, ficam desde já expostas situações possíveis de conflitos administrativos, de ingerência formativa e profissionalizante, em área a ser respeitada, por estar bem delimitada a organizações de fora de nossas fronteiras…

 

Como farão é o desafio a ser transposto (ou não…) sem que sejam feridas as leis do país, em qualquer das áreas, educacional, cultural e trabalhista  pretendidas para a sua implantação legal, e que contam com projetos alimentados por grandes verbas federais a serem administradas, ao final de contas, por quem?…

 

Ganhar e auferir grandes lucros é a tarefa primordial (e anunciada…) da parceria, que para tal precisa desenvolver e aprimorar um produto que se apresenta hoje, no limite de tudo aquilo acima mencionado, e como os exemplos a seguir:

 

– No jogo entre Pinheiros e Paulistano, duas equipes atuando de forma quase idêntica, apesar de em alguns momentos a equipe da casa ensaiar formações triangulares, que seu técnico tenta implantar em seu jogo ofensivo, assim como implementar ações defensivas mais efetivas, encontrando, no entanto, grandes dificuldades de assimilação por parte de jogadores mais do que educados e focados no sistema único, que o praticam a longos anos, desde a formação, assim como seu adversário que incorre no mesmo e enraizado hábito, tornando bastante árdua a tarefa de uma mudança de atitudes técnicas, e acima de tudo, táticas. Venceu a equipe do Paulistano, por ter aventurado menos nos arremessos de três (5/19 contra 9/28 do Pinheiros), e ter jogado mais enfiada dentro da defesa da casa (26/51 contra 21/42), numa demonstração efetiva de que o fator precisão nos arremessos se relaciona a maior ou menor distância que são realizados, fator este que compensou um pouco o elevado número de 27 erros no fundamentos, simples assim…

 

 

– Num jogo técnica e taticamente parecido ao acima mencionado, inclusive no alto número de 29 erros de fundamentos, Minas e Franca se enfrentaram duramente, numa partida tumultuada por nervosos e reincidentes técnicos, projetando para dentro da quadra um alto grau de instabilidade emocional nos jogadores, propiciando um aumento nos erros individuais e coletivos, por conta das cobranças de fora da quadra. Assim como no jogo anterior, venceu Minas por concluir melhor próximo a cesta (19/37 contra 16/28 de Franca), e obter sucesso maior nas longas bolas (9/18 e 4/20 respectivamente), face a frouxidão defensiva de Franca no perímetro exterior…

 

– No terceiro jogo transmitido, as equipes do Palmeiras  e da Liga Sorocabana perpetraram um série de erros fundamentais, foram 32, numa partida que se caraterizou por mais um duelo nas bolinhas (10/27 do Palmeiras e 9/28 da Liga), e pela participação anárquica do armador americano Clahar de Sorocaba, responsável por belas conclusões e perdas decisivas de bolas, contrastando com a excelente participação do armador Neto do Palmeiras, além da explicita evidência da falta de condicionamento físico de sua equipe no quarto e decisivo final, levando-a a derrota e última colocação no NBB…

 

– São José e Flamengo repetiram mais um duelo nos três (7/20 contra 10/25, ou 37.7% de efetividade), percentual bem mais baixo que os 54.5% nas tentativas internas (20/46 e 28/42), numa endêmica e teimosa insistência, que não encontra uma explicação plausível  a tanta falta de bom senso e análise crítica. No entanto, pela maior frequência interior da equipe carioca, pode levar de vencida a aguerrida formação paulista, num jogo em que, positivamente, menos erros foram cometidos (9/11) se comparados com os jogos anteriores, fator que elevou tecnicamente o jogo…

 

Então, e por mais uma vez, fica bem claro o processo de mesmice endêmica que tanto critico aqui nesta humilde trincheira, reforçando a cada ano que passa a certeza de que o grande óbice que vem travando o crescimento técnico do grande jogo entre nós, passa irremediavelmente pela formatação e padronização técnico tática imposta ao mesmo, por uma geração de técnicos comprometidos e compromissados com o sistema único, que encontra no âmago da NBA seu grande difusor, tornando a parceria agora implantada e divulgada com a LNB, como algo que deve ser bem estudado e melhor ainda pesado, quando estará em jogo uma longa tradição de como encaramos e atuamos num passado não tão distante assim, e que nos levou técnica e taticamente a emular com as grandes equipes mundiais, inclusive a americana, exatamente pela pratica diferenciada na forma de jogar, bem ao largo do que hoje temos professado, nas sobras e dobras da grande liga do norte. Espero que o bom senso, o mérito, e o competente conhecimento nos leve a patamares acima, e não a um papel subalterno e suplementar dentro da realidade do grande, grandíssimo jogo…

 

Amém.

 

 

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2 comentários

  1. Josue Lima Guerra Filho 14.12.2014

    Estimado Professor

    Boa Noite!

    Vou comentar jogo-a-jogo expondo minha opinião.

    Pinheiros x Paulistano – Marcel sofre, tem sofrido muito para empregar um sistema de jogo que vem na contramão do que temos como cultura por aqui. Aqui se usa a Pedagogia para treinamento adulto, os jogadores não estão acostumados a trabalhar cognitivamente, atuam 90% suportados de suas qualidades tecnicas individuais, não se tem leitura de jogo, bem como uma noção de movimentação autonoma, tudo é sistematizado, sincronizado e padrão, não se tem uma movimentação reflexiva, antecipativa suportada por uma leitura inteligente e individual do jogador, os que conseguem atuar nos padrões e ainda por cima jogar no sistema são tidos como diferenciados…O triangulo requer muito mais que treinamento, requer renuncia, entendimento e conhecimento do jogo mas não só do treinador e Marcel sofre por ter que ser um pedagogo no ensino dessa forma muito interessante de jogar.

    Minas x Franca – Esse jogo não pude assistir…

    Palmeiras x LSB – Jogo muito dificil de assistir…Palmeiras e LSB possuem elencos muito peculiares, a LSB tem um elenco jovem com jogadores promissores e que esse ano fizeram jogos espetaculares e tinha tudo para iniciar o NBB a todo vapor, os revezes são compreensivos principalmente por que estão jogando sem pausas para descanso principalmente quando em uma semana jogaram assustadores 4 vezes seguidas! Rinaldo Rodrigues peca pelo excesso, precisa de um auxiliar de pulso e que consiga faze-lo refletir e manter-se focado em propor soluções em momentos chaves dos jogos, principalmente ao lidar com um elenco tão jovem. Com a chegada de Aga pensei que algo mudaria, mas até o momento não vejo o trabalho de Aga aparecer na LSB. O armador Clahar talvez tenha sido um tiro no pé pois aqui no Brasil temos jogadores melhores e se for trazer um americano, traga alguem que some para a equipe…Está para chegar tambem um Argentino. Eh laia, seguir moda me frsutra muito…Mas o jogo em si foi triste e a LSB perdeu para ela mesma em um jogo que poderia ganhar.

    São Jose x Flamengo – Não assisti o jogo…

    Mas com um post sensacional como o do senhor, sempre expondo e nos trazendo aquilo que muitos não veem ou fingem que não veem, continua contribuindo para meu aprendizado…

    Torço muito por Marcel e Rinaldo Rodrigues um por tentar quebrar os dogmas e paradigmas de nosso basquete e o outro pela abnegação, pelo amor ao basquete, ainda que cometa excessos muitos deles passiveis de punição, mas que somente precisa de alguem que seja a razão frente a um trabalho feito com coração e que as vezes atrapalha demais principalmente nas tomadas de decisão.

    Na parceria LNB/NBA triste é não ver nenhum pronunciamento por parte da CBB que mais uma vez se mostra ausente, assim como seu mandatário Carlos Nunes que tem sido uma chaga para nosso basquete que precisa de uma terceira via para administrar e nos colocar de volta no crescimento. E pensar que a CBB receberá mais dinheiro publico no ano que vem…

    Qual serão as desculpas?

  2. Basquete Brasil 15.12.2014

    Olha Josue, lendo seu comentário compreendemos o quanto ainda temos de caminhar, pois o mesmo aborda muito daqueles obstáculos que emperram o desenvolvimento do grande jogo entre nós. Altamente positivo, no entanto, é reconhecer que começamos a diagnosticar com precisão nossas falhas, e o mais importante, através depoimentos de jovens como você, que de forma bastante competente, contrapõem posicionamentos administrativos, técnicos e táticos, de muitos que dirigem e decidem na modalidade, o que é positivo e encorajador a um amanhã progressista e inovador. A luta deve continuar, sempre, decidida e corajosa.
    Um abraço, Paulo Murilo.

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