ATÍPICO? NÃO MESMO…

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Creio que não, pois atípico seria se a vitoria mudasse de lado, tal a disparidade de envolvimento e comprometimento que diferenciou profunda e decisivamente os dois contendores entre si…

Aquele que acompanha com atenção as características de cada equipe do NBB7, sabe muito bem que Bauru, pelas contratações que promoveu, aposta tudo na sua bem azeitada artilharia de fora, na desvairada velocidade de seus contra ataques, alimentados por uma defesa agressiva internamente, que quando resolve subir para o perímetro externo se torna também muito eficiente, principalmente nas interceptações por sobre um sistema único, utilizado por seus adversários e ela mesma, e por conseguinte, sabedora dos atalhos lateralizados nos passes de contorno, que se expõem quando pressionados. No lado oposto, mesmo se utilizando de um sistema baseado no princípio dos triângulos, e que de forma alguma tem encontrado resposta convincente por parte de jogadores que, pelos muitos anos de convivência com o sistema único, inconscientemente se utilizam do mesmo, a equipe do Pinheiros se coloca numa encruzilhada, onde por um lado tenta seguir os ditames táticos dos triângulos, e por outro, face a uma defesa mais próxima e combativa foge para as jogadas tradicionais, como punho, chifre, etc, se colocando sob um manto de incertezas e fragilidade técnica, advindo dai sérias perdas ofensivas, que frente a um distanciamento defensivo externo, permitindo um 14/28 da artilharia de Bauru, contrastando pifiamente com seus 5/26 nos três e 17/41 nos dois pontos (contra 32/44), e mais 16 erros nos fundamentos, culmina com uma fragorosa derrota (116 x 55) com 61 pontos de diferença, num resultado realmente lamentável…

No entanto, algo se sobressai indagativamente, o de como duas equipes bem estruturadas técnica e economicamente apresentam um resultado tão dispare, tão controverso, num cenário em que grandes e pequenas franquias ainda se debatem ao sabor das incertezas nos compromissos salariais, nos deslocamentos regionais e nacionais (temos equipes viajando com 8/10 jogadores), poucas são aquelas que se equilibram positivamente, e Bauru e Pinheiros são duas delas, com jogadores dos mais bem pagos e valorizados no mercado, tendo inclusive muitos estrangeiros em suas planilhas…

Então, o que poderia explicar 61 pontos de diferença entre ambas, o que?

Ter sido um jogo atípico? Não mesmo, principalmente face a qualidade de seus jogadores, da competência de sua direção técnica, da tradição competitiva do grande clube que é, e pelo equilíbrio teórico entre as duas equipes, originando uma outra face da questão, a mudança de um sistema de jogo enraizado, por um outro mais ousado (apesar de existir a muitos anos…) e dinâmico, porém sendo implantado a pouco tempo e talvez, sem um suporte didático mais adaptado às condições de mudança num prazo mais factível e menos crítico…

Explico melhor, pois tive uma experiência parecida no NBB2 junto ao Saldanha da Gama, quando num espaço de 20 dias (ou 36 treinos) consegui introduzir inicialmente um sistema, completa e diametralmente oposto ao sistema único, e que se não obteve o mais completo exito, foi pela interrupção do projeto que visava o NBB3, cujos detalhes divulguei e comentei largamente aqui neste blog…

Mas, talvez, o que o diferenciou, frente a experiência inovadora do Pinheiros, pode ter sido o enfoque didático empregado em sua consecução, através a desconstrução programada do que existia, substituido-a por uma outra proposta apresentada aos jogadores de forma fragmentada, onde cada ítem do sistema era desenvolvido por partes bem definidas, estudadas e praticadas separadamente, para ao fim do processo serem combinadas entre si, sem hiatos e dúvidas, compondo um produto final bem alinhavado, compreendido, aceito por todos, e tecnicamente enxuto, Ou seja, das partes para um todo, onde técnicas de ensino e aprendizagem foram utilizadas no vácuo de algo previamente desconstruído e descontinuado…

Quem sabe tenha sido este o entrave encontrado pelo excelente técnico do Pinheiros, mas que, pode perfeitamente, ser corrigido, bastando que exista e evolua um momento de avaliação e mudança de estratégia, que é o fator mais importante na construção responsável e bem pensada de uma equipe em transição…

Espero, honestamente, ter ajudado com o meu depoimento, que não é teórico nem fruto de achismos, e sim fundamentado e desenvolvido lá dentro, na prancheta maior, a quadra do grande jogo…

Amém.

 Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las e acessar as legendas.



2 comentários

  1. sergio barreto gomes 24.12.2014

    Vi ontem na TV o jogo entre Pinheiros e Palmeiras é só confirmei a minha opinião sobre o time do Pinheiros que é formado por jogadores de segunda categoria.

    Não estou defendendo o Marcel, mas com esse elenco não há estratégia
    tática e nem técnico que resolvam.

    Com Marcus Toledo, Ted e Kurtz não dá !!!

  2. Basquete Brasil 25.12.2014

    Prezado Sergio, antes de considerarmos essa equipe como formada por jogadores de segunda categoria, lembro que sempre defendi aqui dessa humilde trincheira, que a grande maioria dos mesmos peca pela formação que tiveram na base, e que na continuidade de suas carreiras não encontraram, por parte de muitos de seus técnicos, soluções corretivas para essa deficiência.Logo, trata-se de uma realidade comum a maioria deles, logo, pecam na realização tática, tanto ofensiva, como defensiva, de um modo geral. Poucos se salvam, constituindo uma comunidade minoritária, que torna praticamente impossível uma evolução técnica do grande jogo entre nós. Se os técnicos, disponibilizassem tempo para corrigi-los certamente evoluiriam, mas não o fazem, o que é lamentável.
    Um abraço, Paulo Murilo

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