NOVOS ARES?…

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O habito do 1 ao 5 está tão solidamente arraigado na mídia especializada, que o Benite para ela é um ala armador, num clamoroso erro de avaliação, ou mesmo, conhecimento técnico, pois o jovem jogador foi, é e sempre será um armador, e dos bons, mas que migrou por varias equipes no intuito de se firmar na posição, mas pelo seu potencial nos longos arremessos, sempre foi “escalado” como um ala, no máximo como um 2 (no jargão da turma do sistema único), quando seu DNA é de um armador bastante técnico nos fundamentos básicos da posição (o drible, a finta e o passe), além de sua capacidade pontuadora nos longos arremessos, e no tão relegado DPJ…

Nessa fase da seleção, ele estando na companhia de um outro armador de técnica bastante similar (Luz, Larry e principalmente o Fisher ) dota a equipe de um potencial municiador enorme, ainda mais quando os alas e pivôs são dotados de velocidade e agilidade no perímetro interno, que é uma surpreendente realidade nesta safra de homens altos, mais leves, e acima de tudo, de grande mobilidade…

E mais um importante detalhe, trata-se de um armador na faixa dos 1,90m, dotando-o de apreciável capacidade defensiva, principalmente na contestação dos arremessos fora do perímetro, e na briga nos rebotes, faltando somente se conscientizar de que é a posição mais vantajosa frente às suas qualidades físicas e técnicas, que o levarão a um elevado patamar na medida de sua capacitação na leitura de jogo, claro, se se mantiver armador, e não um híbrido ala armador…

E com uma eficiente, técnica e coordenada dupla armação, a equipe brasileira parece querer romper um paradigma aparentemente estratificado, aquele que escravizou, e ainda escraviza nosso basquetebol ao anacrônico, ultrapassado e covarde (por se negar evoluir…) sistema único, aquele do 1 ao 5, que limita jogadores a posições “especializadas”, bitolando-os às mesmas, e que em muitos casos se tornam capitanias hereditárias, inclusive nas seleções…

Enfim, esta seleção dá um passo bastante importante na evolução do grande jogo entre nós, que se qualificará muito mais, na medida em que mantenha a dupla armação e três homens altos velozes, ágeis, hábeis, e acima de tudo, se movimentando contínuamente dentro do perímetro, abrindo generosos espaços para serem municiados de fora para dentro pelos armadores, propiciando conclusões próximas a cesta e devoluções no sentido inverso, para  arremessos de fora livres e bem equilibrados, e também importante, estarem em bom número posicionados para os rebotes ofensivos, fundamentais aos bons resultados…

A equipe brasileira se encontra no portal para atingir esse estágio, bastando manter o foco num sistema de jogo em tudo antagônico ao “único”, o que não é uma tarefa fácil, mas torço para que tente, pois poderá, lá na frente, colher bons resultados, talvez em 2016, e certamente para 2020…

No jogo de hoje, contra uma experiente Venezuela,  todas estas possibilidades ficaram patentes, porém com um senão, um certo distanciamento da intensidade de ontem contra Porto Rico, o que tornou a partida menos impactante, cadenciada e um tanto dispersa, mas mantendo sua nova forma de jogar o grande jogo, atacando em uníssono, defendendo com eficiência, e sem a volúpia dos três pontos (foram 5/12), ações que poderiam ter sido mais amplas se mantido o excelente empenho da véspera. Amanhã, contra os Estados Unidos poderemos atestar, ou não, este novo momento da seleção, que se mantido, dotará a equipe de algo impensável até bem pouco tempo atrás, ser proprietária de uma forma eficiente e diferenciada de atuar. Espero que assim continue…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las e acessar as legendas.

 



2 comentários

  1. Fernando 24.07.2015

    Professor a muito que não me alegrava com o basquete, não estou feliz so pelas vitorias, mas sim por perceber mudança no horizonte de nosso esporte.
    A valorização de jogadores com melhor mobilidade, armação dupla e até tripla em alguns momentos, intensidade na defesa em toda partida, o jogo coletivo acima do ego individual.
    Espero que estas mudanças venham em progressão geometrica, material humano nos temos, vamos mostrar aos defensores do corre corre, pula pula, que acham que a vontade (que eles confundem com postura) e mais importante que os fundamentos, vamos mostrar a eles que a inteligencia tem lugar de primeira importância neste belo esporte.

  2. Basquete Brasil 25.07.2015

    Também espero que essa evolução se estabeleça definitivamente no nosso combalido basquetebol, prezado Fernando, após um longuíssimo período de cegueira e endêmica mesmice.
    Um abraço, Paulo Murilo.

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