DEUSES, QUANDO A FICHA CAIRÁ, QUANDO?…

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Mesmo atarefado até a medula na reconstrução da casa após o incêndio que por pouco não a levou de vez, anteveio o comichão basqueteiro, e lá fui me postar na frente da televisão para assistir aterrorizado e mais ainda, revoltado, a uma exibição pífia, ridícula e altamente comprometedora de uma seleção brasileira feminina tentando uma das três vagas ao mundial, que, honestamente, não concebo imaginar que tenha condições minimamente plausíveis para lá estar tão cedo…

Tinha visto o quarto final do jogo anterior contra a Colômbia, mas perante a dura realidade de uma equipe que em duas apresentações cometera 59 erros de fundamentos (33/26), mal pude acreditar que contra uma equipe frágil como a das Ilhas Virgens, ainda teria fôlego para mais 23 erros, fora as inúmeras bandejas perdidas (19/49 nos 2 pontos), muitas através uma pivô que mal se deslocava pelo excesso de peso, dentro de uma equipe que sequer apresentava uma nesguinha de sistema de jogo ofensivo, e que marcava o nada, o nada mesmo, com um técnico teimando em apresentar jogadas numa prancheta, que jamais dariam certo frente a dura realidade de que assim seria, como até hoje vem sendo implausíveis por um simples, simplório fator que, em sua mais absoluta ausência inviabilizava qualquer tentativa tática, sistêmica, e até mesmo defensiva, o fato inconteste de que não sabem jogar o grande jogo, a começar pelos fundamentos básicos, aqueles mínimos conhecimentos para praticá-los com eficiência…

Do outro lado uma equipe para lá de modesta, mas com um pequeno, porém decisivo detalhe (ah, os tão mencionados detalhes…), algumas delas possuíam razoáveis conhecimentos de fundamentos individuais, principalmente no drible e nas fintas, propiciando boas oportunidades nos curtos arremessos, que as levaram a uma vitória justa, ainda mais quando sutilmente orientadas por um idoso técnico, experiente e cirúrgico na orientação ao 1 x 1 sobre as lentas e fora de forma pivôs brasileiras, conseguindo vencê-las bem lá dentro da defesa tupiniquim, somados a uns arremessos de 3 absolutamente desprovidos de contestação (foram 4/13), e mais decisivos que os 3/18 da inditosa equipe nacional…

De pronto saltam questionamentos de uma simplicidade franciscana, ou sejam – Por que treinar “exaustivamente” sistemas de jogo, jogadas marcadas, previsíveis e estéreis, frente a incapacidade de torná-las factíveis se os fundamentos inexistem? – Por que não treinarem, até mesmo serem ensinados os fundamentos, mesmo sendo uma seleção, já que nos clubes não são corretamente ensinados, trocando-os por amistosos fuleiros para dar “experiência e rodagem internacional a jogadoras carentes ”, que na realidade são direcionados ao enriquecimento curricular dos que as dirigem ? – Que explicação plausível pode ser dada ao fato da coordenação técnica ser exercida, e publicamente reconhecida, como influenciadora na forma de jogar da equipe, por um técnico que se mantém décadas fiel ao sistema único? – Por que essa teimosia em entregar seleções nacionais a aspirantes a técnico, sem um mínimo de disposição e conhecimento em inovar sistemas de jogo,  ferrenhamente atados ao… sistema único? – Por que cargas d´água evitamos estoica e ignorantemente que a ficha caia de forma definitiva, por que meus deuses? – Até quando apostaremos em resultantes óbvias e destrutivas de relevantes oportunidades, ao promovermos os que se consideram “prontos a provarem suas competências”, quando uma seleção é lugar dos que notoriamente já a provaram de forma coerente e de há muito, muito tempo? Quando?…

Olhando o banco da inexpressiva equipe que nos venceu hoje, e da maioria esmagadora das equipes internacionais que fatalmente nos venceram, vencem e vencerão, vemos consternados que são dirigidas por veteranos curtidos e sabedores profundos das minúcias do grande jogo, não necessitados em provar competências como muitos dos nossos, frutos de um inexplicável e vigente QI, e portanto, plenamente coerentes aos resultados apresentados, toscos e desprovidos da humildade dos que realmente sabem das coisas, daqueles que não precisam provar nada aos que os indicam, e sim a jogadores que orientam e ensinam, transformando-os numa equipe de alto nível, e não num triste arremedo que vimos numa quadra portenha…

Meus deuses, quando a ficha cairá, quando?

 

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.



2 comentários

  1. Roge Brigues 11.08.2017

    Maravilha de comentário! Tudo o que assisti e penso se resume em suas palavras! Parabéns!!
    Falta tudo, principalmente os fundamentos!! Como numa seleção nacional nenhuma jogadora os pratica? E a comissão técnica?? Como eles não enxergam isso, meu Deus?! Vejo um circo dos horrores! Uma completa bagunça!! Não há dribles, valorização da bola, trocas para deixar a companheira livre, jogo de pernas para fugir da marcação etc etc etc!! Um caos!! Um basquete feio, muito feio de se ver! Mais que triste…é a vergonha de ver o nome de uma nação ser jogado num baluê de impropriedades, ainda mais quando éramos, neste esporte, potência e extremamente temidos pelos demais!

  2. Basquete Brasil 11.08.2017

    Obrigado pelos parabéns, prezado Roge, na mesma proporção em que fico tomado de imensa tristeza por ter redigido o comentário, face a dura realidade que reportei. Mas, não há mal que sempre dure, e já se faz urgente uma nova era que vise o soerguimento do grande jogo entre nós. A nova administração da CBB terá essa incumbência, difícil, dolorosa e imensamente trabalhosa, pois o estrago a que se depara é colossal. Tenhamos esperanças, todos nós, torcendo para que o mérito supere o QI político e comprometedor, no que será um excelente começo na retomada do caminho outrora vencedor que deixamos escapar. Um abraço, Paulo Murilo.

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