EXCESSOS E ESCASSEZ…

E por pouco, bem pouco (77 x 79) o Botafogo não ganha da equipe que foi formada e formatada para vencer todos os títulos que disputasse, nacionais e internacionais, com duas equipes completas em seu bojo, segundo seus técnicos, dirigentes, e os analistas televisivos, e cuja rotação em nada altera seu comportamento na quadra, seja qual for o jogo, tal sua superioridade técnica e tática, num investimento sem paralelo dentre as franquias em disputa, talvez o Franca chegue perto…

Exageros à parte, não tem sido bem assim no transcurso do campeonato, e não foi mesmo assim nas disputas internacionais, com resultados para bem além do planejado, senão vejamos essa primeira partida do playoff semifinal contra uma equipe de baixo orçamento, com rotação crítica, e sem os nomões para rivalizar com a turma rubro negra, além de um técnico estreante contra um já bastante testado na liga…

O engraçado foi comprovar que a premência rotatória do Botafogo, lhe foi muito mais benéfica e eficiente do que a ampla margem da mesma ostentada pelo Flamengo, pois se por um lado os alvi negros mantinham em quadra uma base azeitada e de alta mobilidade (Jamaal, Cauê e Coelho atuaram 38, 37 e 36 min respectivamente), alimentando quatro jogadores em pontuais rodísios, o Arthur (23 min), Diego e Maique (17 min), e Ansaloni (14 min), com Murilo, Guga e Mogi atuando em média 4,6 min, agregando de uma forma lá não muito técnica, mas compactando um entendimento que foi se estendendo no transcorrer da partida, principalmente no empenho defensivo conjunto, por outro lado, a base rubro negra era mantida por 31 min pelo Balbi e o Marcos, um armador e um ala não muito jeitoso na armação, complementados por uma rotação de sete jogadores, Davi, Derik, Olivia, Varejão, Mineiro (atuando entre 23 e 19 min), Jonathan e Nesbitt (15 min cada), armadores, alas e pivôs numa disputa de minutos, protocolares ou não, num entra e sai que de forma alguma poderia estabelecer uma liga técnica e comportamental confiável entre eles, num jogo onde o entendimento inter pares se tornava prioritário, atingidos pelo cansaço, ou não, obrigatoriamente exauridos num playoff onde vantagens devem ser negadas ao adversário ao prêço que for. Deram sorte, muita sorte, frente a uma equipe limitada economicamente, mas que soube administrar suas limitações como deve ser sempre feito nas grandes decisões, repito, ao prêço que for…

Nos dois próximos jogos, onde o Flamengo poderá fechar a série, a equipe botafoguense tem alguma chance se repetir sua atuação, agregando uma atenção redobrada nos rebotes defensivos, priorizando a ofensiva interior (reduzindo a chutação de fora), onde a intensa rotação rubro negra o beneficia, pelo simples fato da mesma custar muito a se integrar pelo excesso de candidatos em oferta, pois afinal de contas, cada vez mais fica patente que todos eles tem uma minutagem a cumprir (e olha que são oito, pois o  Crescenzi ficou de fora nessa partida…), além do fato maior de poderem contar com um trio extremamente veloz de armadores, que se derem ao inteligente recurso de variar o rítmo e o tempo nas situações ofensivas, “travando” um pouco a ânsia de velocidade dos rubro negros pressionando sempre o seu primeiro passe para o contra ataque, e atacando os altos alas forçando-os ao drible de penetração (que valem 2 pontos), evitando e contestando as tentativas de 3, terão boas chances de sucesso…

Agora, quanto ao Flamengo, vejo enormes chances de liquidar os jogos se constituírem  uma equipe realmente básica, independendo de nomes ou nomões, que joguem por um bom tempo juntos, afinal estão a poucos jogos das férias, quando cansaço e estafa não podem ser desculpas, profissionais bem pagos que são, mantendo uma unidade pela constância presencial, e não atuando como um caleidoscópio, onde imagens e figuras variam em formas, tamanhos, e cores também, dissociados do espírito coletivista que caracteriza os vencedores de fato (a turma altamente especializada agora conota “jogo coletivo” associando-o ao fato de muitos jogadores assinalarem 10 ou mais pontos. omitindo por desconhecimento ou cumplicidade, a intensa e afirmativa busca por pontos, através suas acionárias individualidades) …

Na semifinal paulista, ocorre algo parecido com a equipe de Franca, recheada de jogadores com notória eficiência, porém franca adepta da chutação de fora, convergindo na maioria de seus jogos, e neste contra Mogi, se beneficiando de uma quase completa ausência de contestações fora de seu perímetro de ataque onde formalizou 11/29 nos 3 pontos e 18/32 nos 2, com Mogi respondendo com 22/42 e 8/23 respectivamente. Venceu por 85 x 77, uma equipe desestruturada e sem liderança dentro e fora da quadra (seus dois técnicos estão suspensos, e o coordenador técnico que assumiu o cargo, demonstrava claramente não estar familiarizado com o plantel), tornando-se presa fácil a artilharia e correria francana…

Se saírem finalistas com o possível Flamengo, vai ser deveras divertido assistir jogos onde vinte jogadores se consideram e são vistos e tratados como titulares pela minutagem que ostentam, e desde já sugiro que joguem dez em dois quartos, e outros dez nos dois outros, para a alegria de todos e de seus estrategistas, e que vençam os mais nominados, noves fora a chutação de praxe, para a glória e progresso do grande jogo tupiniquim…

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.



2 comentários

  1. João 09.05.2019

    Treinador, parabens pelo comentário cristalino…mas abusando da sua boa vontade, gostaria que saber sua opinião acerca desta hipotética, porem provavel, equipe brasileira que se vislumbra para participar da Copa do Mundo em agosto:
    Huertas, Raul, Yago..
    Marcos,Leandro,Benite,Caboclo,Alex,Lucas Dias..
    Nenê,Felício, Varejão

    Vejo muita dificuldade e desvantagem , principalmente, para o jogo contra alas e armadores melhores fundamentados..o que o Senhor acha?…abraço.

  2. Basquete Brasil 10.05.2019

    Olha prezado João, também vejo, e até prenuncio que a seleção, da forma em que está sendo organizada e administrada, dê com os burros n’água no mundial,pelo inconteste fato de que, com jogadores da NBA, ou não, refletirá o momento técnico tático por que passa o grande jogo no país, onde o “chega e chuta”, o descompromisso defensivo, a progressiva adesão do técnico croata a realidade da forma como aqui se tem jogado, sua infeliz ação de ir de encontro a jogadores no exterior, como que cabalando adesões e compromisso dos mesmos,os quais que em hipótese alguma se impõem decisiva e tecnicamente naquelas ligas, inclusive advogando a presença de um deles que simplesmente se negou a defender a seleção num segundo tempo da classificatória ao mundial, numa ação que duvido fosse aceita por sua federação de origem, aceitando assistentes que defendem sistemas de jogo em que não acredita, enfim, em nada contribuindo com seu elogiado legado profissional para o ressurgimento do basquetebol brasileiro a nivel mundial. Quanto aos jogadores apontados por você, me privo de comentários, pois muitos deles tem fortes concorrentes por aqui mesmo, todos privados de uma concepção sistêmica oposta ao que exercitam, mas isso é outra questâo que defendo desde sempre. Um abraço. Paulo Murilo.

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