O CHEGA E CHUTA NÃO PODE CONTINUAR (From Lisboa)…
Tive problemas na conexão com as emissoras de Tv que transmitiram o jogo final entre Flamengo e Franca, aqui em Lisboa. Falhou o programa que as disponibilizariam pela internet, ficando somente com as estatísticas para tentar compreender um jogo tão importante como esse…
Sei que nada substitui a observação direta, mas pelo que conheço do grande jogo praticado no país, com sua mesmice enraizada desde sempre, ouso tecer alguns comentários tornados muito claros, a luz de alguns números que se repetem teimosamente a cada jornada, sejam quais forem os campeonatos disputados, e este, certamente não seria diferente, a começar, pela marcante evidência de ter sido mais uma pelada onde o chega e chuta se revelou assustador, pois ambas as equipes perpetraram um 25/58 arremessos de 2 pontos, e 21/64 de 3 (13/41 para o Flamengo e 8/23 para Franca), diferença para menos que deu a vitória a Franca, sem margens para qualquer tipo de discussão, pois se torna absolutamente inadmissível que uma equipe da elite do basquete tupiniquim, se submeta a números escrachantes, como arremessar 25 bolas de 2 e absurdos e comprometedores 41 arremessos de 3, mesmo convertendo 13 deles, com seus dois armadores, aqueles que deveriam abastecer ao extremo seus bons alas pivôs no jogo interno, ação inteligente de Franca com seus 18/33 nos 2 pontos, contra 11/25 do Flamengo (sim, estrategistas de plantão, se vencem jogos de 2 em 2 e 1 em 1), para cometerem um 3/16 devastador (2/7 para o Balbi, e 1/9 para o Derek), e ai vai mais uma continha sempre e sempre esquecida pelos mesmos, pois bastaria os dois substituírem a metade de suas tentativas perdidas de 3 pontos (8 tentativas), optando pelas de 2 pontos, em DPJ’s ou penetrações visando faltas ou assistências curtas para seus alas pivôs, que venceriam o jogo, pois ao contrário do analista do jogo semifinal, apontando o Derek como um especialista nos longos arremessos, mencionando o fato de que estando livre sua eficiência era absoluta, fica mais do que evidente que uma performance de 1/9 não o gradua como especialista, que na realidade nunca foi, e sim um bom armador…
Concluindo, Franca investiu corretamente no jogo interior (arremessando 18 bolas de 3 a menos do que seu oponente), provocando mais possibilidades de sofrer faltas pessoais, convertendo 17 lances livres contra 12 do Flamengo, vencendo por 4 pontos a partida e o torneio, ao contrário de seu oponente que optou pela artilharia desenfreada e descerebrada de fora, indo para as calendas gregas, carpir erros inadmissíveis a uma equipe montada para “vencer todas as competições em que participaria”, segundo declarações de seu estrategista quando a assumiu, e que a cada competição mais aposta e libera o chega e chuta cada vez mais institucionalizado neste imenso, desigual e injusto país. O croata deve estar com as barbas de molho ante tal e brutal evidência, e com a companhia de dois dos maiores adeptos de tanta insânia, como seus auxiliares técnicos, mais ainda…
Que os deuses nos socorram para as importantes competições que nos aguardam, pois de minha parte, se nada for radicalmente mudado, teremos sérios problemas…
Amém.
Professor,
1. O objetivo do jogo é anotar pontos, mais do que o adversário durante o jogo.
2. Toda posse de bola deve ser considerada uma oportunidade de cesta.
3. O arremesso de 3 pontos é muito importante no contexto atual do esporte. Porém não é todo jogador que deve ficar atirando de 3 pontos desperdiçando uma posse de bola.
Minhas dicas:
1. Ataque tem que explorar de uma forma equilibrada todo e qualquer tipo de arremesso, tanto dentro quanto de fora do garrafão e de três pontos.
2. O objetivo de uma equipe é aumentar a produção e a porcentagem de arremesso por posse de bola. Para tal os arremessos tem que ser explorados de forma equilibrada e de alta porcentagem de aproveitamento.
3. Aprendi e adoto a seguinte filosofia, o arremesso de alta porcentagem de aproveitamento é aquele executado pelo jogador em sua área de especialidade, seja esta bola de três e ou dois, penetracao a cesta, e dentro do garrafão.
4. O jogo tem que ser praticado de forma matemática, ou seja, porque continuar desperdiçando posses de bola com arremessos de 3 pontos com médias de aproveitamento abaixo de 30%. Quando a porcentagem de aproveitamento dentro do garrafão é de quase o dobro.
5. Uma bola de três é geralmente anotada a cada 3 ou quatro tentativas e de forma muito rápida sem opções de rebote ofensivo. Arremessos dentro do garrafão, 1 convertido a cada duas tentativas executados com maiores chances de rebote ofensivo.
Se uma equipe chuta uma bola de três nos primeiros 5-10 segs de posse e erra, esta equipe está proporcionando ao adversário mais tempo de posse de bola.
Sem defesa, ou seja, negar o passe e o toque de bola no ataque dos principais anotadores de pontos do adversário, você torna o jogo mais difícil, pois as chances de diminuir o aproveitamento por posse de bola do adversário será muito mais difícil.
Treinador..cumpre-se a mesma rotina de baixa qualidade tecnica dos jogos do nosso NBB tambem nesta temporada, apesar da mídia querer passar outra visão… e no quesito arremessos do perímetro chega a ser irritante..justamente esse esporte onde o equilíbrio de ações ofensivas(com alguns detalhes muito bem explanados pelo Prof. Walter principalmente quando comenta sobre a importância de saber utilizar a posse da bola) não permite o “engessamento” destas ações, centralizadas somente numa forma de atacar a cesta..o que vemos por aqui,na totalidade,são equipes priorizando somente a finalização de 3 pts mesmo que em muitas situações se vislumbre a possibilidade de sucesso no jogo perto da cesta..uma troca que somente seria compreensivel se houvesse uma grande porcentagem de sucesso nestes arremessos..venho acompanhando os jogos da Liga Endesa,onde podemos observar e certificar o quanto a posse,movimentação e leitura correta do jogo são vitais para o sucesso a nível internacional..parabens ao Prof. Walter Carvalho e um abraço Treinador.
Sergio Machado Dois grandes amigos e professores, e só aqui com vcs, me sinto bem para “dar meu pitaco”. O que define o bom basquete é o entendimento do jogo, o aproveitamento e os resultados. Chutar de três não deveria ser uma filosofia de jogo. “Chuta quem mete”, e não por estar livre. E convenhamos, criar situações de arremessos de três dá menos trabalho do que apróximar-se da cesta. O Ary, genialmente, para explicar “aquele segundo tempo”, “daquele dia” em 1987, criou um troço que ele chamou “basquete de alto risco”. Daí em diante …, será que iremos a Tokio? Vitórias esporádicas e um basquete de poucos resultados. A insistência é consequência da preguiça? Soberba? Falta de paciência? Recursos? Inteligência? Dinheiro? Nunca conheci um jogador que metece tudo e sempre. Tem momento, tem dia, tem fase . A virtude não é a “confiança”, sempre será o bom senso, a leitura do jogo e a humildade de ser parte de uma equipe. Basquete não tem vitórias pessoais. Foi assim que me ensinaram, e aí de mim se não tivesse entendido. Paulinho, Walter (meu querido Foca), parabéns por insistirem. Ainda bem que vcs estão aí. Bjs de irmão.
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Paulo Murilo
Autor
Paulo Murilo Walter, sua tristeza e a minha também, sempre torcendo por dias melhores, assim como Sérgio, anseio pela sua lucidez de professor e grande jogador que foi, arremessador de elite, especialista de verdade, valores que o fazem pensar e dimensionar a verdadeira utilização dos longos arremessos no basquetebol, num depoimento que deveria ser seriamente pensado por todos aqueles que fazem e vivenciam o grande jogo. Obrigado por enriquecerem esse humilde blog com seus importantes importantes comentários.
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Walter Carvalho
Walter Carvalho Professor, é com tristeza que leio os seus artigos sobre a falta de uma filosofia de jogo inteligente baseada na eficiente utilização do arremesso de três pontos durante os jogos de basquetebol praticado pela maioria das equipes brasileiras. Forma esta contrária a toda e qualquer lógica matemática do jogo. Continuam não percebendo o grande jogo. E uma pena.
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· Responder · 6 d · Editado
Walter Carvalho
Walter Carvalho Sergio Machado e Paulo Murilo eu acredito que o arremesso de alta porcentagem de aproveitamento é aquele arremessado por um jogador em sua área de especialidade. No momento todos querem chutar de três, mesmo com porcentagens de aproveitamento abaixo de 25%. Desta maneira desperdiçam várias posses de bolas. Quando o objetivo do jogo é anotar mais pontos do que o adversário e para isto é necessário aumentar o aproveitamento e a produção de pontos por posse de bola. A equipe que explora o arremesso de 3 pontos de forma equilibrada pode, desta forma, ganhar um jogo, mesmo quando alguns dos principais pontuado res não estão metendo as bolinhas. Vitória da equipe.
Sergio, muito carinho e respeito por vc. Você foi um dos monstros do nosso esporte. Aprendi muito convivendo com vc e a sua geração de craques. Tudo de bom.
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