A BOLINHA CONCEITUAL…

O artigo da semana passada, O Especialista, recebeu do leitor Alexandre Miranda um instigante comentário, fazendo do mesmo meu artigo de hoje:

Alexandre Miranda

28.01.2020 (2 days ago)

Satisfação em poder me comunicar com o senhor novamente, Professor.

Mas, mesmo sem me comunicar, ainda sigo as discussões por aqui. Pois tenho este espaço como um EAD classe “A” de Basquetebol.

Professor, dentro desta discussão, acredito que a perspectiva seja a de aumentar a linha de três (em face da adaptabilidade humana e desenvolvimento físico visível) ou extinguir a linha de três (tal qual fazemos com categorias de base) para assim podermos nos deter no ponto basilar do Grande Jogo… O domínio de todos os fundamentos!

A primeira opção configura-se como errática, pois a bizarrice próxima seria chutar do meio da quadra para três pontos.

A segunda opção é viável e formativa, mas não sei se teria apelo junto ao show business.

Claro que este é um exercício de futurologia, mas não chega a ser esdrúxulo frente às demandas midiáticas do esporte.

Bom seria termos bom senso, temperança.

Mas está difícil…

Fortes abraços… Professor Alexandre Miranda.

Até.

Muito bem colocado prezado Alexandre, mas de saída sua segunda opção já derrubaria toda e qualquer tentativa de mudança, mesmo que fosse objetivada ao preparo dos mais jovens, pois arremessar de três pontos passou a ser “prioridade midiática”, sem a qual, a maioria das transmissões se inviabilizaria pela ausência do tempero verborrágico que a caracteriza, juntamente aos “tocos e enterradas sinistras”…

O reinado das bolinhas está tão enraizado na concepção de basquetebol dessa turma, tornando-a de tal forma entorpecida, que números que apresento a seguir de alguns dos  últimos jogos do NBB, pouco ou nada representam de importante no desenvolvimento do grande jogo entre nós, claro, na concepção da esmagadora maioria deles, senão vejamos: 

– Paulistano 72 x 85 Franca – 30/56 bolas de 2 pontos, e 24/70 de 3, com 35 erros de fundamentos;

– São Paulo 79 x 86 Franca – 42/74 de 2 pontos, e 22/71 de 3, com 22 erros de fundamentos;

– Flamengo 83 x 77 Unifacisa – 32/59 de 2 pontos, e 21/57 de 3, com 28 erros;

– Mogi 78 x 73 Ceará – 35/65 de 2 pontos, e 20/54 de 3, com 34 erros;

Com a praticamente ausência de qualquer equipe arremessando menos de 20 bolinhas de 3 por partida, fator que denotaria uma forte escolha pelo jogo interior, mais preciso e menos perdulário no esforço físico, porém muito mais exigente no domínio dos fundamentos, principalmente no drible, nos passes, nas fintas e arremessos, além de potencializar os rebotes, e, principalmente, desenvolver naturalmente um sentido coletivista, talvez o fator técnico tático mais ansiado pelo basquetebol nacional. Até o momento em que essa necessidade de progresso seja atingida, continuaremos a patinar neste solo escorregadio e perigoso das “indecentes bolinhas”, dos “selvagens tocos”, e das “enterradas monstruosas”, incentivadas e cultuadas por estrategistas de beira de quadra, com seu gestual saltimbanco e coercitivo palavrório sobre as arbitragens, e jogadas geniais (?) rabiscadas em pranchetas midiáticas, que muitos especializados garantem “que falam”, “discursam”, não se sabe bem o que, como, e para que, mas com certeza, refletem a pobreza para lá de franciscana do que venha  a ser o grande jogo, liliputiano para a grande maioria deles, exceto uma minoria que pouco soma, justificando a regra. Quem sabe um dia despertaremos deste torpor conceitual, político e retrógrado em que nos encontramos, quem sabe, um dia…

Amém.

Fotos – Divulgação LNB.



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