A IMPONDERÁVEL FESTA…

Tema padrão – Quatro abertos, um jogando…

Foi uma festa, perante uma Colômbia antítese daquela que bem a pouco venceu o Brasil pelas eliminatórias ao Mundial, e que agora se apresentou de uma forma ridícula e constrangedora, ante um adversário em que dez dos doze jogadores arremessaram de três pontos. Realmente é uma equipe abençoada, com sua quase totalidade especializada nos três pontos, façanha negada as maiores franquias americanas e européias, que quando muito têm em seus quadros dois, três reais especialistas no mais sutil e difícil fundamento do grande jogo, mas que para nossos craques, é lugar comum,das divisões de base até as adultas, fator explicativo de muitas das nossas deficiências…

Sem maiores delongas, aberta a temporada de tiro aos pombos…

A começar pela convergência entre os arremessos de dois e três pontos (14/32 e 20/38), com amplo numerário para as bolinhas, critério hoje mais do que estabelecido, balizando comportamentos despertados desde as categorias de base, e desaguando nas adultas, seleções inclusive, emoldurando com dourados louros o auto denominado basquete moderno, que de moderno mesmo seja o fato da explícita tentativa de transformar uma modalidade coletiva clássica em individual, onde muito poucos pensam brilhar, com a esmagadora maioria servindo de escada para aqueles falsos ícones, fabricados e idolatrados por uma mídia, que pouco ou quase nada entende do grande jogo, mas que se capacita como avalista dolarizada do mesmo, pouco ou absolutamente nada enxergando o imenso mal que projeta por sobre um desporto nobre e profundamente técnico, que não merece ser tão duramente prejudicado…

Para que posicionamento para rebotes ante tanta e mortal precisão?

E porque prejudicado? Pelo simples fato de se limitar a um adquirido e péssimo hábito, de abdicar quase que totalmente dos fundamentos, que permitem aos jogadores atuar por toda quadra, mesmo nos recantos mais vigiados do perímetro interno, com desenvoltura e domínio do corpo e da bola, habilitando-os na execução de todo e qualquer sistema ofensivo e defensivo, assim como a correta e importante leitura de situações de jogo, fator básico para a consecução do coletivismo tão almejado por toda equipe séria de competição, em contraponto ao esvair de tempo e esforço nas colossais perdas dos inúmeros erros nos longos arremessos, com suas percentagens nitidamente inferiores aos de média e curtas distâncias, além, e muito além, da nula necessidade de se utilizar de dribles, fintas, passes, quiçá luta por rebotes, trocada pela chutação desenfreada de fora. Num passado não tão distante assim, ensinava-se ao jogador que lançava a cesta, de perto ou de longe, que acompanhasse a trajetória da bola, se possível antes ou ao mesmo tempo que ele chegasse ao aro, como forma de conseguir retomá-la se não obtivesse sucesso, muito ao contrário de hoje, quando a maioria dos jogadores ficam parados, ou retrocedem para seu campo, tal a certeza de um imponderável acerto, motivados e incentivados por uma irreal e capciosa convicção, na maioria das vezes advinda de fora para dentro da quadra, por parte de seus gurus travestidos de saltitantes técnicos/torcedores, ensandecidos narradores e comentaristas extasiados com tanta genialidade, mesmo quando falham…

Sem qualquer presença defensiva, até o roupeiro arremessaria.

Sem dúvida foi uma festa, com lembranças de nunca terem presenciado o pivô Felício ter conseguido dois arremessos de três numa mesma partida, e do outro pivô, o Mariano conseguir um 4/6 depois de um 0/5  no jogo anterior contra canadenses, e de somente o terceiro pivô, o Augusto, ter se preocupado somente em seu trabalho dentro do perímetro, que no final das contas, é o seu dever de ofício…

Defensor sequer salta, e um dos quatro abertos, e em posição de disparo aguardam novas chances..

Muito bem, a equipe brasileira, que enfrentará daqui a pouco a uruguaia, fechando a fase classificatória, provavelmente vencerá a partida, só não se sabendo se festivamente como contra os colombianos, ou mais duramente se a artilharia de fora não consumar mais uma feliz convergência, vamos aguardar. Até lá, se mantêm no ar a instigante pergunta – Será mesmo essa impostura do chega e chuta a redenção do nosso sofrido basquetebol, a reboque de uma impostura maior, definida e mapeada por um sistema único de jogo, imposto por uma liga hegemônica lastreada por uma dinheirama que somente ela possui? …

Que festança de basquete moderno.

Sempre torço para estar enganado, profundamente, mas, infelizmente, quase nunca deixo de acertar, pois a experiência e os muitos anos vividos definem certezas, não sonhos e quimeras, somente certezas…

Que os deuses, pacientes deuses nos ajudem.

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique nas mesmas para ampliá-las.



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