O QUE ESTÁ NOS FALTANDO, MEUS DEUSES, O QUE?…

França e Espanha fizeram uma final no Mundial Sub 19 onde as defesas brilharam como nunca.

Venho tentando acompanhar as seleções nacionais pela TV e internet, na medida do possível, já que minha paciência tem se mostrada num limite próximo à indiferença, o que me deixa triste e preocupado, não comigo, orangotango velho de muitas décadas junto ao grande jogo, mas sim com o futuro do mesmo em nosso imenso, injusto e desigual país…

Acompanhei, e até comentei, a participação da Sub 17 na Americup, e a Sub 19 no Mundial, onde fracassaram ruidosamente, falhando sistematicamente nos fundamentos básicos, principalmente nos de defesa, fator larga e copiosamente descrito e publicado em muitos e muitos artigos neste humilde blog, sem, no entanto, conseguir o mais tênue suspiro de esperança em mudanças, por menor que fossem, no intuito de fugirmos dessa mesmice endêmica que asfixia o basquetebol intuitivo e criativo de nossos jovens, pródígos nessas qualidades se bem ensinados, preparados e treinados fossem por professores e técnicos engajados em promover tais e estratégicas mudanças…

Ao contrário, se afundam cada vez mais num modelo sistêmico, no qual, o jogo aberto fora do perímetro, e a chutação de três se impõem absolutos, assim como o brutal equívoco na formação de base, onde as defesas zonais se sobressaem exatamente nas categorias mais jovens da base formativa, retirando das mesmas o pleno domínio das técnicas fundamentais de defesa, cuja deficiência nos tem sido cobrada nas categorias acima dos 16 anos, vide o que ocorreu nestas duas competições mais recentes, a Sub 16 feminina, a Sub 17 e a Sub 19 masculinas, onde algo de grande preocupação fica evidente, serem estes jovens o futuro das seleções adultas, que entrarão nas competições mais importantes com uma deficiência letal e irrecorrível, a de não saberem defender no mesmo nível de seus adversários, tornando-os inferiorizados técnica e taticamente, onde nem científicos preparos físicos os socorrerão quando a bola subir…

As brasileiras atuando em algumas oportunidades com duas jogadoras muito altas no garrafão, se impuseram contra Porto Rico, classificando-se para as finais.
Penetrando e atuando dentro do garrafão o jogo ficou mais a favor das brasileiras, fator que deve ser encorajado para a final de logo mais.

Agora mesmo participamos na Americup adulta feminina, com seleções secundárias das equipes mais ranqueadas, como Canadá e Estados Unidos, esta com uma seleção universitária com idade limite de 23 anos, enquanto as demais sul americanas, a mexicana e a porto riquenha, assim como a brasileira, vieram com sua força máxima. Nesse panorama, a equipe brasileira se impôs até agora sem derrota, sendo capaz até de vencer a competição, o que será visto hoje na decisão com os Estados Unidos, perdedor quando se defrontaram na classificação…

Apesar de continuarem a errar enormemente nos fundamentos, a equipe brasileira vem apresentando duas situações de jogo inéditas até essa competição, uma defesa mais agressiva e contestadora aos longos arremessos, variando bastante entre defesa individual e zona, e contando com pivôs e alas muito altas e batalhadoras, tendo ainda uma armação pelo menos mais voltadas ao jogo interior, principalmente com as boas pivôs da equipe. No jogo decisivo de hoje, essas duas qualidades estarão em evidência, onde as ações dentro do garrafão terão de ser incentivadas e realizadas à exaustão, assim como deverão ser mais comedidos os longos arremessos, pois as americanas contra atacam com mais eficiência que nossa seleção , apesar da extrema juventude das mesmas, em confronto com a enorme experiência de nossas veteranas jogadoras. Uma vitoria, quem sabe, seria um enorme alento ao basquete feminino do país, tão maltratado e esquecido…

Continuo a acreditar num soerguimento plausível do nosso basquetebol, na medida em que o mesmo reencontre o elo perdido três décadas atrás, quando “inventamos”  a artilharia de fora, afrouxando a defesa externa, omitindo os fundamentos básicos na formação de base, e principalmente, nos voltarmos ao colonialismo de uma forma de jogar que somente existe em um único país, imensamente rico e historicamente conflagrado racialmente, onde se guerreiam em arenas uivantes, com regras específicas, à margem do basquetebol internacional, jogado pelos demais países deste mundo que habitamos…

Neste momento me pergunto o que nos falta, meus deuses, o que? 

Amém.

Fotos – Reproduções da TV. Clique duplamente nas mesmas para ampliá-las.

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