A FAMÍLIA…

Amanhã às 9:30hs, a seleção masculina inicia sua derradeira caminhada pela vaga olímpica, somente alcançada se vencer o torneio em Riga, capital de seu principal oponente, a Letônia…

Será uma caminhada espinhosa, suada, e terrivelmente incerta, dada a característica básica de uma seleção que atua a décadas da mesma forma, técnica e taticamente, com um grau elevadíssimo de previsibilidade ofensiva, e uma inconstância defensiva histórica…

Centrar e priorizar seu arsenal ofensivo na chutação desenfreada de fora do perímetro, sem dúvida alguma pautará a escolha defensiva de todo adversário a ser enfrentado, onde as contestações atingirão o mais alto grau de intensidade por parte de oponentes, tanto os mais fracos, como os mais fortes, chave mestra para nos vencer, a não ser que mudemos drasticamente o foco principal de ataque, centrando no jogo interior, intenso e constante, deixando as bolinhas de fora como um suplemento de luxo, jamais como prioridade ofensiva, hoje o centrado objetivo acalentado pela imensa maioria dos analistas e cronistas do grande jogo, que foi se apequenando gradativamente por conta desta não estancada hemorragia, que nos tem levado ladeira abaixo no cenário internacional, que se debelada fosse, começando na formação de base, poderia nos soerguer do imenso buraco em que nos encontramos hoje…

Irmanada a essa possível mudança, mesmo que   de uma forma mais forçada, o aumento substancial das funções individuais e coletivas de defesa, ajudaria muito na consecução de uma possível classificação olímpica, somente alcançada se atender aos requisitos acima descritos…

Mas Paulo, essa equipe formada às pressas, pouco treinada, e falhando em algumas convocações, com um comando atemporal, tem condições de atender tais requisitos? Talvez não, talvez sim, dependendo de um simples e tênue fator, a abdicação dos egos que a compõem, em troca de um espírito participativo e solidário, base inconteste do coletivismo formador de uma verdadeira equipe de alta competição, que é um degrau bem acima de uma composição “familiar”, como tem sido veiculada…

Seremos capazes de alcançar tal patamar? tenho sérias dúvidas, mas esperando estar enganado, torço para que o alcancem, bastando que cada um de seus componentes doem suas qualidades técnicas e táticas a serviço do bem comum, da equipe como um todo, e não tornando-a uma vitrine para projeção pessoal, como fizeram desde sempre  muitos de seus integrantes, tanto dentro, como fora das quadras, nos levando a vala comum em que nos encontramos, lastimavelmente… 

Precisamos jogar com intensidade defensiva, mesmo errando posturalmente, compensando com vigor e inteligência, velocidade e antecipação, e contestando os longos arremessos como um ato de fé…     Ofensivamente, jogando preferencial e duramente dentro do perímetro adversário, mesmo enfrentando defesa zonal  ou individual, tentando os curtos e médios arremessos, mais precisos, forçando os pivôs adversários às faltas pessoais, brigando incessantemente pelos rebotes, por todo o tempo, sem esmorecimento, retardando os contra ataques adversários, vencendo o inevitável cansaço, pois mais adiante, ao final da refrega o tempo de descanso advirá. Sugiro, por mais uma vez e veementemente que joguemos permanentemente em dupla armação, e três alas pivôs enfiados e transitando permanentemente no perímetro interno adversário, para de 2 em 2 e 1 em 1 somarmos um placar vencedor, com muito menor perda de tentativas, que normalmente doamos aos adversários nas vultosas falhas nos arremessos de fora, marca registrada de nossas equipes já a tempo demais…

Que ao menos um deuzinho, menos cansado e enfastiado com nossa mesmice endêmica, se predisponha a nos ajudar.

Amém.

Foto – Divulgação CBB. Clique duplamente na mesma para ampliá-la.



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