PUSILÂNIMES…

Em 1967 fui para Brasília,onde além de exercer o magistério de Educação Física(aprovado em concurso público)me dediquei ao basquetebol,em anteposição a um grupo enorme de japonêses que implantaram o judô nas escolas,e só se dedicavam a ele.Se podiam trabalhar unicamente no judô,porque eu não poderia fazer o mesmo no basquete?Foi um argumento poderoso e pude dar inicio a um dos bons trabalhos que realizei em minha vida desportiva.Primeiro com a seleção masculina juvenil,que todo Campeonato Brasileiro só ocupava as últimas colocações.Depois de 4 meses de treinamento intenso fomos para a competição em Belo Horizonte onde alcançamos o 5ºlugar com brilhantismo.No ano seguinte sob o comando do grande Geraldo da Conceição a equipe alçou o 3ºlugar em Recife,o que demonstrou o acêrto do trabalho.Vindo ao Rio encontrei-me com o Vice-Presidente Técnico da CBB,o Prof.Gerson Silva,que me fez um desafio.Se em 6 meses eu preparasse uma equipe feminina juvenil,estavamos em julho de 68,ele faria realizar o primeiro Campeonato Brasileiro Juvenil Feminino em Brasilia no ano seguinte,isto porque somente 3 estados trabalhavam jovens atletas,São Paulo,Pernambuco e Bahia.No Rio de Janeiro,a administração do Prof.Cysneiros na Federação ,jurou que enquanto lá estivesse não haveria basquete feminino no estado.Aceitei o desafio,e em outubro daquele mesmo ano viemos para os Jogos da Primavera do Jornal dos Sports,onde ganhamos o torneio colegial com sobras.Em fevereiro de 69 voltamos ao Rio,convidado pela CBB para fazer a preliminar da decisão
do Campeonato Carioca Masculino Principal,entre Botafogo e Vasco da Gama num Maracânanzinho com 20 mil torcedores.Jogamos contra a única equipe remanecente do Rio de Janeiro,o Olaria,que mesmo com sua equipe adulta perdeu para nossa equipe juvenil para o delírio de todos os presentes.Logo após o jogo,o Prof.Gerson nos enviou a São Paulo onde o Diretor Técnico da FPB,Prof Fabio Barros já nos aguardava para uma turnê
pelo interior do estado.Jogamos contra as equipes principais de Araçatuba e Sorocaba, e contra equipes juvenis de Santo André,São Caetano e São Bernardo.Vencemos um jogo e perdemos os outros com placares nunca superiores a 5 pontos.A performance da equipe convenceu o Prof.Gerson da exequibilidade do Campeonato em Brasilia,e com o convencimento e ajuda à Federação do Rio Grande do Norte,a condição minima de 5 equipes exigida pelo regulamento dos campeonatos brasileiros foi alcançada.Na semana que antecedeu a realização do Campeonato fui afastado do comando da equipe que formei e preparei com grandes sacrificios,por imposição de um grupo que não aceitava um “estrangeiro” se impondo no terreno que afirmavam lhes pertencer,mesmo que esse estrangeiro fosse o campeão brasileiro da categoria principal.A equipe foi entregue a uma comissão que no espaço de uma semana pôs o trabalho por terra,pois a equipe que preparei para somente ter dificuldades com São Paulo,terminou em 3ºlugar.Mas foi o inicio de uma tradição de renovação do basquete feminino brasileiro,e que vinha se mantendo em sua fundamental importância nos últimos 35 anos.Até que nesse ano de 2005
a CBB resolveu não realizar o Campeonato porque somente duas Federações,a Paranaense
e a Do Espirito Santo se comprometeram a realizá-lo.Mas como ambas votaram contra o grego melhor que um presente nas últimas eleições,ele e sua turma resolveu punir as federações,esquecendo que o maior punido e profundamente prejudicado foi o basquete feminino brasileiro,tão necessitado de novos valores.Num jogo em que fui excluido injustamente por um árbitro de terceira categoria,mencionei que ele estava tomando uma atitude pusilânime,e me fui do ginásio.Dias mais tarde me encontrei com ele que afirmou não me ter relacionado na súmula por ofensa,pois não sabia o significado da
palavra pusilânime.É o mesmo termo que aplico à direção da CBB.Todos vocês são pusilânimes,em suas atitudes de política rasteira e vendetas mafiosas.E para que não pairem dúvidas sobre o significado da palavra em questão,menciono o Dicionário Brasileiro da Lingua Portuguesa,que assim a define:PUSILÂNIME,adj.es.2gên.Diz-se da pessoa que tem fraqueza de ânimo; tímido; medroso; covarde.(Do lat.pusillanime.)
Como bem definiam os romanos na antiguidade,são um bando de covardes,são todos iremediavelmente PUSILÂNIMES!Que os deuses nos protejam,Amén.

O QUE TODO ARMADOR DEVERIA SABER II.

Exclusivamente fundamentos,eis o que deveria saber,treinar,dominar,exaurir-se em seu conhecimento,para,aí sim,improvisar na busca do movimento simples,intuitivo,limpo,e por isso mesmo, aparentemente fácil de executar em toda sua complexidade. Toda e qualquer ação que envolva os fundamentos do jogo será sempre sob a presença física,próxima,muito próxima do adversário,no drible,na finta,no passe,no rebote,no arremesso,quando de posse da bola,e no desmarque, no corta-luz, no bloqueio, na defesa,quando sem a mesma.Em qualquer circunstância a presença incômoda,forte,ativa, móvil e inteligente do adversário se fará presente, fazendo e obrigando o uso conciente dos fundamentos transformar-se no pilar do jogo em sí.Sempre será muito difícil a aquisição dessas habilidades plenas, mas obrigatórias para aqueles que pretendem jogar bem o basquetebol, em qualquer categoria,em qualquer idade,dos mais jóvens iniciantes,ao mais veterano dos jogadores,pois,ao contrário do que muita gente pensa e prega deslavadamente, SEMPRE se pode aprender e apreender movimentos e habilidades novas com a prática constante e habitual dos fundamentos.NENHUMA tática de jogo terá e alcançará bons resultados sem que seus executantes dominem os fundamentos do jogo. Caminhos traçados em pranchetas jamais serão trilhados por jogadores destituidos de habilidades naqueles fundamentos necessários à sua execução,
por mais boa vontade que tenham em conseguí-lo,pelo simples fato de se antepor à coreografia traçada a ação defensiva adversária,que nunca é levada em consideração na
apresentação dos rabiscos.Dominar os fundamentos vai muito além da ação solitária,que é importante no estágio inicial da aprendizagem, para aquela em que a anteposição defensiva se faz presente em toda a sua força, quando o técnico se faz atuante na orientação defensiva para provocar e desencadear a ação ofensiva. Esse é o grande desafio nos esportes em que o contato físico é permanente,nos quais o improviso ante situações de extrema pressão só pode se fazer presente e atuante na condição de uma
resultante do domínio dos fundamentos,que quanto maior for,mais eficiente será sua
consecução.Fora desse princípio,nada em termos de táticas poderá ser alcançado,por maior que seja o talento na montagem de uma coreografia,por muitos técnicos que desconhecem como preparar fundamentalmente seus jogadores.Se nossas estatísticas,tão ao gosto de uma imprensa despreparada,mas convicta de sua pretensa importância,
primasse,não pelos resultados percentuais,mas pelos coeficientes de produção,onde ações positivas são relacionadas aos erros de execução dos vários fundamentos,muito do que se faz e apregoa de qualidade técnica de jogo e de jogadores seria posto por
terra,desmistificando o que consideram basquetebol de alto nível.Pois bem,o que se depreende dessa colocação? Que falta ao preparo de nossos jogadores,em TODAS as categorias,a seriedade na aquisição das habilidades básicas do jogo, os seus fundamentos.E de todos os jogadores,aqueles que mais necessitam dos mesmos,sem dúvidas nenhumas,são os armadores,pois partem deles as ações ofensivas que definem
o sucesso,ou insucesso de suas equipes,assim como o comando das ações defensivas,tão ou mais importantes do que aquelas.Chega às raias do absurdo vermos nossos armadores
agindo como sinalizadores de pseudo-movimentos táticos,numa perda preciosa de um tempo reduzido pelas regras,em vez de agirem como afinados e ajustados radares ante o
comportamento tático defensivo dos adversários, fator que desencadeará todo o comportamento de sua equipe,e que em nada resultará se não tiver e usar seu dominio
pleno e conciente da bola e de seu corpo,oscilando permanentemente entre o equilibrio instável e o estável,determinados pela velocidade da ação em sí,da leitura simultânea
de seus pares e do adversário,de seu pleno conhecimento e dominio dos elementos básicos do jogo,seus sempre necessários,repetitivos e enraizados fundamentos,que na prática do dia a dia,no treino e no jogo,nunca será igual em sua dinâmica,em sua execução.Por isso devem ser treinados e praticados à exaustão,durante toda sua vida
de jogador e atleta.Uma equipe sem tática definida, mas com grande preparo nos fundamentos,sempre será mais efetiva e perigosa do que aquela com maus fundamentos,
mas com um pretenso arsenal de táticas rebuscadas em uma pretensiosa prancheta.”Corra
para lá,bloqueie aquí,se desloque acolá,arremesse naquele ponto!” Mas os jogadores
desconhecem o drible, ou pensam que conhecem, passam sem precisão, fintam mal e bloqueiam pior ainda.E são repreendidos porque a tática salvadora não deu certo,pois
afinal saiu do vasto conhecimento estratégico do técnico de plantão.Tão fácil,tão corriqueiro,tão devastador nos mais comezinhos principios de bem treinar uma equipe,
seja ela de QUALQUER categoria que for.Nossos armadores necessitam de doses maciças
de fundamentos,em tempo integral,mas orientados por quem realmente conheça e dê a
real importância aos mesmos em uma equipe,e não a uma turma que ainda tem o desplante de afirmar,que jogadores de equipes adultas não podem ser corrigidos, que são
incorrigíveis.Concordo,pois os mesmos se deparam com quem nem de longe desconfiam o que seja formar,treinar e preparar um jogador nos principios básicos do jogo,os fundamentos e sua específica,dificil e especializada didática,a qual nada ou pouco significa ante uma prosáica prancheta embaixo do braço.O que todo armador deveria fazer,na ausência do interesse maior de alguns técnicos que desprezam tais detalhes
técnicos,que procurassem aqueles que ainda se preocupam com os mesmos,para realmente
se completarem como jogadores de qualidade,confiáveis e preparados para executarem
os mais disparatados movimentos táticos que exigissem deles,para que não caissem no permanente ridículo de perdas de bola e de tempo numa atividade de extrema dinâmica,
e que não perdoa os pretenciosos e os preguiçosos.Se existem tais técnicos?Claro que sim,não são muitos,mas são muito,muito bons,e que têm uma particularidade em comum,
odeiam pranchetas,pois trabalham olhando dentro e diretamente nos olhos de seus atletas,como fazem os verdadeiros mestres na arte de bem ensinar um jogo.Procure-os
e aprendam a jogar basquetebol.Garanto que será um bom investimento,apesar do que afirmam em contrário.Incorrigíveis são eles,a patota dos estrategistas de um sistema
só,do que chamam pomposamente de “basquete internacional!”Lamentável e grotesco,bem
ao gosto da mediocridade reinante em nosso malfadado basquetebol.

ONDE A CORDA SE ROMPE?

Sempre em seu ponto mais frágil,numa dobra,num segmento poído,no esgarçamento quando sujeita a uma carga acima de sua estrutura.Assim como as cordas,nosso corpo apresenta pontos frágeis e passiveis de rompimentos,mesmo cercados e envolvidos por musculatura de grande porte.São os tendões,e não é atôa que um deles é conhecido,por sua fragilidade como Tendão de Aquiles,único ponto mortal daquele mítico herói grego.Na primeira vez que assisti a uma atuação do Nenê,no Tijuca,quando jogador do Vasco da Gama,impressionou-me sua elasticidade e grande proporcionalidade fisica,dono que era de uma musculatura adequada e bem distribuida em seu longelíneo perfil.Com dois ou três dribles alcançava a cesta com extrema facilidade,numa caracteristica de ala nato.No entanto,atuava como pivô,que para nossa sempre deficiente idèia no aproveitamento de um homem alto,condena-o àquela função.E ele se foi para a NBA,e ao invés de desenvolver suas características natas de um ala,se robusteceu de forma avassaladora para se tornar um daqueles pivôs de choque tão ao gosto do basquete profissional americano.Jogou sua primeira temporada como pivô clássico,pesado no modelo intimidador,no que não foi muito eficiente.Na segunda,foi deslocado para uma função de ala-pivô,mas já bastante comprometido em sua velocidade pela excesso de massa fisica adquirida sabe-se lá de que maneira.Agora,no limiar de sua terceira temporada,parte para a cesta,numa ação típica de um ala,e ao flexionar sua perna para o impulso vigoroso em direção à enterrada vê seus ligamentos do joelho se romperem como a corda cansada e sobrecarregada do exemplo dado ao inicio desse artigo.Do jovem e vigoroso atleta que assisti no Tijuca,para a cena vista em primeiro plano pelo mundo inteiro do terrivel rompimento,passaram-se três anos de equivocos e busca quase desumana pelos milhões de dólares que sempre estiveram em jogo.Se sua compleição fisica,que era equilibrada e potente para um ala fosse mantida e diligentemente aprimorada nada disso teria ocorrido da forma como aconteceu,numa progressão livre e desempedida de qualquer oposição de adversários.A busca incessante e forçada para adquirir um fisico de pivõ de choque,alterou todo um sistema orgânico,toda uma estrutura muscular,para no final da transformação ser obrigado a voltar às suas origens de um ala-pivô.Mas já era tarde demais,pois seus tendões não conseguiram suportar tamanha agressão perpetrada em seu corpo.É o prêço que muitos como ele estão
e continuarão a pagar pela ambição desmedida em um mercado onde a qualidade é medida em dólares.Se ao voltar,não perder pelo menos 15kg.do que chamam de massa muscular,correrá o perigo,e ai redobrado,de ver seus tendões se romperem de vez.Um prestigiado site abriu uma enquete para saber o porque de tantas contusões que afligem nossos atletas,e outros mais,na NBA,principalmente nas articulações tibiotársicas e dos joelhos.Tenho a resposta na ponta da lingua,demasiada e desenfreada musculação,anabolizantes e o que chamam de suplementos vitamínicos.Não foi por qualquer motivo que o sindicato dos jogadores da NBA se insurgiu contra o rigido controle anti-doping que a direção da mesma quis implantar,sob pressão da Comissão do Senado Americano que investiga essas praticas no desporto profissional dos Estados Unidos.Tudo é válido quando salários atingem a casa dos dois dígitos em milhões de dolares,tanto para os jogadores,como,e principalmente,para o exército de agentes e empresários que habitam aquele cenário de circo romano.Nosso indigitado Nenê sofre na pele e na alma,os efeitos de pertencer a tão seleto clube no mundo do desporto profissional.Tudo isso oferece motivos de sobra para não defender a seleção de seu pais,ainda mais quando jogador por aqui viaja para os jogos,de ônibus,e numa final de Jogos do Interior de S.Paulo duas equipes se enfrentem com somente cinco jogadores de um lado e seis do outro,já que os restantes foram dispensados por seus medicos e técnicos,momentos antes do inicio da partida,pelo conhecimento que haveria um exame anti-doping ao final do jogo.E isso numa realidade em que os salarios por uma temporada de 4-5 meses não ultrapassam os 10 mil reais.O que dizer então quando estão em jogo 30 milhões de dólares? Haja tendões!

A GRANDE COVARDIA.

Abro o jornal,e na página de esportes me deparo com uma reportagem sobre basquete feminino, uma fóto da Janeth e sua afirmativa de que estava desempregada, não tendo estabelecido nenhum contrato com as equipes que disputarão o campeonato da CBB. Naquele momento estudava sua participação no campeonato da NLB ora começado,mesmo com a ameaça de não convocação para a seleção brasileira que disputará o Mundial,ou seja,a mais experiente e capitã da seleção está ameaçada de não ser convocada pelos donos do basquete brasileiro se aceitar um contrato de equipe da NLB.Em outras palavras,ou aguarda na ociosidade a convocação,ou,no caso de garantir seu sustento estará fora da seleção.Trata-se de uma atitude da mais pura covardia,não com a Janeth,mas para com o basquete feminino do país,que desde sempre foi relegado ao segundo plano na CBB,mas que nunca perdeu a oportunidade de se promover com as vitórias dessas valorosas jogadoras,e de seus técnicos,principal e basicamente em São Paulo.Nos últimos 30 anos foram os técnicos e as técnicas paulistas que mantiveram o basquete feminino no mais alto patamar que equipes de basquetebol alcançaram no Brasil e nas competições internacionais,mesmo com as agressões mais descabidas que sofreram no momento de verem seus esforços reconhecidos,principalmente nas duas conquistas mais representativas,o Mundial e a Olimpiada,onde foram campeãs e vice-campeãs respectivamente.E ai cabe uma pequena,porém elucidativa e terrivel historinha de horror administrativo,da qual fui testemunha,e que me revoltou a ponto de nunca mais voltar a pisar na sede da CBB.Estava voltando de Portugal onde havia concluido meu Doutorado em Ciências do Desporto,com uma tese sobre arremessos de basquetebol,e fui até a sede da CBB ofertar uma cópia da mesma para ser divulgada a todos os interessados em pesquisa dos esportes,ainda mais que o presidente na ocasião era um Professor Titular da UFRJ,que havia sido meu professor e com o qual trabalhei no Departamento de Metodologia da Ed.Fisica da EEFD/UFRJ,o Prof.Renato Brito Cunha.Em seu gabinete,aguardei por sua atenção,pois ao telefone travava uma áspera discussão com a diretoria de uma equipe de São José dos Campos sobre o Campeonato Nacional,e sobre as eleições que se aproximavam.Ao desligar,muito nervoso e bastante colérico disse a mim que daria uma lição naquela turma que não o apoiava,e pediu ao superintendente que fizesse entrar aquele que dirigiria a equipe brasileira no Mundial da Austrália.Imediatamente,fiz ver ao presidente o tremendo erro e grande injustiça se aquela atitude fosse tomada,principalmente com os técnicos que trabalharam por 20 anos até alcançarem o estágio técnico que aquelas jogadoras atingiram,e que o técnico que ele estaria indicando em nenhum momento participou diretamente daquele esforço nas divisões superiores.Minha veemência em nada alterou o sentido punitivo do presidente,e a história daquela formidável equipe,fruto de um trabalho hercúleo de um punhado de técnicos culminou em dois dos mais importantes títulos de nosso basquete,e que cairam nos braços de quem era ainda jogador infantil quando todo aquela epopéia começou 20 anos antes.Quando de meu sexagésimo aniversário,reuni em minha casa algumas das jogadoras que dirigi no tri-campeonato brasileiro feminino de 1966,e a elas se juntaram as grandes Maria Helena e Heleninha.No meio da comemoração dirigí-me às duas e pedi que me relatassem quais foram as reações das principais jogadoras da seleção ante àquela escolha para o Mundial.Disseram-me que algumas lhes telefonaram afirmando que não aceitariam a convocação se fosse mantida a escolha do técnico.As duas grandes mestras reagiram contra tais posições com o argumento maior de que não poderiam deixar passar a grande chance de suas vidas,e que custaram tanto tempo e tantos sacrifícios,mesmo ante tão gritante injustiça.A equipe estava pronta e madura para os embates que se sucederiam,e não seria uma atitude de vendeta que tiraria da mesma suas reais chances de vitória.E foi o que se sucedeu,e o técnico e a CBB não tiveram maiores problemas comportamentais,graças à interferência maior,mesmo magoada,das representantes do grupo de técnicos que colocaram aquelas atletas no estágio de excelência em que se encontravam.Com esse relato,na presença de outras jogadoras veteranas, do grande Guilherme Franco e do Raimundo Nonato,também presente no aniversário e que foi o Chefe da delegação naquele campeonato,tive a sensação de que ao me indignar naquele gabinete o fiz com carradas de razão, onde o fato de não negar competência profissional ao técnico escolhido, não afastaria de mim o amargo sabor da brutal injustiça cometida contra os verdadeiros responsáveis pelo alto padrão técnico daquela geração.Logo,podemos concluir que o que ocorre hoje com a grande Janeth vem se tornando um lugar comum na história desse surpreendente basquete feminino brasileiro,que não se sabe como,sempre encontra soluções positivas,mesmo quando só é lembrado na hora de levantar as taças e os troféus,nem sempre por quem de direito, pelo mérito,pela justiça.A grande ironia de tudo isso,é que os maiores beneficiários dessas conquistas viraram as costas para o basquete feminino,e canalizaram suas glórias para o masculino, onde não conseguem, nem de longe repetir o que aquelas jogadoras alcançaram,não só para si mesmas, mas para todos nós, justos ou injustos. São as mulheres do Brasil, brilhantes e competentes. A elas minhas homenagens.

ALTERNATIVAS.

Percorro os sites,os blogs,jornais e revistas especializadas em esporte, na busca de comentários,críticas ou simples noticiário sobre basquetebol no Brasil.Alguns sites publicam o que ocorre em alguns estados no que concerne a campeonatos,torneios e atividades extra quadra,mas a maioria absoluta se concentra nos campeonatos do exterior,com,inclusive analistas dito especializados em NBA,Ligas européias,e até Drafts e vida particular das grandes estrelas dessas competições.E chegam a tais minúcias que desconfio que na maioria dos casos seja matéria paga,é claro,por quem pode pagar,e bem.Tem até comentarista exclusivo de jóvens talentos,adolescentes inclusive,que se bandearam para o exterior com contratos mais do que explícitos.E fico me perguntando o que nos interessa como joga e atua um tal de Adonis,que inclusive optou pela cidadania grega,sem maiores vinculações com nosso basquetebol. Mas lá está ele,acessorado pela mídia,com briefings quase semanais.Atletas que desde cedo já contam com uma bem azeitada maquina publicitária,mas que não consegue emplacar nenhum deles nas configurações básicas,por exemplo,da NBA.Com algumas honrosas exceções,tratam-se de jogadores que primam pelo pouco preparo nos fundamentos,mas excedem nas auto-promoções,patrocinadas por espertos empresários,que se locupletam ante a realidade de indigência em que sobrevive o basquete.Se todos aqueles que preenchem laudas e laudas de papel toda semana,para escrever sobre uma realidade que prima pela obviedade técnica e tática como a NBA,se orientasse à nossa realidade,por mais pobre que possa parecer,em muito ajudaria na promoção e no desenvolvimento do jogo em nosso país.Mas para escrever sobre preparação fundamental,técnica individual,técnica coletiva,tática e estratégia de equipe o colunista teria primordialmente que estudar,e muito,tanto a nossa realidade,como a que a precedeu,e mais,teria de se interessar profundamente pelas nossas coisas,amá-las,desejá-las na primazia,pelo menos no continente sul-americano,para começar.Escrever e se auto-denominar em especialista em NBA,com sua realidade antagônica à nossa,tanto social,e mais determinantemente econômica,beira ao surrealismo,e o que é pior,surrealismo unilateral.Duvido,repito,duvido que se encontre em jornais e revistas americanas e européias uma linha sequer que mencione nossos campeonatos,nossas competições,quiça o dia a dia de um de nossos jogadores,mas o Adonis aí está,do alto de seus bem vividos quinze anos,com uma cobertura de superstar,só não sei do que.Temos algumas alternativas para melhorar nosso padrão técnico,e uma delas seria uma promoção maciça,analítica e questionadora de nosso basquetebol,aproveitando-se todas as brechas que a midia pudesse dispor para tanto,e que os que tanto promovem o exógeno pudesse concentrar seus conhecimentos e ações no endógeno,às nossas reais necessidades.Se nossos jóvens articulistas,que tão bem discorrem sobre as equipes e jogadores da NBA,se voltassem às análises do que nossas equipes produzem técnicamente,de como se comportam,também tecnicamente nossos jogadores,se se interessassem em cobrir as divisões de base,de promover aqueles verdadeiros técnicos que formam,educam e dirigem os jóvens,em vez da permanente promoção dos”estrategistas de plantão” que apregoam terem lançado fulano e beltrano,
mas que nunca mencionam quem realmente os formou e ensinou,que escrevessem sobre a diversidade de sistemas e escolas técnicas que ainda teimam em existir nesse colossal continente que é o nosso país,enfim,que escrevessem sobre o basquete brasileiro,estariamos dando um passo gigantesco para o seu soerguimento,apesar das dificuldades e vicissitudes por que tem,e ainda irá passar.Mas para que isso ocorra uma grande mudança ética tem de ocorrer,e uma enorme dose de coragem tem de se impôr ao domínio escancarado que o poder economico de uma NBA possui,e está se fazendo impôr a todos nós,a nosotros.Uma crítica bem fundamentada e honesta é a base de todo e qualquer processo de evolução técnica no desporto.Americanos,europeus e asiáticos
já descobriram o mapa da mina a décadas,cabendo a nós a cópia e a imitação canhestra.
Temos de tomar vergonha na cara,já é tempo.

SEMPRE BENVINDAS COINCIDÊNCIAS .

E lá se foram as cadetes,e pela lista das convocadas constam doze jogadoras,e não onze como seus congeneres masculinos.Nessas categorias de formação qualquer penduricalho que tome uma vaga sequer de um atleta presta um desserviço ao nosso combalido basquetebol.Mas o que me chamou mais a atenção foi na listagem final das convocadas constarem quatro armadoras ,cinco alas e três pivôs,sendo que uma das alas,pelos seus 1,92m.pode ser adaptada como uma quarta pivô se necessário for.Desde muitos anos,com a implantação do sistema que chamam de “basquete internacional”, somente três armadoras eram convocadas,pois somente uma atuava de cada vez,e de uma maneira que combatí e combato através esses anos.Com quatro armadoras deduz-se que atuarão com duas em quadra,o que denota uma evolução para lá de alviçareira,já que ficará garantida a qualidade nos dribles e nos passes,assim como a defêsa ganhará em velocidade e presença,podendo jogar em antecipação,e numa proposta mais eficiente de contra-ataques.Como nessas divisões de formação as coberturas jornalisticas praticamente inexistem,e os treinamentos são de curtíssima duração,não acredito que a pratica massiva de fundamentos seja levada em conta,já que as comissões técnicas empregam prioritariamente seu tempo em treinamentos de jogadas e do sistema em si.Nessas categorias a base do treinamento deveria ser concentrada na prática dos fundamentos do jogo,utilizando-se toda a estrutura possível,e com os melhores profissionais neste dificil campo.As melhores da categoria,juntas num treinamento básico de alta categoria,ultrapassariam em técnica o que a maioria de nossos técnicos denotam como o objetivo fundamental,o sistema de jogo,que seja lá qual for,só se torna factível se contar para sua execução com atletas preparados nos fundamentos,que é a estrutura básica da performance individual e do conceito de coletivismo.Semanas atrás publiquei dois artigos intitulados”O que nos falta treinar I e II” nos quais,de uma forma onìrica na possibilidade de execução,mas realísta na proposta,menciono exatamente como formaria uma seleção nacional em sua concepção individual.Quatro armadores,quatro pivôs e cinco alas,com um deles podendo ser adaptado como pivô, perfeitamente alinhados a uma concepção de jogo fundamentada na utilização de dois armadores agindo e interagindo no perímetro,e três jogadores altos fazendo o mesmo dentro do garrafão.É uma concepção antagônica ao que vem sendo empregada por nossos técnicos,em sua esmagadora maioria,nos últimos vinte anos,e que tanto nos prejudicou no cenário internacional,já que para o consumo interno e com todos jogando da mesma forma atendiam às suas necessidades de fama e projeção.Com os cadetes masculinos,que foram surrados na semana passada no sul-americano,preví o que sucederia,ainda mais quando os técnicos da Seleção principal participaram ativamente da preparação,numa atitude de conservadorismo ao sistema em vigor.Nessa Seleção cadete feminina o surpevisor também exerce o comando da Seleção principal,mas teve a sabedoria de sugerir uma nova maneira de selecionar as jogadoras,confirmando uma tendência que já se faz sentir em algumas equipes do país,o uso de dois armadores em seus sistemas de jogo.Coincidência ou não quanto ao que publiquei e venho publicando a um ano,o que importa é que se trata de uma mais do que benvinda e ainda não tardia coincidência, e que as jóvens atletas se saiam bem com essa nova maneira de jogar,resgatando o que fazíamos,e muitissimo bem anos atrás.Que assim seja.

A NLB E OS TÉCNICOS.

A sorte foi lançada e o Campeonato da NLB começou.Como previ anteriormente,tudo igual
técnicamente falando.Sem dúvida nenhuma, teremos mais empregos diretos com a participação de 20 equipes,mais jogadores em atividade,juizes e mesários,e principalmente,mais técnicos trabalhando,não só as equipes principais,como o prometido incentivo às divisões formativas.E é exatamente nessas divisões que a NLB poderá desencadear o soerguimento de nosso basquetebol.Isso,se mudar radicalmente alguns conceitos que se enraizaram entre nós nos últimos 20 anos.Recentemente,numa coluna escrita pelo jornalista Fabio Balassiano,disse o mesmo ter ouvido de um técnico brazuca”que as falhas nos fundamentos (passes,dribles e arremessos) de atletas profissionais são praticamente incorrigiveis”,e comenta que no treinamento da Seleção Brasileira que acompanhou aqui no Rio,”em nenhum momento os atletas foram corrigidos em erros técnicos elementares”.E traça dai em diante uma comparação entre nossos técnicos e os norte-americanos,que fazem exatamente o oposto,mesmo entre os profissionais.E conclui dizendo que “com um pouco de dedicação,estudo e boa vontade os resultados acontecem”(…)”O problema é que aqui os técnicos,dirigentes e jogadores ainda acreditam que o sucesso cai do céu”.Completo dizendo que essas candentes verdades desaguam numa vertente chamada “peneira”.Quem quiser formar uma equipe basta anunciar uma peneira,seja em que divisão for,dos infantis aos adultos,e
com a prancheta em punho(sempre ela…)anotar os nomes dos que consideram os melhores
e pronto,a equipe está formada.Foram-se os tempos em que se formavam jogadores,que se treinavam os fundamentos básicos e essenciais à compreensão do jogo,que se ensinava
e educava.Para os luminares de hoje,basta uma boa peneira,uma lustrosa prancheta e um
sistema cópia da cópia imposto à equipe,e lá se vão para a glória,às derrotas e finalmente ao ridículo atróz,e o que é pior,arrastando para o fundo toda uma tradição
de campeões do mundo e finalistas olímpicos.Escrevi nesse blog uma enorme quantidade de artigos desmascarando a grande farsa imposta ao nosso basquete,imposição de uma categoria de”estrategistas” que se apoderaram do trabalho de alguns bons formadores,
não deram continuidade à formação,porque desconhecem o teor da mesma,e implantaram
uma forma de jogar e atuar que,inclusive,classifica jogadores por especialidades e funções,e por isso mesmo,não carecem de maiores preocupações na melhoria dos fundamentos do jogo.Esses jogadores atravessam seu tempo produtivo cometendo os mesmos erros,e com as mesmas deficiências,sem que ninguém os corrija.Afinal,para aquele técnico brazuca,são incorrigiveis!Implantou-se entre nós a cultura do técnico
formador e do técnico de banco.àquele cabe a função de ensinar o jogo,e a esse o de
fazer jogar.Como se fosse possível fazer jogar sem o conhecimento do como ensinar a jogar.E aí está a grande falácia,o grande e conjuntural erro cometido contra o nosso basquetebol nos últimos 20 anos.Os verdadeiros técnicos foram preteridos por uma turma formada sob a égide mercadológica,sob a cobertura de alguns setores da mídia,sob a proteção,e consequente troca de interesses dos mesmos com grupos de dirigentes político-esportivos de olho no naco federativo e confederativo.A CBB ai está para confirmar esse posicionamento,erro que de forma alguma a NLB deva cometer.
A grande mudança passa ao largo de novos torneios e campeonatos,de novas oportuniades de trabalho,de uma melhor divisão de valores monetários,de uma nova visão empresarial
que sem dúvida alguma são importantes,mas não decisivas.Temos que mudar o enfoque do ensino do basquete,o enfoque do que é imposto técnica e táticamente às nossas equipes
de um modo geral,e cuja amplitude passará inexoravelmente pela mudança radical na formação de nossos técnicos,para que a malvada dicotomia formador-técnico seja definitivamente rompida,dando oportunidade aos verdadeiros,talentosos,bem preparados e estudiosos técnicos de se relacionarem,discutirem e conciliarem seus conhecimentos
que nos levarão a tempos melhores e mais produtivos.Creio ser este o verdadeiro caminho,a verdadeira missão da NLB,não fossem seus expoentes compostos do que tivemos de melhor dentro das quadras,provando ser possivel liderarem essa mudança,que seja,
para o bem de todos,efetivamente concretizada.

NLB,BOA SORTE!

Hoje se inicia a grande aventura da NLB,aventura no bom sentido,pois dela esperamos bons flúidos para que o nosso combalido basquetebol se soerga do fundo do poço em que se encontra.Torcida não faltará,mas que se prepare,e muito bem,para embates não muito éticos por parte do proprietário do poço em questão,que lutará com todas as suas forças explícitas ou obscuras,para manter o status quo.Basquetebol de boa qualidade é propriedade de talentos, bons profissionais e ótimos professores,que inexistem na sede do poço.Por essas razões,e mesmo sem a chave dos cofres,prevejo muita luta e sacrifícios para levarem a bom têrmo tão valente empreitada.Mas,como lutador que sempre fui,sugiro,como já o fiz antes através artigos desse humilde blog,algumas iniciativas que poderão conotar qualidade superior à nóvel entidade.Infelizmente,sei que veremos na rodada de abertura poucas mudanças nos sistemas de jogo que as equipes oferecerão,onde não fugirão do já enraizado e retrógado Passing Game,que tanto venho combatendo.Mas existe a eterna esperança de que uma das ações mais necessárias ao nosso desporto possa ser implantada,uma Associação de Técnicos, incentivada eficientemente pela Liga,no propósito de discutir idéias, promover estudos,e principalmente,desencadear princípios éticos tão ausentes nos últimos 20 anos.E que a mesma prime pela meritocracia e pela formação de mais e melhores técnicos.Como é idéia da Liga o incentivo das divisões de base, que procure desenvolvê-las à luz de iniciativas realmente progressistas,com programas que destinem aos professores materiais e cursos que os fundamentem tecnicamente.Algumas adaptações poderiam ser propostas e incluidas na formação dos futuros jogadores,das quais saliento como de grande importância as seguintes:1-Que nas divisões mirim,infantil e infanto fosse proibida a defesa por zona,a fim de que os jóvens viessem a dominar os fundamentos básicos de defêsa e ataque. 2-Que o tempo de posse de bola variasse em conformidade com o desenvolvimento psicosomático dos jóvens,fazendo com que percorressem uma escala ascendente natural,no dominio dos fundamentos e na percepção do jogo em si.Quarenta segundos para mirins,trinta e cinco para infantis e trinta para infanto e juvenis,seriam de grande valia em suas progressões técnicas.Vinte e quatro segundos seriam adotados da sub-19 em diante,pois estariam os atletas plenamente desenvolvidos e amadurecidos em suas habilidades sensoriais.São pequenas,mas importantes adaptações às regras,que em muito facilitariam o ensino e a compreensão do jogo.Outras idéias e adaptações poderiam nascer pela força do diálogo,e pela força maior da união em torno de um bem comum,o soerguimento do basquetebol brasileiro.Por último uma sugestão, sempre negada aos técnicos em suas associações pioneiras e que se perderam num não tão distante passado,um espaço gráfico em que pudessem divulgar suas experiências, suas idéias,seus anseios,suas técnicas.Uma revista técnica, de razoável tiragem, editada em conjunto com Associações Regionais,a Nacional,sob patrocinio da NLB,sem dúvida nenhuma balizaria os caminhos a serem percorridos por todos,e que não será um caminho fácil e sem obstáculos.A NLB,com sua proposta pode desencadear grandes mudanças,e torço de todo o coração para que alcance um merecido sucesso.

E LÁ SE PERDERAM OS CADETES.

Apesar do talento dos jovens cadetes brasileiros,que “surpreenderam” o técnico indicado para dirigí-los e treiná-los de tal forma,que o fez afirmar que com tal elenco teria todas as oportunidades de variar sistemas ofensivos,e tendo a ajuda bem-vinda dos técnicos da seleção principal,preocupados em garantir a continuidade do sistema de jogo que levará as seleções nacionais a conquistarem os mundiais deste e do ano vindouro e as vagas olimpicas,segundo promessas do presidente da CBB,foram os jóvens cadetes arrasados pela Argentina por mais de 20 pontos,após derrota para o Uruguai,e irão tentar uma terceira classificação contra Uruguai ou Venezuela.Em suma,em todas as categorias de formação o Brasil continua perdendo para Uruguaios e Argentinos,pelo anacronismo que se apossou de nossos técnicos em sua teimosia na adoção do que chamam pomposamente de “basquete internacional”,que para os que realmente entedem desse jogo trata-se simplesmente de um arremêdo do terrível, estúpido e cretinizante Passing Game.Quando esses caras vão aprender o verdadeiro significado do jogo? Quando tentarão,pelo menos embrionáriamente,estudá-lo? Quando acordarão de sua ignorância do que seja formar um jogador dentro de padrões aceitáveis de boa técnica de fundamentos e liberdade de criação? Quando abdicarão do escravismo que impõem aos jovens,forçando-os a executarem coreografias pré-
estabelecidas e péssimamente treinadas, e por isso mesmo incompreensíveis em sua lógica de um pragmatismo assustador? Quando libertarão esses jóvens de seus hieróglifos rabiscos que projetam em suas pranchetas o reflexo de suas limitadas idéias? Quando treinarão corretamente esses jóvens para que os mesmos tenham liberdade e alegria de jogar o verdadeiro jogo? Quando deixarão em paz nossos jóvens
e nossas quadras de suas danosas presenças? Quando daremos oportunidade aos verdadeiros técnicos formadores e orientadores que existem nesse país,premiando-os pelo mérito,e não pelo político,despreparado e interesseiro QI? Quando deixará de existir a criminosa dicotomia entre técnicos de formação e técnicos de banco? Os que
para alguns só sabem formar mas que devem ceder seus lugares para os”estrategistas”
de banco,fator este que premia apaniguados em função dos que realmente conhecem profundamente o jogo? Desde quando técnico formador só serve para fornecer material a uma curriola de “estrategistas”? Pois saibam,distintos luminares, dirigentes e pseudo-técnicos,que os maiores e mais respeitados técnicos do mundo são aqueles que se projetaram como formadores,dos mirins aos profissionais,e que por essa ampla e longa formação alcançaram meritóriamente a honra de dirigir suas seleções nacionais,ao contrário de nós que as utilizamos como moeda de troca política em função de continuismos e perpetuações de poder.Quando respondermos essas questões,teremos dado os primeiros e trôpegos passos,que poderão,um dia,nos levar de volta ao verdadeiro sentido do jogo,ao nosso verdadeiro lugar.Por enquanto,enganação,
engôdo e má-fé,nos afundarão cada vez mais nesse poço de ignorância e absoluta falta
de bom-senso.O basquetebol brasileiro não merece tal tratamento,inescropuloso e anacrônico. E que não tornem a acusar esses jóvens de terem falhado arremessos e disposição defensiva.Falharam,falham e continuarão falhando técnicos que se formam dentro das premissas do “vamos lá!”,do “vamos correr que ainda dá!”,das pranchetas milagrosas. Que os deuses nos protejam,e fervorosamente,Amén.
PS-Ofereço essa crônica ao grande Geraldo da Conceição,que aos 82 anos continua formando e dirigindo equipes em Brasília.Ao grande mestre meu respeito e profunda admiração.Obrigado por seu exemplo e dedicação.Paulo Murilo.

QUEM NÃO DEVE NÃO TEME.

E cai o pano,todo mundo chia,se exaspera,critica,e lamenta a mais do que previsível ocorrência.Imprensa,sites,blogs,em uníssono,condenam a final de onze jogadores,em quadra,pois os outros treze estavam em “tratamento médico”,que só foram prescritos na hora do jogo,quando se confrontaram com um exame de dopagem a ser realizado ao final da partida.Nunca,em tempo nenhum,tantos laudos médicos foram exarados nos minutos que antecederam a uma partida,creio,que em lugar nenhum do mundo.Vergonha,pusilânimidade,
desonestidade,mentira,falta total de ética,podridão.Se sérios fossemos,a CBB em particular,teriam todos,TODOS,de sentarem em um banco de réus,somente para ouvirem as sentenças,pois suas ações,mais do que qualquer laudo acusatório,determinaram a culpa.Quem não deve não teme,mas preferiram a fuga,ao enfrentamento perante suas falhas humanas e,pior,de caráter.E quando digo TODOS,são todos mesmo,jogadores, técnicos,diretores,e principalmente,médicos.No país que serve de modelo absoluto para todos eles,os Estados Unidos,corre no Congresso uma CPI que após desmascarar as fraudes no Beisebol e no Futebol lá deles,tendo como tábua de partida os escândalos no Atletismo,já se aproximam velozmente do Basquetebol,com os seus astros de alto nivel e rendimento, rendimento este que se escuda em uma grande quantidade de casos,no doping puro e simples.São milhões de dólares em jogo,que na ótica dos mesmos justificam o investimento nas drogas.Faltou-nos,até agora,coragem para dar um basta
nessa vergonha fantasiada de”esporte de alto nível”,triste realidade essa que nosso grande Joaquim Cruz apontou anos atrás na terra do Uncle Sam,e que foi severamente
criticado por suas declarações.Hoje,já não é mais segredo para ninguèm a verdadeira
máfia que se esconde por trás dessas atividades fraudulentas,e até agora não vi o grande Conselho Federal de Educação Fisica se manifestar à respeito,como não o fará,pois seus interêsses estão mais voltados ao business esportivo,vide o recente lançado Atlas do Esporte Brasileiro,patrocinado pelo mesmo.O grave evento de Botucatu
não poderá ser varrido pra baixo do tapête,pois correremos o sério risco de vermos disseminadas ações correlatas,nas quais a impunidade dará as cartas.Que sejam todos,
TODOS,punidos pela farsa,pela culpa aceita e referendada pela fuga,servindo de exemplo àqueles que fazem o esporte com lisura, ética e amor, mesmo sendo profissionais.