O JOVEM GRITO.
Quando no quarto final do jogo contra os australianos, a equipe brasileira desencadeou uma avalanche de ações improvisadas , calcadas em seqüências de penetrações, intensa movimentação e defesa antecipativa, utilizando para tal uma formação de três armadores e dois ágeis pivôs, que a levou à vitória, seria uma questão de bom senso e inteligência repetir tal esquema no jogo decisivo contra a equipe sérvia. Mas não, a “disciplina tática” teria de ser mantida(se é que existiu em algum momento…), assim como os princípios de um comando claudicante e ausente da realidade do jogo. No jogo decisivo, classificatório para a ambicionada final, em nome de um principio técnico-tático falido, foi a equipe escalada dentro da formula conservadora e retrógrada implantada pelas comissões técnicas da CBB, colocando de lado a êxitosa experiência da véspera, e que se revelou num placar adverso de 13 à zero nos minutos iniciais da partida. Daí para diante, a pouca vivência em competições internacionais, e a inquestionável inferioridade nos fundamentos do jogo, traçaram os rumos da partida, traduzidos nas largas diferenças de pontos no transcorrer dos quartos seguintes. Por que não repetir a formação final do jogo de véspera? Por que não ousar na plena utilização dos três endiabrados armadores, bem superiores em técnicas individuais do que a maioria dos alas da equipe? Por que não inovar, mesmo indo de encontro ao sistema estabelecido preliminarmente para a equipe, tanto na preparação, quanto no transcorrer da competição, ainda mais quando na véspera levou de vencida uma das candidatas ao título? Porque não?
A diferença inicial desestabilizou a equipe, fortaleceu o ânimo do adversário que jogava em casa, e a levou a uma derrota que poderia ter sido contestada caso ousasse e arriscasse, como fizeram contra os australianos, equipe tão, ou mais forte que os sérvios.
E no limiar de uma derrota de grandes proporções, num pedido enraivecido de tempo, vocifera o técnico- “O que vocês querem ?”. A platéia juvenil, inexperiente e insegura não ousa responder, afinal de contas se encontra na presença do líder e condutor de todos. Simplesmente abaixam a cabeça humilhados pelo abandono em hora tão marcante em suas vidas.
Mas do alto de minha experiência sofrida de magistério e técnica desportiva por mais de 50 anos respondo por aqueles talentosos e infimamente preparados jovens- “O que vocês querem ?” – UM TÉCNICO!!
PS- Infelizmente se repete nas transmissões televisivas a invasão de técnicos de equipes masculinas travestidos de comentaristas, todos em busca da rentável visibilidade da mídia mais desenvolvida do país. Falarão das belezas arquitetônicas das instalações, da necessidade de massificarmos o desporto, das benesses do esporte junto à juventude, da necessidade da união dos técnicos, de projetos quiméricos, de propostas com verbas oficiais, é claro, de apostas supostamente engraçadas, como se isso fosse de interesse público, e eventualmente de um jogo que pouco conhecem e secretamente desdenham, o basquete feminino. E é bem provável que vejamos ao vivo e à cores uma nova corrida em busca de uma etérea toalha humedecida por lagrimas e suores das artistas da bola laranja. Quem viver, verá. Constrangedor.