AS PRIORIDADES…
Uma seleção brasileira inicia sua preparação para o Sul Americano masculino, e a primeira imagem que temos da mesma é essa ai de cima, ou seja, puxando ferro, e põe ferro nisso pela quantidade de anilhas em um teste, agora imaginem quando for exercícios para valer…
O engraçado (ou trágico…) é que o jogador retratado foi o líder de rebotes do récem terminado NBB6, saltando mais do que qualquer um para conseguir a façanha, e agora, parece, que querem que o mesmo encoste seu umbigo no aro, algo risível e absolutamente impróprio em uma seleção dos melhores, ou quase isso…
Sou do tempo em que o inicio de um treinamento de seleções se baseava em técnica dos fundamentos individuais e coletivos, aprimorando-se fatores de ordem física em intervenções pontuais visando a manutenção da forma dos convocados, que claro, a obtinham em seus clubes, pois o tempo reduzido de treinamento não permitia perdas de tempo com algo que deveria ser obrigatório, mas que se transformou em uma “etapa” imposta por “métodos avançados” de preparação física através aqueles que aos poucos se situam como os verdadeiros (?) “fazedores” de atletas, quando na realidade precisaríamos de jogadores, simplesmente isso, jogadores…
Mas para tanto, torna-se imperioso que técnicos reassumam sua responsabilidade maior, a de liderar todo o processo formativo, dividido e parcialmente perdido para uma confraria de profissionais que vem impondo a inversão de prioridades técnicas e táticas por condicionamentos físicos, como base de uma equipe de competição, não só da elite, como na formação de base, situando-a como fator primordial da mesma…
Não por acaso o que assistimos nos dias de hoje, onde atletas disfarçam jogar basquete, correndo barbaramente, saltando no teto, impactando como rinocerontes, mas jogando muito pouco, pensando menos ainda, onde a presença da bola para alguns atrapalha mais do que ajuda, onde o conhecimento dos fundamentos é negligenciado, onde a leitura de jogo padece de cegueira coletiva, é que atestamos o quanto de equívocos tem punido o grande jogo entre nós, quando o físico antecede e supera a técnica e o bem jogar, sem falar na brutal carga e seus danosos esforços em articulações e tendões daqueles infelizes, que tem sido responsável pelo encurtamento na carreira de muitos deles, vide a galopante safra de lesões em nossos cada vez mais jovens e promissores talentos…
Mas as seleções continuarão a ser balões de ensaio e experimentos na pseudo arte de forjar atletas, roubando um tempo precioso da arte maior da pratica intensa dos fundamentos, em todas as suas nuances individuais e coletivas, e na introdução de sistemas de jogo objetivos e realmente inovadores, na valida tentativa de fugir da mesmice endêmica que professamos desde sempre, quando da coercitiva implantação do sistema único em nossa forma de jogar.
Por tudo isso é que não conoto seriedade nessa forma de trabalhar, desacreditando sua real validade ante a força, aquela eficiente e desejada força, fruto dos duros exercícios dos fundamentos individuais e coletivos, única forma de validar e fazer acontecer os sistemas de jogo escolhidos para compor o arsenal de uma equipe, e sem os quais tornaremos repetitivos os pequenos desastres que nos tem assaltado, até o momento em que tornemos a priorizar as técnicas do grande jogo e os técnicos de verdade, aqueles que assumem sua liderança, e não se submetem aos caprichos dos “fazedores” de atletas. aliás, muito mal feitos e ao contrario do que afiançam, frágeis e quebradiços…
Amém
Foto – Divulgação CBB.