A ONIPRESENTE CHIFRE…
É chifre para cima, chifre para baixo, para o lado, invertido, falso, forte, dissimulado, chifre para tudo e para toda situação de jogo. Sem dúvida o chifre está valorizado, e como.
Tempo pedido, discute-se, às vezes xinga-se, outras silenciam, mas ao final o lembrete: -“vamos de chifre, ah, pra baixo”…
E lá vão os jogadores chifrar o oponente, mas com uma importante ressalva, o fazem sem mudar, acrescentar absolutamente nada ao que vinham, vem e virão a fazer enquanto jogarem, pois simplesmente… chifram.
Observo atento, não, concentrado, concentradíssimo na jogada chifre em questão, e nada, absolutamente nada vejo de diferente, inovador, criador, ou mesmo contestador, nada.
-“Os caras não podem continuar a ganhar os rebotes no ataque, não podem arremessar livre de fora, bandeja então, nem pensar. Marquem forte, e usem a chifre (alto, baixo, pro lado, ora, o que importa desde que seja a chifre…)”.
Mas como todo jogador criativo, exemplo, o Shamell, atuando dentro de uma chifre genérica, sai de sua zona preferida para os chutes estratosféricos de três (às vezes depreendo ser essa a verdadeira função das chifres, colocar jogadores para arremessos de três, será?), e mata o jogo com seis pontos seguidos de DPJ, um deles acrescido de reversão, todos de dois pontos, próximos, seguros, eficientes, fechando a série para a sua equipe.
Do outro lado, uma equipe ensandecida nos arremessos de três e um furor de inócuos dribles por parte de armadores que simplesmente resolveram riscar o jogo interior de suas preferências, e claro, atuando numa chifre polivalente.
Nos três jogos finais as duas equipes finalistas do paulista, perpetraram um 58/145 nos arremessos de três, contra 111/205 de dois pontos, e cometeram juntas 78 erros em perdas de bola, e tudo sob a égide de jogadas nunca obedecidas e defesas permissivas, mas ambas, perfeitamente alinhadas pela mais emblemática das jogadas exigidas, quem sabe até um sistema, a onipresente chifre.
O que me preocupa de verdade, é que o argentino também tem uma queda por ela, o que justifica a sempre presente hemorragia dos três, que nos tem causado tantos contratempos.
E foi sob esse cenário que um talentoso Shamell resolveu e definiu um jogo de 2 em 2, simples e nada glamoroso, sem enterradas e tocos cinematográficos, apesar de ter levado um decisivo na terceira partida da série.
Mas com ou sem chifre, parabenizo a equipe do Pinheiros por sua conquista, e ao Shamell em particular, por sua inteligente opção.
Amém.
OBS-Antes que me questionem – DPJ- Drible, parada e jump, classica jogada dos que sabem jogar o grande jogo.