DE 2 EM 2…
Terminado esse jogo contra o Canadá, permanece no ar uma enigmática questão- por onde anda o tão decantado coletivismo incutido, treinado e testado em amistosos, depois de tanto trabalho, formidável empenho, dedicação e comprometimento de todos? Por onde anda?
Como ousou o técnico campeão olímpico tentar trazer para o âmago de suas concepções vitoriosas de jogo coletivo, uma plêiade de alguns estrelados jogadores, que em síntese, vêem o tal coletivismo como algo limitador de suas próprias convicções de jogo (o próprio Wlamir Marques reconhece tal situação em seus comentários), aquelas movidas e alimentadas pela volúpia dos longos, extasiantes, e midiaticamente enaltecidos arremessos (inclusive de tabela) de três gloriosos pontos? Porque perder tempo em dribles e fintas de aproximação, quão trabalhosas e cansativas são, se o serviço (bem remunerado, aliás) pode ser resolvido de longe, sem riscos (para eles, noves fora os erros…) e esforços desnecessários, e premiados pelo frêmito enlouquecido das duas torcidas que importam, os que pagam os ingressos, e os que transmitem seus feitos geniais? “No inicio as bolas não estavam caindo, mas insistimos, pois sabíamos que elas voltariam a cair…”Lembram-se?
Pois é minha gente, não estão caindo como achavam que deveriam cair, afinal de contas, treinaram tanto…
E como tal, que sistema coletivista de jogo pode prosperar seguro e eficiente ante uma indiscriminada artilharia desse calibre? Respondam.
Além do mais, se garantimos cestas triplas aos magotes, por que se empenhar exaustivamente em posicionamentos defensivos necessários nos rebotes, quando o objetivo é a bola? Pois é turma, rebote se pega olhando e, por conseguinte, calculando a trajetória linear dos adversários, a fim de antecipá-los, para depois, ai sim, buscar a bola, vendo-a em visão periférica, e não olhando diretamente para ela, num dos primários fundamentos do jogo, sabiam?
Mais um detalhe, dos muitos esquecidos, ou desconhecidos, a respeito de nossos alas, suas limitadas capacitações nos dribles e fintas, e mesmo nas conclusões de curta e média distância. Saltava aos olhos a habilidade de todos os alas canadenses de atuarem tanto fora, como dentro do perímetro, numa verdadeira função de alas pivôs, e não somente arremessadores, também uma simples questão de fundamentos.
Ora, com tantas limitações vindas de uma formação de base deficiente e carente de qualificações, como um sistema coletivista pode prosperar sem tais conhecimentos, nem um pouco corrigidos, ou mesmo atenuados?
E nesse ponto o Magnano se fez presente com uma proposta brilhante, a garra e o intransigente combate defensivo (numa ação coletiva), mesmo que em quartos alternados, ou, como nos dois últimos jogos, no quarto final. E para tanto, seu incessante rodízio tinha como objetivo prioritário fazer chegar a esse decisivo quarto, a maior quantidade possível daqueles jogadores que confia para a missão, de preferência, todos eles, no que foi bem sucedido, mas…como no caso do jogo de hoje, pode contar com uma performance de altíssima qualidade, através o Huertas, que resolveu a questão arremessando sucessivamente 5 bolas de…isso mesmo, 2 pontos, estipulando a diferença necessária para uma vitoria dura e salvadora, provando àqueles “especialistas” das longas distâncias que de 2 em 2 também se vencem partidas, principalmente numa competição de tanta e decisiva importância, como esse pré olímpico.
Honestamente não acredito que, devido a composição básica dessa equipe, seja o conceito coletivista levado a bom termo, mas que algo de positivo poderia ser implantado, mesmo que coercitivamente imposto, o de priorizar o jogo interior, seja através os pivôs, ou penetrações, a fim de otimizar cada ataque através arremessos de dois pontos, mais precisos e equilibrados, forçando o jogo nos pivôs adversários, para ai sim, retornar bolas de dentro para fora do perímetro, para alguns arremessos de três seguros, livres de anteposições, e com decorrente e bem postado rebote ofensivo.
A seleção ainda passará por sérios embates daqui para a frente, agora que suas deficiências foram devidamente anotadas pelos concorrentes diretos à vaga olímpica, os dominicanos e porto-riquenhos, além dos donos da casa, os argentinos, fazendo com que o técnico Magnano exponha suas cartas na mesa da verdade, fazendo-a jogar coletivamente, ou não. Torço para que se saia bem, e feliz.
Amém.