O VIGÉSIMO TERCEIRO DIA…

Ainda com alguns jogadores se recuperando de pequenas lesões, fizemos um treino eminentemente técnico sobre arremessos (lances livres em particular), de diversas formas e situações, sempre procurando sanar deficiências de execução e concentração. Foi uma manhã proveitosa neste aspecto.

À tarde, um treino de fixação da movimentação básica dos pivôs móveis e dos armadores na busca detalhada de suas ações coordenadas, foi o tema principal abordado e desenvolvido à exaustão, tanto de execução, como de correção. Finalizamos o treino com series de lances livres, uma permanente preocupação, em face dessa deficiência crônica da equipe.

Uma discussão pormenorizada e com a participação opinativa de todos encerrou a atividade, altamente positiva em todos os sentidos.

Com a participação de todos os componentes da equipe, por certo obteremos nestes dois últimos dias que antecedem a rodada dupla  contra Franca na sexta, e Araraquara no domingo, um aumento significativo no trabalho coletivo, e na qualidade e eficiência dos arremessos de média distância. e lances livres., provando o quanto de melhoria um grupo de jogadores pode alcançar com trabalho intenso e dedicação integral..

Amanhã daremos seguimento a esta pequena, porém significativa saga de uma coletividade desacredita na busca de sua redenção.

Amém.

OS VIGÉSIMO PRIMEIRO E SEGUNDO DIAS…

?

Ontem, segunda feira descansamos até o treino da tarde, quando efetuamos uma atividade de ajustes nos arremessos e discutimos os números do jogo contra o Paulistano, principalmente o elevado número de erros, 22, entre passes, andadas e perdas de bola, que devemos corrigir para o próximo jogo contra Franca na sexta feira.

Hoje, treinamos mais fundamentos e arremessos pela parte da manhã com a ausência de alguns jogadores que se encontram em trabalhos de recuperação física.

Na parte da tarde efetuamos um duro treinamento de formações de ataque contra defesa individual, trabalhando desde as posições iniciais dos pivôs móveis, até os deslocamentos em dribles dos armadores visando o ajuste síncrono com os deslocamentos dos pivôs, verdadeira sintonia fina entre estes dois segmentos aparentemente dissociados, mas que interagem permanentemente através passes e deslocamentos sem a bola de ambos. É a parte mais sensível do sistema ofensivo, necessitando de altos padrões de atenção e concentração dos dois segmentos, sem os quais se desconectam e se anulam.

A busca deste sincronismo é apaixonante, pelo fato de que é a porta de entrada da criatividade, da improvisação e da percepção do jogo quanto às ações defensivas dos adversários. Em outras palavras, induz à leitura do jogo pela constatação direta do comportamento defensivo, liberando as ações ofensivas compatíveis ao mesmo.

Amanhã daremos continuidade a estes ajustes, sem esquecer os sempre presentes fundamentos, ferramenta de trabalho de todos os jogadores, sem exceções.

Amém.

O VIGÉSIMO DIA – O JOGO…

A saída do avião de São Paulo é muito demorada pelo intenso tráfego aéreo e as condições atmosféricas. Chove, e estou muito cansado. Somente agora o nível de adrenalina baixa às condições normais, e anseio chegar a Vitória para enfim descansar. Aos poucos o vozerio alegre dos jogadores arrefece e alguns dormem. O avião decola.

“Professor, precisamos vencer, vamos vencer, nem que eu tenha de me matar em quadra, pode confiar”. E confio, ele se mata na quadra, e vence.

Dois dias atrás uma gastrenterite somada à emoção do iminente nascimento do primeiro filho e a tensão pelo jogo que precisava vencer, derrubou o gigante. Mas hoje, jogou e lutou bravamente, ajudando seu time para a vitória. Mas para que ela viesse eu precisava recuperar a auto confiança da equipe, e do Jesus em particular, que é forte e habilidoso, e muito veloz também. O outro pivô, o André, já se estabeleceu na equipe, por sua técnica e garra, e por isso substitui-o pelo Jesus, ganhando para as futuras partidas mais um pivô de qualidade.

O André não jogou na quadra, mas jogou junto a mim no incentivo e orientação do renascido Jesus, numa atitude madura e competente de quem está compromissado com o trabalho e com o grupo, merecendo de mim o incontido agradecimento.

Sim, temos um equipe de verdade, um jogador subestimado como o Roberto, que com seus 24 pontos, e 100% no aproveitamento dos lances livres (14/14) e 15  rebotes, se tornou o maior pontuador da partida, e o Amiel com seus 22 pontos, ambos pivôs móveis, e não alas arrivistas à serviço de imponderáveis arremessos de três, lugar comum estabelecido pelos jogadores brasileiros e seus técnicos, cúmplices desta impensada temeridade, acobertada e incensada por um tipo de mídia a serviço do ‘espetáculo”, onde enterradas e aventuras de três sempre receberam os incontidos louvores dessa turma que de basquete pouco sabe, sequer ama.( E aqui cabe uma questão- Por onde se escondeu a salutar idéia da prova de habilidades nos fundamentos no encontro das estrelas em Uberlândia? Desculpem, esqueci que fundamentos não dão Ibope… ).

E num elenco pouco prestigiado conseguimos,  todos, estabelecer o conceito dos pivôs móveis, onde o André, o Jesus, o Casé e o Lucas completam com o Roberto e o Amiel  um sexteto rotativo de alta qualidade, pois se revezam no esforço tático de manterem seus domínios reboteiros em ambas as cestas,  sem flutuações para menos na condição atlética, fundamental nessa categoria de elite, além, muito além de complementarem à cesta de distâncias menores, garantindo também menores desvios angulares nos arremessos, otimizando os ataques, onde a freqüência de acertos é bem superior ao descalabro intencional da ditadura dos três pontos, em tudo similar às ditaduras de fato.

E outro conceito estabelecido da forma correta, a da dupla armação alimentadora dos pivôs móveis, sempre e permanentemente no foco da ação, conceitos estes compatibilizados pelo treinamento forte, esclarecedor e discutido por todos ( pedi um único tempo no jogo, aos 1: 53 do fim, mas de alerta do que tático, pois situações de jogo e sistemas são formuladas em treinos, e não rabiscadas hieroglificamente em inúteis pranchetas), na busca da ansiada e difícil, já que aleatória, coordenação em sintonia fina, somente alcançada em alguns momentos, que se percebidos com inteligência e apurada leitura do jogo defensivo adversário, leva a equipe à vitória. E para tanto, jogadores como o Munõz, o Rafael, o João, o Daniel, o Mosley e o Matheus, em duplas compostas  de n fatores,  na medida tática que se fizer presente, e em permanente rotação, constituem a força motriz do sentido da dupla armação, onde a ajuda constante referenda e embasa a força da equipe, como um todo.

E finalmente o conceito grupal, aquele que preconiza a responsabilidade pessoal à serviço da equipe, com mínimos rasgos de vaidade, auto controlada por jogadores que se pressupõem inteligentes, e que o provam a cada treino, a cada jogo, na montagem detalhada e muitas vezes fugidias das sutis nuances do ser humano, fragilizado no abandono, forte e ousado quando na busca do bem comum, da cidadania, do espírito( o verdadeiro) de equipe.

Mas não nos deixemos levar por devaneios motivados por duas apresentações, fruto do trabalho de somente 20 dias, mas eivado de novas propostas e possíveis soluções técnico táticas ( se discutidas e estudadas por técnicos de verdade), e sim nos condicionarmos da necessidade capital da continuidade do trabalho, inspirador da confiança e da determinação de todos, e que, obrigatoriamente deverá ser amparado pelos patrocinadores da equipe, em suas obrigações contratuais, inclusive para comigo mesmo, para que todos juntos, irmanados por um factível ideal, somemos  uma réstia de esperança ao nosso tão maltratado basquetebol. Que assim seja.

Amém.

O DÉCIMO NONO DIA- O JOGO…

As equipes batem bola na quadra, estou sozinho no banco, meu assistente ficou em Vitória, conto somente com o preparador físico Honorato e o fisioterapeuta Marcos, e um punhado de bons jogadores tensos, mas confiantes no trabalho até agora realizado em 18 dias apenas. Volto a comandar, a exercer o solitário mister de comandar, responsabilizando-me integralmente pelos sistemas sugeridos, treinados, discutidos e prestes a se porem à prova, numa jornada ousada e atrevida, pois será tentada uma nova forma de jogar o grande jogo, em anteposição ao sistema único globalizado, e contra uma das equipes mais centradas e desenvolvidas no mesmo, e na sua bela casa.

Dois armadores puros jogando fora do perímetro, três pivôs móveis no interior do mesmo, ambos os seguimentos interagindo permanentemente, num carrossel de bolas entrando e saindo do cerne da defesa adversária, compondo um complexo puzzle de possibilidades, cujas peças se encaixarão na medida da extensão da leitura do jogo, determinando situações tão inéditas para nós, como, e principalmente para o adversário, já que aleatórias, mas profunda e decisivamente ligadas ao domínio dos fundamentos do jogo, onde pranchetas decididamente não têm motivos de existir, quanto mais posarem de vedetes na TV.

Foi um jogo atípico, pois de um lado uma equipe engajada no lugar comum, mas contando com excelentes jogadores, um dos quais, norte americano que jogou de forma sublime, sem que o conhecesse, já que não tive acesso a vídeos com sua participação, privando-me de montar algo de efetivo em sua marcação ponderada, aquela que não o priva de jogar, mas tenta diminuir sua eficiência, que alcançou os 30 pontos. Mas que não foi o motivo definitivo de nossa derrota, já que com a utilização da defesa de linha da bola, baixamos as médias ofensivas de alguns jogadores do Pinheiros, como o Shamell, e principalmente seus dois especialistas em 3 pontos, o Mortari, que zerou, e o campeão dos arremessos de 3 do Festival das Estrelas, Thiago, que converteu tão somente dois lances livres.

Além do que, vencemos a disputa dos rebotes, ofensivos inclusive, já que contávamos permanentemente com três deles colocados, com 33 contra 25. Cometemos 7 erros contra 14, conseguimos 14 assistências contra 16, roubamos 4 bolas contra 6, e o mais importante, arremessamos 64 bolas de 2 pontos com 34 acertos, media mais do que satisfatória, contra 28/46 do Pinheiros, e mais, contando com a efetiva participação dos “considerados reservas”(não para mim, nunca…) com 35/67 tentativas, e 8/23 do adversário. E o mais importante, o fator que mais discuto, estudo e publico, e que tenho posto em prática nos últimos 20 anos, a erradicação da ditadura dos três pontos, e suas implicações que tanto prejudicaram nosso basquete. Arremessamos 8 bolas com dois acertos, sendo que as duas últimas foram por mim liberadas na tentativa de alguma diminuição do placar, prontamente obedecidas pelos jogadores em quadra. Atingimos 85 pontos jogando para dois pontos, provando o acerto do sistema, e privilegiando a precisão se antepondo à aventura, muitas vezes irresponsável de arremessos e arremessadores pretensamente especialistas, o que não o são com a mais absoluta das certezas, e que no fim das contas é a meta que pretendemos alcançar no desenvolvimento desta simples maneira de jogar.

Então Paulo, com tantos pontos positivos, onde se caracterizou a derrota de 13 pontos? Na perda de 15 lances livres? Ou numa falta técnica arrivista marcada por um juiz que ao final do jogo veio se desculpar pelo engano, mas que não teve a hombridade de fazê-lo no momento da ação?

Os lances livres foram o ponto que detectei logo que assumi a equipe, e que podem ter decidido o jogo, à primeira análise, sem muitas dúvidas estatísticas, e mesmo a nefasta e injusta falta em um bloqueio (toco…) legítimo de um dos meus pivôs, o mais calmo e tranqüilo deles, o André, mas que provocou no mesmo uma pequena explosão de indignação com o erro arbitral,  mais tarde (e tarde demais…) reconhecido em conversa privada e coloquial, quando deveria ter sido exposta em público, abertamente.

Mas em absoluto foram os motivos reais, e sim os progressivos traumas provocados pela sequência cumulativa de erros de arbitragens, jogo a jogo, temporada a temporada, por muitos juízes que se sentem no direito de julgarem aprioristicamente, de interferirem nas zonas de atuação uns dos outros, e que mesmo se seu número aumentasse para 4 ou 5, continuariam nas intromissões indevidas e pouco éticas, causando apreensões e medos indevidos em jogadores e alguns técnicos, num confronto absurdo que sempre me neguei a participar, arbitro que fui na federação do RJ, e professor de técnica de basquete nos cursos de formação de árbitros, onde tais comportamentos eram discutidos e dirimidos, evitando a criação de  áreas de atrito permanentes e antipáticas, levando muitos jogadores a se colocarem em antagonismo com os mesmos logo que a bola subia para o jogo.

Mesmo ante tais evidências, esse também não foi o motivo real da derrota, e sim a incapacidade de alguns jogadores em abstrair tais influências, longamente plantadas em suas mentes, tornando-as indesejáveis companheiras de suas realidades desportivas, e não inconscientes álibis para constantes derrotas.

Perdemos pela ausência dessa abstração, que será de agora em diante um objetivo a ser estudado, discutido e erradicado de seus comportamentos, para quando amanhã se defrontarem com a verdade das quadras mantenham o equilíbrio e a devida distância de uma variável imutável, mesmo que sob o domínio do erro crasso, da vontade e da decisão irrecorrível, correta ou errada do trilar do apito de um juiz.

E os 15 lances livres perdidos Paulo? Nos ajudariam a vencer, mas adiaria a correção do mal maior, o domínio comportamental consciente ante uma injustiça cometida.

Isso posto, nos concentremos, pois tudo recomeçará amanhã.

Amém.

O DÉCIMO OITAVO DIA…

Foi uma viagem tranquila até São Paulo, com uma pequena, porém sutil diferença, a troca do clima quente e abafado de Vitória, pela umidade chuvosa da paulicéia, clima bem mais favorável a uma partida de basquete, onde o desgaste é minorado. Torço para que estas condições se mantenham estáveis, o que proporcionaria um jogo menos desgastante e de melhor nível técnico.

Como o ginásio do Pinheiros não pode ser cedido, e não tendo disponível uma academia no hotel, optei por uma conversa bem demorada com os jogadores, onde o clima amistoso e amigável permitiu que a mesma fluísse, apesar dos assuntos de ordem técnico táticos se constituírem matéria complexa em alguns casos.

Todo um levantamento do que realizamos e treinamos até o dia de hoje foi enfocado, dissecado, perguntado e respondido por todos da equipe, até que ao constituirmos um raciocínio lógico e compreendido por todos, pudemos estabelecer as estratégias para o jogo de logo mais, numa prova mais do que cabal da unidade que começa a emanar do cerne de uma equipe até pouquíssimo tempo atrás desacreditada e perdedora, e o pior, perante si mesma.

Agora, ante uma nova realidade técnico tática adquirida duramente, positivas perspectivas se apresentam como fruto da dedicação e do comprometimento de todos. Que assim seja.

Amém.

OS 100 MIL…

Ao iniciar este blog em setembro de 2004, jamais poderia imaginar que se transformasse no veículo aberto e democrático a serviço do grande jogo em que se transformou, graças ao debate aberto e ético, zelosa e responsavelmente mantido por mim e os inúmeros leitores espalhado por este imenso país e no exterior também.

Em 2008 fiquei curioso a respeito da verdadeira penetração do blog junto à comunidade basqueteira, fosse clubística, escolar, ou puramente aficionada. Contatei-o então ao Stats do Google, que ontem atingiu a marca de 100 mil visitas diretas na leitura dos artigos aqui publicados. Claro que é uma marca modesta para os padrões da rede mundial, mas quando penso que 100 mil pessoas aqui se ligaram de alguma forma, vislumbro uma luz no fim de um  túnel que marcou  nossa débâcle nos últimos 20 anos.

E por conta desse humilde sucesso, sinto cada vez mais forte dentro de mim a vontade de continuar a luta, agora, inclusive, dentro das quadras, mas que não me privará de forma alguma do contato sadio e esperançoso com todos aqueles, que como eu, amam, compreendem, divulgam, ensinam e debatem o grande jogo em nosso país.

Obrigado a todos, e partamos para os próximos 100 mil.

Amém.

SAUDADES DO BASQUETEBOL…

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Terminada a série que retratou os 17 dias da primeira fase de treinamentos da equipe do Saldanha da Gama, visando o recomeço do campeonato nesta sexta feira em São Paulo contra o Pinheiros, retomo meus artigos reproduzindo um email que recebi do grande técnico Heleno Fonseca Lima, como prova cabal do quanto em benefícios aufeririam nossos jovens técnicos se ouvidos e prestigiados os grandes mestres do passado, ao contrário de serem segregados por aqueles que se apropriaram indebitamente das verdades do grande jogo, que pela sua grandeza deveria ser, não propriedade, e sim parte integrante da cultura esportiva do nosso tão mal tratado país.

Ai está um documento cuja simplicidade conota seriedade, dignidade e acima de tudo, mérito.

Para: paulomurilo <paulomurilo@infolink.com.br>
De: heleno lima <helenolima@hotmail.com>
Data: Wed, 24 Feb 2010 10:12:58 -0200
Assunto: Saudades do Basquetebol
Acabo de me sentir 40 anos mais jovem.
O texto abaixo foi retirado do Blog do Professor Paulo Murilo que hoje treina uma
equipe NBB, em Vitoria -ES.
Fiquei feliz, porquanto, o pequeno texto retrata exatamente uma "parte de
treinamento" que eu como Treinador do Olaria do Rio de Janeiro, nos anos 70,
executava a exaustão com nossa Equipe, formada basicamente por jovens da Região da
Leopoldina no Rio, todos, basicamente, AMADORES.
Este grupo de atletas, liderado pelo capitão  Dr. Creston Fernandes e sob a regência
do grande armador Alfinete  obteve um sensacional sucesso sagrando-se campeã carioca
infantil/68 e juvenil /72, vice-campeã brasileira juvenil/73 (o campeão foi o
Sport-Recife), bi campeã carioca 72/73 de Sub-21 e participando dos Finais Four
carioca adulto 72/73 e colocando-se em terceiro lugar no Brasileiro Adulto/73,
eliminando, inclusive, na classificatória a considera imbatível Equipe do
Palmairas-SP, de Carioquinha, German, Gonzales, Ze Olaio, Mindaguas e outros.
Então, de repente, vejo que os métodos de treinamento, para quem realmente conhece
Basquetebol,continuam atuais.
Ao Professor Paulo Murilo, que trabalhou comigo neste Olaria, em 71, meu
agradecimento pela oportunidade de evidenciar que ainda estamos vivos em matéria de
Técnica de Basquetebol e boa sorte nesta empreitada corajosa nos "jovens 70
anos" de sua profícua existência.
Professor Heleno Lima
"Retornamos hoje pela manhã ao trabalho de fundamentos para pivôs móveis, suas
fintas e conclusões próximas à cesta, assim como ao trabalho de drible, parada e jump
para os armadores, na tentativa válida de resgatar estes dois movimentos tão
esquecidos por nossos jogadores e técnicos, voltados ao festival de três pontos que
se instaurou no país.
Realizamos um bom treino, com ênfase nos fundamentos (sempre eles…), nas estruturas
de uma defesa de linha da bola, e no correto posicionamento nos rebotes, ofensivos e
defensivos".

O DÉCIMO SÉTIMO DIA…

 

Nesta véspera de embarcarmos para São Paulo de encontro a uma realidade que nos tem sido adversa na taboa classificatória, não podemos nos dar o direito de continuarmos inertes e derrotados antes do derradeiro jogo ser jogado. Podemos e devemos superar esta fase com muito trabalho e a disposição de uma boa equipe querendo provar o seu valor, obscurecido pela ausência de comando e de um sentimento de auto-estima claudicante.

Pela manhã, propus que refizéssemos o circuito de fundamentos que apresentei no primeiro treino, para aferirmos o quanto de melhoria alcançamos na prática dos mesmos. E foi o que constatamos, uma significativa melhora na pratica dos fundamentos, principalmente nos dribles e arremessos em DPJ (drible, parada e jump).

À seguir, uma bem fornida sessão de movimentação defensiva, visando em especial a linha da bola, onde as flutuações lateralizadas se firmam a cada treino realizado. Terminamos com series de arremessos, com ênfase nos lances livres, que aos poucos vai se distanciando como um dos pontos frágeis da equipe.

Por fim, no treino vespertino realizamos o nosso único treino de conjunto, com a utilização integral da quadra de jogo, provando que o sistema de distribuição de camisas na promoção sistemática dos famosos “coletivos”, pratica disseminada pelo país dissimulada em treinamento principal de uma equipe de alto nível, pode ser perfeitamente substituída vantajosamente pelos treinos fracionados e específicos, os quais denomino como fragmentos de um sistema , onde partimos das partes para o todo, numa progressão em tudo facilitadora na aprendizagem, testagem e fixação do sistema proposto.

Finalmente o conjunto, quando seriam buscados o ritmo e a cadência impostas pelos armadores, e o sincronismo dos pivôs móveis em suas contínuas movimentações dentro do perímetro, onde as finalizações em dois pontos reinaram absolutas, qualificando os três únicos arremessos longos com uma eficiência de dois acertos.

Pronto, a primeira fase foi alcançada, talvez não suficiente para garantir vitorias neste fim de semana, mas promissora pelo comprometimento de todos na busca do tempo perdido.

Que os deuses nos ajudem, merecemos uma chance, e a buscaremos com ardor.

Amém.

O DÉCIMO SEXTO DIA…

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Retornamos hoje pela manhã ao trabalho de fundamentos para pivôs móveis, suas fintas e conclusões próximas à cesta, assim como ao trabalho de drible, parada e jump para os armadores, na tentativa válida de resgatar estes dois movimentos tão esquecidos por nossos jogadores e técnicos, voltados ao festival de três pontos que se instaurou no país.

E o fizemos com o máximo empenho, no intuito deliberado de restabelecer a importância vital do jogo de dois pontos, mais preciso do que o de três, menos glamoroso, mais de uma eficiência definitiva se bem administrado. E aos poucos, homeopaticamente, vamos reintroduzindo o salutar hábito de melhor aproveitamento em ataques físico e emocionalmente desgastantes, com conclusões bem mais precisas técnica e estatisticamente do que  a enxurrada de  tentativas de três.

Na parte da tarde, sob uma brisa que se insinuava ginásio adentro, efetuamos um duro e extenuante confronto entre defesa linha da bola e os sistemas de ataque até agora treinados, onde temos alcançado evidentes progressos, principalmente no setor defensivo, que se estabelecido em confiabilidade, servirá de base efetiva ao progresso ofensivo, decorrência natural pela alternância dominante dos sistemas, fator determinante no progresso técnico tático da modalidade.

Concluímos o treino com uma troca de pontos de vista entre mim e os jogadores, que mesmo ainda bastante contidos no exercício salutar da livre  expressão, já ensaiam uma maior participação sobre os problemas que vem afligindo a equipe, desde os técnicos até os administrativos, hábito que pretendo desenvolver ao máximo, para o benefício da equipe como um todo.

Amanhã concluiremos nossos trabalhos antecedentes a ida a São Paulo, terminando o esforço inicial proposto, e dando inicio a outro, o de provarmos a nos mesmos de sermos capazes e competentes para produzirmos resultados superiores aos até agora alcançados, numa tentativa válida que nos faça dignos de dias melhores, que com certeza hão de vir.

Amém.

O DÉCIMO QUINTO DIA…

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Recomeçamos pela manhã com os três jogadores que foram a Uberlândia ausentes, pois depois de um domingo inteiro de viagens, baldeações e longas esperas, chegaram em Vitória pela madrugada e extremamente cansados. Mas mesmo assim realizamos um bom treino, com ênfase nos fundamentos (sempre eles…), nas estruturas de uma defesa de linha da bola, e no correto posicionamento nos rebotes, ofensivos e defensivos.

Pela tarde, com a equipe completa, e sob uma temperatura mais amena no ginásio, trabalhamos os sistemas ofensivos contra defesas individuais e por zona, de forma intensa, procurando sempre situá-los o mais perto possível de verdadeiras situações de jogo, conseguidas com as permanentes instruções e orientações dirigidas ao sistema defensivo que se antepunham aos mesmos. Essa é uma atitude não muito usual na maioria dos técnicos, que em muitos casos e situações de treinamento sugerem um comportamento defensivo mais tolerante a fim de que o sistema ofensivo se beneficie tecnicamente.

Ao incentivarmos e corrigirmos ao máximo as defesas nos treinos, estaremos promovendo uma acentuada melhoria ofensiva, pois sucedendo a um domínio defensivo sempre advêm um ofensivo, e vice-versa, numa troca constante responsável pela evolução técnico tática da modalidade.

Tentaremos ao máximo nos próximos treinos, o sincronismo exigido pelos novos sistemas, fator final e difícil de alcançarmos em tão breve espaço de tempo, mas não impossível de consegui-lo, com empenho e doação integral.

E bem ao final da prática uma pergunta me foi dirigida do por que da minha ausência em Uberlândia para o Jogo das Estrelas, tendo como resposta não ser eu uma delas.

E com uma grande dose de otimismo, emanado do esforço despendido por todos nestas três semanas, seguiremos para São Paulo cônscios do dever cumprido, e prontos para lutar pelo soerguimento da equipe.

Amém.