OS POSSÍVEIS 30 PONTOS JOGADOS FORA…
É inadmissível que uma equipe tida de primeiro nível cometa quinze erros seguidos com bolinhas de três (0/15), a maioria delas contestadas pelos argentinos, ao mesmo tempo em que permitia a mesma enxurrada hermana, e sem contestação nenhuma, numa passividade defensiva comprometedora, ainda mais quando eventualmente centralizavam seu jogo num par de fracos pivôs, a começar por um paquidérmico americano meia bomba.
Pede um tempo o técnico brasileiro no segundo quarto, com a diferença em 26 pontos, e cobra uma segurada na festa dos três (que teimosamente se estenderia até a metade do terceiro quarto…), e um melhor posicionamento defensivo, principalmente fora do perímetro. Baixou um pouco a diferença e foram para o vestiário.
Na volta, resolveu a equipe forçar as penetrações, principalmente através o Marcos e o Alexandre, confrontando os pivôs argentinos que tinham muitas dificuldades em contê-los, pois são mais ágeis e velozes, secundados por um Caio mais pesado, porém tecnicamente melhor que as duas jamantas hermanas. Pronto, refez-se o que deveria ter sido o cenário inicial do jogo, concentrando todo o esforço dentro do garrafão (apesar de mais algumas tentativas de três), em penetrações ou jogo direto abastecido de fora para dentro, onde o adversário apresentava claras deficiências, pela pouca mobilidade e deficiência técnica. Ciente disto, dias antes o técnico Hernandez soltou no ar o comentário- “Tirem os três pontos dos brasileiros, que só se sentem felizes jogando assim…” como num desafio, inteligente por sinal, aos nossos “especialistas”, afastando em tese o perigo perto de sua cesta.
O pior, é que a turma topou provar que eles não tirariam nada, e quase perderam um jogo que teria sido mais tranqüilo se tivessem optado pelos 30 pontos de 2 em 2, do que a perda dos 45 motivados pelo trágico 0/15..
Uma vez escrevi um artigo (6×6, UMA EFICIENTE ESTRATÉGIA ) que discutia exatamente os comportamentos dos técnicos antes e durante os jogos em que se enfrentavam, como um campo particular e extra quadra de luta, e onde a chave do sucesso estava contida num critério de analise estratégica, de a muito desenvolvido na disciplina de pratica de ensino de educação física da UFRJ, o fator Diagnose/Retificação que o futuro professor/técnico teria de desenvolver quando frente a situações restritivas de ensino e aprendizagem, diagnosticando um problema e o retificando didaticamente. Quanto menor o tempo despendido entre os dois fatores, melhor seria sua atuação e decorrente correção. Claro, que o fator experiência propiciará que essa qualidade perceptiva se torne muito rápida com o passar dos anos, constituindo-se naquele crucial fator que separa os bons dos excelentes mestres.
Essa qualidade ainda precisa ser burilada e vivenciada pelo técnico rubro negro, mesmo que para tanto tenha de conter determinados egos, pois entre o realismo de uma inconseqüente (não tão juvenil assim…) teimosia de imaturos jogadores em “provar” competências, deverá sempre prevalecer o verdadeiro foco a ser atingido, por mais inverossímil que possa parecer, que naquele caso era o irrestrito e monocórdio jogo interno.
Diagnose/Retificação, deveria ter como distância exatamente o que está contido em seu grafismo, um simples e fugaz travessão num espaço mínimo, como deve ser, ou será…um dia.
Amém.
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Professor,
Ficou evidente (mais uma vez) o abismo tático entre brasileiros e argentinos. Os 26 pontos pareciam irrecuperáveis, não fosse tão fraco tecnicamente o Penarol.
Esses 0/15 devem ficar – sem exageros – como uma aula histórica e inesquecível do quanto a mentalidade do jogo baseado no arremesso longo deve ser expurgada do estilo brasileiro, de uma vez por todas, a não ser que outro Oscar & Marcel apareça.
É vergonhoso um time como o Flamengo ter dificuldades para vencer o fraquíssimo Penarol. Os argentinos limitam-se a um bom (porém bem veterano) armador e o americano Teague, que é bom pontuador. O Leiva é péssimo, Gutierrez vergonhosamente acima do peso, enfim, um time de segunda categoria que deveria ser facilmente batido, não fosse uma defesa à moda da casa brasileira e uma enxurrada de tentativas de heroismo da linha dos 3.
Nem mesmo a péssima e costumeira arbitragem caseira deveria ser motivo pra dificuldades. Facilmente posso listar os equívocos nas 3 faltas técnicas brasileiras (Caio, Neto e Shilton), com 2 andadas medonhas do pivô Terrel (não foram marcadas e ainda validaram os pontos).
Achei um grande presente dos deuses do grande jogo à toda comunidade de técnicos que trabalham no Brasil a oportunidade de aprender muito com esse jogo. Caprichosamente nenhuma bolinha caiu, bisonhamente a defesa brasileira foi lenta, preguiçosa e desatenta e, numa mudança de atitude, o Mengão mostrou toda força de sua camisa, toda raça, e principalmente, muita humildade pra trocar a estratégia de jogo e perseverança no jogo interno pra nos salvar.
Com o jogo medonho entre Brasilia e Regatas não vejo adversário a altura agora, a não ser os mais poderosos de todos: excesso de bolinhas e defesa preguiçosa. Tirar 26 pontos não é um presente comum dos deuses da laranjinha.
Magistral análise, Professor. Achei o número de arremessos até alto diante do aproveitamento inexistente (jamais deveriam ter passado de dez tentativas), mas fico feliz, como disse o Rodolpho acima, com a maturidade e humildade dos rubro-negros para trocar a estratégia ao longo do jogo e buscar o jogo interno (basta olhar o expressivo número de arremessos de dois), algo raro por aqui, atendendo a orientação do técnico, que também demonstrou potencial para comandar o aperfeiçoamento da equipe, especialmente chamando a atenção para a necessidade de postura defensiva adequada ao modod de jogo do adversário e trazendo o foco dos jogadores para a quadra, e não fora dela, como fez em determinado momento com um estressado Duda, por exemplo (“ponha sua energia no jogo”).
Só não concordo muito com a análise do amigo Rodolpho sobre os platenses, o time é muito qualificado, além dos jogadores citados, há o bom ala Mata, o pivô americano poderia ser titular no lugar do Leiva, e desprezar o Gutierrez seria o mesmo que achar que o Marcelinho não tem mais lugar no Flamengo…
No mais, assino embaixo, inclusive no comentário do colega acima, com exceção da divergência que assinalei.
Abraços!
Olá a todos!
Sem discordar de nada que foi falado por aqui, apenas fazendo um adendo, esse time de segunda categoria (como disse o Rodolpho) é o atual campeão argentino. Podemos ver que o, por essas bandas, badaladíssimo basquete praticado na Argentina não é lá essas coisas com relação ao material humano. Jogadores limitadíssimos, tanto fisicamente quanto tecnicamente. Realmente só nos falta uma mudança de atitude tática para assumirmos a colocação de melhor basquete da América Latina.
Ainda comentando a postagem feita pelo Rodolpho, não sei se minha descrença é muita nos nossos técnicos brasileiros de elite, mas, muito provavelmente, eles sequer tiveram a coragem de ligar a tv e ver o jogo. Sim,a maioria está ocupada demais mantendo-se acomodados em seus altares, tronados pelo ridículo corporativismo vigente.
Abraços!
Prezados Rodolpho, Victor e Douglas, que excelente e melhor ainda debate o de vocês, na abordagem serena e fundamentada de uma modalidade tão complexa como o basquetebol, o que me motivou à mediação, pois toda a argumentação técnica, tática, de preparação de equipes, de situações de jogo, foram descritas nos artigos publicados, sendo agora de maior importância a participação responsável daqueles que verdadeiramente amam o grande jogo, com isenção e objetividade.Com este democratico espaço sendo cada vez mais utilizado por verdadeiros basqueteiros, e não anonimos arrivistas, constatamos o quanto de positivo e salutar poderemos aguardar em um futuro promissor para o grande jogo no país. Agradeço humildemente a todos, muito obrigado.
Paulo Murilo.